O presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirmou que "a ideologia da ditadura dos mercados e do Estado impotente morreram com a crise financeira"."Tudo converge para reflexões sobre a redefinição do papel do Estado na economia".Segundo Sarkozy, uma revolução intelectual e moral está em andamento e "de agora em diante, nada mais na economia mundial será como antes". "Pensávamos que a política não era algo necessário. Isso acabou", disse o presidente francês, considerado um liberal. "Haverá agora maior actuação política." Sarkozy anunciou medidas de apoio à economia francesa, que deve, segundo projecções, entrar oficialmente em recessão no terceiro trimestre deste ano. "A Europa não deve deixar suas empresas à mercê dos predadores” Sarkozy anunciou a criação de um tipo de fundo soberano francês, chamado de Fundo Estratégico de Investimento, para apoiar empresas consideradas fundamentais para a economia do país. In [GLOBO.COM]
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, chamou de "camarada" o chefe de Estado francês, Nicolas Sarkozy, depois deste ter afirmado que a actual crise financeira internacional representou "a morte da ditadura do mercado". "Que frase para a história. Camarada Sarkozy, caramba, me surpreendeu". In [GLOBO.COM]
Se eu não olhasse para o Sarkozy como uma das personagens mais sinistras e perigosas que por aí anda, se não soubesse que é um dos demónios ao serviço dos Bilderberg até podia pensar que lhe tinha dado um rebate de consciência. Assim, só temos de estar atentos e esperar o pior. Esta crise, crise que eles criaram com as suas politicas e a sua ganância, já está a ser utilizada para roubar o dinheiro de todos nós para financiar os Bancos e já nos dizem que também vai engordar as grandes empresas privadas. Enquanto deram lucro, baixaram-nos os salários e retiraram-nos direitos, agora que dão prejuízo fazem com que sejamos nós a pagá-lo.
Será que nem assim este povo levanta a sua voz contra estes ladrões?
Será que vão aceitar bovinamente, uma vez mais, que nos roubem descaradamente?
Porque não nacionalizam os grandes grupos económicos e obrigam as grandes fortunas feitas com o dinheiro roubado a quem trabalha a pagar os prejuízos pelos quais são responsáveis?
Não estará na hora de fazer a revolução?
Contribuição para o Echelon: NATOA, sneakers, UXO
Se há quem chore de alegria porque não haveremos de rir de tristeza. Todas as imagens deste blog são montagens fotográficas e os textos não procuram retratar a verdade, mas sim a visão do autor sobre o que se passa neste jardim à beira mar plantado neste mundo, por todos, tão mal tratado. A pastar desde 01 Jan 2006 ao abrigo da Liberdade de Expressão.
ouve lá,...mas percebeste a conjuntura e a finalidade com que Chavez o chamou de camarada ou não ???
ResponderEliminarmugabe:
ResponderEliminarComo tu sabes eu sou burro e por isso não posso saber essas coisas,mas estou certo que tu nos vais elucidar
Nacionalizações não por favor! Já vimos há muitos anos o que isso deu. O que é preciso é regulação. O Estado não tem que interferir como agora a Esquerda apregoa toda feliz e contente, tem apenas que estar presente e regular os mercados fiscalizando.
ResponderEliminarQuanto a Sarkozi eu não acredito em milagres, nem espero grandes mudanças na ordem mundial como toda a gente festeja.
é que tu falas nisso subreptíciamente e como tal pode ser mal interpretado...só isso, nao vale a pena estares ressabiado e dares respostas de puto malcreado.
ResponderEliminarJá agora,...a tua fonte globo.com tal como toda a chamada grande imprensa brasileira é altamente reaccionária, a Globo é mesmo fascista, porta voz oficial da ditadura militar e agora ligada aos interesses mais conservadores brasileiros e à ultra direita. Eu também leio e vejo a Globo, mas para ter uma idéia real do país, tenta a boa e variada imprensa alternativa progressista como por exemplo a Agência Carta Maior www.cartamaior.com.br
Não é preciso agradeceres a dica. Fica bem !
Não pensem que este "mugabe" é o autêntico! Este se bem que igual por dentro, por fora é branco.
ResponderEliminarSarkozy já tinha dito e mostrado, há mais de seis meses, que tudo faria para defender as empresas francesas de ataques estrangeiros.
