sexta-feira, agosto 18, 2006

Desempregados de todos os países: UNI-VOS!

Nos últimos dias o governo tem veiculado a informação de que o desemprego está a descer no nosso país, baseando os números optimistas nos dois últimos trimestres e comparando-os com os do ano passado. Toda a gente sabe que nos meses que antecedem o Verão e durante a época de maior turismo, esse fenómeno é normal ocorrer, assim como é sabido que nos trimestres posteriores o desemprego volta a disparar. Trata-se de trabalho sazonal, precário e de curta duração. Uma vez terminada a época alta, as pessoas, na maior parte dos casos jovens que aceitam durante o período das férias trabalho ocasional, retomam as suas vidas. É por isso inaceitável que esse decréscimo fictício no número de desempregados seja usado para fazer propaganda do governo. Mas pior do que isto são outros métodos pouco honestos que estão a ser usados para falsear os números. Sei de quem tenha recebido um envelope do Centro de Emprego em plena época de férias, com um destacável para devolver ao respectivo centro caso a pessoa continuasse interessada em se manter inscrita como desempregada. No caso de o destacável não ser devolvido nos dez dias seguintes, a pessoa seria automaticamente retirada do Centro de Emprego. Este procedimento é absurdo por vários motivos: primeiro o desempregado inscrito no Centro de Emprego tem como dever participar ao centro que arranjou emprego e, se não o fez, deve continuar a ser considerado desempregado; segundo, porque não é durante o período de Verão, quando as pessoas se ausentam das suas residências que devem ser contactadas pelo correio. Em muitos destes casos, é provável que os sobrescritos tivessem ficado os dez dias numa caixa de correio que ninguém viu e que por esta via obscura muitas pessoas tenham ficado fora dos Centros de Emprego onde antes haviam perdido uma manhã inteira à espera da sua vez para se inscreverem, saindo de lá sem grandes expectativas de emprego. Tanto trabalho para se inscreverem; tanta facilidade para serem excluídas… é desta forma que as estatísticas animadoras com que hoje nos acenam foram conseguidas? Alguém aí acredita que de há um ano para cá foram criados em Portugal mais 48 000 novos postos de trabalho? Tudo mentira!

Considero hoje os desempregados a classe não-trabalhadora mais importante para a contestação das políticas neo-liberais. Os desempregados são hoje o novo calcanhar de Aquiles do capitalismo. Para eles não há soluções concretas, apenas deploráveis truques de prestidigitação como estes que hoje se propagandeiam. Os desempregados são cada vez mais e tendem a aumentar; os desempregados já não podem ser vistos como uns vadios que não querem trabalhar: todas as classes trabalhadoras correm hoje o risco de verem os seus postos de trabalho extintos de um dia para o outro devido a uma mera reestruturação com vistas a tornar a sua empresa mais competitiva e mais lucrativa; os desempregados hoje em dia não são só as pessoas de pouca instrução ou de deficiente formação profissional. Muitos são licenciados, com experiência profissional, com conhecimentos de línguas e informáticos. Pessoas válidas que se encontram marginalizadas por não serem boys, ou por não terem padrinhos ou por não serem eternamente jovens. Na verdade, as novas oportunidades que o governo apregoa que visam empregar licenciados nas empresas em regime de estagiários destinam-se apenas a jovens cujo prazo de validade não ultrapassa os 35 anos. Os outros, mesmo obedecendo a todos os requisitos ficam excluídos, mesmo tendo concluído a licenciatura há menos de um ano e apresentando uma considerável experiência profissional.

É por isso que considero que os desempregados são a nova força de contestação para fazer frente às políticas neo-liberais. São muitos, são aptos, estão disponíveis a participar em todas as formas de luta, não têm nada a perder. Só precisam de se organizar. O ideal seria a criação de uma organização que contactasse e congregasse a crescente massa de desempregados, que se revelasse capaz de os mobilizar para todas as formas de luta possíveis e imaginárias, já que os trabalhadores estão demasiado comprometidos para o poder fazer. Os trabalhadores temem hoje a greve, o abaixo-assinado, a contestação. Temem perder os seus empregos já tão instáveis e encontram-se cheios de dívidas, comprometidos pelos empréstimos que contraíram. De mãos e pés atados, não é com eles que se pode contar para reivindicar ou contestar seja o que for. Os desempregados, pelo contrário, estão livres, disponíveis e desesperados, nada mais têm a perder.

Desempregados de todos os países: UNI-VOS!

9 comentários:

  1. NÃO VAIS DEDICAR NENHUMA MONTAGEM AO ISALTINO, ÀS NOTÍCIAS DE HOJE????

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  2. Como diz que disse, senhor Politicopata? Deve-se ter enganado na loja, que isto aqui ainda não está em saldos. Se não deseja comentar assuntos sérios mais vale ficar quieto e falar mais pianinho, 'viu. Ah, e aproveito para lhe dizer que não tenho saudades suas. Nenhumas!

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  3. Também já soube dessa dos envelopes enviados em tempo de férias... É digno de Mafia... Também não sei onde está a redução do desemprego...

    abraço

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  4. os desempregados são um grupo hiper-heterógeno, apenas os linka a situação do próprio desemprego, que à partida será provisória. um link frágil...

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  5. Então huguito, já não te deixam escrever lá no outro? na parques tejo não tens internet?
    o que é que se passa?

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  6. anónimo:
    Como anonimo que és não sei nem quero saber quem tu és, ,as que raio de merda é essa de Huguitos e parques tejo. vai tratar dos teus problemas pessoais para outra banda que eu agradeço.

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  7. Politicopata:
    Tudo a seu tempo que eu trabalho. Claro que vou falar do Isaltino quando for hora disso.
    abraço

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  8. Kaos a unidade entre desempregados é muito frágil.Já que há vários tipos de desempregados.
    Os que estão a receber subsídio de desemprego mas que querem trabalhar, logo não são subsidiodependentes.
    Os que estão a receber e não querem trabalhar.
    Os que estão a receber e a trabalhar (falta de fiscalização)
    e os que já não recebem nada e ainda não conseguiram arranjar emprego.
    Depois o factor idade também tem muito peso, pois há ofertas de emprego que têm como requesito que o candidito(a) não tenha mais de 30 ou 35 anos sendo que alguns até pedem fotografia.
    Desempregado(a) é um estado muito deprimente para a maioria das pessoas mas também muito complexo.
    Não acredito na união de desempregados assim como já deixei de acreditar na união de empregados(Sindicatos).
    Bjinhos

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  9. Olá prezados guerreiros. Meu nome é Hermes Teixeira sou de Salvador – BA e quero passar a vocês algo incrível que aconteceu comigo. Um mês atrás no jornal avistei um anuncio escrito “mude de vida” e fiquei curioso diante daquela frase. Entrei em contato com o anunciante e fui ao Hotel que este estava hospedado. Ele explicou o sistema do negócio e fiquei bastante empolgado e depois de um mês estou tirando aproximadamente R$ 1000,00 com Voip. Peço a vocês guerreiros que acreditem nas minhas palavras e entrem em contato comigo via E-mail e explicarei tudo direitinho; que Deus abençoe a todos.

    hermespolemica@yahoo.com.br

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