quinta-feira, janeiro 31, 2013

O miseravel Ulrich


Depois de ter defendido em Outubro do ano passado que o país aguentava mais austeridade, o presidente do BPI, Fernando Ulrich, voltou ontem ao tema com um novo argumento: 
"Se os gregos aguentam uma queda do PIB (Produto Interno Bruto) de 25% os portugueses não aguentariam porquê? Somo todos iguais, ou não?"
"Se você andar aí na rua e infelizmente encontramos pessoas que são sem-abrigo, isso não lhe pode acontecer a si ou a mim porquê? Isso também nos pode acontecer". "E se aquelas pessoas que nós vemos ali na rua, naquela situação e sofrer tanto aguentam porque é que nós não aguentamos? Parece-me uma coisa absolutamente evidente", rematou o banqueiro.
 O BPI registou lucros de 249,1 milhões de euros em 2012, revelou hoje Fernando Ulrich. Para este resultado contribuiu não apenas a melhoria da margem financeira e  o produto bancário mas também as mais valias da venda da carteira de divida soberana portuguesa noutro trimestre do ano que terá ascendido a 160 milhões de euros.

Nem tenho palavras para descrever o que sinto ao ouvir esta cavalgadura vomitar tanta porcaria por aquela bocarra fora. A crise que vivemos é uma crise criada pela desonestidade e ganancia dos Banqueiros, que mesmo depois de atiraram países e os seus povos para situações de pobreza e miséria, vivem no luxo e na ostentação com salários exorbitantes num país onde o ordenado mínimo não chega aos 500 euros, onde todos os dias o desemprego e o desespero crescem exponencialmente. É esta gente que depois tem a lata de vir anunciar lucros de centenas de milhões, na sua maioria conseguidos na especulação coma própria divida do país que eles próprios endividaram. Um país que vive na austeridade mais violenta, que vê todos os direitos dos seus cidadãos serem destruídos vê também os culpados desta situação a serem mimados e ajudados por políticos em negócios e compadrios vergonhosos. E esta gente ainda fala, ainda se dá ao luxo de arrotar disparates e ofensas ao mais simples cidadão. Para eles é normal que alguém perca tudo, caia na mais profunda miséria, vá viver como sem abrigo num beco qualquer em nome de uma crise e de uma dívida pela qual não tem responsabilidade. Pior, ainda se coloca na situação de também ele poder vir a tornar-se num sem abrigo. Uma cavalgadura que ganha mais num ano que muitos portugueses juntos durante toda a sua vida. Mas merecia, merecia que este povo lhe entrasse pelo banco dentro e lhe retirasse tudo o que tem, lhe oferecesse um cobertor e um caixote de cartão e o obrigasse a viver a vida a que tem condenado tantos outros. Devia ter de comer dos caixotes de lixo, dormir na soleira das portas ao frio e à chuva e estender a mão em busca de alguma solidariedade, coisa que ele não sabe o que é. Este canalha não durava um mês, mas diz que todos temos de estar preparados para essa ser a nossa vida. Pulha miserável.

A justiça da injustiça


O Presidente da República, Cavaco Silva, defendeu hoje que o sistema judicial deve dar um "contributo activo" para a economia. "Na conjuntura actual, mais do que nunca, a Justiça deve primar pela eficiência e pela celeridade na resolução dos litígios com incidência económica.

O dia do inicio do ano judicial é sempre uma chatice para o Presidente da Republica porque tem de falar e durante uns anos porque teve de ouvir o Marinho Pinto a apontar o dedo à justiça, aos juízes, aos governos e aos politicos.  Mas o Sr. Silva lá teve de sair de do seu Palácio para ir dizer mais uma frases feitas e desta vez para defender que a justiça tem de contribuir mais para a economia sendo mais célere  nos litígios económicos. As pessoas, essas pelos vistos não são prioridade nem importam muito. Mais uma vez a economia é coloca à frente, mais uma vez as pessoas são remetidas para segundo plano. Esta gente vive para os números e até numa coisa que se chama justiça se proclama a injustiça de haver duas, uma para a economia, mais célere e eficaz e outra para os cidadãos em que a eficácia não é prioridade e pode esperar. Tudo isto não teria sequer grande importância e não seria tão triste se não mostrasse a insensibilidade e o desinteresse desta classe politica para com a vida dos cidadãos, aqueles que deviam ser  razão do exercicio dos seus cargos. 