ResponderEliminarPara ele, primeiro está a França e depois o Mercado ou a UE.
Se esta crise levar ao regresso do nacionalismo económico, será uma crise muito útil.
Se acharem que o problema esteve só na falta de regulação dos mercados de capitais e no subprime, estão enganados.
Uma das causas do problema foi o livre comércio entre países com níveis sócio-económicos muito díspares, levando a deslocalizações e a falências em massa.
A livre circulação dos capitais foi apenas parte do problema.
Os seus efeitos foram mais imediatos. Mas mesmo sem crise financeira, teríamos a prazo uma crise económica e social que não resultaria apenas da passagem do ciclo para uma fase de recessão.
É preciso regressar ao nacionalismo económico e ao Keynesianismo, o mesmo é dizer regressar à consciência do importante papel do Estado na economia.
Também penso que a regulação é muito mais importante que a nacionalização. Claro que não queremos que empresas tenham lucros dúbios, resultantes de manobras financeiras (que agora, erradamente, se apelidam de engenharias financeiras). Mas regressar aos biliões de contos de prejuízos acumulados por TAPs, CPs, EDPs e outros... Teríamos que pagar, mais uma vez do nosso bolso, esse prejuízo, camo aliás aconteceu durante décadas.
ResponderEliminarOs governos têm de criar, isso sim, regras muito especificas, mesmo dogmáticas, para segurar a ganância de poucos, que pode levar à ruína de muitos.
Sarkozy está feito com a cia.Esse camelo a par de berlusconi e o durao merdoso têm é que ir com o caralho.Ja há gente nas ruas em frança,espero que aqui sigam o exemplo.a revolução nasce dentro de cada um de nós.
ResponderEliminarMugabe, se calhar a conjuntura e a finalidade com que Chávez chamou Sarkozy de camarada foram as mesmas que o levaram também a chamar "grande amigo" ao nosso Sócrates :)
ResponderEliminarPor acaso eu gostaria que me explicassem por onde anda o dinheiro. Terá sido queimado nalguma fogueira? Crise? Qual e para quem? Quem serve e quais os objectivos?
ResponderEliminare porque não fecharem as bolsas e acabarem com a especulação? E já agora para quando uma redistribuição da riqueza? Não seria mais eficaz no combate à crise?
beijinho
juiz de meia tijela:
ResponderEliminarSe calhar
O prejuízo dado pelas E.P's é devido á péssima gestão, permitida pelo Estado/Governos. Sai um governo entra outro e entram também novas administrações. Assim se gere mal qualquer empresa do estado sujeita aos ventos políticos dos momentos. Cá em Portugal é assim. Noutros países não. E as pessoas são rsponsabilizadas pelos danos que provocam.
ResponderEliminarAs nacinalizações têm muito que se lhe digam, mas para mim é muito claro que o estado deve ter controlo sobre a àgua e sobre a energia. Pelo menos estas 2 áreas.
Depois, naturalmente que deve regular com bom senso, e sobretudo FISCALIZAR.
Para o TB que pergunta para onde foi o dinheiro:
ResponderEliminarA moeda em forma de trocos e de notas não desapareceu, nem ardeu.
Mas além destas, há a moeda bancária ou escritural. Esta é multiplicada artificialmente pelos bancos.
Quando os depositantes começam a resgatar a verdadeira moeda e os bancos não têm reservas suficientes, pode gerar-se o caos.
Aqui fica um textosinho que copiei da Net, sobre a moeda bancária:
Criação de moeda pelos bancos
Mediante a concessão de créditos, os bancos podem, na prática, chegar a criar moeda do nada, pois, aplicada a retenção de reservas exigida pelas autoridades monetárias, uma instituição financeira pode emprestar os depósitos de um cliente para outro. No caso de não necessitar do dinheiro imediatamente, o cliente poderia depositar no mesmo banco uma parte do crédito concedido; tal depósito permitiria ao banco conceder um novo crédito e assim sucessivamente.
A moeda assim gerada se baseia exclusivamente na confiança que o primeiro cliente, livre para retirar seu dinheiro no momento que desejar, tem no banco. Por esse motivo as autoridades monetárias impõem às instituições financeiras a manutenção de reservas, criam fundos de compensação entre os bancos e chegam até mesmo a eventualmente emprestar dinheiro aos bancos comerciais para evitar que o sistema bancário desmorone ante uma imprevista emergência econômica que possa gerar pânico coletivo.
