quinta-feira, março 27, 2008

Dia Mundial do Teatro II

Tibete

Fiz esse post por duas razões, a de ontem ter ficado a saber que também o Pacheco Pereira considera que misturar os Jogos Olímpicos com a ditadura chinesa e o que se passa no Tibete é uma parvoice. Como ele diz, o problema do Tibete não é uma história simples nem só a preto e branco. Concordo, a cada dia que passa tem mais vermelho sangue a colori-la. A segunda razão é mais prosaica, simplesmente porque já vi que isso irrita um tal de "Jorge" que tem comentado todos os posts sobre o Tibete de uma forma muito "particular". Assim vai ter onde destilar mais um bocadinho do seu veneno. Afinal, todos, devem ter o direito de "actuar" neste dia Mundial do Teatro.

Contributo para o Echelon: spies, IWO, eavesdropping

24 comentários:

  1. Sim, não se deve confundir a realização dos JO com a ditadura chinesa. Se havia confusão a fazer, que tivesse sido feita na atribuição da organização. Estando esta decidida, sendo o espírito dos Jogos aquele que é, façam-se.

    Outra história é andar a desenhar caracóis sobre aquilo que é uma nação ocupada.

    ResponderEliminar
  2. Acredito que há aqui alguma confusão. quem decide onde sw vão relizar os JO é o Comité Olimpico Internacional e esses podem dizer que não se metem em politicas, a participação Nacional já é uma opção de cada país. Uma tomada de posição do mundo em relação a não aceitarem ir a jogos em países onde os direitos humanos são violados podia fazer toda a diferença no futuro. Fossem os jogos em Cuba ou na China antes da abertura ao capitalismo e todos andariam a bradar pelo boicote. Há por aí muita hipocrisia por esse mundo
    um abraço

    ResponderEliminar
  3. Não deixa de ser curioso assinalar o facto de os jogos serem uma competição onde vencem (com demasiada frequência) os «atletas» que conseguem mascarar melhor a vigarice do doping...

    ResponderEliminar
  4. Uma maneira muito particular de comentar,....já lhe ouvi chamar outrs coisas heheheheh - bem aqui vai para o dia mundial do Teatro: Óscar para o melhor actor principal:

    Dalai com Lama

    ResponderEliminar
  5. Os atletas mais dopados quem são ? quem são ??? desde sempre ? acertouuuuuu OS AMERICANOS DO NORTE,...o país onde os direitos humanos são exemplares heheheheh....não me fodam que eu ainda sou uma criança ó PAPUSSOS....!!!!!

    ResponderEliminar
  6. http://resistir.info/asia/tibete_mar08.html#asterisco

    Talvez aqui encontrem qualquer coisa, menos as baboseiras que escrevem about.

    É que, ter ideias é uma coisa, andar mal informado e não querer ver é outra.
    .......

    O jorge tem razão.

    ResponderEliminar
  7. sei que é grande, mas vale a pena ler outro lado...

    "Confira os mitos e os fatos concretos sobre o Tibete


    O jornalista francês Hubert Beuve-Mery, fundador do Le Monde, costumava insistir que ''a missão do jornalista é saber e dizer o máximo possível''. Ainda há jornais e jornalistas que seguem esse preceito. Mas cresce o número dos que substituem qualquer esforço investigador pela reprodução acomodada de versões unilaterais e distorcidas dos acontecimentos.


    Por Duarte Pereira, para a revista Princípios



    A controvérsia sobre o Tibete é um bom exemplo. Livros, reportagens e documentários repetem, monocordiamente, os relatos e as acusações difundidas pelos separatistas tibetanos. Não entrevistam as autoridades atuais da região, nem os monges patriotas que apoiam a unidade da China. Não recorrem às informações e aos documentos oferecidos pelo governo central do país. Não consultam especialistas independentes. Se o fizessem, seria obrigados a reconhecer que a história da China, do Tibete e de suas relações mútuas é muito diferente da propagada pelos separatistas.


    A polêmica envolve três questões básicas. Primeira: o Tibete é um país independente, invadido e ocupado pelos comunistas, à frente do Exército Popular, ou faz parte da China há 700 anos, tendo os comunistas apenas cumprido o dever de libertar e reunificar o conjunto do país?


    Segunda: antes de 1950, o Tibete era uma terra pacífica e feliz, governada por monges sábios e desprendidos como a mítica Shangri-la do novelista britânico James Hilton, ou penava sob um regime teocrático-feudal, atrasado e cruel?


    Por último, o que é melhor para as nacionalidades chinesas e para os povos do mundo nas vésperas do século 21: a divisão e o dilaceramento da China, ou a preservação de sua unidade estatal e o progresso conjunto de suas nacionalidades?


    O teto do mundo


    A República Popular da China é um país enorme, formado por 23 províncias, cinco regiões autônomas, uma região especial, Hong Kong, e três municipalidades subordinadas diretamente ao governo central. O Tibete é uma das regiões autônomas. Cobre uma superfície de 1 milhão e 200 mil quilômetros quadrados, aproximadamente a oitava parte do território chinês, e abrange a capital, Lhasa, seis prefeituras e 76 distritos.


    Localizado no sudoeste da China, o Tibete limita-se ao norte com a Região Autônoma de Xinjiang, ao nordeste com a província de Qinghai, ao leste com a de Sichuan, ao sudeste com a de Yunnan, e ao sul e ao oeste com os seguintes países, no sentido horário: Myanma ( antiga Birmânia), Butão, Sikkim ( principado de origem tibetana, anexado pela Índia em 1974), Nepal e Índia.


