terça-feira, novembro 23, 2010

Eu fui a Lisboa abraçar-te

Retirei este texto da página da Indymédia. Vale a pena ler.

Eu fui a Lisboa abraçar-te

A ordem perturba mais do que a desordem.

Quem quiser ver, a democracia está aí: converteu a política, toda a política, no confronto com a polícia.
A política é hoje tudo aquilo que escapa ao sistema político-partidário. E contra o que escapa ao sistema político-partidário, a mentira da democracia chama a polícia.

Desta vez, não foram apenas os sitiados pelo controlo social e político – exercido pelo Estado em nome da falsa democracia – que sentiram na pele a repressão exercida pelo aparato da polícia-exército: alguns jornalistas, curiosos, transeuntes, imigrantes, ficaram espantados. Um carioca, ao entrar no Rossio às 18h da tarde ficou mudo e gelado: pensou que tinha regressado ao Morro Formiga na favela da Tijuca.
Mas a falsa democracia é por demais previsível: o ataque preventivo começou cedo. Ataque preventivo na rua, em Lisboa, ataque preventivo nos/dos Media com a série policial black block, ataque preventivo nas fronteiras. Assim desvia a falsidade da sua essência, assim limpa a ferocidade do seu Estado-Guerra: cercar o mal, isolar o desordeiro, o violento, o vândalo, os palhaços, os filhos-da-puta.
Mas se o Estado é cada vez mais guerra e cada vez mais previsível, o que dizer do PCP?

O meu avô e o meu pai foram/são comunistas. O meu avô foi preso, torturado, na prisão tentou suicidar-se para não ceder à tortura, para não ceder à violência: quis ceder a vida para não ceder a liberdade. Teve 7 dias em coma, tantos quanto os dias que ficou sob tortura do sono – a mesma tortura, entre tantas outras, que a NATO infligiu e inflige aos prisioneiros de guerra do Afeganistão e Iraque com o beneplácito do Estado português. Ao fim de 7 dias de tortura do sono, num rebate de lucidez, atirou-se a pique e de cabeça do vão das escadas do 4ª andar da prisão de Coimbra.
O meu pai, deu metade da vida pelo “partido”. Acumulou cólera e raiva, cortes nos direitos sociais e degradação da democracia. (A única coisa que ganhou foi, isso sim, o movimento de base e habitacional cooperativo que ajudou a fundar com sucesso). Acumulou mais cólera e raiva do que aquela que eu tenho.

O PCP é uma linha de comando de controlo da raiva e da cólera?

