sexta-feira, junho 01, 2007

Porque ontem foi quinta-feira

Quando a Socretina entrou nos jardins do Palácio, o Sr. Silva olhava distraído para o outro lado da rua:
Bom dia Aníbal.
Sobressaltado o Sr. Silva deu um salto.
Raios mulher, que susto que me pregaste.
Estavas a dormir em pé ou a pensar na morte da bezerra – Perguntou a Sócretina com um sorriso nos lábios rosas.
Não. Estava aqui a pensar para mim que, se mudasse a estátua do Albuquerque ali para o canto – disse ele apontando com o dedo aquele jardim dava para construir uma bela bomba de gasolina. Sabes, que tenho de pensar no futuro.
Deixa-te lá de parvoíces e toma lá a prenda que te prometi.
Entusiasmado o Silva pega no embrulho e, rasgando o papel, ficou com um belo barrete de pele nas mãos. Enquanto enfiava o barrete, disse
Oh Sócretina. É lindo, dá cá um beijinho.
Onde está a Maria? Eu também trouxe uma prenda para ela. Disse a Sócretina olhando em volta. Essa também só aparece quando não faz falta. Isso é, quase sempre.
- Não sejas mazinha, a coitada anda lá atrás a lavar os vidros da marquise nova. Queres que a chame?
Deixa lá. Também é só uma Marioska. Tu podes dar-lha depois.
Matrioska, queres tu dizer. – Corrigiu-a o Silva.
Não, é mesmo uma Marioska. Uma chinesice que agora está na moda lá na Rússia e que era muito mais barata.
Ainda não me contaste nada sobre a viagem. Como foi?
Uma chatisse. Frio e não se entende nada do que dizem.
Mas ouvi dizer que o Putin até foi simpático. Até te convidou para dormires no Kremlin.
Foi muito simpático, foi. Mal me apanhou lá dentro, foram logo umas vodkas, e ele virou-se para mim e disse: Sócretina, filha, anda cá que vai haver dança grossa. Prepara-te para Kalinkar toda noite. – Disse ela suspirosa.
Mas tu não dançaste. – Disse ele com uma cara preocupada.
Não querias que eu fosse indelicada com o dono da casa, pois não? Lá teve de ser e olha que a kalinka dele até não era má.
Ah sua grande …
Sua grande o quê? Interrompeu a Sócretina. Se há alguém que devia estar zangada era eu. Que ideia foi aquela do debate e do consenso sobre o aeródromo? Só me arranjas problemas.
Pronto. Desculpa lá. Foi sem querer. – Disse o Silva aproximando-se dela. – Os jornalistas estavam a chatear-me, eu como não sabia o que dizer…saiu-me. Desculpa.
És mesmo muito jeitoso, sim senhor. Então eu outro dia, não te dei uma lista cheia daquelas frases boas para essas alturas? Daquelas que não dizem nada e ficam sempre bem na televisão?
A Maria tinha-me limpo o fato e esqueci-me do papel. Atrapalhei-me. Desculpa – Disse o Silva, sorrindo para ela e pegando-lhe na mão – Anda, vamos lá para dentro para me explicares melhor isso do kalincar.
Vamos, mas hoje não tenho muito tempo. Sabes que logo tenho aquela coisa na Assembleia, com aqueles gajos muito chatos a mandarem vir e eu a ter de os aturar. Ainda o que me consola no meio disso é que tenho lá o pequenote Mendes para gozar um bocado. Às vezes até chego a ter pena dele. – Disse ela rindo.
Ainda se riam quando se fechou a porta.

Contributo para o Echelon: 15kg, DUVDEVAN

6 comentários:

  1. Acho que eles gostam de se rir á nossa custa...mas isso fica no segredo dos deuses quando a porta se fecha!
    jinhos

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  2. Anónimo1/6/07 19:19

    Não é que me tenho esquecido destes dois. Ainda bem que vais deixando aqui as conversas privadas dos azeiteiros. Privadas uma porra, nós é que lhes pagamos, temos direito a saber o que eles dizem.
    Um abraço

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  3. Anónimo2/6/07 02:26

    Eu não disse?! Eu sabia!! Estava-se mesmo a ver que aquele convite para a Sócretina dormir no Kremlin não era inocente. Aquilo é que foi kalinkar...
    JFrade

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  4. tb:
    É pena que não se riam de tristesa
    bjs

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  5. Jack:
    Estes também falam falam mas não dizem nada.
    abraço

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  6. JFrade:
    Não ouvia a Sócretina muito triste com a coisa
    abraço

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