    O Tibete ocupa a maior parte do planalto que leva seu nome, o mais alto de Terra, com uma elevação média de 4 mil metros. É, por isso, apelidado de Teto do Mundo. É praticamente cercado por cordilheiras: ao norte, a de Kunlun; ao leste, a de Tangula; ao sul e ao oeste, a do Himalaia. Nesta última, na fronteira entre o Tibete, na China, e o Nepal, ergue-se a montanha mais alta do planeta, com 8.848 metros, a Qomolangma Feng, ou ''mãe sagrada das águas'', conhecida no Ocidente como monte Everest. No único intervalo entre as cordilheiras, no limite com a província de Sichuan, o Tibete é separado pelo rio Jinsha.


    Aliás, os rios mais importantes da Ásia nascem no planalto tibetano: para o leste, os rios Amarelo ( Huang-ho) e Azul ( Yangtze Kiang), os principais da China; para o sul, o Mekong, que desemboca na costa do Vietnã, e o Yarlung Zangbo, que passa a chamar-se Brahmaputra na Índia e deságua no golfo de Bengala; para o oeste, o Indo e o Ganges, os principais da Índia.


    É uma região rica em recursos naturais. Conta com enorme variedade de aves e animais e com mais de 5.700 espécies vegetais, inclusive plantas medicinais de grande renome, base da medicina tibetana tradicional. Já foram localizadas jazidas de 70 tipos de minerais e os recursos geotérmicos são abundantes, chegando a temperatura da água em alguns poços a 92 graus C.


    Por sua diversidade, o Tibete pode ser dividido em três zonas naturais. A parte norte, onde se concentra a criação extensiva de iaques e ovelhas, tem altitude média de 4.500 metros, clima frio e seco, extensas pradarias e numerosos lagos, como o famoso Nam Co, o segundo maior lago salgado da China.


    A área oriental é constituída por uma série de montanhas elevadas e vales profundos, com a altitude variando entre 2 mil e 6 mil metros. É a zona mais inóspita. A neve perpétua nos cumes de suas montanhas é responsável pelo outro apelido, atribuído ao Tibete, de Terra das Neves.


    Nos vales do sul, cortados pelos rios Yarlung Zangbo e afluentes, a altitude média é inferior a 4 mil metros, o clima é temperado, a precipitação pluvial é copiosa e a vegetação arbórea, exuberante. Nessa área é que se concentram a população e as atividades agrícolas. É, por isso, conhecida como o celeiro do planalto.


    Apesar da altitude, do ar rarefeito e do clima severo, o planalto tibetano começou a ser povoado no período neolítico. Por essa época, uma população já considerável se espalhava nas planícies centrais da China, entre os rios Amarelo e Yangtze.


    China, um país milenar e multinacional


    Para deslindar a controvérsia sobre o Tibete, é preciso entender a formação histórica da China. Trata-se de um país milenar, o único com aproximadamente 4 mil anos de história contínua, e também multinacional, integrado por 56 nacionalidades.


    A China não é, portanto, uma construção exclusiva da nacionalidade han, a majoritária. É um produto histórico da luta e do trabalho conjunto de todas as nacionalidades que a integram. Com uma trajetória tão longa, a China não podia escapar aos conflitos entre suas dinastias, nacionalidades e classes. Por mais de uma vez, foi unificada, dividida e reunificada.


    Se a convergência prevaleceu e se as nacionalidades chinesas estreitaram seus vínculos ao longo dos séculos, é porque perceberam, diante das ameaças exteriores, que só garantiriam sua independência comum e o desenvolvimento de suas economias e de suas culturas se aprofundassem as relações de unidade e cooperação.


    Os vínculos entre as nacionalidades han e tibetana, por exemplo, remontam a tempos muito antigos. Uma prova indelével se encontra no idioma das duas nacionalidades: pertencem à mesma família lingüística, significativamente classificada como sino-tibetana. O próprio budismo, que iria marcar tão profundamente a cultura tibetana, foi introduzido na região pelo norte da Índia e pelo Nepal, mas também pela Mongólia e pela China central.


    No século 7, quando as tribos do planalto tibetano formaram seu primeiro Estado unificado, o reino de Tubo, dois de seus soberanos casaram-se com princesas de origem han, firmaram uma aliança política com a dinastia Tang, das planícies centrais da China, e intensificaram o intercâmbio econômico e cultural entre as duas nacionalidades.


    O reino de Tubo desapareceu em meados do século 9, quando o rei Langdama foi assassinado por fanáticos religiosos. Durante 400 anos, o planalto tibetano foi sacudido por separatismos e por guerras, com principados e mosteiros lutando entre si. Por coincidência, na mesma época, as planícies centrais e o sul da China eram conflagrados por disputas dinásticas intermináveis.


    Ainda assim, o intercâmbio entre as duas nacionalidades não se interrompeu, desenvolvendo-se inclusive uma nova modalidade de comércio, a troca de chá chinês por cavalos tibetanos. E quando, no século 13, o mongol Kublai Khan reunificou a China e fundou a nova e poderosa dinastia Yuan, o Tibete foi incorporado ao Império do Meio como uma de suas províncias. O italiano Marco Polo, que visitou a corte de Kublai Khan e registrou as observações de sua viagem, descreve o Tibete como uma das 12 províncias do império.


    O Tibete, parte da China


    Desde então, há 700 anos, o Tibete faz parte da China. Assim permaneceu nas dinastias Ming e Qing, que se seguiram. Quando a República foi proclamada, seu primeiro presidente Sun Yat-sen, declarou no discurso de posse em primeiro de janeiro de 1912: ''O fundamento desta República baseia-se no povo, que integra todas as zonas hans, manchus, mongóis, huis e tibetanas num único Estado''. A República Popular, proclamada em 1949, estendeu o reconhecimento às demais nacionalidades.


