terça-feira, outubro 17, 2006

A banda do "Mentiroso Aldrabão"

Não sei que bruxa e que feitiço tinha lançado sobre este país que andava tudo adormecido. Com o governo a apertar o cinto, não nas barrigas vazias dos portugueses, mas já no seu pescoço, parecia que já não havia esperança. Ou estávamos moribundos ou já mortos e enterrados. A famosa contestação social, aquilo a que agora depressivamente chamam de “rua”, não se via. Aumentava o desemprego, diminuía o nível de vida e, nada. A rua continuava vazia.

Mas, como não há mal que sempre dure, primeiro com a manifestação dos professores e depois com, dizem, 80 mil pessoas na dos funcionários públicos. Isto, enquanto Sócrates falava com os seus deputados para lhes explicar que a “rua” era um assunto de somenos importância e que nem merecia qualquer comentário. Talvez seja este o primeiro grande erro de Sócrates, este minimizava a importância e a força que o Povo tem. Sim, esta palavra, Povo, agora tão depreciada, tão vista como “pimba, tão pouco na moda. Mas, é a palavra que nos une, é aquilo que realmente somos, por mais que prefiramos ver-nos no espelho como estando acima da ralé. Continuamos a ser povo, e devíamos ter orgulho nisso. Basta olhar para a história e ver que foi ele, que ao longo da história, saiu em defesa deste país. Mas, já ia por aqui fora e não era disso que estava a falar. Pena é que estas manifestações não se libertem das correntes com que são controladas pela Intersindical e partam em contestação livre das pessoas contra este estado de coisas, contra este caminho que seguimos, esta vergonha em que vivemos.

Ultimamente, Sócrates começou a ser vaiado por pequenas manifestações quando se desloca a qualquer lugar. De início era gente que gritava o seu descontentamento para que actualmente já se veja uma banda ensaiada a cantar, “mentiroso aldrabão”. Já existem cartazes, porta-voz e tudo. Uma vez mais, o querer controlar o descontentamento popular, só o vai conter, partidarizar e em ultima instancia matar.

Infelizmente, partidarizar não é a solução e só dá armas a quem pretende manter o pântano em que nos encontramos.
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Contribuição para o Echelon: Kwajalein, LHI

6 comentários:

  1. É isso Kaos, as pessoas andam verdadeiramente decontentes porque estão a ser afectadas nas suas necessidades básicas, mas não é com manifestações organizadas por estes senhores que a única forma que sabem de fazer política é esta, a de quererem ser os donos das manifestações. Se não fossem os "parvinhos" que vão para a rua a seu mando e quando o determinam, o que é que seria destes "parasitas"? Eles querem lá saber se os problemas das pessoas se resolvem, o que querem é protagonismo.
    Gostei muito do teu post.
    Bjs

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  2. Carminda:
    Por incrivel que pareça, o maior travão a uma verdadeira revolução neste país, foram e continuam a ser aqueles que insistem em tentar controlar o descontentamento popular. Foi essa ansia de poder que matou o 25 de Abril, mais que os Spinolas e os Jaimes Neves.
    bjs

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  3. Pois é, Kaos, puseste o dedo na ferida. E é por essas e outras que estamos onde estamos.
    jinhos

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  4. tb:
    E que infelizmente dificilmente sairemos do buraco, ou se sairmos é para nos metermos noutro.
    bjs

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  5. Como eu concordo contigo: "só o vai conter e em última instância matar". é aliás assim q muitas vezes os governantes desvalorizam as manifesta´~oes . sugerindo q são orquestradas, q há intenções inomináveis por trás. mas tb já cansa ver as pessoas acreditar nisso. 25 mil profes, 80 a 85 mil funcionários públicos são difíceis de orquestrar...
    bjs

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  6. esteva:
    É por isso que é necessário que sejamos nós individualmente como povo que nos revoltemos e não deixemos que haja quem nos venha dizer se agora é oportuno ou não. É sempre hora e é sobretudo muito urgente neste momento
    bjs

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