quarta-feira, janeiro 30, 2013

O FMI está encantado


Vitor Gaspar afirmou que a 'troika' está encantada com o processo de privatizações, e mesmo que este programa é uma bandeira do ajustamento português.

Antes de mais nada quero esclarecer que se escolhi o etíope Abebe Selassie, para ilustrar o boneco não é por como afirmou o Arménio Carlos ser um "Rei Mago escurinho" mas por ser o representante do FMI na Troika. Quanto ao encantamento do FMI não surpreende ninguém essa é a sua ideologia, a do capitalismo selvagem e global, da destruição do Estado em nome do Mercado e da supremacia do poder financeiro sobre o poder politico. Tudo o que seja destruir Estado e fortalecer privados é considerado positivo, se forem as empresas públicas lucrativas vendidas a preço de saldo então é de ficarem "Encantados". Aliás a nossa dívida foi criada e fomentada exactamente para nos trazer a este ponto e para os grandes grupos económicos poderem pilhar o país de todos os seus recursos e bens. Quando se chega ao ponto de até a água, um recurso natural e vital à vida está em vias de ser dado a privados só podemos imaginar  festas e alegria na sede do FMI. Quanto ao estado em que ficará o país, ou melhor os seus cidadãos isso é irrelevante. Para este Capitalismo a vida e as pessoas contam pouco, o que amam e avaliam muito é o primeiro o dinheiro, depois o dinheiro e no fim mais dinheiro. 
No Manifesto da Acampada do Rossio estava escrito "O FMI mata". Na altura muitos questionavam esta afirmação e muitos não a entenderam. Hoje, já parece clara e provada, com os idosos que morrem mais cedo por não terem dinheiro para levantar todos os remédios na farmácia ou por terem piorados a sua alimentação ou condições de vida, pelos suicídios de quem já perdeu tudo, até a esperança e pelas estatísticas que começam a revelar uma inversão na qualidade dos serviços e na esperança de vida. O FMI mata mas está encantado.

Olha a casinha linda. Quem quer uma casinha (só para estrangeiros)



Álvaro santos Pereira, o nosso brilhante ministro da Economia veio informar-nos que o governo lançou campanha para vender casas a estrangeiros. Haverá um roadshow por seis dos principais mercados emissores de turistas, como o Reino Unido, para escoar até dez mil casas. Investimento ronda 830 mil euros. 
Primeiro foram as bandeirinhas de Portugal, os Galos de Barcelos, os Pasteis de Nata e agora quer vender casas (é um dos eixos prioritários do Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT)). Há muito que digo que por este caminho Portugal está condenado a ser o INATEL da Europa e nós os seus criados. Nada tenho contra que um estrangeiro compre uma casa em Portugal, o que me parece estranho é que um Ministro da Economia e um país se transformem em vendedores ambulantes. Criam políticas que atiram quem cá vive para a miséria e muitas vezes para a rua e agora querem vender casas a quem ainda tem dinheiro, quem não nasce nem trabalha cá. Mais ainda vão enterrar quase um milhão de Euros em feiras e cocktails. O ministro da Economia referiu ainda que “os reformados [estrangeiros] que comprarem casa terão taxas [de IRS] muito mais competitivas, das mais competitivas da Europa”. Porra e os reformados portugueses? Porque ser estrangeiro, ter ganho maiores salários com melhores condições e mais direitos lhes dá o direito a pagar menos impostos que quem cá nasceu e sempre viveu? Para nós ficam os mais altos impostos da Europa com os mais baixos salários, para os outros uma das taxas de IRS mais competitivas da Europa. Vão à merda.