    A subordinação do Tibete aos sucessivos governos da China, desde o século 13, evidencia-se na presença de representantes do poder central em Lhasa; na nomeação e julgamento de funcionários locais; no envio de tropas para defender as fronteiras e manter a ordem interna; na condução centralizada das relações exteriores; na imposição de leis, decretos e regulamentos; na realização de censos demográficos; na cobrança de tributos; na redefinição de órgãos e divisões administrativas internas. É importante ressaltar também que, desde o século 13, nenhum país reconhece o Tibete como um Estado separado da China.


    Outra prova da incorporação do Tibete à China é a participação de delegados tibetanos em órgãos executivos e legislativos do poder central, desde a dinastia Yuan. O próprio entrelaçamento entre o poder político e o poder religioso no Tibete nasceu com sua integração na China, quando Kublai Khan, para facilitar a pacificação do planalto tibetano, aliou-se com a influente seita budista de Sagya, tendo o cuidado, no entanto, de repartir cargos e títulos equitativamente entre lamas e nobres leigos.


    Durante a dinastia Ming, cresceu a influência da seita Kargyu, ou Branca, sobrepujada durante a dinastia Qing pela seita Gelug, ou Amarela, quando os abades dos mosteiros de Drepung, em Lhasa, e de Trashilhunpo, em Xigaze, desta seita, tiveram seus títulos e atribuições de Dalai-Lama e de Panchen-Erdeni confirmados pela corte imperial.


    Finalmente, em meados do século 18, a corte Qing determinou que o sétimo Dalai-Lama assumisse a liderança do governo local do Tibete. Porque o Dalai-Lama e o Panchen-Erdeni acumulam funções religiosas e políticas, a escolha de seus sucessores passou a depender de confirmação final pelo governo central da China. A escolha e a entronização do atual Dalai-Lama foram confirmadas pelo governo nacionalista da República da China em 1940.


    É sabido que a China passou por fases de divisão e enfraquecimento do poder central, quando os governos locais, não só o do Tibete, adquiriam grande autonomia, muitas vezes estimulados por potências estrangeiras, interessadas em arrebatar fatias do território chinês.



    Foi assim que a Rússia czarista ocupou uma parte da Mongólia e a dividiu em Mongólia Exterior e Mongólia Interior. Ou que o Japão invadiu a Mandchúria e tentou restabelecer, sob seu controle, a dinastia Manchu dos Qing, derrubada pelo movimento republicano. Da mesma forma, a Grã-Bretanha, já senhora da Índia, do Butão do Sikkim e do Nepal, combinou seus ataques ao litoral chinês com a invasão do Tibete em 1888 e 1903 e com as tentativas de impor à China o Tratado de Lhasa e a Convenção de Simla.


    A propaganda separatista, tão estridente contra a China, silencia sobre essas agressões britânicas e os saques perpetrados pelas tropas de Sua Majestade, assim como não menciona a tentativa indiana de invocar a Convenção de Simla para arrebatar da soberania chinesa uma parcela do planalto tibetano, o que levou em 1962 a um conflito fronteiriço entre os dois países.


    A ocupação britânica do Tibete não vingou, mas a grande potência imperialista arrancou concessões e passou a estimular, entre lamas e nobres tibetanos, um movimento pela independência, isto é, pela separação do Tibete, para colocá-lo sob controle ocidental. Após a Segunda Guerra Mundial e com a avanço da revolução popular na China, os Estados Unidos aderiram aos intentos britânicos, reforçando o movimento separatista com agentes, armas, treinamento, propaganda e apoio diplomático.


    O Partido Comunista e o governo popular, instalado em Pequim em primeiro de Outubro de 1949, tinham o dever, portanto de concluir a libertação e a reunificação da China, defendendo, como no passado, as fronteiras históricas do país.


    Ainda assim, não se pode acusá-los de agir precipitadamente. Entre Outubro de 1949 e Outubro de 1950, fizeram repetidas gestões para que o governo local negociasse as condições de libertação pacífica do Tibete. Mas o governo tibetano, dominado pela facção pró-ocidental, preferiu concentrar tropas na margem do rio Jingsha. Diante da intransigência, o governo central determinou que o exército popular transpusesse o rio e entrasse no Tibete, travando-se a batalha de Qamdo entre 6 e 24 de Outubro de 1950, a única na libertação do Tibete. Derrotadas as tropas locais, o Exército Popular interrompeu seu avanço, enquanto o governo de Pequim insistia nas negociações.


    O confronto, no governo e na classe dominante do Tibete, entre a facção pró-ocidental e o sector favorável à negociação se aprofundou, o regente foi afastado, o décimo quarto Dalai-Lama, ainda menor de idade, assumiu a liderança e nomeou negociadores. Em contrapartida, retirou-se para Yadong, na fronteira com a Índia.


    Alguns meses depois, em 23 de Maio de 1951, em Pequim, os delegados do governo central e local assinaram o Acordo dos 17 Artigos, que reconhecia a unidade da China e a autoridade do governo popular sobre todo o território nacional, mantendo temporariamente os governantes e as instituições do Tibete até que fosse negociada a reforma democrática pacífica da região. Em 24 de Outubro de 1951, o décimo quarto Dalai-Lama telegrafou ao presidente Mao Tsé Tung, aprovando pessoalmente o acordo, e retornou a Lhasa.


    O Exército Popular entrou na capital tibetana em 26 de Outubro de 1951, após o regresso do Dalai-Lama e com seu consentimento. O montanhista austríaco e militante nazista Heinrich Harrer, autor de Sete anos no Tibete, geralmente muito tendencioso em seus relatos, reconhece: ''Deve-se dizer que durante essa guerra as tropas chinesas se mostraram disciplinadas e tolerantes e os tibetanos que foram capturados e depois libertados diziam que haviam sido bem tratados.''


