terça-feira, novembro 25, 2008

O Pai dos Pais

O pai nosso

Vi e ouvi o Pros-e-Contras com Pedreiras, Nogueiras e algumas asneiras. Como não sabia porque ponto lhe pegar, escolhi aquilo que sou; Pai. Lá estava o Pai dos Pais a falar em meu nome sem que para isso lhe tenha passado qualquer procuração. Aparece em todo o lado, nem que seja na forma de emplastro, para sustentar este sinistro estado de coisas.
Como estou com sorte, nem necessito de escrever. O meu amigo J.Leitão permitiu-me não ter de o fazer pois acabou de me enviar um texto.

O que fazer?

Os professores devem falar de modo a que quem não é professor entenda o que está em causa. Por outro lado, quem é pai/mãe, sempre que vai a uma reunião de pais com o director de turma devia aproveitar para fazer umas perguntas no final da reunião, ou então marcar um encontro com o director de turma, já que UMA vez por semana, há um dia designado para esse efeito. Se é verdade que os professores ainda não tentaram esclarecer o país sobre as bases da sua luta, também é verdade que quem é pai/mãe pode facilmente ser esclarecido na própria escola que é frequentada pelo/s seu/s filhos.

Eu faço isso há 14 anos, e sei muito bem como é a escola pública. A escola pública tem grandes defeitos e muito más condições de trabalho para todos os que lá andam todos os dias, professores, alunos e auxiliares de educação. Há felizmente uma fatia significativa de excepções, devido sobretudo às pessoas que lá trabalham., Obviamente os professores os alunos e os auxiliares de educação, aos quais se juntam muitas vezes os pais.
Agora, tem toda a razão o cirrus quando escreve: "andaram 2 meses a discutir a que manifestação haviam de aderir". O que mostra bem que entre os professores há divergências quanto baste. Foi muito bom terem comparecido quase todos em pelo menos uma. E ou muito me engano, mas pode ter sido um momento único, que dificilmente se repetirá . Rapidamente vêm ao de cima o que os divide e, infelizmente, não o contrário.
Aproveito para repetir que,na minha visão, os problemas do ensino em Portugal NÃO PASSAM , em primeiro lugar, pelos assuntos que têm sistematicamente postos em evidência tanto pelo ministério como pelos professores (avaliação e estatuto da carreira docente;embora a questão do modelo de gestão da escola me pareça bem mais importante).
NÃO, por favor NÃO. Há diversos aspectos que estão mais para baixo, na base, que não estão a ser falados desde há décadas, e pelos quais é URGENTEMENTE NECESSÁRIO começar a falar. Refiro-me à disciplina na escola, ao ambiente da escola, aos refeitórios das escolas, aos programas de cada ciclo, ao uso da máquina de calcular, à avaliação dos alunos e à formação dos professores. A todos estes aspectos deve adicionar-se um outro importantíssimo que é onde tudo começa: as creches e jardins de infância. E podemos ir um pouco mais atrás, às licenças de maternidade dos pais que deviam tender para os 2 anos de licença o mais célere possível.
Para mim a educação começa nos primeiros meses de vida e portanto a sociedade, nesse domínio, devia estar organizada de modo a proporcionar as melhores condições aos bébés, às crianças e aos jovens. Nunca vi/ouvi ninguém em Portugal, que tenha alguma vez tenha abordado o tema da educação nestes termos. Embora acredite que muitas pessoas pensem da mesma forma que eu.
A classe dos professores deveria ter sido a primeira a ter lançado este assunto para discussão na assembleia da república, nos partidos políticos, nas associações, em todo o lado.

13 comentários:

  1. Subscrevo na íntegra.

    Já agora e desculpe-me o abuso, o DissidenteX está a ser processado por delito de opinião. Penso que devemos denunciar esta situação.

    um abraço

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  2. Infelizmente, pais e governo esquecem-se que o que chega à escola é o reflexo de uma sociedade exterior. Os alunos transportam o seu «habitus» cultural e social. Não acho que os professores tenham as condições necessárias a poder desenvolver o seu trabalho em condições.

    Contudo, fico um pouco perplexo quando vejo professores (agora no papel de pais) a falar como os pais que falam contra professores.

    Tudo me parece uma "pescadinha de rabo na boca". E lamento. É que tenho mesmo respeito porque quem quer e sabe ensinar.

