segunda-feira, outubro 02, 2006

O MURO

Desde que eu me lembro de pensar que ouvia falar da existência de um “muro da vergonha”. Vim depois a saber que esse muro dividia uma cidade, Berlim, em duas partes, a ocidental, livre e democrática e a oriental, comunista e repressiva, como me diziam na altura. Esta divisão tinha sido feita após a derrota da Alemanha, na segunda guerra mundial, como espólio dos vencedores. Este “Muro de Berlim”, com os seus heróis e mortos em tentativas de fuga, a famosa “porta de Brandemburgo” e sobretudo com o símbolo de vergonha para o mundo. Foram 28 anos e 66,5 Km que caíram naquele Novembro de 1989. O fim dos muros que dividiam o nosso mundo.
Hoje, ainda nem vinte anos se passaram sobre os festejos desse dia e já Israel está a construir um muro de 700Km separando Israel da Cisjordânia
[link]. Também a Arábia Saudita se propões construir um outro muro, este de 900Km, para separar as suas ricas terras do violado e violento Iraque [link]. Como não há duas sem três, também os EUA se decidiram pela construção de um outro muro, este ainda maior, com 1200km e que servirá para impedir a entrada de imigrantes ilegais [link].
Até agora, tinham os meus filhos, já nascidos após a queda do Muro de Berlim, a hipótese de viver num mundo sem muros. Não lhes durou muito essa possibilidade e agora vão ter de acabar de crescer a conviver com três. Isto por agora, já que, pelo caminho que este mundo segue, com a ganância de alguns, a intolerância desses e de muitos outros, a indiferença de todos eles e a violência globalizada ao mais baixo preço de sempre, muitos outros poderão vir a ser construídos no futuro. Incapazes de viver com a nossa própria liberdade, criamos os muros da prisão onde, assustados, nos encerramos.
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Contribuição para o Echelon: NATOA, sneakers, UXO

14 comentários:

  1. E a Europa só não ergue um muro para conter os africanos porque as praias dão muito dinheiro.
    Teremos de nos contentar com os inúmeros muros a guardar os condomínios fechados, não vá algum sem abrigo (ou imigrante) acoitar-se na soleira de uma porta.
    Até sempre.

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  2. Porca:
    Estás bem melhor que os outros que estão fechados do lado de fora.
    bjs

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  3. rcl:
    A primeira é fácil, constroi-se o muro na costa de Africa, quanto à segunda já é uma realidade demasiado comum para se estranhar. Assim se caminha para a liberdade
    abraço

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  4. Muros da vergonha? Mas que vergonha? Achas que ainda existe algum dirigente com vergonha na cara? Conceito não-identificado. Os muros que se erguem hoje em dia são só para dar tempo para arranjar as coisas de maneira a poder ser resolvida de uma forma menos contida, mais violenta, rápida e eficaz.
    Olha, um verdadeiro muro é Cuba que mal ou bem lá conseguiu resistir ao imperialismo americano cheio de vontade de lhe deitar a luva pelo menos durante uma longa vida.
    Receita: Cuba Libre=Rum-Coca Cola

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  5. Kaotica:
    Mura da vergonha, não para os dirigentes, mas para todos nós, espécie humana que mostra a sua incapacidade de se relacionar com o seu vizinho. No momento em que deviamos estar a abater muros estamos a construi-los e a separar cada vez mais os homens uns dos outros. Estamos a edificar o preconceito e o racismo em paredes de pedra.
    bjos

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  6. Existem certos sítios e países que deviam construir muros a toda a volta. Assim para nos livrar-mos deles era só encher de água...
    Um Abraço.

