domingo, setembro 30, 2007

A tentação do poder

Eu quando olho para a vida que tem um ministro, um secretário de estado ou mesmo alguns políticos profissionais, não posso deixar de lhes gabar a paciência. Sempre presos por ter cão ou por não ter, sem horas de chegar a casa e a ter de aturar montes de gajos chatos todos os dias. É vê-los de manha a fazer uma inauguração em Arrebentas de Cima, três horas depois num outro local a 200 quilómetros para ir fazer um discurso para acabarem numa festa do Partido a mais 200 ou numa reunião em Bruxelas ou noutro lugar qualquer. Sei que o dinheiro chama muita gente, mas custa a acreditar que se dêem a tal trabalho só por ele. Acredito mais que seja pelas mordomias, pela “cagança”, pela sensação de poder. Eu pessoalmente nunca me senti atraído por chefias ou esses cargos mais visíveis. Nunca gostei nem gosto de ter de mandar, de ter de comandar outros, de fazer sorrisos hipócritas e muito menos de ter de andar vestido de fatinho de engenheiro. Não gosto de gravatas. Sei que não sou um Einstein, mas também não sou um Bush, um Mendes Bota ou um Manuel Pinho. Podia ter feito uma carreira partidária e já recusei alguns cargos no meu local de trabalho. Prefiro dormir de consciência tranquila sem ter prejudicado ninguém. Estranho por isso essa gente que vende a alma ao diabo por um poleiro, por uma pinga de poder.

Contributo para o Echelon: 15kg, DUVDEVAN

7 comentários:

  1. Hoje em dia, existem substantivos de duas palavras, de significados opostos...

    http://economia.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1306046

    ... "risco e cálculo".


    Ugh

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  2. Venho comunicar-lhe que venceu o Prémio Cegueira Lusa para o melhor blogue do mês de Setembro.
    Quando quiser pode recolher o «boneco» que distinguirá o melhor blogue de cada mês.
    Parabéns.
    Bom Domingo.
    Cumprimentos,
    JOsé Carreira

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  3. Parabéns amigo Kaos
    pelo prémio merecido
    por invocar o caos
    neste país pervertido

    Sempre oportuno na abordagem
    dos seus temas escolhidos
    evocando sempre a malandragem
    que se acoita nos partidos

    Que nunca lhe doam as mãos
    para produzir estes posts
    nos quais inclui figurões
    quer se goste ou não goste

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  4. "...não posso deixar de lhes gabar a paciência."

    Mário Soares diria no seu Fancês: Lês Politíques ont PAS CIENCE, et c'est pour celà qu'ils inaugure beaucoup d'edifices.

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  5. Se é só por «cagança» que são políticos, não lhes gabo a pachorra. Mas isso sou eu que nunca compreendi a sede pelo poder. Acredito que alguns deles- até poderia dizer os nomes- deixarão de poder fazer aquelas pequenas coisas que nos dão gozo, tais como tomar um café na esplanada e ler o jornal calmamente no local, tal é a má imagem que estão a criar. Apesar de algum esquecimento que nos pauta a nós, lusitanos- vide eleições nos últimos tempos- alguns irão ficar na memória e não pelos melhores motivos...talvez mesmo depois de terem sido ministros não poderão durante algum tempo viver como o comum dos mortais.

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  6. Devo concluir que o kaos não acha estes nossos políticos uns chatos. Pois eu acho! Quando um chato me chateia desejo-lhe, no meu silêncio, que se encontre para falar com outro chato.
    A questão que se põe é se uns chatos se incomodam uns aos outros ou se sentem prazer nos seus encontros?
    Eu acho que os chatos mantêm entre si uma certa complacência de mútua cumplicidade.
    - Estarei a ser chato?

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  7. "Eu quando olho para a vida que tem um ministro, um secretário de estado ou mesmo alguns políticos profissionais, não posso deixar de lhes gabar a paciência." - Kaos

    Pina Moura, Ministro da Economia
    Pina Moura, Administrador da Iberdrola

    Ferreira do Amaral, Ministro das Obrs Públicas
    Ferreira do Amaral, Administrador da Lusoponte

    Eu acho que não é "pelas mordomias, pela “cagança”, pela sensação de poder" que eles lá andam.

    E paciência têm mesmo de ter para só receberem os "dividendos" da sua acção governativa tantos anos depois, como é o caso do Ferreira do Amaral.

    Interessante era algum jornalista de investigação lembrar-se de analisar os ministros dos últimos 20 anos; que protocolos e outra legislação criaram; por que empresas andaram depois de terem saído da governação até aos dias de hoje; que ganharam essas empresas (ou outras do grupo) com a sua acção governativa. Isso é que era interessante. E sempre têm mais facilidade de vasculhar a informação do que nós meros "gentios".

    Até mais.

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