Nenhuma outra estrutura/movimento político e social no país é um “black block” em potência além do PCP.
Se a voz de comando disse-se: ocupem as fábricas, ponham cadeados nos portões, não deixem sair os camiões, o país parava. O PCP não tem de o fazer, só a ele lhe cabe essa responsabilidade, ou melhor, ao seu comité. Mas para achar a nossa responsabilidade em tudo o que fazemos, temos sempre que confrontar aquilo que realmente fazemos com as possibilidades do que poderíamos fazer e não fazemos. Nessa diferença, podemos achar a nossa irresponsabilidade.
Pergunto – não à voz de comando, aquele que declara à Lusa (Fonte: TVI) que as pessoas que foram impedidas de entrar no protesto «não pediram antecipadamente para fazer parte do corpo principal da manifestação»; ou ainda, citando a reportagem assinada no JN por Catarina Cruz, Carlos Varela e Gina Pereira, “o único caso de maior preocupação deu-se, a meio da tarde, quando um grupo não organizado foi cercado pelo Corpo de Intervenção da PSP, junto ao Marquês de Pombal. A intervenção policial deu-se a pedido dos organizadores da manifestação que perceberam que mais de 100 pessoas iam integrar o protesto. A polícia, fortemente armada, cercou o grupo na cauda do cortejo” –, pergunto a tantos comunistas e simpatizantes do PCP (e já agora aos outros movimentos partidários que a integravam) se têm o direito de impedir que um outro grupo de cidadãos exerça o mesmo direito que eles próprios gozaram no mesmo sítio, à mesma hora?
O que o PCP fez (ou a organização submetida à lógica centralista e autoritária do PCP) foi ilegal, ilegítimo e, sobretudo, um ultraje. E para fazer cumprir uma ilegalidade, chamou a polícia. E ditou-lhes: façam desta forma, cerquem esse grupo de cidadãos, ou seja, exerceu com eficácia o seu poder sobre as autoridades condicionando-as a agir fora da lei. Conseguiu o apartheid. Foi a peça que faltava no puzzle montado pelo circo do poder para legitimar mediaticamente a NATO, a sua cimeira, a sua máquina de guerra.
Foram três as entidades que montaram o circo mediático de legitimação da Cimeira da Nato: as altas-esferas políticas; a Polícia e os seus vários serviços; e os Media de Informação de Massa.
E o circo mediático tinha uma pedra-chave em todo processo de desvio da essência assassina da NATO e limpeza do sangue do seu cadastro criminal: os black block.
15 dias antes, começou-se a armar a tenda: telejornais transformados em séries policiais.
Os black block seriam a pedra-chave para montar o cerco, para apontar o adversário, para legitimar a repressão. Bastaria um carro a arder ou uma montra partida e, passe de mágica, o espectador lá de casa pensaria: de facto, os gajos da NATO até têm razão, estes tipos anti-Nato são uns arruaceiros. E todos os manifestantes passariam a ser arruaceiros e os senhores da Guerra uma espécie de caritas global d’ ajuda ao outro!
Mas desta vez, a tripla entente (Estado-Guerra, polícia e Media) não precisou de polícia infiltrada a partir as montras, para isolar o adversário, para desviar a atenção dos 35 mil mortos civis afegãos, os torturados, o horror, o ódio, o terror espalhado pela NATO. Tinham a voz de comando do PCP: a farsa dos B.B (barbies big-brother), a psicose colectiva instigada na TV por Estado-Guerra, Polícia e Media, passava a ter a sua realidade na manifestação contra a cimeira da Nato.
Nessa lógica, o PCP integrou a lógica do Estado: primeiro, limitou a sua actividade de protesto à legitimidade imposta pelo Estado da falsa democracia, como sempre tem feito (uma greve geral em 22 anos é uma espécie de suicídio assistido pelo capitalismo…), depois impedem um grupo de pessoas de juntar-se a uma só voz contra a Guerra, contra a NATO.

Cerquem esse grupo, cacem-nos, porque a democracia está em perigo!

E cercados que estávamos, passámos a ser o adversário, o arruaceiro, o vândalo, o criminoso que vem na TV. Nem uma pedra atirámos. O que o PCP e a polícia-exército fizeram foi fazer-me sentir, num par de horas, um palestino.
Num par de horas, a violência do cerco policial, converteu-nos em palestinos e palestinas (sem querer dramatizar, é apenas uma imagem, pois sei bem a diferença que vai entro um cerco num par de horas e um cerco total durante 3 gerações…). Nem sequer uma pedra atirámos. (Nem sequer aquelas garrafas d’água que se esborracharam no Vital Moreira… talvez tivessem sido anarcas com credencial!!!!!!!!!).
Entre pacifistas, libertários, membros da PAGAN, anarquistas e outros tantos seres como eu sem serem “istas” de nada, ali estiveram demonstrando a sua não-violência num momento inusitado de demonstração da violência do Estado e de clara violação de dois direitos fundamentais, o direito à manifestação em qualquer espaço público sem prévia autorização e o direito à livre circulação no espaço público do território nacional (não nos esqueçamos que ao longo do percurso foi-nos sucessivamente negado o acesso livre ao território que a voz de comando determinou que não podíamos pisar). À nossa volta, acabava a falsa democracia… mas quando a (falsa) democracia chega tão longe…

Sitiados, com polícias que nos ladeavam enfileirados a um metro ou dois de distância uns dos outros, já não tínhamos mais nada senão o corpo. Caçados os direitos, era a sobrevivência do corpo. A liberdade de ser corpo. Nada mais. Não atirámos uma pedra.