Base monetária
É difícil medir, e sobretudo controlar, a quantidade total de moeda existente num sistema econômico. Para tornar possível o cálculo aproximado da base monetária, ou da moeda em circulação, definiu-se, na linguagem monetária internacional, as seguintes grandezas: (1) M1, que é a oferta monetária, ou dinheiro efetivamente em mão do público na forma de papel-moeda e depósitos à vista; (2) M2, soma da oferta monetária e dos depósitos de poupança; (3) M3, que é M2 somado aos depósitos a prazo; e (4) M4, que são os ativos líquidos em mãos do público, equivalentes à soma de M3 com todos os ativos negociáveis, como, por exemplo, a dívida pública, privada e letras endossadas. Em alguns países essas definições diferem ligeiramente segundo as características de seus sistemas financeiros.
Sobre a temática do Capitalismo, acho o seguinte texto interessante.
ResponderEliminarNa minha humilde opinião o capitalismo não termina agora. Durará mais algumas décadas.
Terminará quando quase grande parte das actividades produtividades agrícolas e industriais for robotizada.
Nessa altura, a propriedade dos meios de produção terá de deixar de ser privada.
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Marx está de regresso? Não, apenas Keynes
27.10.2008, Teresa de Sousa
O capitalismo morreu? Marx tinha razão? Não. O que pode ter morrido é uma forma
de capitalismo que teve o seu zénite na América, que acreditou em demasia na racionalidade
dos mercados. É Keynes quem pode ter afinal alguma razão. Por Teresa de Sousa
As capas da imprensa mais séria do mundo inteiro já imprimiram todas as interrogações. O capitalismo acabou? Ou foi apenas uma espécie de capitalismo? Qual? O americano? O anglo-saxónico? O especulativo? Estamos à beira de um acontecimento de dimensões tectónicas, idêntica às da Grande Depressão de 1929-33? Como foi possível? Vivíamos instalados em certezas que nem o 11 de Setembro conseguira abalar. Passamos a viver com incertezas para as quais não temos qualquer bússola a não ser ir buscar à História as palavras "proibidas" e os velhos autores há muito caídos em desgraça.
Regressado do baú das velharias para o qual tinha sido remetido depois de 1989, o rosto de Karl Marx, o filósofo do século XIX que lançou as bases teóricas do comunismo, voltou a ser impresso, geralmente acompanhado por uma interrogação: afinal, ele tinha razão? Não, claro está, na sua teoria da luta de classes que conduziria inevitavelmente à ditadura do proletariado e à sociedade sem classes. Mas na sua análise do próprio sistema capitalista que, de crise em crise, caminharia inexoravelmente para a sua crise final.
George Soros, o especulador-filantropo que já andava a avisar para as consequências dos excessos do capitalismo financeiro, confessou recentemente que voltara a ler o filósofo alemão e que havia "muitas coisas interessantes naquilo que ele dizia". O ministro social-democrata das Finanças do governo de Berlim, Peer Steinbrueck, admitira recentemente que "certas partes da sua teoria não são assim tão falsas". "Como aquela que diz que o capitalismo acabará por se autodestruir por força do excesso de avidez." O fenómeno nem sequer é apenas de hoje. Em 2003, a revista francesa Nouvel Observateur (centro-esquerda) dedicou-lhe um número com um título de capa premonitório: "O pensador do terceiro milénio?" Mas era mais como um fascinante objecto de curiosidade intelectual do que como uma fonte de ensinamentos. O marxismo morrera sob os escombros do Muro de Berlim, deixando antever uma paisagem económica "anticapitalista" tão desoladora que ninguém estava verdadeiramente interessado em copiar. Ao contrário da sua profecia, o capitalismo saíra vitorioso e preparava-se para reinar sobre os quatro cantos da Terra.
Terá sido nesse momento da proclamação da vitória da democracia e do mercado, dizem hoje muitos autores, que começou a "embriaguez" capitalista que nos conduziu até hoje. Quando Francis Fukuyama proclamou o fim da História e a avassaladora expansão da economia de mercado e da democracia liberal. Quando a vaga de liberalização dos mercados fez acreditar que as crises do capitalismo eram águas passadas.
O capitalismo não morreu
A pergunta sobre o fim do capitalismo é, pois retórica e Marx irá voltar rapidamente para as prateleiras das bibliotecas universitárias para cobrir-se de pó.