terça-feira, janeiro 29, 2013

Vamos exigir a mudança


A ideia era fazer um texto a falar da cavalgada do BE sobre os movimentos sociais e o seu aproveitamento da sua capacidade de mobilização, mas encontrei esta imagem e não resisti. Agora faria muito mais sentido falar da responsabilidade que ambos estão a assumir na destruição do Estado Social e do país por não decidindo abandonar a Assembleia da Republica recusando pactuar com tudo isto e preferindo fazer lindos discursos de oposição que nada mudam. Na realidade tudo isto é mais do mesmo, porque só mostram a falta de coragem para avançar, seja abandonando a Assembleia seja promovendo o protesto popular utilizando o seu próprio nome, embora aqui também conte, e muito, o saberem que poucos os seguiriam. 
Quer isso dizer que a manifestação de dia dois me Março é um logro? Não, há gente honestamente empenhada na sua realização, o manifesto que a convoca podia ter sido escrito numa sede do Bloco, mas não foi e o pedido da queda do governo é importante, não para que a democracia de alterne funcione mas sim para que se possa fazer um debate de politicas e soluções alternativas. Na minha opinião falta muito daquilo que foram as ideias originais que deram vida a estes movimentos, a democracia verdadeira, a responsabilização dos governantes a recusa do capitalismo dos Mercados e todas aquelas ideias que criaram a esperança em tantos de nós. Falta no manifesto do "Que se lixe a Troika" mas não tem de faltar na manifestação e nas ideias que para lá levarmos. A Manifestação de 2 de Março pode vir a ser uma data importante e que mexa com as nossas vidas, a forma como isso vai acontecer depende muito de nós e na forma como soubermos ser activos e como soubermos exigir esse futuro.
Pela parte que me toca apelo à participação de todos, a que tentem mobilizar todos os que puderem mas que o façam com as vossas ideias, exigindo o que consideram estar certo e ser justo e recusando que tudo isto desagúe simplesmente numa mudança de caras e não numa nova forma de fazer politica mais humana, mais justa e numa democracia mais participativa e directa. Que cada um escreva o seu manifesto e o divulgue, faça o seu cartaz com as suas soluções e sonhos e grite bem alto o que lhe vai na alma. Vamos fazer ouvir a nossa voz.

E a eles ninguém restrutura?


Tinha feito este boneco para escrever um texto sobre a privatização da RTP agora transformada em reestruturação ou seja despedimentos. Para isso o dinheiro não falta e já há 42 milhões disponíveis para tornar dispensáveis a vida de mais umas centenas de pessoas. Queria escrever mas estou com tanto sono que já não vejo nada (é publicado de dia mas isto é sempre feito de noite). Vou dormir e que se lixe o Portas, Relvas, Passos e essa corja todos. Hoje safam-se de lhes chamar mais uns nomes, mas ainda aproveito para mais alguns; bandalhos, gatunos, vendidos, aldrabões, mentirosos, hipócritas, etc, etc, etc.

Ké Flô?


Isto da Democracia dá trabalho e demora tempo. Só agora cheguei a casa e só agora me é possível fazer o post que queria ter feito há horas atrás. e mesmo assim nem tempo tenho para escrever o que desejava, mas cada um leia o boneco como mais gostar.

Defesa ofensiva


Mais um capitulo da história do nosso amigo "Homenlivre3" e mais uma excelente ilustração. Obrigado
O Zé ouviu que a privatização da RTP tinha sido adiada e pensou - Se correr com o Relvas agora ainda vou a tempo de o parar.
Hoje não há tempo para rimas nem histórias pois... - Consegui vencer a doença agora é hora da caça. Pegou na caçadeira e disse - Vamos ver se ainda vou a tempo. Por onde anda esse Relvas.
- O povo deixou-se adormecer e não exigiu justiça, não admira isto ter chegado aonde chegou. Eles dizem que querem limpar o país da pobreza, mas o lixo é a elite e a sua riqueza.
Esperemos que o Zé tenha sorte e faça o relvas abalar que o coelho já encheu a pança. 
Fazei destas laranjeiras que só dão fruto amargo com casca grossa cavacos para vos aquecer que o temporal não ajudou nada nos últimos dias. Fazei  vos justiça que eu só tenho esta força de expressão em forma de desenhos para vos oferecer.
                                                                                                 Continua no próximo Domingo