Por isso, no fim, quando te abracei, sei que abracei outro corpo, tão vivo quanto o meu, só violência de lágrimas. Mais nada.

Temos de voltar a fazer amor com a liberdade ou a democracia deixará de existir.

Pelo estado de ruína da cidadania, pela crescente militarização da polícia, pelo estado de ódio e controlo social, os nossos filhos (aqueles que continuem a afirmar a liberdade com a vida) caminharão já não escoltados de cada lado por um polícia, mas por tanques de guerra. Então, seremos cada vez mais palestinos e palestinas, cada vez mais cercados, e o nosso corpo, para viver, vai ter de explodir.

Júlio do Carmo Gomes

Mais duas breves notas:
Ainda os finlandeses impedidos de entrar na fronteira portuguesa. Num dia da vida deles, cada um desses homens, disse: o meu corpo não será uma arma. Nenhum Estado me obrigará a pegar numa arma. O meu corpo não tirará a vida a outro corpo. Objectores de consciência, pacifistas entranhados, vinham juntar-se aos activistas que em Lisboa condenaram outro tipo de homens: aqueles que, num dia da vida deles, não tendo coragem para matar com o seu próprio corpo, mandaram outro corpo puxar o gatilho. O que espanta não é a arbitrariedade da polícia, o abuso da autoridade, a sua insuficiência. Mas a normalização da violação de um direito fundamental. Já alguém apresentou uma queixa contra o Estado português no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem?

Na acção de desobediência civil não-violenta levada a cabo na manhã de sábado o ambiente de protesto e mesmo a actuação policial acabou por correr sem ânimos exaltados, com relevo para a calma dos activistas e para a descoordenação da polícia (por exemplo, não conseguiram evitar um acidente de duas viaturas, sem qualquer gravidade, não tinham carrinhas suficientes para os detidos, e, numa cidade sitiada por polícias, só passado 25 minutos passaram a ser em número igual aos dos activistas…). Em todo o tempo em que estive lá a observar, como testemunha e prestando o meu apoio aos activistas, só vi uma pessoa exaltada: Paulo Moura, jornalista do Público. Indignado comigo pelo facto de eu não ter conseguido, pelo desenrolar das circunstâncias, cumprir com o que com ele tinha combinado: ler o comunicado dos activistas uma única vez diante de todos os jornalistas presentes. Não foi possível. Não estava lá como profissional de conferências de imprensa… Exaltado, para espanto também das outras duas pessoas que assistiam aos seus amuos devido à sua árdua tarefa de jornalista violentado nos seus direitos humanos pelo conferencista de serviço, o espanto atingiu o clímax com o comentário do ofendido: “Vocês são iguais aos gajos lá de baixo da Cimeira”. Mesmo ficando na dúvida se apenas se referia aos adidos de imprensa dos senhores da guerra, respondi-lhe: “Nenhum de nós tem as mãos manchadas de sangue”. O profissional acalmou-se, respirou fundo, recompôs-se da figura: “Só tenho uma pergunta: quantos foram detidos?”. Ora, para isso, tem a polícia.


9 comentários:

  1. Lembro-me, à uns anos, de ter participado na manifestação contra a Guerra do Iraque (e a vergonhosa cimeira das Lajes) também convocada por organizações próximas do PCP, mas que correu bem, sem estes problemas (todos os que quiseram juntar-se à manifestação, juntaram-se). Mas a polícia estava também por todo o lado, o Rossio estava cercado de polícia de choque e, à mínima provocação, teria sido uma tarde memorável... Já aqui escrevi uma mensagem dizendo que os militaristas não engolem bem manifestações contra eles. Foi nessa altura, precisamente, que percebi isso.

