A mama fiscal

As Finanças já têm uma estimativa de quanto perdem os cofres do Estado se a Operação Pública de Aquisição (OPA) lançada pela Sonaecom sobre a PT tiver êxito. Em dois anos (2007 e 2008) são mais de 1,3 mil milhões de euros que não entram nos cofres públicos.
Eu não entendo nada de economia, mas quando leio estas coisas fico curioso. Senão vejamos:
O estado possuía a maior empresa de Portugal, a PT. Por razões que nem vala a pena discutir aqui, vendeu-a a particulares, passando a partir dai a receber somente os impostos por ela devidos ao fisco.
Por outro lado a Sonae também paga impostos sobre os seus lucros, e que não são tão pequenos como isso.
Se a OPA tiver sucesso, a PT desaparece passando a integrar o grupo do Belmiro, desaparecendo assim também as receitas que o estado dela recebia.
A Sonae, que para comprar a PT tem de fazer um empréstimo bancário, fica com uma elevada despesa de juros a pagar (a um banco espanhol). Por via disso, durante uns anos não terá lucros, não tendo por isso que pagar impostos ao estado sobre eles.
Resumindo, o estado deixa de receber impostos da PT, da Sonae e nada ganha com isso.
A pergunta que faço, é se isto só dá prejuízo, (1,3 mil milhões só nos primeiros dois anos, faltando contabilizar os 8 anos que ainda faltarão), porque razão não se opõe o estado à realização desta operação financeira?
Porque havemos de perder todos para só o Belmiro e um banco disso tirarem vantagens?
Se a isto juntarmos a pretensão da EDP de fazer reflectir nos tarifários, ou seja na nossa conta de luz, os custos de 200 milhões que querem gastar para despedir 600 funcionários. Para além da redução de impostos que terão de pagar e os aumentos de despesas sociais para o estado, ficamos sem entender o que anda este governo a fazer. Falam de crise e deixam que os grandes grupos económicos façam engenharias financeiras, para contribuírem com nada para as finanças públicas. Vêm pedir-nos sacrifícios quando abrem mão de milhões de milhões de impostos aos grandes senhores do capital. Andam a gozar connosco, não andam?

Contribuição para o Echelon: Kwajalein, LHI