sexta-feira, setembro 15, 2006

Haverá por ai um mundo para os nossos filhos?

Não podia deixar de responder ao desafio do amigo Sá Morais para relembrar a questão ambiental, num momento em que, as consciências estão mais receptivas e o desastre cada dia mais perto.
Como já aqui tenho afirmado repetidamente o homem está a destruir o único mundo que tem para viver. Com a nossa ganância estamos a acabar com os recursos naturais e a descartar as suas consequências para debaixo do tapete. O comentário, “Uma Verdade Inconveniente” agora em exibição, do ex-candidato à casa branca Al Gore, vai certamente fazer falar muito do aquecimento global e deixar muita gente mais preocupada.
Não quero ser pessimista, mas prevejo que essa preocupação se vai esgotar passado muito pouco tempo e ninguém vai mexer uma palha para alterar nada. Com o nosso, “amanhã logo se verá”, “já vou estar morto nessa altura” ou “alguém vai encontrar uma solução” vamos adiar aquilo que a nossa consciência sabe que deveríamos fazer. Claro que alguns, poucos, ainda vão querer mudar alguma coisa e vão passar a separar o lixo ou a mudar as lâmpadas para umas de baixo consumo. Agora, fazer aquilo que realmente é necessário, ninguém está disposto. Nem o sacrifício de deixar o carro em casa irá ser feito sob a capa de uma qualquer desculpa.
O que realmente era urgente fazer, passa por uma mudança total nas nossas mentalidades e modo de vida. Teríamos de abandonar definitivamente o consumismo e a preservar aquilo que temos. Isto mexeria com todas as ideias económicas neo-liberais existentes, e exigiria políticas de não-produtividade. Teríamos de produzir menos bens não essenciais e garantir uma produção mais limpa dos essenciais. Exigiria uma política mais “socialista” em que esses bens teriam de ser facultados a todos e os não essenciais exigirem maiores sacrifícios para os poderem possuir. Todos poderíamos ter televisão, mas o andar a trocá-la simplesmente porque saiu um novo modelo deveria ser difícil. Esta facilidade de comprar tudo, do crédito fácil, está a obrigar a gastar os recursos que o mundo não tem.
No fim, todos iríamos ser mais felizes, sem passarmos todo o tempo na ânsia de possuirmos e de sofrermos com as consequentes frustrações que isso causa. O aceitarmos ser felizes com aquilo que temos, fazer projectos a longo prazo, só iria aumentar o prazer de possuir um novo computador ou outro qualquer objecto de desejo.
A pergunta que tenho de fazer é se os “Senhores do mundo”, os grandes capitalistas, que só vivem para o lucro, alguma vez aceitariam isto? E nós, simples mortais, estaremos dispostos a abdicar dos nossos luxos?
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Contribuição para o Echelon: NATOA, sneakers, UXO

7 comentários:

  1. Bem, mais uma vez estou 100% de acordso contigo, Kaos; na verdade o meu post sobre o mesmo tema diz o mesmo que o teu mas em muito mais palavras, o que não deixa de ser um desperdício. Felizmente este não é um desperdício grave comparado com os outros... Olha, vê lá se te atiras ao Isaltino demonstrando-lhe como nós aqui no burgo precisamos de mais locais de recolha de lixo reciclável e de menos parquímetros por metro quadrado, pleaaase!
    Bjecas!

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  2. Obrigado amigo Kaos!

    Realmente este é um problema que não será apenas para os outros ( as próximas gerações ), ele está a ocorrer aqui e agora!

    E se tivermos de abdicar de alguns luxos ( felizmente ou infelizmente não tenho muitos... ) que seja! Antes isso do que voltarmos à idade de pedra ou pior... sermos apenas uma recordação num mundo estéril... Bem, nem recordação seremos...
    Mas no fundo bastava haver racionalidade e sensatez... O pior é que isso esbarra na velha teia de interesses...

    Enfim, acho que já disse isto no post da Kaotica...


    Se não se importarem gostava de surrupiar os vossos artigos para os mostrar no Ideiasfixas. Vou fazer posts meus, publicar imagens ligadas aos problemas ambientais e republicar posts de amigos que também se preocupam com a possibilidade de poder não haver um futuro...

    Grande abraço!

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  3. Estou completamente de acordo contigo Kaos!! Esta é uma questão que choca com o nosso "modus vivendi". Claro que alguns de nós estão dispostos a fazer o "sacrifício", mas seria difícil que todos o fizessem. Se ao menos todos fizessemos um pouco de poupança de recursos, já era muito bom.
    Um grande bem haja ao nosso paladino ambiental Sá Morais que está a impulsionar este debate interbloguistico.

    Um grande Abraço.

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  4. ... e afinal é tão simples, mas é preciso que a vontade seja colectiva...
    Concordo e tb vou fazer alguam oisa lá no linhas, pois que este é um tema que para além de me preocupar me entristece grandemente.
    Jinhos

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  5. Não. Infelizmente esta bola azul está a dar as últimas.
    A primeira questão que se atira logo para a mesa - eu também - para chamar a atenção das pessoas é o facto de ano após anos se notar cada vez mais a mudança das estações.
    A poluição alcaçou limites difíceis de inverter.
    As pessoas continuam a gastar água como se esta fosse infindável.
    A eduação da população em relação ao meio ambiente é pobre, para não dizer nula.
    Podia continuar...mas, Não! Para mim, este é o principio do fim.

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  6. os grandes capitalistas inventaram a publicidade precisamente para nos convencerem de que necessitamos do inútil. Mas nós só seremos verdadeiramente felizes quando compreendermos que essa felicidade deriva da simplicidade dos nossos desejos e de desejar o menos possível, excepto a quem amamos.

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  7. Já estou a divulgar este Blog. Gostei muito e vou voltar.Parabéns!

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