    Acho que o PCP, estando ao corrente das provocações que seriam desencadeadas se fosse uma manifestação aberta -- a polícia disse-lhes que não garantia a segurança dos manifestantes, nesse caso -- acabou por capitular às exigências das "forças da ordem".

    De facto, é inconcebível que o governo português impeça o cidadão comum de se juntar a uma manifestação. É uma ofensa à Constituição. Ouvi um elemento da polícia dizer que "só estavam autorizadas a manifestar-se as pessoas que pertenciam à organização que convocou a manifestação". Que coisa absolutamente grostesca... É isto, a liberdade? E que dizer das pessoas impedidas de entrar no país, impedimento esse em violação dos tratados de livre circulação que Portugal assinou? Ou os tratados só valem quando lhes convém?

    Acho que o PCP foi ingénuo, deixou-se cercar e manipular, e assim os militaristas puderam dizer que "houve liberdade para a diferença", como ouvi da boca de um deles. Mas quem lá esteve viu que não houve liberdade nenhuma... Por outro lado, ante o medo, a desinformação e a coação policial, terem-se conseguido manifestar 20000 pessoas já foi muito bom. Enfim... nem sempre as coisas são lineares...

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  2. Olá Joaopft
    Estive lá e vi que foi o Sr. João Dias Coelho, membro do Comité Central e da Comissão Política do PCP quem deu as instruções à policia para nosimpedirem de entrar na manifestação e para nos enjaularem. Eu podia ter descido a Avenida na manifestação vermelha, mas tinha de voltar para trás e vir com aqueles a quem chamam de anarquistas mas na realidade são gente de bem e que o único crime que cometeram foi pensarem diferente e sem as palas de um decrépito Comité Central. Foi junto a eles que me senti bem.

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  3. Eu sei que o PCP estava com medo dos provocadores pagos pelo regime (os propalados "black block"), e pensaram que se o dia acabasse em violência, isso desmobilizaria muitas pessoas que se preparam, pela primeira vez, para participar numa greve. E assim, acabaram por colaborar como não deveriam com as "forças da ordem", a ponto de as pessoas que normalmente se juntam às manifestações -- incluindo os simpatizantes do PCP -- não o terem conseguido fazer.

    Porque eu sei, (era estudante nos Estados Unidos na altura, e acompanhei de perto os acontecimentos) que na chamada "batalha de Seattle" -- uma manifestação contra o globalização, aproveitando a reunião da OMC convocada por Bill Clinton em 30 de Novembro de 1999, e onde participaram, desde a primeira vez em muitos anos, os sindicatos e os estudantes, lado a lado -- o ambiente era pacífico, era magnífico, e então foram introduzidos elementos provocadores que começaram a vandalizar lojas e deram o pretexto à polícia para carregar com enorme brutalidade sobre a manifestação. Desde esse acontecimento, nunca mais nos Estados Unidos se conseguiu juntar sindicatos e jovens para um protesto daquela envergadura. Desde essa altura que compreendi que o regime não convive bem com as liberdades cívicas, particularmente quando são usadas para protestar contra os seus dois ícones sagrados: o mercado "livre" e as suas legiões militares.

    Assim, como de resto eu já tinha aqui previsto, foram autorizados a desfilar apenas os militantes e funcionários do partido, cercados pela polícia, assim como se fossem animais dum zoo. Na noite seguinte, o Prof. Marcelo pôde-se congratular com a "manifestação", dizendo que em Portugal houve direito à diferença. O que implica que nos EUA não há... Enfim, o homem fala sempre demais...

    Também disse o Prof. Marcelo que a greve ia ser grandiosa (novamente a falar demais...) mas que isso não teria importância nenhuma. Mente. As greves e as manifestações ajudam o povo a tomar consciência da sua força. A propaganda vai colapsar porque o a situação calamitosa em que a economia nacional se encontra agrava as contradições, até ao ponto em que as pessoas não podem mais ser iludidas.