    Em 1954, o décimo quarto Dalai-Lama participou da primeira Assembléia Nacional Popular da China, que elaborou a Constituição da República Popular, tendo sido eleitos um dos vice-presidentes do Comitê Permanente dessa Assembléia. Na ocasião, pronunciou um discurso afirmando: ''Os rumores de que o Partido Comunista da China e o governo popular central arruinariam a religião do Tibete, foram refutados. O povo tibetano tem gozado de liberdade em suas crenças religiosas.'' Em 1956, assumiu a presidência do comitê provisório encarregado de organizar a região autônoma do Tibete. As relações entre os governos central e local estavam, portanto, normalizadas.


    O levante contra a reforma democrática


    O conflito ressurgiu quando se cogitou em promover a reforma democrática do Tibete, separando a religião do Estado, abolindo a servidão rural e a escravidão doméstica e redistribuindo a propriedade das terras e dos rebanhos, monopolizada pela aristocracia civil e pelos mosteiros. A facção pró-ocidental, aproveitando-se da insatisfação entre lamas e nobres, retomou a ofensiva. Agitando as bandeiras separatista e religiosa, e apoiada pela CIA cada vez mais desinibidamente, como hoje se reconhece, essa facção fundou uma organização política, a ''Quatro Rios e Seis Montanhas'', e uma organização militar, o ''Exército de Defesa da Religião'', e iniciou em 1956 ataques armados a funcionários e prédios públicos, a obras de infra-estrutura e até mesmo a tibetanos que apoiassem o movimento democratizador.


    Reagindo com prudência, o goverrno central propôs adiar a reforma democrática, até que se chegasse a um acordo satisfatório sobre prazos e requisitos para sua implementação. Mas a facção contra-revolucionária intensificou os ataques e, aproveitando-se de um festival religioso em Lhasa, desfechou uma insurreição na capital em 10 de Março de 1959, retirou o Dalai-Lama para a Índia e generalizou os conflitos.


    O governo central considerou, então, rompido o acordo de 1951, destituiu o governo teocrático, transferiu suas atribuições para o Comitê Organizador da Região Autônoma e determinou ao Exército Popular que restabelecesse a ordem no planalto.


    A guerra que se seguiu, entre 1959 e 1961, não se travou entre dois países, mas entre duas coalisões sociais. De um lado, as forças imperialistas, interessadas na divisão da China, e a facção de lamas e nobres empenhados na preservação do regime teocrático-feudal; de outro lado, o governo popular central e os monges, nobres, servos e escravos comprometidos com a unidade nacional da China e com a reforma democrática do Tibete. Não foi uma guerra nacional, nem religiosa, mas um conflito semelhante à guerra civil que opôs, nos Estados Unidos, o norte abolicionista ao Sul escravocrata. Ninguém recusa ao governo de Washington o direito de ter recorrido às armas para salvaguardar a unidade nacional e garantir o fim da escravidão.


    Muitos têm dificuldade para entender a natureza social do conflito, porque não prestam atenção no regime político-econômico que vigorava no Tibete e nas áreas tibetanas das províncias vizinhas. Aliás, o décimo quarto Dalai-Lama e seus adeptos falam o menos possível do regime antigo.


    O feudalismo se generalizou após o colapso do reino de Tubo, em meados do século 9; a teoria budista se consolidou em meados do século 18. Mas, ainda em 1959, os lamas da camada superior, os nobres leigos e seus agentes representavam 5% da população; os servos e os escravos correspondiam a 95%. Os primeiros, especialmente os membros das 400 famílias mais importantes, viviam no fausto; a maioria dos lavradores, pastores e serviçais sobrevivia em extrema penúria. O contraste entre ricos e pobres penetrava nos próprios mosteiros, conforme descreve uma testemunha insuspeita, o décimo quarto Dalai-Lama, em sua autobiografia.


    Das terras agriculturáveis, segundo levantamento de Junho de 1959, o governo local detinha e administrava directamente 38,9%; os mosteiros, 36,8%; os aristocratas leigos, 24%. A pequenos camponeses cabiam os 0,3% restantes. Os nobres e os mosteiros possuíam também a maior parte dos rebanhos. Para lavrar as terras e cuidar dos rebanhos, nobres, mosteiros e funcionários recorriam ao trabalho de servos.


    Para ter acesso à terra arável e às pastagens, os servos, 90% da população, eram forçados a pagar aos nobres e mosteiros uma renda, principalmente sob a forma de corvéia ou renda em trabalho, secundariamente sob a forma de renda em produtos, e às vezes em dinheiro. Arcavam também com pesados tributos e taxas, pagos em serviços e em dinheiro. Sem recursos suficientes, endividavam-se com os nobres e, principalmente, com os mosteiros, pagando elevados juros. Se morriam sem saldar a dívida, ela passava aos descendentes ou aos vizinhos.


    Para os escravos, 5% da população, provavelmente uma sobrevivência do passado pré-feudal, ficavam os serviços domésticos e públicos mais pesados, como a limpeza, o despejo de fezes, o transporte de carga e o transporte de nobres e funcionários, em liteiras ou nas próprias costas. Os filhos de servos e escravos não eram registrados em cartórios públicos, mas nos livros de seus senhores, a quem competia também autorizar os casamentos. Servos e escravos podiam ser trocados, doados, emprestados ou mesmo vendidos. Para os pobres, não havia hospitais, nem escolas. As guerras e epidemias dizimaram a população.


