domingo, abril 29, 2007

Multas privadas, despesas públicas

O governo vai acabar com a DGV (Direcção Geral de Viação), que tem 1100 funcionários, e substitui-la pela ASR (Autoridade para a Segurança Rodoviária) que contará apenas com 90. Com isto, mais de 1000 funcionários da DGV estão em risco de irem direitinhos para o quadro de supranumerários da Função Pública. Poder-se-ia pensar que, se 90 fazem o trabalho daquela gente toda, é porque andava muita gente sem fazer nada e se trata de uma boa acção de racionalização e poupança pública. Só que depois ficamos a saber que o mesmo governo também pensa contratar duas empresas privadas para tratar das multas de trânsito. Defende o Governo que o recurso a serviços jurídicos privados resultará num aumento da eficiência.
Ultimamente todos nós certamente notámos um aumento das actividades da polícia de trânsito e naquilo a que normalmente se chama a “caça à multa”. Muitos, como eu, pensei que se poderia tratar de o estado tentar aumentar os seus rendimentos, uma forma de ir receber mais dinheiro dos cidadãos sem ter de fazer mais um aumento de impostos. Como quem é multado, normalmente é porque fez uma transgressão, de poucos nos podíamos queixar. O pior é que pelos vistos os motivos eram outros. O que se pretendia era provar que se trata de um bom e rentável negócio para os privados.
Assim, destrói-se a vida de mais de mil famílias, o estado pouco ou nada deverá poupar, já que vai continuar a pagar uma percentagem dos vencimentos a quem vai para o quadro dos supernumerários e as empresas privadas certamente quererão receber uma boa percentagem das nossas multas. Reduzem-se funcionários públicos para mostrar em estatísticas, sem se provar que há redução de custos e sem se ter o mínimo de consideração pela vida das pessoas. Neste modelo de liberalismo em que vivemos, descartam-se as pessoas em nome de números. Será que este povo não está farto disto? Será que pensa que é só com os outros, que ele não tem nada a ver com isso? Será que não vê que o seu dia também se aproxima? Será que não preferem um país em que se pense primeiro nas pessoas do que nos dados estatísticos do Banco de Portugal? Será que já não estão fartos de ver os predadores privados a abocanhar tudo quanto é público? Será que não têm uma vontade enorme de ir para a rua e correr com esta canalha toda? Eu tenho.

Contribuição para o Echelon: Kwajalein, LHI

12 comentários:

  1. Idem, idem. Aspas, aspas!
    :-(

    Revolução Cultural, já!
    :-)

    Bjs

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  2. Continuam a arrumar as coisas como eu arrumo os bibelots. Raios os partam.

    Bj e bom fds

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  3. Aplaudo este post e peço-lhe que não desista deste assunto...é uma vergonha o que este governo está a fazer com as pessoas....a tratá-las como peças sem valor....e votei eu neste PS e num programa de governo que garantia que as pessoas estavam primeiro...é uma perfeita aberração e atentatório dos direitos humanos.
    Pedro mathias

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  4. Eu também tenho e já passei a ideia lá no cantinho. Obrigada, Kaos!
    Bjs

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  5. GRRRRRRRRRRRRRRRRR,
    Mas será possível que ninguem dá um tiro naquele cabrão??!!
    Não acredito que não haja um tipo maluco que queira fazer isso .Depois faz-se uma subscrição para lhe pagar o advogado.PORRA!!!!

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  6. esses funcionários que vão para o tal quadro são futuros desempregados!

    a propósito da caça à multa, tenho assistido a uma situação real e caricata:
    os fiscais de estacionamento a multar nos parcómetros, a polícia municipal a multar noutros locais e a psp a competir pelos mesmos locais...

    e sim, a vontade de correr com a canalha é enorme!
    abraço

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  7. Olha eu também! Já ontem tardava!
    jinhos

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  8. Obrigado amigos, já vi se fossem as opiniões neste blog que mudassem a canalhada eles já iam a correr com o rabo entre as pernas. Há que lançar a ideia de correr com esta gente em todo o lado. Na rua, no café, no transporte publico. Falar com as pessoas, denunciar estes e outros casos e alertar para o que se passa. Criar a raiva contra esta cambada é importante.
    bjs e abraços

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  9. Butes, até já aprendemos como não o fazer com a palhaçada montada por agentes provocadores apelidados de anarco-libertários. Espera aí-esse sou eu.

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  10. Anónimo1/5/07 00:01

    Isto já não vai lá com Revoluções Cólturais.

    Aos ladrões e vigaristas não se lhes lê os Lusíadas.

    Até mais

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  11. Mário Silva:
    Isto já só vai correndo esta escumalha do poder. A forma de o fazer é indiferente, desde que se faça
    abraço

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  12. Então uma achega....
    É vê-los quase todos os dias a mandar parar os carros em plenas rotundas do alto de Monsanto (Cruz das Oliveiras) fazendo tábua raza de que "..é proibido parar nas rotundas.."
    É vê-los com um carro descaracterizado, com o radar(totalmente em cima e a obstruir o passeio para peões, não é proibido?) na Conde de Almoster junto à bomba de combustível, estando depois os colegas debaixo do Eixo Norte sul a mandar parar quem excedeu os 50 Klm.
    Isto agentes da PSP.
    A ganância era tanta... Mas eu não sabia o porquê...Obrigado pelo esclarecimento...

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