segunda-feira, janeiro 28, 2013

Big Momma's Merkel


Passos Coelho afirmou que "Não sei se a chanceler alemã falou disto ou não em termos públicos, mas numa das reuniões que tivemos aqui ouvi-a justamente dizer que a Alemanha está em condições este ano de poder oferecer a países da União Europeia um mercado de exportação com mais vigor do que aquele que foi possível obter no ano passado".

Pois é, vai a ser a Alemanha que vai ser simpática em ano de eleições, com a gorda a ser aclamada no seu partido e a sofrer derrotas  após derrotas humilhantes nas eleições regionais. É ano de distribuir benesses para ganhar e isso vai aumentar o consumo. Portugal está salvo com todo este vigor da Alemanha. Se a gorda disse está dito, vai subir a bolsa, baixam os juros, o desemprego, a recessão e sei lá que mais. Já estou a ver o Álvaro santos Pereira a sorrir enquanto embala Galos de Barcelos e Pastéis de Nata para trocar por BMW´s, Mercedes e submarinos.

domingo, janeiro 27, 2013

Os Mercenários autárquicos


Escolhi o Fernando Seara por Lisboa ser a maior e mais mediática Câmara do país mas podia escolher muitas outras. Gente que é autarca num Concelho e vai concorrer a outro, não por ter mudado de residência, muitas vezes nem residindo em nenhum deles, mas por interesses partidários e eleitorais. 
Por natureza as autarquias deviam ser a representação dos cidadãos nas suas terras e a sua forma mais democrática de participação activa. Mas a guerra partidária é a guerra partidária e tudo isso é esquecido em seu nome. Para as maiores Câmaras não interessa de o candidato escolhido reside nessa terra, não interessa sequer se alguma vez por lá passou, o que interessa é o efeito mediático e a tentativa de ganhar a Câmara a qualquer custo. Inventa-se uma morada para o candidato no Conselho e está feito. Não sei onde há 5 anos morava o Fernando Seara, nem me interessa muito, mas foi candidato por Sintra. Imagino que ai tenha residido durante o seu mandato e que não tenha mudado de casa recentemente para Lisboa. É que se já residia em Lisboa nunca devia ter sido candidato por Sintra, se reside em Sintra nunca devia poder concorrer por Lisboa. É melhor que os outros para justificar mais esta aposta em mais uma vigarice facilmente tornada legal pela simples mudança de casa? Provavelmente não, mas como é ou foi, já nem sei, comentador desportivo numa televisão, é do Benfica que tem muitos adeptos, passa a ser um bom candidato. Esta é a politica que temos e a democracia que nos oferecem.
Mas, como disse o mesmo se passa um pouco por todo o país e só assim se justifica a confusão colocada com nova lei de limitação de mandatos, em que uns dizem que se o for num outro Conselho essa limitação não existe. São autarcas profissionais? Não deveriam representar a sua terra? Como é possível irem concorrer para outro lado?
Defendo que necessitamos urgentemente de mais democracia e de uma democracia mais directa e participativa. Uma democracia verdadeira em que os cidadãos tenham a palavra e o poder de decidir sobre o seu futuro. O que se passa com as autárquicas é a prova de que isso é urgente e necessário. Vivemos uma democracia de mentira de embustes e de golpes partidários, tão grave a nível da vida do país como da mais pequena autarquia.