    As leis confirmavam essa estrutura desigual, dividindo a população em três estratos e nove graus, com direitos e deveres distintos. Não havia, portanto, igualdade jurídica, nem mesmo para as mulheres do estrato dominante. Se um nobre matava um servo ou um escravo, pagava uma indemnização. Mas, para servos e escravos que agredissem um nobre ou furtassem um bem, os códigos previam penas cruéis, como espancamentos brutais, mutilação de mãos ou pés, extração dos olhos. Até entre os monges, a disciplina era mantida à custa de chicotes e surras, como relata o Dalai-Lama em sua autobiografia. Além de uma prisão pública e precária em Lhasa, havia guardas, tribunais e cárceres privados nos mosteiros e nas grandes propriedades.


    Os monges da camada superior e os nobres mais influentes monopolizavam os direitos políticos. O Dalai-Lama encabeçava o governo desde meados do século 18. Os demais cargos eram repartidos entre lamas e nobres leigos. A Seita Amarela, do Dalai-Lama, era privilegiada em relação às demais seitas e o budismo tibetano, em relação às demais religiões.


    O Tibete antigo não tinha nada de idílico, portanto. É espantoso que se invoquem os ''direitos humanos'' para defender esse regime opressivo e cruel, em que a maioria da população, formada por servos e escravos, não gozava de liberdade pessoal, nem dispunha de qualquer direito político.


    A unidade, garantia do avanço


    Rompido o acordo de 1951 pelo décimo quarto Dalai-Lama e seus adeptos separatistas, o governo central aboliu o regime teocrático, revogou as leis e códigos desiguais, fechou os tribunais e cárceres privados, emancipou os servos e os escravos, cancelou as dívidas que os sufocavam e procedeu à redistribuição gradativa e cuidadosa das terras e dos rebanhos, indenizando os proprietários que apoiassem a reforma democrática.


    Restabelecida a ordem e concluída a reforma agrária, foi iniciada a implantação do sistema de assembléias e comitês populares, com a eleição das assembléias distritais em 1964. Estas elegeram as assembléias municipais, que por sua vez escolheram a Assembléia Regional Popular em 1965, instituindo-se a Região Autônoma do Tibete. Dos 301 delegados à primeira assembléia, 226 eram tibetanos, a maioria servos e escravos emancipados, mas havia também monges, ex-nobres patriotas e, pela primeira vez em cargos públicos, mulheres. Desde então, a Região Autônoma do Tibete já teve quatro presidentes leigos, todos tibetanos.


    Os erros cometidos pela chamada Revolução Cultural entre 1966 e 1976, no Tibete como em toda a China, suscitaram novos atritos, de que se aproveitaram os separatistas para promover distúrbios violentos em Lhasa, entre 1987 e 1989, numa iniciativa orquestrada com as manifestações antigovernamentais em Pequim e com a crise dos países socialistas na Europa Oriental. Mas o Partido Comunista e o governo popular da China venceram essas duras provas, preservando as conquistas revolucionárias, corrigindo os erros e restabelecendo as políticas de liberdade religiosa, de frente única com todos os setores patrióticos e de respeito mútuo entre as nacionalidades. É claro que a China ainda é um país pobre e que o Tibete é uma de suas regiões menos desenvolvidas. É indiscutível também que ainda existe muito que aprender no aprimoramento das democracias socialistas e no desafio de conjugar a preservação das culturas tradicionais com o desenvolvimento de culturas novas e progressistas. Contudo, quem investiga com isenção, não pode deixar de reconhecer os avanços políticos, econômicos e culturais obtidos com a libertação e a reforma do Tibete nas últimas décadas.


    Essa experiência positiva, contraposta ao colapso da União Soviética e ao dilaceramento da Iugoslávia, confirma que a união, não a divisão, é que pode assegurar o desenvolvimento conjunto das nacionalidades integrantes de países como a China. Rompida a unidade, abandonado o caminho socialista, na União Soviética e na Iugoslávia, perderam-se também as conquistas democráticas, reacenderam-se as chamas de conflitos étnicos e religiosos, reabriu-se o perigo de propagação de guerras devastadoras.


    Certo estava o nono Panchen Erdeni, o segundo lama na hierarquia do budismo tibetano, quando escreveu em 1929: ''Por suas relações históricas e geográficas, nem o Tibete pode ser independente da China, nem a China do Tibete. Assim, ambos serão beneficiados se permanecerem unidos, enquanto a separação prejudicará a ambos.''



    Bibliografia



    DALAI-LAMA, Liberdade no exílio: uma autobiografia, trad. Raul de Sá Barbosa, S. Paulo, Siciliano, 1992.


    HEINRICH HARRER, Sete anos no Tibete, trad. Betina Becker, P. Alegre, L&PM, 1997


    CD, Sacred Tibetan Chants, “Introduction”, from the Great Prayer Festival, by Monks of the Drepung Loseling Monastery, recorded December 30, 1991 at Clapp Recital Hall, University of Iowa, Berkeley, USA, 1992.


    FOLHA DE S. PAULO, Nova Enciclopédia Ilustrada Folha, com o melhor das enciclopédias Larousse, Cambridge, Oxford e Webster, S. Paulo, 1996, 2 vols., vários verbetes.


    VÁRIOS AUTORES, Grande Enciclopédia Larousse Cultural, S. Paulo, Editora Nova Cultural, 1998, 24 vols., vários verbetes.


    GEOFREY BARRACLOUGH e GEOFREY PARKER ( editores), Atlas da História do Mundo, The Times Books & Folha de S. Paulo, 1995.


    FOLHA DE S. PAULO, Atlas Geográfico Mundial, copyright Times Books and Bartholomew, 1993; Folha de S. Paulo, S. Paulo, 1994.