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  3. A primeira frase do texto é crucial e é por isso que tenho berrado por tudo quanto é sítio neste blog, sem que ninguém tenha entendido. Alguns até acharam que estava contra a luta.
    Luta, sim, mas porque sim, não!
    Expliquem e discutam alternativas. Façam propostas. Façam-se entender.
    Estendam a luta aos outros trabalhadores da FP, que estão rigorosamente na mesma situação. Aí, ganharão apoio dos portugueses e não só dos professores.

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  4. Lamento não concordar com este texto. Parece-me que os pais (não professores) já dispõe de informação que lhes permite retirar conclusões relativa/ ao que está em causa para além da inquestionável pergunta: os professores (mestres)/Educação - conhecimento - sofrem ataques e perseguições logo que algo que regimes autoritários se instalam ou se querem instalar. Ora, compete a todos os democratas não o permitir.
    Os pais também decerto já se deram conta que este governo trabalha para sucessos estatísticos o que é muito grave para os seus próprios filhos e toda a sociedade. Os jovens em particular já se começaram a dar conta da gravidade desta situação: trabalhar e estudar deveria ser recompensado. Se os professores não tivessem a lutar por isso que seria feito do futuro dos jovens (da sociedade que eles irão construir).
    Outro aspecto, por ex. O ECD é um documento a que subjaz toda uma política educativa com a qual os professores não concordam, obviamente. São muitos os motivos que aplicados, como se está a ver, destroem a profissão, destroem a escola, destroem o Ensino (para todos e para cada um dos filhos dos pais portugueses). O diploma de gestão (de destruição total da própria escola) é a consequência de toda a política educativa que subajaz ao ECD. E ao próprio ECD. ´
    A escola são professores. Sem os professores estarem bem tudo se reflecte nos alunos. Tudo.
    Até as condições de sobrevivência material. Neste momento, essas condições agravaram-se a níveis muito preocupantes.
    Ninguém a estas se submete. A situação ainda não é muito grave porque os professores estão a lutar e porque não existem alternativas de emprego. Contudo, muitos estão a emigrar.

    Ana

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  5. O texto é muito bom, não só porque põe o dedo na ferida da falta de comunicação, como aborda a educação de forma integrada. E isso é tão mais importante como os srs. do IKEA esfregarem as mãos de contente quando alguém engravida e dão 8 meses de licença. 8 meses?? Mas não são só 6?? Sim, mas na Suécia são 3 ANOS! Para eles, foi estranho encontrar semelhante legislação. Não pensam sequer despedir uma grávida - espero que o ti Belmiro não esteja a ler isto, senão vai lá avisar - mas antes lhe dão trabalho mais leve e, se necessário, horário menos carregado. Porquê? Nem sequer são portugueses, que lhes interessa a natalidade portuguesa? Porque estão habituados, é a resposta.
    Escuso de dizer ao que estamos habituados em Portugal.

    Depois, vêm as creches e seus sistemas de usura. E ninguém regula nada.

    Depois vem a escola. Poderá ser boa? Talvez, quando os problemas a montante tenderem para resolução.

    E porque não começar do princípio??

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  6. Domingo, 26 de Outubro de 2008
    Ordem dos Professores

    (A minha Sociedade Civil é o corporativismo dos outros.)

    A Moriae e a Setora não estão convencidas das vantagens duma Ordem dos Professores. Provavelmente olham para as outras Ordens, vêem nelas mais desvantagens do que vantagens, e não querem o mesmo para a nossa profissão.

    Vamos então às desvantagens, que quanto a mim são três: a primeira é a formação duma élite social que, a partir das suas funções dirigentes na Ordem, fique em posição de obter vantagens nos mundos político, empresarial e mediático. Esta desvantagem é relativamente inócua: o mesmo se pode fazer a partir de outros trampolins, desde os clubes de futebol aos próprios sindicatos.

    A segunda é o perigo de a Ordem pretender usurpar as funções próprias dos Sindicatos, intervindo em reivindicações relativas às condições materiais de trabalho dos seus membros. Temos visto esta tensão ao observar as relações etre a Ordem dos Médicos e os Sindicatos dos Médicos. Mas também esta desvantagem é superável, como os Médicos nos mostraram: a Ordem e os Sindicatos têm conseguido definir entre si, melhor ou pior, as respectivas áreas de actuação e abster-se de invadir áreas que não são suas. Se esta delimitação implica uma negociação permanente, pois então que se faça essa negociação: só leva a que ambas as partes se fortaleçam.

