domingo, janeiro 29, 2006

Quando Pensar Grande é Pensar pequeno


A candidatura de Manuel Alegre vai constituir um movimento cívico. A decisão foi tomada este sábado à tarde, numa reunião da comissão politica que acompanhou alegre na corrida às presidenciais.
A comissão politica que apoiou Alegre na corrida a Belém, não teve dúvidas de que é preciso aproveitar mais de um milhão de votos depositados em Alegre no último domingo.
Manuel Alegre diz que o movimento de cidadãos nada vai ter a ver com os partidos, nem sequer lhe parece que o movimento seja incompatível com os lugares políticos que ainda tem. Alegre garante que ainda não decidiu o que fazer com os cargos de deputado e vice-presidente da Assembleia da República.
In”TVI”


Nada tenho contra movimentos cívicos. Antes pelo contrario, eu próprio estou há já algum tempo, a trabalhar na formação de um, direccionado para a resolução dos problemas de Algés. Acredito que são as pessoas que têm de se juntar, lutar e colaborar na resolução dos problemas que os afectam. Acredito que a democracia participativa é muito mais que o direito de ir colocar um voto numa urna de quatro em quatro anos. É o direito de cada um de nós poder exprimir e defender as posições que acha mais correctas em todos os assuntos que influenciam as suas vidas. É ter o direito a uma palavra activa.
Assumo aqui que votei Manuel Alegre nas últimas presidenciais. Os motivos porque o fiz não são agora importantes, mas sim as consequências que daí querem tirar. O movimento cívico agora formado corre o perigo de se tornar num enorme bluff. A ideia de “que fazer com o milhão de votos no Manuel Alegre”, parece-me falsa. Esse foi o número de pessoas que votou nele na escolha do Presidente da Republica. Uns porque concordavam com o que ele dizia, outros porque lhes parecia o mal menor, outros ainda só para “chatear” o Sócrates ou o Soares e ainda outros por ser a alternativa mais viável para derrotar Cavaco Silva. Razões há muitas e cada um tem a sua.
Que pode este movimento fazer? Não poderão falar em nome de um milhão de pessoas porque não foi para isso que os cidadãos votaram. Aparecerem um grupo de pessoas a levantar um ou outro problema a quem os políticos acabam por nada ligar. Que ligação conseguirão eles ter com uma base de apoio popular que realmente os apoiem. E, se a tiverem como o podem demonstrar ao poder que contestarem. São muitas questões que podem acabar por realmente desperdiçar esse milhão de votos.
O que me parecia mais correcto era direccionar esta “força” para a criação não de um, mas de centenas de pequenos movimentos cívicos locais, ao nível de freguesia. Depois tentar integrar estes pequenos movimentos em federações concelhias e depois distritais e finalmente numa nacional. É de baixo que se tem de começar a construir. Não se pode construir uma cúpula se não existir uma base que a sustente. O lema da tal Associação de amigos de Algés, em que estou empenhado na criação é “Se não posso mudar o mundo posso pelo menos mudar a minha rua”. O caminho parece-me ser o de começar a pensar pequeno, resolver aquilo que está ao nosso alcance. Motivar as pessoas com pequenas vitórias e aproveitando a inércia por elas criada alargar os horizontes para novas lutas.

1 comentário:

  1. Anónimo3/2/06 00:36

    Muito bem vista e pertinente esta perspectiva sobre o movimento Manuel Alegre.
    Algés tá com a força toda. Viva Algés e vocês também.
    Beijinhos

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