Tão in-Seguro que ainda cai


Na continuação do post anterior e já que estou a falar das grandes mentes e sumidades da nossa politica que podem desaparecer a todo o momento resolvi fazer o António José Seguro, o inventor da abstenção violenta e candidato a pior líder de oposição de sempre. É normal que tanto o PS como o PSD escolham Zés Ninguéns para atravessarem os longos desertos de oposição, mas desta vez exageraram. Não dá uma para a caixa, não apresenta uma ideia e ninguém acredita nele como alternativa. Se isso é assustador para muita gente mais o é para o sistema que se vê confrontado com o problema de não ter ninguém credível para utilizar na sua politica de alterne se isso se mostrar necessário. Certamente que já lhe passaram a certidão de óbito politica e não deve demorar muito para lhe fazerem o funeral.


sábado, janeiro 26, 2013

Economia para TóTós


Ele tinha escrito um livro, Passos Coelho gostou da capa, leu o prefácio e convidou-o, ele chegou para resolver todos os problemas da economia portuguesa. Nem o Galo de Barcelos nem o Pastel de Nata resultaram. Tentou os Minas e os comboios mas também não foi longe. Quis estimular a economia mas ouviu o Gaspar dizer-lhe; "Não há dinheiro, qual das três palavras é que não percebeu". Sem nada para fazer resolveu lixar quem trabalha, cortando nas férias, nos feriados e nas indemnizações por despedimento. Consegue neste momento ser o recordista do desemprego em Portugal. Ele é Álvaro, o Megamind. 

PS: Resolvi fazer-lhe o boneco porque nunca se sabe quando chegará a noticia que o recambiaram de volta para o Canadá. 


sexta-feira, janeiro 25, 2013

Eleições! São uma alternativa credivel para ti?



Neste momento, nos meios políticos deste Jardim à beira-mar plantado começa a existir um consenso alargado que está na hora deste governo acabar e de se fazerem novas eleições. É o PS que já se começa a ver à frente nas sondagens e o Seguro a já a ver os galifões do partido a cobiçarem-lhe o lugar, são os partidos ditos mais à esquerda que acreditam ser possível subirem a sua votação ganhando mais uns deputados e, mesmo dentro da coligação, o CDS, sem querer ser o responsabilizado pela crise politica quer lavar as mãos enquanto no PSD há quem pense que o partido corre o perigo de desaparecer eleitoralmente se não puserem um travão a isto. Só o Presidente, que é banana e cobarde, não pensa nada.
Este governo já fez o trabalho sujo, aumentar impostos e destruir direito, tem na forja a “Refundação do Estado” que, resumidamente quer dizer o desbaratar do Estado Social, do SNS, da Escola Pública e dos poucos direitos que ainda resistem. É hora de tentar travar a contestação social que se pode transformar em confrontação se nada for feito e de fingir de novo que algo vai mudar, para que no fim fique tudo na mesma. Nada disto é novo, os partidos do poder vão uma vez mais seguir a política do alterne, o Paulo Portas lá vai ter de usar o boné das feiras para o CDS voltar a ser o partido bonzinho que gosta de pensionistas e agricultores e os partidos à esquerda reclamar das políticas e das maldades da direita. Renegoceia-se a divida, faz-se mais divida, mais concertação social, mais austeridade, mais discursos de ocasião, umas greves e umas manifestações. De novo só a habilidade mais uma vez demonstrada pelo sistema em conseguir absorver e domesticar a contestação social. Em menos de dois anos, o grande movimento cívico e apartidário nascido da Acampada do Rossio é um cordeiro não a contestar o sistema mas só algumas políticas. Se o PCP utiliza a CGTP para a criação das grandes manifestações de rua, o BE tem os movimentos sociais. Basta ver que já para dia 2 de Março o que se pede é a demissão do governo não se falando mais em democracia verdadeira ou em contestar a classe politica. Onde a culpa era de “banqueiros e políticos” ficaram só os banqueiros que afinal os políticos não são todos iguais. Por este andar, mais dia menos dia, até os banqueiros o vão deixar de ser.
O que sobra então? Uma franja de gente que se mantêm fiel ao espírito das acampadas, que acredita que o mal não está neste ou naquele governo mas no próprio sistema. Gente que exige mais democracia, mais directa e mais participativa. Gente que acredita que quem governa serve o país e não se serve dele, gente que acredita que quem governa tem de prestar contas sempre e a qualquer momento, que a legitimidade num cargo não é um direito com um limite temporal definido à prior mas um dever escrutinado dia a dia. Gente que acredita que quem governa o faz para servir os homens e não os Mercados e os banqueiros. Gente que sabe que esta dívida não é nossa e é um embuste criado para assaltar os nossos direitos, o património e os dinheiros públicos. Gente que acredita em pessoas e não em números, que acredita no trabalho comunitário e não no escravo, que acredita na solidariedade e não na repressão. Felizmente gente que não se vende nem se cala.
 