    Já a terceira desvantagem- e presumo que é esta que a Moriae e a Setora têm em mente - é um perigo real e tem de ser tida seriamente em conta: a possibilidade de uma organização de pares limitar o acesso à profissão por critérios que não sejam os da preparação científica, técnica e deontológica. Não vemos isto na Ordem dos Médicos nem na dos Engenheiros, por exemplo, mas vemos sinais preocupantes deste fenómeno na Ordem dos Advogados, que sujeita os candidatos a exames, para a inscrição nos quais são cobradas propinas exorbitantes.

    O remédio, claro está, não é renunciar a qualquer estrutura auto-reguladora da profissão, mas sim organizá-la de modo a que estes abusos não sejam possíveis.

    As Ordens profissionais têm uma vantagem enorme para a sociedade em geral: impedem que as condições deontológicas e éticas do exercício duma profissão que interessa a todos (e cujos praticantes não podem ser facilmente avaliados, como o podem ser os trabalhadores duma empresa) sejam condicionadas pelo poder político segundo os interesses políticos do momento, ou pelo poder económico segundo interesses económicos nem sempre compatíveis com o bem comum. Por isso é que eu digo que, se só houvesse lugar em Portugal para três Ordens profissionais, essas três deviam ser a dos Médicos, a dos Professores e a dos Jornalistas.

    Atente-se a uma afirmação da Ministra na entrevista que deu à Visão: os Sindicatos de Professores têm toda a legitimidade para intervir nas condições materiais de trabalho dos seus associados, mas não a têm, segundo ela, para intervir na formulação das políticas educativas. Se a Ministra estivesse a falar duma Ordem, não se atreveria a dizer o mesmo: uma Ordem tem toda a legitimidade para intervir nas condições éticas e deontológicas do trabalho dos seus associados; e ao intervir nelas está a intervir legitimamente nas políticas que as regem.

    Esta área da ética e da deontologia foi por demasiado tempo terra de ninguém, e daqui resultou um défice de regulação que está na origem de alguns dos piores vícios do nosso sistema de ensino. O que precisava de ser regulado não o foi; e o que não precisava foi-o até ao delírio, apenas para dar uma razão de existir à máquina monstruosa do Ministério.

    Hoje toda a gente descobriu a deontologia docente, e esta área, que antes tinha sido deixada ao abandono, é agora terreno disputado pelos Sindicatos e pelo poder político; e eu, como nesta matéria não confio nem numa parte, nem na outra, quero vê-la ocupada por uma Ordem dos Professores.

    www.legoergosum.blogspot.com/2008/10/ordem-dos-professores.html

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  7. Em PROFAVALIAÇÃO:
    Para compreender o que nos está a acontecer
    Após três décadas de democracia, estamos a assistir a uma reconfiguração do poder
    político. Essa reconfiguração assenta em dois pilares: o actual PS e a ala cavaquista do
    PSD. Incapazes de segurarem este arremedo de estado social, essas duas facções do poder tecnoburocrático uniram-se para procederem à maior transferência de riqueza de que há memória nas últimas três décadas. Essa transferência de riqueza é absolutamente crucial
    para a manutenção dos privilégios dos oligarcas. Os professores, por serem 140000 e por estarem sistematicamente divididos enquanto grupo profissional, foram os escolhidos para a a realização desse processo de transferência de riqueza. Dentro de meia dúzia de anos,dois terços dos professores não passarão do meio da carreira e estarão condenados a trabalharem até aos 65 anos (ou mais) com um salário inferior ao de um sargento. Para que essa transferência de riqueza se realize sem sobressaltos para os oligarcas, é necessário
    que o poder político limit
    e ou anule a liberdade de expressão nos espaços e organismos públicos. A escola pública
    tem sido um espaço de eleição para o exercício das liberdades. Com ameaças de processos disciplinares, exacerbação dos conflitos entre professores titulares e não titulares e
    uma política oficiosa de guardar segredo sobre tudo o que se passa nas escolas, o poder
    político foi criando as condições ideológicas e repressivas para que essa transferência de riqueza se continue a fazer de forma doce. O objectivo é fazer parecer essa
    transferência como natural, de modo a que as próprias vítimas do processo de pauperização
    e proletarização a aceitem como inevitável.
    Se lerem A Política de Aristóteles, está lá tudo o que é preciso saber sobre o processo
    de perversão da democracia e a sua tranformação em oligarquia. Em Portugal, esse processo
    está em marcha.
    Ramiro Marques
    www.ramiromarques.pt.vu/

    Nota: E este digamos 1/3, corresponde a empregos para boys e girls.
    Alguns professores já estão, actualmente, a jogar no campo da sua própria sobrevivência material.
    O desastre social está iminente.
    Ana

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  8. Vergonha no agrupamento de escolas de Paço de Arcos.