    SIREN & GEWANG, The 14th Dalai Lama, Beijing, China Intercontinental Press, 1997.


    WANG JIAWEI & NYIMA GYAINCAIN, The Historical Status of China’s Tibet, Beijing, China Intercontinental Press, 1995.


    JIN HUI et alii, Social History of Tibet, China – Documented and Illustrated, Beijing, China Intercontinental Press, 1997.


    SHAN ZHOU, Reencarnación del Bainqen – La búsqueda, la confirmación y la entronización del Bainqen Erdeni XI, Beijing, China Intercontinental Press, 1996.


    EMBAIXADA DA REPÚBLICA POPULAR DA CHINA, Tibete da China, folheto, S. Paulo, 1990.


    OFICINA DE INFORMACIÓN DEL CONSEJO DE ESTADO, Tibet: Pertenecia y Situación de Derechos Humanos, Beijing, China, 1992.


    ZHONG ZHANGWEN, China’s Tibet, illust., Beijing, China Intercontinental Press, 1995.


    ZHONG QUAN, Figures and Facts on the Population of Tibet, Beijing, New Star Publishers, 1991.


    JIA REN, The New Development of Tibetan Culture, Beijing, New Star Publisherrs, 1991.


    YUAN SHAN, The Dalai Lama and the Seventeen-Article Agreement, Beijing, New Star Publishers, 1991.


    JIN ZHU, Is Tibet the Last “Shangri-La”?, Beijing, New Star Publishers, 1991.


    JING WEI, 100 Questions About Tibet, Beijing Review Press, 1989.


    BEIJING REVIEW & CHINA’S TIBET, Tibet: from 1951 to 1991, compiled, Beijing New Star Publishers, 1991.



    Duarte Pereira é jornalista.

    http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=34431

    ResponderEliminar
  8. Essa besta desse Jorge deve ter algum fetiche com chineses ou então é também um amarelo. Grandessíssimo anormal! Podes discordar dos posts e deves manifestá-lo, mas não precisas de chegar ao ponto de ofenderes o seu autor.

    ResponderEliminar
  9. cof, cof ...
    Jorge ...

    ResponderEliminar
  10. Anónimo, meu caro,...se começas com ofensas, lamento mas tenho que te mandar levar na peida, no mínimo!
    Reafirmo tudo o que disse,....esse Dalai Lama é um artista, um fantoche ao serviço do Ocidente e está a aproveitar os JO para colocar em dificuldade os Chineses por causa dum território que pertence sem qualquer dúvida à China entendeste bem ? ....ou queres que explique melhor..?? e mais se não têm juízo vão levar nos cornos, porque a China nunca vai admitir ficar sem o território,....percebeste também ?? e o autor,...qual autor pá ??? quem diz porcaria sujeita-se a ouvir o que não qier,....olha já agora eu também quero a independência do meu bairro...ok ??? NÃO SEJAM MAS É RIDÍCULOS....!!!!!! e deixem de querer fazer fretes aos américas....essa cantiga já é conhecida de gingeira,...reaccionários !!!!

    ResponderEliminar
  11. 3 excelentes perguntas 3 excelentes respostas. Contudo vou-lhe sugerir 3 respostas diferentes:

    1. a China (como muito bem refere) é uma amálgama de povos, e um deles é o tibetano. As semelhanças linguísticas, ou mais genericamente culturais, não justificam a existência de um país único a acobertar toda aquela gente. Para tanto basta ver como está dividida a Europa, e há quanto tempo está dividida assim... E o facto é que eles não querem ser chineses! A revolta no Tibete é generalizada! E só não tem outras proporções em virtude da política de colonização feita pela China na segunda metade do séc. XX, a par do massacre da população tibetana. Mas mais grave ainda: é que enquanto o Dalai Lama se contenta com a criação e o aumento da autonomia, a geração mais nova quer independência, e já! As condições em que os tibetanos se revoltam, a total falta de meios para o fazerem, sabendo que desafiam a morte às mãos dum exército opressor, são reveladoras do mesmo desespero que têm os palestinianos, e aonde os bascos ainda não chegaram! Quanto à sugestão de que uma revolta digna desse nome, não pode ter o apoio dos americanos ou dos ingleses, é tão absurda como a dos palestinianos não poderem ter o apoio da Líbia ou do Irão… Como concordará, com este tipo de obstáculos quer para os tibetanos, quer para os palestinianos, o aliado mais próximo que podiam encontrar seria em Marte, e mesmo assim só à primeira vez… Registo que a sua argumentação é completamente omissa no facto de o exército chinês ter invadido o Tibete com o apoio da União Soviética! Pedido feito durante o encontro de Estaline com Mao em 22 de Janeiro de 1950 ! (cf., p.e., «Mao: the unknown story», J. Chang and J. Halliday). Estaline chega-lhe a sugerir que uma vez que os Han não representam mais de 5% da população, a percentagem devia ser puxada para «pelo menos 30%». E todos sabemos como Estaline era um especialista nesta matéria…

    2 o Tibete não era o cenário dum paraíso perdido. E a China era? E montou o cenário do livro do J. Hilton onde ? Se calhar foi no Camboja, ou mais recentemente na Birmânia, ou na Coreia do Norte… ou nas fábricas onde trabalham miseravelmente os milhões de chineses que alimentam o tão falado crescimento de 2 dígitos, fazendo a riqueza dos chineses (muito poucos) que andam de Ferrari, num sistema que faz inveja aos Belmiros & C.ia cá do burgo!