PS: Sei que isto que escrevi não vai agradar a muita gente de partidos e movimentos sociais, nomeadamente àqueles que continuam honestamente a convictamente a acreditar que é ali que está a mudança. Talvez tenham razão, mas convém sempre ir fazendo algumas reflexões e perguntas a nós próprios ao longo de cada caminho que trilhamos. Porque às vezes também não temos razão.

PS Toy Story


 Vi o anuncio e não resisti. Coitado do Cowboy que ninguém gosta dele, mas a verdade é que no PS ninguém bate este astronauta, isto se ele não desejar ir directamente do Largo do Município para Belém sem passar por São Bento.

quinta-feira, janeiro 24, 2013

Quando cada português for um Lucky Luke


Como disse outro dia já retratei estes trastes tantas vezes que já nem imaginação tenho para lhes fazer mais bonecos nem sei o que mais diga deles. Aguardo ansiosamente o dia em que finalmente possamos viver uma democracia plena, mais directa e participativa, em que as responsabilidades sejam pedidas a quem roubou tanto a tantos, a quem atirou milhares e milhares para a miséria, a quem destruiu o país, a quem nos fez pagar a nós uma dívida perdoando aos que realmente a fizeram. Aguardo ansiosamente porque sei que não é difícil que isso possa acontecer, basta que todos os que diariamente lhes apontam o dedo decidam que já chega, que chegou a hora de parar com isto. Nessa altura as ruas serão um mar de gente e a liberdade, a solidariedade e a justiça poderão ser de novo a lei.  Quem sabe esse dia possa estar para breve.


quarta-feira, janeiro 23, 2013

Já devemos mais 2.5 mil milhões. Que alegria


Anda tudo felicíssimo porque Portugal voltou aos Mercados. Portugal colocou mais divida no valor de 2.5 mil milhões de euros a juros perto dos 5%.  Aleluia, que alegria, que felicidade, já devemos mais 2.5 mil milhões de euros, pouco mais do que acabaram de enterrar no BANIF e um quarto do que já fizeram desaparecer no BPN. Mas o que nos vai trazer toda esta euforia? Vão baixar impostos? Vai haver mais dinheiro para a saúde e a educação? Vão aumentar as pensões? Vai ser combatida a fome e a miséria? Vai diminuir o desemprego? A resposta é não, nada disso. Aumentámos a nossa dívida em mais 2.5 mil milhões que se vão sumir sem nunca sabermos o que lhe aconteceu. O que vai certamente acontecer é que nos vão dizer que já devemos mais dinheiro, que a nossa dívida é maior, que continuamos a gastar acima das nossas possibilidades e que para o pagar vamos ter de aumentar impostos, reduzir pensões e cortar nos direitos. Ninguém me perguntou nada, mas já tenho na minha conta corrente mais 2.5 mil milhões para pagar. Claro que alguém vai ganhar, primeiro quem vai receber os juros de uma dívida que uma economia como a nossa em recessão e deficitária nunca poderá pagar a não ser criando mais divida e pagando mais juros. Um carrossel sem fim e de lucros garantidos. Outros também ganharão aqueles que vierem a beneficiar desse dinheiro em ajudas ao investimento, em ajudas aos bancos, em ajudas ao raio que o parta e em viagens e mordomias para amigos e compadres. Mas não nos preocupemos que já começaram a garantir que vamos ter mais tempo para pagar, que haverá mais dinheiro para nos emprestarem se necessitarmos, ou seja que a miséria está para ficar. 