O que acabou foi, porventura, uma forma de capitalismo, alimentada por uma teoria económica e por uma ideologia política que teve o seu zénite nos últimos trinta anos e a sua pátria na América. Que se transformou na prescrição oficial de Washington para as instituições e os governos do mundo inteiro. Que a Europa continental nunca aceitou totalmente mas à qual se rendeu pela sua eficácia e porque se esgotava o seu próprio modelo de Estado social. Que presidiu à globalização dos mercados e a uma época de enorme enriquecimento mundial.
E que acaba de ver escrito o seu mais perfeito epitáfio. Alan Greenspan, o poderoso chefe da Reserva Federal americana que nenhum Presidente, desde Reagan, ousou destronar, que foi o Papa da religião dos mercados financeiros e que criou uma Igreja de milhões de seguidores, foi humildemente ao Congresso americano reconhecer que se tinha enganado. O que se passou nessa tarde de 23 de Outubro é, talvez, a mais perfeita imagem do fim de uma era.
"Quando Greenspan abandonou o cargo, há dois anos, o Congresso tratou-o como um oráculo, um dos maiores economistas de todos os tempos", escreveu no dia seguinte o Washington Post. "Ontem, muitos dos membros do Comité da Câmara de Representantes [que o chamou a depor] tratou-o como uma testemunha hostil."
"Pensa que a sua visão do mundo, a sua ideologia, não estavam certas, não estavam a funcionar?" "Absolutamente. É essa precisamente a razão pela qual fiquei chocado. Durante mais de 40 anos tive sempre provas consideráveis de que estava a funcionar excepcionalmente bem. (...) Cometi um erro ao presumir que o interesse próprio das organizações, especialmente dos bancos, era suficiente para fazer deles os mais aptos a proteger os seus próprios accionistas."
Foi, escreveu Dominique Dhombres no Monde, como se os cardeais convocassem o Papa para saber se afinal Deus sempre existia e Bento XVII lhes tivesse dito que ele próprio, apesar de todos os seus estudos teológicos, tinha algumas dúvidas.
É ele o primeiro mártir de uma crise sobre a qual só há uma certeza: que é a maior dos últimos 80 anos e que as suas consequências são ainda totalmente imprevisíveis.
A Dívida e não O Capital
"Se Marx regressasse não era para escrever O Capital, era para escrever A Dívida", diz Joaquim Aguiar economista e politólogo. Para ele, o que acabou foi "o capitalismo especulativo, ou seja, a utilização da moeda para gerar moeda". O que acabou "foi a doutrina económica neoclássica que postula o homo economicus como um indivíduo racional."
Capitalismo significa "assumir riscos e ser responsável pelos riscos que se assumem", diz Maria João Rodrigues, economista, professora universitária e consultora da Comissão Europeia. "As entidades [do sistema financeiro] que assumiam riscos encontraram formas de não serem responsáveis por eles."
Esta é uma crise de endividamento, regressa Joaquim Aguiar. O endividamento americano e a dívida implícita nas políticas sociais do Ocidente. O que quer dizer que "o capitalismo do pós-guerra chegou ao limite, como chegou a limite o domínio americano".
Pedro Laíns, historiador das ideias económicas, prefere comparar esta crise, não com a Grande Depressão dos anos 30, mas com a crise de 1973, agravada pelo primeiro choque petrolífero, que marca o fim do sistema de Bretton Woods posto de pé em 1944 com a paridade fixa entre as moedas.
Como Aguiar, para ele "o mais importante não é o fim do paradigma [neoliberal], são os défices americanos." Entende que o que está em causa nesta crise é muito mais importante do que alguma coisa que pudesse ser controlada por mais regulação. "Há um excesso de poupança de um lado [nas grandes economias emergentes e nos países produtores de petróleo] e um défice de poupança deste lado." A China poupa e os Estados Unidos gastam. "Isso fez com que chegasse dinheiro a mais aos Estados Unidos e o sistema não conseguiu responder a isso de forma adequada. Também em 1973 a América estava a braços com défices e com uma guerra. "Com a mesma fraqueza política e os mesmos gastos excessivos". A verdadeira mudança estrutural, conclui, é geopolítica e é isso que o sistema financeiro vai passar a ter de ter em conta.