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  7. Outsider:
    :)
    Uma boa ideia. Vou já fazer a proposta a alguns aquem e alèm mar.
    abraço

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  8. "Incapazes de viver com a nossa própria liberdade, criamos os muros da prisão onde, assustados, nos encerramos." Onde é que foste buscar esta linda frase? Então a malta não consegue viver com a “própria liberdade” (se é que consigo entender o que isto quer dizer)? Mas para viver, a liberdade em si não é suficiente como diziam os outros em ‘68? Ou será que só os iluminados é que percebem o conceito? Ficando de fora os “gananciosos”, os “intolerantes”, os que vendem “violência a baixo preço” e todos os outros de que tu não gostas. Que sugeres? Explicar a liberdade na escola? E como? Aposto que se tu mandasses, tudo seria diferente. Os Homens entenderiam num ápice o que é a liberdade. Os Homens e os “gananciosos”, os “intolerantes”, os que vendem “violência a baixo preço”, os Bushes, os Cavacos e toda essa súcia que odeias. Ou talvez não seja necessário tu mandares. Talvez este blog seja suficiente? Quem sabe? Até lá…

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  9. E os muros não ficam por aí. Muitos mais existem, alguns bem virtuais...

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  10. Isidoro:
    Compreendo que te seja mais comodo meter a cabeça na areia e não ver. Compreendo que te sintas mais seguro por detrás de um muro e que isso te induza a ideia de liberdade. Eu, acredito numa outra liberdade, não baseada no medo, mas sim na liberdade em si só. Realmente é essa gente de que dizes que eu falo, essa gente que em nome da sua conta bancária me faz viver no medo da própria liberdade. Não sou eu certamente quem vai mudar nada. Quem o tem de fazer somos todos nós, aqueles que não gostamos de viver num mundo assim. Bem ou mal, quero ter a minha liberdade para dizer aquilo em que acredito, sem medos e sem ter de construir um muro à minha volta. Se isso te incomoda, tenho muita pena, mas nada posso fazer.

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  11. esteva:
    Pelos vistos não aprendemos nada alem das justificações para repetir o erro vezes sem conta. Quem vive pela espada é normal que tema a espada e que procure uma protecção para ela. Só no dia que decidirem deixar de viver dessa forma poderão sentir-se seguros para deitar abaixo os muros da imcompreenção.
    bjs

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  12. mentecapto:
    E quanto mais o bigbrother nos observar muitos mais vai criar para demarcar bem o espaço onde nos querem.
    abraço

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  13. Não respondeste às minhas perguntas (mas não faz mal). Cómodos são os teus raciocinios repetidos há milénios vezes sem conta sem qualquer resultado prático. Cómodo é escrever num blog sobre as "maravilhas do ser humano". Incómodo é chegar à conclusão que não evoluímos nada desde o amanhecer da humanidade. O que tem evoluído é o nível de barbárie da raça humana, o que evolui é a capacidade técnológica de aniquilação e o que interessa é saber porque é que o Homem, com liberdade ou sem ela, escolhe sempre o caminho da selvajaria. Não existe um "homem bom", não temos "bom fundo". Somos todos grunhos, o que nos distingue é o poder. Uns impedem os filhos de fazerem coisas que consideram erradas, o Fidel, o Bush, e os outros eliminam quem não lhe obedece.
    O que mais dá que pensar é que nós ainda não pensamos.

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  14. Fui reler o teu comentário anterior para ver se entendia quais as perguntas que não respondi. Fiquei na duvida, pelo que resolvi seguir em frente.
    Quanto ao que dizes de sermos, no fundo ainda somos bárbaros, concordo contigo. Basta ver de que é capaz o homem quando colocado emsituações extremas (Como aconteceu, por exemplo, na Bosnia onde calmos pais de familia se tornaram em assassinos). Mas que isso queuira dizer que não evoluimos nada é algum exagero.
    Claro que há quem se considere no direito de matar e usar os outros a seu belo prazer e em função dos seus interesses. Agoara, não somos todos iguais. Há gente boa, que respeita o próximo e o ajuda.
    Não entendo é a tua raiva sobre eu escrever que acredito que as coisas podem ser melhores do que aquilo que são hoje. Que mal te faz isso? Eu acredito no homem, imperfeito como é, e com os defeitos que tem, e tenho pena daqueles que vivem fechados em si odiando todos os outros. Medo? Rancor? Sinceramente não sei.
    Fica bem

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