terça-feira, novembro 29, 2011

O Natal do Gaspar

6 comentários:

  1. Ó Kaos ao menos para criticar o homem utiliza uma foto dele. Esta é do Presidente do Benfica. As orelhas tornam essa sinistra figura presidencial inconfundível!

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  2. Ó gente da minha terra, o fado é música do divino, de um tempo em que se acreditava no destino, na ordem imanente das coisas, na estrutura corporativa das sociedades, no sentido de dever dos indivíduos e na sua responsabilidade perante os seus semelhantes e a história. A política não prestava, é certo: as liberdades roubadas, a vida difícil dos trabalhadores, isso foi trágico para o país de muitas maneiras, mais a mais porque Salazar era um estadista a sério, e sabia muito bem o que tinha que fazer para conservar o poder. Salazar não ostentava luxos materiais, não era corrupto, não aniquilava a economia do país, como fazem estes senhores, e tratava bem os funcionários públicos, os militares e, especialmente, os polícias, pois estava lá para governar por muitas e boas décadas, para morrer no poleiro, e não para fugir do país, depois de uns curtos anitos de saque. E os gajos do dinheiro tinham que ir ao beija-mão, para que percebessem bem quem mandava nisto tudo.

    Quanto ao (neo)liberalismo de Gaspar e seus camaradas de guerra, é o oposto do corporativismo. O liberalismo crê no individualismo, no hedonismo, é anti-clerical e a sua única mística é a do egoísmo. Acredita que o indivíduo pode mover o mundo a seu bel-prazer, e não crê na responsabilidade social do ser humano perante o seu semelhante (mais que não seja por caridadezinha). Tudo rouba, o (neo)liberalismo: as reformas, os alimentos para os pobres, os subsídios de desemprego, os RSIs, o SNS, a educação, a casa das famílias falidas e, brevemente, o dinheirito que a malta (ainda) tem no banco.

    De Salazar, Gaspar só tem o "ar". É como aqueles aspirantes a Mourinho. Não se pode ser Mourinho sem ter a alma de Mourinho.

    E não se pode ser Salazar sem ter a alma de Salazar.

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  3. As orelhas são de gnomo, a altura do boneco condiz, e o frio não lhe afecta a sovinice. Está um espectáculo!

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  4. Obrigado, Vitor Gaspar, pelo magnífica prenda de Natal que, do fundo do tua alma, nos ofereceste. Irás fazer companhia a Antenor, enterrado no gelo do terceiro anel do nono círculo do inferno.

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  5. Acho que Antenora é o segundo anel do nono círculo do inferno de Dante, não o terceiro. É lá que estão os traidores ao seu país ou cidade-estado. Os traidores estão presos em gelo, não em fogo como nos outros círculos.

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  6. Excerto (do Nono Círculo) da Divina Comédia:

    "Enquanto conversávamos, um dos desgraçados submersos no gelo ouviu-nos e gritou:

    - Ó réus tão cruéis que para vós foi imposta a pior das penas, tirai este gelo dos meus olhos, e livrai-me da dor que impregna o meu coração, até que novas lágrimas selem os meus olhos outra vez.

    - Eu prometo ajudar-te, mas diz primeiro quem és. - disse. - Se não cumprir o que prometi, que eu vá então parar ao fundo deste glaciar.

    - Sou frei Alberigo. - disse o espírito. - aquele das frutas da horta má, e aqui recebo tâmaras por figos.

    - Oh! - exclamei. - Então tu já estás morto?

    - Pode até ser que meu corpo ainda esteja lá em cima, - respondeu - mas mais nenhuma ligação tenho com ele. Quando uma alma comete uma traição tão estúpida quanto a minha, o seu corpo lá na Terra é imediatamente possuído por um demónio que o governa até que chegue o seu dia. A alma que antes habitava o corpo cai aqui na Ptolomeia. Mas tu que chegas agora deves também conhecer esse que está aí do lado. Ele é Branca d'Oria e está aqui neste gelo há muito mais tempo do que eu.

    - Creio que me enganas - disse eu -, pois que eu saiba, Branca d'Oria ainda vive. Ele come e bebe, dorme e veste roupas!

    - É ele sim! - insistiu o frei Alberigo - Antes de Michel Zanche, sua vítima, chegar ao fosso guardado pelos Malebranche, ele já congelava neste lago. O seu corpo foi, na ocasião, habitado por um demónio, que provavelmente ainda o possui. Mas já falei o suficiente. Estende logo tua mão e livra-me os olhos!"

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