O sociólogo Manuel Villaverde Cabral entende que não estamos perante "o fim do capitalismo ou sequer da globalização, que hoje é sustentada por uma série de factores muito para além dos económicos." Admite que talvez seja o fim de um "capitalismo selvagem", impudente e imoral. "Esperamos, pelo menos." "Deste ponto de vista, talvez se possa dizer que o capitalismo deixou de poder legitimar-se a si próprio, voltando a ter de mostrar as suas vantagens em termos de produção de riqueza e de bem-estar."
O regresso de Keynes
Não é Marx mas John Maynard Keynes o homem do momento.
O keynesianismo, que fora definitivamente enterrado por Milton Friedman e pelos economistas da escola de Chicago, acaba de renascer para justificar o pragmatismo com que os governos ocidentais tiveram de agir. Para nacionalizar a banca e para tentar impedir que a crise financeira se transforme numa séria e prolongada recessão mundial.
O raciocínio é simples. Se foi o mais genial economista da primeira metade do século XX que ajudou o mundo a sair da Grande Depressão, quando o desemprego nos EUA ultrapassava os 25 por cento e a economia contraia outro tanto, os seus ensinamentos podem agora ajudar a evitar o pior.
"Muito do que Keynes escreveu ainda faz sentido", disse Alistair Darling, o ministro das Finanças britânico, ao apresentar o seu pacote de medidas para relançar a economia real. Os seus pares europeus e americanos poderiam dizer o mesmo. Pôr o Estado a gastar em estradas, hospitais ou escolas e descer as taxas de juro para relançar a economia pelo lado da procura. O que fora sacrilégio até ao Verão passado, é hoje a única receita disponível. O debate sobre o inevitável regresso do Estado apenas se faz em torno de saber se é "ideologia" ou "pragmatismo". Se é para durar ou temporário.
"Keynes era um indivíduo altamente moral e superiormente inteligente, consciente das implicações sociais da sua Teoria Geral da Moeda e do Emprego", diz Villaverde Cabral. Que duvida, no entanto, do seu regresso.
Joaquim Aguiar entende que o que voltou "foi o capitalismo puritano em que o ajustamento às possibilidades é que determina o ritmo de evolução" e que, com ele, regressa "a economia política que articula sempre os três vectores do triângulo: política, economia e sociedade." O puritanismo como ética do capitalismo [no sentido weberiano] fazia essa articulação através da religião. O novo puritanismo vai fazê-la através da acção política." Keynes está de regresso.
Um New Deal global
Maria João Rodrigues diz que o que vai ser preciso são "outras formas de articulação entre Estado e mercados". Reconhece que se esgotou a agenda neoliberal mas adverte que as soluções não poderão vir do passado. Admite que aquilo que a administração Bush está a fazer, sendo igual ao que a França faz, pode significar no futuro coisas diferentes. Bush está a tapar buracos. Sarkozy proclama a necessidade de "refundar o capitalismo".
Mas ninguém acredita que a actual vaga de nacionalizações represente algo mais do que uma necessidade absolutamente pragmática de evitar o pior. "Só se esqueceu da palavra nacionalização quem é muito novo ou tem a memória curta", diz Pedro Laíns. "O general De Gaulle nacionalizou boa parte da economia francesa" depois da guerra. O que assistimos agora "são medidas extremas para situações extremas". Não é o regresso "ideológico" do Estado que François Mitterrand tentou pela última vez em 1981 para arrepiar caminho dois anos depois.
O que significa então o regresso das palavras e dos autores "proibidos"? Uma inevitável mudança no debate público das democracias. "Saímos finalmente de uma grande paz ideológica", diz Michel Rocard. "Vamos assistir a uma alteração radical das clivagens políticas", considera Joaquim Aguiar.
"A crise vai durar e pode transformar-se numa oportunidade de renovação da social-democracia", acrescenta Maria João Rodrigues. Lembra que "a eleição de Obama pode impulsionar o campo social-democrata". Ou não, como ela própria admite: " A crise de 1929 gerou o New Deal americano mas não salvou a social-democracia europeia, deu origem ao populismo e ao fascismo" e foi preciso uma guerra.
Resta, pois, a questão de saber "quem vai liderar a saída desta crise, que é económica, financeira, social e de governança mundial." Porque é preciso um New Deal que, desta vez, tem de ser global.
PÚBLICO