    3. pois é! A liberdade é um paradoxo: as pessoas podem escolher aquilo que é pior para eles. Veja-se Portugal com o Sócrates. Mas não é isso que me leva a defender as ditaduras. E é por isso que compete aos tibetanos decidir o que querem para o seu futuro, e não a um chinês, ou a um jornalista francês (péssimo exemplo porque a França é a maior potência colonial da actualidade), ou a um português. É aos tibetanos; é um direito que já ganharam há muito tempo, com o próprio sangue.

    ResponderEliminar
  12. Jorge, Jorginho, tu deves é ser doentinho... Qual é o teu bairro, para quereres a indepêndencia do mesmo? Deve ser algum bairro de barracas! Se calhar queres é ser realojado! Como é que descobriste a blogosfera? Provavelmente nalgum computador que afanaste!

    E fretes está a Europa a fazer à merda dos amarelos chineses, em não tomar uma posição, está a curvar-se perante as atrocidades desses assassinos amarelos! Não vês as notícias? AHH é verdade, não deves ter televisão na barraca, não é? Coitadinho do jorginho barraqueiro... epá vai-te isolar!!!

    ResponderEliminar
  13. ó anónimo cabrão....! doente está o teu cu de seres tão enrabado !!!!

    o Algarve também quer ser independente, o País Basco...se calhar com mais razão.etc, etc.....tu queres é foder os Chinas não é....pois eles é que te fodem a ti ó parvalhão !! vê lá se compreendes que é impossível a China dar a independência do Tibete,...os motivos são óbvios cabeça de merda....mas como és facho não deves querer ver....!!!!

    ResponderEliminar
  14. Dá-lhes jorge,
    nesses reacças ciaticos.

    Os chinocas estão a ir-lhes à tripa cagaiteira e eles querem mais.
    Vivam os amaréis.

    O Lama que vá trabalhar....

    ResponderEliminar
  15. Atenção pessoal!!!
    O Kaos não merece que usem o seu blogue para trocar insultos.
    Se aparece um fulano que desrespeita a boa convivência de diferentes ideias que aqui são livremente expressas, ignoremo-lo. Ele não é importante. Continuemos a desfrutar este espaço em paz.
    JFrade

    ResponderEliminar
  16. Muito honestamente, penso que determinado tipo de comentários, contendo insultos deveriam ser apagados.

    ResponderEliminar
  17. Frade,...se por acaso te estás a referir a mim,...eu apenas exprimi a minha opinião, quando vai daí começou um tipo que nem sequer tem nome,...assina Anónimo....começou a invetivar-me com adjectivos menos respeitosos porque não gostou que eu apoiasse os chinocas na questão do Tibete,....aí, meu amigo eu tive que lhe dar o troco....estou a dar-lhe esta justificação com todo o gosto...porque o meu princípio é nunca ofender ninguém sem ser primeiro ofendido,....mas aí meu caro tenho que me defender não acha ?? repare que este tipo nem coragem tem para assinar com algum nome....!!! É ANÓNIMO

    ResponderEliminar
  18. Anónimo:
    Quero deixar claro que não sou defensor da China. Não porque sou contra ou a favor do regime, mas simplesmente porque não conheço. Não posso defender nem apoiar.

    Mas uma coisa conheço e não posso deixar passar:
    O Dalai Lama não é nenhum santo e a "causa do Tibete" interessa e muito aos EUA.

    Não deves ter lido tudo o que escrevi. Não é uma questão de língua é uma questão bem mais profunda que tem 700 anos de história que não pode ser deitada para o lixo.
    Se isso não justifica a existência de um país, o que justifica então a existência de um país?

    Sobre o Dalai Lama e o apoio dos Estados Unidos sugiro-lhe ler o
    historiador americano Jim Mann, citado pelo site Global Research, ''durante os anos 1950 e 1960, a CIA apoiou ativamente a causa tibetana com armas, treinamento militar, dinheiro, apoio aéreo e todo o tipo de auxílio''. Além de Mann, outro estudioso das ações da CIA na Ásia, Michael Parenti, fez recentemente a seguinte observação:

    ''...nos Estados Unidos, a Sociedade Americana Por uma Ásia Livre, uma fachada da CIA, propagandeou ferozmente a causa da resistência tibetana, com o irmão mais novo do dalai-lama, Thubtan Norbu, tendo um papel ativo nessa organização. Outro irmão, também mais novo, do dalai-lama, Gyalo Thondup, estabeleceu uma célula de operação de ''inteligência'' com a CIA em 1951 (embora o apoio oficial da agência tenha sido estabelecido somente em 1956). Mais tarde, essa célula foi treinada e transformada em uma unidade de guerrilha da CIA, tendo seus recrutas sendo lançados por pára-quedas no Tibete''.


    De acordo com documentos abertos pela inteligência americana no fim da década de 1990, revelou-se que o movimento tibetano no exílio recebeu cerca de 1,7 milhão de dólares por ano, na década de 1960, para operações contra a China, enquanto 180 mil dólares anuais eram pagos regiamente ao dalai-lama.


    Em 1969, entretanto, o apoio secreto pela causa tibetana foi interpretado pela CIA como infrutífero, e a agência de espionagem decidiu retirar a ajuda aos ''revolucionários'' tibetanos.


    No entanto, a ajuda monetária anual ao ''pacifista'' dalai-lama perdurou até 1974, quando Nixon normalizou as relações com a China. O presidente que lhe sucedeu, Gerald Ford, encerrou o envolvimento da administração americana com os exilados tibetanos, em um novo contexto da estratégia americana para a Guerra Fria.


    A fase seguinte do relacionamento entre Estados Unidos e o dalai-lama e os seus apoiadores foi direcionar a opinião pública mundial a considerar o Tibete como uma questão de direitos humanos, em um engajamento político contra a China.