    Na 6ª feira, junto ao RALIS (onde passaram todas as comitivas) houve apupos espontâneos; o povo que por ali estava chamou -- a todos os dirigentes mundiais, que há minutos haviam saído dos seus luxuosos jactos -- bandidos, ladrões, f*lhos da p*ta, c*brões, etc. E, curiosamente, a polícia nem reagiu. Não estavam preparados para protestos populares espontâneos, por isso a polícia de choque não estava nos Olivais-Norte.

    Participemos, com esperança e confiança, na greve geral. E que o povo saiba dizer que está pronto para avançar. Como se diz no futebol, os jogadores é que jogam, não os treinadores (embora possam ajudar, se fizerem o trabalho de organização que lhes compete). No nosso caso, quem luta é o povo, não os partidos, embora estes possam ajudar se fizerem o trabalho de organização que lhes compete.

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  4. Eu sei que o PCP estava com medo dos provocadores pagos pelo regime (os propalados "black block"), e pensaram que se o dia acabasse em violência, isso desmobilizaria muitas pessoas que se preparam, pela primeira vez, para participar numa greve. E assim, acabaram por colaborar como não deveriam com as "forças da ordem", a ponto de as pessoas que normalmente se juntam às manifestações -- incluindo os simpatizantes do PCP -- não o terem conseguido fazer.

    Porque eu sei, (era estudante nos Estados Unidos na altura, e acompanhei de perto os acontecimentos) que na chamada "batalha de Seattle" -- uma manifestação contra o globalização, aproveitando a reunião da OMC convocada por Bill Clinton em 30 de Novembro de 1999, e onde participaram, desde a primeira vez em muitos anos, os sindicatos e os estudantes, lado a lado -- o ambiente era pacífico, era magnífico, e então foram introduzidos elementos provocadores que começaram a vandalizar lojas e deram o pretexto à polícia para carregar com enorme brutalidade sobre a manifestação. Desde esse acontecimento, nunca mais nos Estados Unidos se conseguiu juntar sindicatos e jovens para um protesto daquela envergadura. Desde essa altura que compreendi que o regime não convive bem com as liberdades cívicas, particularmente quando são usadas para protestar contra os seus dois ícones sagrados: o mercado "livre" e as suas legiões militares.

    Assim, como de resto eu já tinha aqui previsto, foram autorizados a desfilar apenas os militantes e funcionários do partido, cercados pela polícia, assim como se fossem animais dum zoo. Na noite seguinte, o Prof. Marcelo pôde-se congratular com a "manifestação", dizendo que em Portugal houve direito à diferença. O que implica que nos EUA não há... Enfim, o homem fala sempre demais...

    Também disse o Prof. Marcelo que a greve ia ser grandiosa (novamente a falar demais...) mas que isso não teria importância nenhuma. Mente. As greves e as manifestações ajudam o povo a tomar consciência da sua força. A propaganda vai colapsar porque o a situação calamitosa em que a economia nacional se encontra agrava as contradições, até ao ponto em que as pessoas não podem mais ser iludidas.

    Na 6ª feira, junto ao RALIS (onde passaram todas as comitivas) houve apupos espontâneos; o povo que por ali estava chamou -- a todos os dirigentes mundiais, que há minutos haviam saído dos seus luxuosos jactos -- bandidos, ladrões, f*lhos da p*ta, c*brões, etc. E, curiosamente, a polícia nem reagiu. Não estavam preparados para protestos populares espontâneos, por isso a polícia de choque não estava nos Olivais-Norte.

    Participemos, com esperança e confiança, na greve geral. E que o povo saiba dizer que está pronto para avançar. Como se diz no futebol, os jogadores é que jogam, não os treinadores (embora possam ajudar, se fizerem o trabalho de organização que lhes compete). No nosso caso, quem luta é o povo, não os partidos, embora estes possam ajudar se fizerem o trabalho de organização que lhes compete.