    Hoje dia 25 de Novembro houve uma reunião geral de professores, cujo ponto único era aprovar um simples pedido de suspensão da avaliação, para evitar estar a trabalhar no vazio enquanto as coisas não se clarificam.

    Numa atitude claramente provocatória e prepotente, os três elementos que compõem o actual "conselho executivo", entraram na sala, sentaram-se e a "presidente" usou da palavra para dizer que estes "ajuntamentos" de professores nada decidiam, que era inútil haver este tipo de reuniões, que não concordava com o motivo desta reunião, e que não ia presidir à mesma. Levantaram-se os três e saíram da sala, antes de saírem ainda houve tempo para a presidente deixar cair a máscara e numa atitude reveladora de uma extrema arrogância e de uma profunda ignorância legislativa, de dedo em riste exigiu que lhe fosse entregue um documento com as decisões ali tomadas por todos os professores.

    È este o grande cancro das nossas escolas, os lambe botas que nada percebem de educação e que são enviados pela DRELVT para chefiar e iluminar os ignorantes e os camelos dos professores.

    Para que conste, ficou decidido em reunião geral de professores, entre avaliados e avaliadores, que este processo de avaliação fica suspenso até se clarificar todo este novo cenário legislativo.

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  9. Os professores não cedem. Vão defender a Escola, a sua nobre profissão, os seus alunos e a Democracia em Portugal.

    Talvez que a maior motivação, neste momento, de um professor, para lutar, sejam os seus alunos. Ninguém os detem.

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  10. Terça-feira, 25 de Novembro de 2008
    VIVEMOS NUMA DITADURA…
    Recebemos este e-mail... diz tudo o que se passa nas nossas escolas...
    Por favor, ajudem-nos...
    No dia 20 de Novembro de 2008 pelas 17h 30m, na Escola E. B. 1,2,3 de Loureiro, Oliveira de Azeméis, os Professores Coordenadores/Avaliadores foram impedidos de participar num Plenário de Professores para discutir a suspensão do actual modelo de avaliação dos docentes, sob ameaça de serem alvo de um processo disciplinar por parte do Conselho Executivo (Senhora Presidente Dr.ª Isabel Terra).
    VIVEMOS NUMA DITADURA…
    Colegas por favor divulgar…
    www.movimentoprofessoresrevoltados.blogspot.com/2008/11/vivemos-numa-ditadura.html

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  11. Kaos,

    para não variar, além dos excelentes "desenhos", os teus texto são coerentes e demonstrativos de inteligência.
    Concordo com tudo o que foi dito pelo J. Leitão mas tb acho que nós professores não podemos salvar o mundo.
    É muito difícil fazer mais.
    Contra estes políticos cobardes e incompetentes......e com a grande falta de cultura dos Portugueses!!!

    É difícil passar a nossa mensagem pois o povo "come" a propaganda louca destes Xuxialistas.

    A Ana colocou tb o dedo na ferida. E bem.

    Abraço
    Tiago

    P.S. - acabei de chegar da manif do Porto e éramos perto de 10.000

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  12. Depois de ler o post e o texto do "pai dos pais" entrei nos comentários e depois de os confesso que fiquei siderado !
    A ideia com que fiquei é que para além da prepotência de alguns Conselhos escolares contra profs da sua própria escola, de pontos abordados na carta inicial é que a população escolar está a ser formada em técnicas de revolta social, manipulação\contestação como o caminho mais curto para se alcançar um objectivo !

    De algumas intervenções de profs no programa emitido ontem na RTP1, foram demonstrados equívocos de medidas emanadas do ME que atrapalham o trabalho que se pretende sério de professores.

    Pergunto eu, será que a actual geração escolar vai ter futuro num ambiente destes ?

    Fernando Gonçalves

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  13. Este blog é a razão de eu viver...parto-me a rir... nunca ouse em deixar de blogar.
    Parabéns!

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