sábado, julho 14, 2007

O Caso do Inapto

Muita gente me tem contactado para falar sobre o processo contra o blog Inapto. Até hoje nada tinha dito porque não sei o suficiente sobre o assunto para o poder fazer em consciência. Estive por isso a ler os artigos do Jornal da Beira, [Aqui], [Aqui] e [Aqui] que parecem estar em causa neste processo. Foi uma leitura bem agradável, já que os textos estão bem escritos e com referencias históricas e literárias muito a propósito. Aliás os seus avisos sobre algumas perigosas actividades xenófobas em Viseu deveriam ser escutados pelas autoridades para tentarem acabar com esse tumor à nascença, já que quando cresce muito torna-se mortal para a liberdade e democracia. Quanto à tal Directora, Ana Abrantes, a ser verdade tudo de quanto a acusam, só merece os adjectivos com que a brindam. Falta no entanto ouvir a versão do outro lado, embora, tratando-se de um Jornal poderia bem ter exigido o direito de resposta e afinal tudo não passa de mais um processo de difamação que poderá ser esclarecido em tribunal.
Há no entanto algo que não entendo muito bem. Segundo a
convocatória da PJ o processo é sobre o Jornal e sobre o blog do jornal. Se é sobre o blog, e este é aquilo que deve ser, um espaço de opinião pessoal, e embora o seu autor ser jornalista, não pretender ser um órgão de informação como agora acontece com muitos blogs, então é bem mais grave. Aqui já é o direito à opinião que é atacado. Pelo que li os termos utilizados no blog são duros e, não fosse os textos serem nitidamente de ficção, até ofensivos. É um blog que joga numa linha muito fina e, embora eu defenda a liberdade para tudo escrever, enquanto conclusão de uma perspectiva pessoal e nada mais do que isso, não duvido que outros não pensem assim. Isto, sobretudo se o blog pertencer ao jornal e houver a possibilidade de poder ser considerado como uma forma de fornecer informação. Por considerar que a blogosfera deve ser um espaço totalmente livre como instrumento para a divulgação da opinião, (não da noticia), penso que devemos estar do lado dessa liberdade ou seja dar toda solidariedade e apoio que nos for possível ao Inapto. Seria bom no entanto que ele explicasse melhor qual é efectivamente o alvo do Processo.

Contributo para o Echelon: spies, IWO, eavesdropping

5 comentários:

  1. Após ter lido este post e os links concordo inteiramente com este post.

    O blog está no limite, pelo menos, do mau gosto e da estupidez pessoal do autor do blog que, de concerteza conseguiria fazer melhor a escrever critica opinativa sobre uma série de coisas e apenas está quase sempre a resvalar para o insulto pimba.

    No entanto são opiniões e virem perguntar ao autor do blog sobre os comentários é algo de grave senão para rir.
    O autor não é responsável por comentários.

    Portanto concordo: é o direito à opinião que está a ser atacado.

    Proposta: um dia em que os blogs publiquem um post em que 2 ou 3 parágrafos estejam em branco- ou seja auto censura- como protesto uma vez que parece ser isso que se quer.

    Ainda: desde que, como no fim do post se diz, se explique melhor o que é exactamente o processo.

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  2. Excelente raciocínio! Parabéns!
    Bjs, K&K's!

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  3. já tinha conhecimento da matéria e, talves por ter uma sensibilidade diferente ou por estar habituado a "outros ares" não encontro nos textos nada que esteja perto de ser ofensivo.
    por isso não compreendo - faltam-me dados - a razão/motivo de queixa na pj. "razoável" seria uma queixa no ministério público... e evitaria um erro de palmatória que a convocatória contém (pormenores sobre isso ficarão para uma próxima oportunidade).
    entretanto, o clima de intimidação que o falso engenheiro (e os dele) querem implementar não me assusta!
    abraço

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  4. Este post é em alguma medida também uma reflexão que tenho feito sobre a blogosfera. Acredito que todos temos pensamos enquanto seres individuais que somos. Não para agredir o outro, mas para sermos francos e honestos para com ou outros e connosco mesmos.
    Quanto ao Engenheiro, quero deixar bem claro que também não me assusta e que não vou desistir de defender a liberdade, porque acredito nela e porque já soube o que é viver sem ela. Como dizia o poeta, não há machado que corte a raiz ao pensamento.
    abraço

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  5. Com que base se pode
    incriminar quem no uso
    da liberdade de expressão
    qual juiz que concorde
    com tal violação

    Dum direito consagrado
    na Constituição portuguesa
    ver-se alguém confrontado
    com toda esta ligeireza

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