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  5. Eu sei que o PCP estava com medo dos provocadores pagos pelo regime (os propalados "black block"), e pensaram que se o dia acabasse em violência, isso desmobilizaria muitas pessoas que se preparam, pela primeira vez, para participar numa greve. E assim, acabaram por colaborar como não deveriam com as "forças da ordem", a ponto de as pessoas que normalmente se juntam às manifestações -- incluindo os simpatizantes do PCP -- não o terem conseguido fazer.

    Porque eu sei, (era estudante nos Estados Unidos na altura, e acompanhei de perto os acontecimentos) que na chamada "batalha de Seattle" -- uma manifestação contra o globalização, aproveitando a reunião da OMC convocada por Bill Clinton em 30 de Novembro de 1999, e onde participaram, desde a primeira vez em muitos anos, os sindicatos e os estudantes, lado a lado -- o ambiente era pacífico, era magnífico, e então foram introduzidos elementos provocadores que começaram a vandalizar lojas e deram o pretexto à polícia para carregar com enorme brutalidade sobre a manifestação. Desde esse acontecimento, nunca mais nos Estados Unidos se conseguiu juntar sindicatos e jovens para um protesto daquela envergadura. Desde essa altura que compreendi que o regime não convive bem com as liberdades cívicas, particularmente quando são usadas para protestar contra os seus dois ícones sagrados: o mercado "livre" e as suas legiões militares.

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  6. Mas por onde é que vossemecês têm andado, para se mostrarem admirados com as acções do PCP? ou do BE? e do resto da esquerdalhada, que a única coisa que quer são as casas dadas pelas câmaras, os empregos nas empresas municipais, mais os subsídios do ministério da cultura, mais os subsídios venham eles de onde vierem, mais os tachos, mais as reformas, mais, mais, e mais, sem fazerem um caralho para merecerem o que quer que seja… puta que os pariu e os arrebentasse a todos!

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  7. anónimo das 22.34
    Falas de esquerdalha e seria bom que se soubesse a quem te referes. Eu sou e esquerda e nunca procurei aquilo de que os acusas. Pior, nada referes sobre a direitalha que quer muito mais que isso pois não se conenta com migalhas. Quer logo o pão todo.

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  8. Afinal quem quer, "dividir para reinar", quem quer o apartheid e a segregação entre portugueses, quem quer trazer de novo as castas e os seres superiores, quem quer a separação entre portugueses de primeira (eles) e os de segunda (nós), quer quer trazer de novo o tão salazarista - se não és por mim, és contra mim.

    O que aconteceu sábado passado na Av. (dita) da Liberdade, foi segregação pura e dura, foi a imposição de uma casta (os bons, os ordeiros, os paus-mandados, os senhores do sistema) sobre Homens e Mulheres LIVRES. Esta é a verdade, doa a quem doer.

    A culpa de tão odiento massacre aos nossos direitos constitucionais, não foi só a polícia, foi também os lacaios de uma supra-organização que incluí, todos os partidos políticos do sistema, comunicação social, polícias secretas, multinacionais, maçonaria, igreja católica e grande capital.

    No fundo, podemos dar-nos por satisfeitos, conseguimos, para além das nossas acções, contra a guerra e contra a nato, colocar toda um super-estrutura maquiavélica e fascista contra nós. A nossa Liberdade é incómoda, por isso tudo fazem para nos calar e amedrontar. Não o conseguirão.

    Saudações

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  9. Esta história faz-me lembrar uma outra bem antiga...
    No Porto, salvo erro em 79 ou 80, integrei com vários amigos uma manifestação da CGTP, e acabamos corridos à bofetada e ao pontapé, só porque alguém se lembrou de gritar "CGTP – INDEPENDÊNCIA SINDICAL "... era UNICIDADE na porrada.

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