    Em 1979 a relação entre regime americano e dalai-lama sofre uma nova modificação, com o ''pacifista'' obtendo um visto de entrada nos EUA sob a administração Carter. A ''causa tibetana'' encontra então novos patrocinadores, com representantes do congresso americano trabalhando em conjunto com os separatistas tibetanos para enfocar a atenção dos governos seguintes e do resto do mundo na ''questão tibetana''.


    Nos dias de hoje, a ajuda financeira e política aos exilados tibetanos parte de um poderoso braço da CIA, a National Endowment for Democracy, organismo criado a partir de 1984, sob a administração Reagan, e que patrocina e subsidia movimentos pró-americanos ao redor do planeta, como os que recentemente derrubaram os governos da ex-Iugoslávia em 2002, Geórgia em 2004 e Ucrânia em 2005.


    O trabalho da NED, desde a década de 1990, é propalar os discursos e ações ''pacifistas'' do dalai-lama ao redor do planeta.

    Quanto aos teus 2ª e 3ª pontos, não comento. Como já disse não conheço. Há muita coisa que a gente julga que sabe mas, como se costuma dizer, não sabemos da missa a metade. Falo de factos e números que venham de alguma organização credível. É a única base de conversação para que nos entendamos sem cair na asneira de mandar bocas e fazer provocações que não pudemos provar.


    Referencias (em inglês)

    Mann, J. “CIA Funded Covert Tibet Exile Campaign in 1960s.” The Age (Melbourne), 16 Sept. 1998. 21 Jun. 2007. http://listserv.muohio.edu/scripts/wa.exe?
    A2=ind9809c&L=archives&P=14058.

    ResponderEliminar
  19. Pronto: então eu apoio a política Chinesa e sou contra a indepedência do Tibete! são pacifistas não é ? pois a gente viu como é.....é evidente que o Dalai Lama é um agente americano e quer perturbar a realização dos JO para chamar a atenção! é a voz do dono nada mais ... e é um sonso....pacifista pois.....e não lhe vou dizer as minhas fontes !!!

    ResponderEliminar
  20. O anónimo que vá ter com os tibetanos e reze muito.....deve querer lá os américas...reaccionário fascista...!!!!

    ResponderEliminar
  21. rui s.

    Se os tibetanos queriam maior autonomia, e eventualmente a independência, e nem a China nem a União Soviética os apoiavam iam virar-se para onde? Interrompiam a revolta até surgir uma UE? Estavam bem tramados... A coincidência de interesses entre os americanos e os tibetanos é meramente circunstancial. Estamos no apogeu da guerra fria, quem lança os tibetanos nos braços dos americanos são os chineses, e é o Mao em particular - completamente incapaz de negociar a simples autonomia - que o provoca. Incapacidade que, infelizmente, fez escola.
    Será aliás muito interessante um dia perceber porque é que o Mao não fez com Macau o que Nehru fez com Goa, Damão e Diu – mas isso são outros contos…

    Mas Nehru também é importante para esta história, porque não obstante o pronto reconhecimento da RPC, as relações entre os dois países, primeiro amigas e depois ambíguas, culminam numa série de disputas fronteiriças e a concessão de asilo ao Dalai Lama! Ou seja: nem as fronteiras estavam definidas, nem para a Índia a questão do Tibete tinha a mesma interpretação que tinha para a China já na década de 50! E convínhamos: os indianos não eram propriamente um país aliado dos americanos. O protagonismo da Índia no Tibete é – como se pode verificar noutros comentários – objecto de ignorância generalizada. O Governo tibetano no exílio está onde sempre esteve: na Índia, não é em Washington. Reparemos ainda que a concessão de asilo ao Dalai Lama na Índia antecede a invasão de Goa. Ou seja a Índia tem a percepção que o problema do Tibete, é mais grave do que o problema da sua própria integridade territorial com Portugal.

    Concordamos neste ponto: o governo teocrático tibetano tinha feito uma governação absolutamente canalha! Mas sob o domínio de Mao a bestialidade ainda consegue ser pior!! E é o próprio panchen-lama, que inicialmente tinha acolhido bem as tropas de Mao no Tibete, que o denuncia numa carta a Chu-En-lai em 1962, e que este reconhece como verdadeira!!! Aí desabafa (entre muitas coisas) que nem sob o regime de Chiang Kai-chek e do chefe militar muçulmano Ma Pufang, se tinha visto os pedintes de Qinghai não terem dinheiro - sequer - para comprar tijelas... E Qinghai é um território maior que Espanha e não é todo o Tibete.

    O número de estradas e o progresso como o concebemos, não é um valor que todas as culturas partilhem. Isso é etnocentrismo. Felizmente que vai havendo mais gente a pensar assim, como se pode verificar na Amazónia onde por iniciativa do governo brasileiro se interditaram áreas de reservas a visitantes.

    Em suma: a revolta no Tibete contra os chineses é ininterrupta praticamente desde o início do século XX. A sua maior ou menor visibilidade tem exclusivamente que ver com a eficácia da máquina repressiva chinesa. E o maior aliado dos tibetanos tem sido, e é da mais elementar justiça assinalar isso, a Índia.

    ResponderEliminar
  22. Um bem haja ao Rui s. pela publicação do extenso texto que permite uma melhor leitura dos acontecimentos actuais no Tibete.

    A mensagem que se está a passar nas tvs, pela omissão de factos históricos, é tendenciosa e indutora de conclusões erradas.

    ResponderEliminar
  23. ÉS POUCO REAÇA ÉS Ó ANÓNIMO....andas a trabalhar prós américas isso já a gente viu.....FASCISTA!!

    ResponderEliminar
  24. Jorge,
    Abra a boca que o Mao quer cagar.

    ResponderEliminar