sábado, agosto 19, 2006

Tomar posição

Uma coisa que me tem espantado (e inquietado) é o abstencionismo da maior parte dos intelectuais e dos artistas em relação aos conflitos mundiais. Guerras, injustiças, violações dos direitos humanos, poderes corruptos, o planeta posto em risco e nem um rumor, nem uma reacção forte por parte dessas ilustres figuras públicas. Como se hoje em dia tomar partido contra fosse um crime a evitar, nesta nossa época das meias tintas. Ninguém tem a ousadia e a coragem de aproveitar a mediatização de que usufrui enquanto figura pública, ninguém aparece a dar a sua opinião frontal sobre seja o que for. As aparições destas figuras de renome limitam-se, salvo raras excepções, a aparecer para serem fotografadas ou, noutros casos para dar uma banal entrevista de circunstância. Em Portugal, um país tradicionalmente acobardado, este facto é ainda mais evidente. Apenas me lembro neste momento de um artista que dá a cara a favor de uma causa – a Guerra do Iraque – à qual se tem dedicado de corpo e alma. É ele José Mário Branco, “do Porto. Muito mais vivo que morto.”
Hoje, porém, descobri que há mais gente do que eu pensava empenhada em rebelar-se contra factos seus contemporâneos que consideram importantes e dignos de uma intervenção. Veja-se esta carta aberta. Para que serve, a um artista ou a uma outra personalidade de influência, receber um prémio pelo seu valor humano se depois se cala perante os mais graves conflitos mundiais que atingem proporções cada vez mais hediondas.
Como pode, por exemplo, passar impune aos olhos do mundo o desolador espectáculo do desastre ecológico provocado pela guerra entre Israel e o Líbano, que contaminou o Mediterrâneo e que em breve chegará às praias de outros países que nem sequer estão implicados no conflito? Resumir tudo isso a uma notícia passageira? No mínimo haveria que apurar as causas e os danos e fazer com que os estados responsáveis fossem globalmente obrigados a apagar o rasto de destruição deixado pelas suas acções ofensivas e desrespeitadoras de toda a Humanidade.

7 comentários:

  1. Ai Kaos, isso era o mundo desejável. Lembras-te do acidente nas Galápagos? E na maré negra da vizinha Galiza? e da destruição pelos EUA de património da humanidade no Iraque? e... e... e...? Para quando serão os culpados obrigados a pagar?
    Abraços

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  2. será que não se pode apresentar uma queixa colectiva num tribunal europeu contra Israel, os americanos e seus aliados, por atentar contra a humanidade?

    que tal fazermos uma petição, para dar início a essa queixa?

    algum advogado que queira indicar o caminho sobre como fazer essa queixa?

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  3. Desinformador: Aprecio realmente o teu espírito de acção em fazer realmente alguma coisa. Agora um coisa é certa: se eu (ou tu) lançasse uma petição, ninguém (poucos) ligavam nenhuma. Daí o meu apelo a gente que exerce realmente influência pública. Salvé Sr. Chomsky de quem eu ainda hoje encontrei um livro de 1969 já com uma atitude interventiva contra a política dos EUA!

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  4. não tenho a certeza, mas acho que existe em bruxelas um tribnal que recebe esse tipo de queixa e implementa processo de violação de direitos humanos...mas é como tudo que diz respeito ao direito dos mais desprotegidos...nem barulho faz..assim como a violação destes direitos o acidente com a usina de energia derramou mais petroleo no mar que aquele á do Alasca...meio ambiente e direitos humanos...ninguem respeita..
    Será que já não é hora de os ditos formadores de opinião mostrarem a cara? artistas, jornalistas intelectuais, criticos e escritores...e nós os "kausisticos"deviamos achar meio de reclamar...

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  5. A todos os interessados:

    encontrei esta peticão para assinar:

    http://epetitions.net/julywar/index.php

    Ainda não é tudo, mas já é alguma coisa!

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  6. Ah! Ah! Ah! Esta petição deve servir de muito, só dá para rir, as quando é que vocês caordam para a realidade. Acham k após a 2ª guerra mundial, os aliados foram pagar aos alemães a destruição que provocaram os seus bombardeamentos. Por acaso vocês sabem o que é uma guerra? Todas as guerras causam baixas humanas, e em infraestruturas e todas elas são abomináveis, sejam justas ou injustas, proporcionadas ou desproporcionadas.
    A ingenuidade com que o painel de comentadores aborada estas questões até vos fica bem, mas os resultados fazem-me lembrar o célebre D. Quixote a lutar contra os moinhos de vento, e os rsultados só podem ser ZEEERO!

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