Não é algo de novo nem que muitos já não conhecessem, mas recebi um mail com o texto e é sempre bom não deixar esquecer a alguns e dar a conhecer aos que andaram mais distraídos nestes últimos trinta anos e acreditam que para se ser mais honesto que o Sr. Silva é necessário nascer duas vezes. Não é.Naqueles  longínquos anos 80 o Prof. Aníbal Cavaco Silva era docente na Universidade  Nova de Lisboa. Mas o prestígio académico e político que entretanto granjeara  (recorde-se que havia já sido ministro das Finanças do 1º Governo da A.D.)  cedo levaram a que fosse igualmente convidado para dar aulas na Universidade  Católica.
Ora, embora esta  acumulação de funções muito certamente nunca lhe tivesse suscitado dúvidas ou  sequer provocado quaisquer enganos, o que é facto é que, pelos vistos, ela se  revelou excessivamente onerosa para o Prof.  Cavaco Silva.
Como é natural, as  faltas às aulas - obviamente às aulas da Universidade Nova - começaram a  suceder-se a um ritmo cada vez mais intolerável para os órgãos directivos da  Universidade.
A tal ponto que não restou outra alternativa ao Reitor da  Universidade Nova, na ocasião o Prof. Alfredo de Sousa, que não instaurar ao  Prof. Aníbal Cavaco Silva um processo disciplinar conducente ao seu  despedimento por acumulação de faltas injustificadas.
Instruído o  processo disciplinar na Universidade Nova, foi o mesmo devidamente  encaminhado para o Ministério da Educação a quem, como é bom de ver, competia  uma decisão definitiva sobre o assunto.
Na ocasião era  ministro da Educação o Prof. João de Deus Pinheiro. Ora, o que é facto  é que o processo disciplinar instaurado ao Prof. Aníbal Cavaco Silva, e que  conduziria provavelmente ao seu despedimento do cargo de docente da  Universidade Nova, foi andando aos tropeções, de serviço em serviço e de  corredor em corredor, pelos confins do Ministério da  Educação.
Até que, ninguém  sabe bem como nem porquê... desapareceu sem deixar rasto... E até ao dia de  hoje nunca mais apareceu.
Dos intervenientes  desta história, com um final comprovadamente tão feliz, sabe-se que entretanto o Prof. Cavaco Silva foi nomeado  Primeiro-ministro E sabe-se também  que o Prof. João de Deus Pinheiro veio mais tarde a ser nomeado ministro dos  Negócios Estrangeiros de um dos Governos do Prof. Cavaco Silva, sem que  tivesse constituído impedimento a tal nomeação o seu anterior desempenho,  tido geralmente como medíocre, à frente do Ministério da  Educação.
Do mesmo modo, o  seu desempenho como ministro dos Negócios Estrangeiros, pejado de erros e  sucessivas "gaffes", a tal ponto de ser ultrapassado em competência e  protagonismo por um dos seus jovens secretários de Estado, de nome José  Manuel Durão Barroso, não constituiu impedimento para que o Primeiro-ministro  Aníbal Cavaco Silva viesse mais tarde a guindar João de Deus Pinheiro para o  cargo de Comissário Europeu.
De qualquer modo,  e como é bom de ver, também não foi o desempenho do Prof. João de Deus  Pinheiro como Comissário Europeu, sempre pejado de incidentes e críticas, e  de quem se dizia que andava por Bruxelas a jogar golfe e pouco mais, que  impediu mais tarde o Primeiro-ministro Cavaco Silva de o reconduzir no  cargo.
A amizade é, de  facto, uma coisa muito bonita...
Parece haver aqui alguns equivocos nesta história.
ResponderEliminarCavaco Silva foi eleito primeiro-ministro em 1985.
João de Deus Pinheiro só foi ministro da Educação quando Cavaco Silva era primeiro-ministro e mais tarde sim, ministro dos Negócios Estrangeiros.
Não me parece que, tendo sido nomeado primeiro-ministro em 1985, esse «simples» facto nao fosse suficiente para justificar as alegadas faltas de um professor universitário numa universidade pública, aliás como a lei prevê. Mas, como é Portugal tudo pode acontecer.
Até, por exemplo, não deixar que os factos estraguem uma boa história. mas é mesmo só história.