Portas e espelhos


Sobre este fulano pouco ou nada tenho mais a dizer. Um sobrevivente que vai morrendo e renascendo politicamente e suspeito de estar envolvido em várias trapalhadas e negociatas mas no seu caso a justiça consegue ser mesmo cega e não ver nada. Um personagem que até me enjoa pelo que nem digo mais nada ou ainda vomito o teclado.



terça-feira, janeiro 22, 2013

O Vampiro Gaspar


No céu cinzento sob o astro mudo
Batendo as asas Pela noite calada
Vêm em bandos Com pés veludo
Chupar o sangue Fresco da manada

Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhes franqueia As portas à chegada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada

A toda a parte Chegam os vampiros
Poisam nos prédios Poisam nas calçadas
Trazem no ventre Despojos antigos
Mas nada os prende Às vidas acabadas 

São os mordomos Do universo todo
Senhores à força Mandadores sem lei
Enchem as tulhas Bebem vinho novo
Dançam a ronda No pinhal do rei 

Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada 
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada

No chão do medo Tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos Na noite abafada
Jazem nos fossos Vítimas dum credo
E não se esgota O sangue da manada 

Se alguém se engana Com seu ar sisudo
E lhe franqueia As portas à chegada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada

Os Vampiros - Zeca afonso

Começam a ser pagos os salários de Janeiro e começa vir ao de cima a brutalidade fiscal deste Orçamento de Estado. A uma diminuição tão drasticamente dos salários vai seguir-se mais uma redução do consumo e  a falência de muito do pequeno comércio que já vivia com a corda na garganta provocando mais desemprego e mais miséria. Uma espiral destrutiva que arruína o país, destrói empregos e empresas e conduz a economia numa espiral recessiva sem fim à vista.Para ajudar uma vez mais, com menos negócios e mais desempregados, se vai assistir a um abaixamento das receitas fiscais, a mais umas previsões erradas do Gaspar e ao regresso do discurso da inevitabilidade de um novo aumento dos impostos e do corte de direitos de todos nós. Não se corta na ajuda aos Bancos, pelo contrário gastam-se milhares de milhões para cobrir os seus erros, como os mais de mil milhões agora enterrados no BANIF, mas corta-se na saúde, na educação ou nas reformas dos que já vivem no limite da subsistência. São vampiros, são bandidos, são seres despreziveis esta gente que nos governa. Alternativas necessitam-se urgentemente, não tirar uns para pôr lá outros parecidos, mas para mudar o sistema, as politicas e a lógica que impera. Repensar o futuro, sem dogmas, sem medos, sem ideias feitas. 


Primeiro-Ministo por acidente


Estou outra vez naquelas fazes em que não me apetece escrever, mas há imagens que necessitam de algum texto. Este Zé Ninguém que num pais decente nunca passaria disso, um Zé Ninguém, tem todas as possibilidades de também ele,  um jota de um partido que nunca fez nada, vir a ser Primeiro-Ministro. Podemos perguntar se merece e a resposta é não, se vai ser melhor que o paspalho que lá está e a resposta continua a ser não. Então porque pode vir a ser algo para que nada fez e para o qual não mostra nenhumas qualidades? Primeiro porque vivemos numa democracia de alterne e ele é o próximo na lista. depois porque contrariamente ao que muitos dizem o António Costa deve preferir seguir directamente para Belém sem passar por São Bento e depois porque este governo deve estar a dar os últimos suspiros. Preocupante é que antes de ruir ainda vai a tempo de aprovar a destruição do estado Social por culpa daqueles que não têm a coragem de romper com o sistema e abandonar a Assembleia da Republica. Já este PS não presta porque a cambada que o domina não presta e porque serve interesses que não são os dos portugueses e o Seguro é a melhor porcaria que podem apresentar. Ou será que desta vez os portugueses vão finalmente entender que a solução não está em votar em A ou B mas em exigir a mudança do sistema e a exigência de uma democracia mais directa e participativa?

