sexta-feira, fevereiro 17, 2006

O que o mundo deve saber


O Governo dos EUA negou hoje dois pedidos da ONU e do Parlamento Europeu, para que feche a prisão da base naval americana de Cuba e julgue os presos mantidos ali ou os liberte, com o argumento de que ali estão detidos "terroristas perigosos".
Uma resolução do Parlamento Europeu em favor do encerramento do centro de detenção foi anexada ao relatório da ONU. Segundo o documento da UE, os EUA detêm centenas de suspeitos de terrorismo de forma indefinida e, na maioria dos casos, sem acusações ou direito a um advogado. Além disso, o documento pede que a Washington evite condutas que "equivalem à tortura".
Em declarações à imprensa, o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, afirmou que ali estão terroristas perigosos. "Acho que já falamos antes deste assunto, e nosso ponto de vista não mudou". Segundo McClellan, o relatório elaborado por cinco analistas da ONU, "Parece ser uma adaptação de algumas das alegações apresentadas pelos advogados de alguns dos detidos, e sabemos que os presos da (rede terrorista) Al Qaeda são treinados para tentar disseminar falsas alegações". Disse ainda que os militares encarregados dos prisioneiros os tratam de maneira humana. Além disso, mencionam as alegações sobre o "uso excessivo de violência", que em algumas circunstâncias foi registrado em fotos e vídeos.
Um dos argumentos que utilizados pelo Governo dos EUA para minimizar a importância do relatório é que os cinco analistas não visitaram a prisão, apesar de terem sido convidados. Os autores do documento recusaram o convite quando as autoridades militares deixaram claro que não poderiam falar livremente com os presos.
Os EUA mantêm em Guantánamo, desde a abertura do campo de detenção, em 2001, cerca de 500 homens, que qualifica como "combatentes inimigos". Esta é um termo aplicado para os que enfrentam tropas americanas sem pertencer a um Exército regular, o que, segundo a interpretação dos EUA, os exclui dos direitos que a Convenção de Genebra concede aos prisioneiros de guerra.

Andamos para aqui nós a querer dar lições de Liberdade quando temos no seio da nossa Ocidental civilização exemplos da maior barbárie. Assim, será difícil explicar, seja lá a quem for, que os nossos valores são diferentes e melhores que os deles. Talvez fosse altura, de também nós europeus, fazermos uma lista dos países pertencentes a um novo eixo do mal em que teríamos certamente de incluir o Tio Sam. Será que com tantos séculos de história e agora com as milhares de imagens de morte, miséria, sofrimento e dor que nos entram diariamente pela casa dentro não encontramos um espaço para o humanismo? Será que o poder enlouquece assim tanto que nos torna insensíveis à realidade que nos cerca? Será assim tão impossível?

4 comentários:

  1. O uso excessivo de violencia mão foi registrado em fotos e vídeos. Só demonstra que a segurança é apertada, afinal é uma base militar. Não entram máquinas nem saiem fotos.

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  2. Por cada dia que Guantánamo está aberta, por cada notícia que é publicada sobre os abusos nela praticados, por cada notícia de humilhações recurtam-se no mundo islâmico mais e mais militantes capazes de se fazerem detonar nas nossas ruas, escolas e transportes. Bush e a sua camarilha estarão sempre protegidos, mas é a nós que compete viver como alvos de um Terrorismo que começa onde? Em que lado da barreira? Em todos? Onde está a base Moral que fez a América vencer duas guerras morais?

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  3. Desde sempre foi o PODER a impor as bases morais pelas quais nos devemos reger, e esse é o grande perigo que a Liberdade representa para quem o detêm. Cabe-nos a nós, em prol dessa mesma liberdade assumir as bases de uma nova moral que terá de subsistir pela vontade popular. A nossa maior dificuldade, em o conseguir, surge uma vez mais de um outro poder, a televisão, que está nas mãos desse outro poder que é o dinheiro.
    Só abandonando a esperteza saloia que domina e usando a inteligência poderemos por fim a este circulo vicioso, o que obrigava à existência de uma cultura do pensamento generalizada e da qual estamos ainda muito, muito longe.

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  4. Tenho vergonha de ver coisas destas no seculo XXI feitas pelo país mais evoluido do mundo.

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