segunda-feira, janeiro 21, 2013

Pobre Portugal


Hoje há reunião do Eurogrupo e Portugal deve ir pedir uma flexibilização das medidas orçamentais. Isto é ou mais tempo, ou juros mais baixos, não para aliviar os portugueses mas para permitir um regresso aos Mercados, ou seja a possibilidade de nos endividarmos ainda mais. Não faz mal que depois os portugueses pagam. É que o Exel do Ministro, por mais que ele mude as formulas e vicie os números já deve estar com mais células vermelhas que a cara do Ministro Álvaro depois do almoço. 
Portugal não tem dinheiro, ou tem aquele que a Troika diz que cá vai metendo. É um facto, mas também tudo o que se produz agora é utilizado para pagar os juros desse dinheiro, à custa da miséria dos portugueses,  da destruição da economia e da delapidação do património do estado. Já de seguida é o Estado social, e as poucas empresas públicas que restam para não sobrar nada. Uma divida que dizem ser nossa, dos portugueses, mas cuja culpa é muito da própria politica da União Europeia quando decidiu destruir todo o tecido produtivo dos países do sul para beneficio dos países do norte, quando decidiu que mais importante que o endividamento era criar estradas para poder vender cá os seus produtos e apostar na especulação financeira para criar riqueza. Até por cá muitos enriqueceram com o betão e com a banca, muito foi roubado e muita corrupção grassou por este país. Gente responsabilizada não há, presa muito menos e Portugal continua a ser o país das maravilhas. Ainda agora não há dinheiro para a saúde, educação mas não faltou para enterrar mais uns milhares de milhões no BANIF, como nunca faltou nem falta para o BPN. Mas os culpados somos nós, aqueles que ganham os ordenados mais baixos da Europa e que, mesmo quando fizeram empréstimos para comprar uma casa ou um carro os pagavam com o suor do seu trabalho. Esses são os que vivem acima das suas possibilidades e não os que lhes emprestaram e depois não tinham como pagar a quem lhes tinha emprestado a eles, a banca, essa instituição onde os administradores vivem no luxo e na sumptuosidade. A culpa é de quem ganha ordenado mínimo porque ainda teima em comer ou em ficar doente. 
Portugal vai voltar aos mercados, os grandes grupos económicos, a banca e o governo vão poder pedir mais dinheiro emprestado lá fora. Claro que a juros altíssimos, numa economia em recessão só podem gerar mais divida, mas não faz mal que depois nós pagamos em impostos e perda de direito. Se viermos a morrer não faz mal porque é menos uma boca para alimentar, menos um sem-abrigo nas ruas e menos uma voz para protestar.

Contra o Gang dos Gangsters


Já não sei que bonecos fazer, já não sei o que escrever, quase já não sei o que pensar. Já retratei esta canalha que nos governa de todas as maneiras que me lembrei, de palhaços a gatunos, de vampiros a animais, já lhes chamei tudo, de gananciosos a vendidos,de traidores a bandalhos, já pensei o pior deles e isso continuo a pensar. Já falta imaginação, já faltam palavras, já faltam ideias. Já só me falta tornar crente em Deuses e rogar que nos livre desta maldição. Os que governam, roubam e espoliam direitos todos os dias, os que fazem oposição acabam a participar na palhaçada garantindo que a democracia de alterne mantêm a sua fachada. Uns querem manter o poder, os outros não perder o que têm. Um pouco como as pessoas, os que se estão a encher à nossa custa querem garantir que se vão encher ainda mais e os que já perderam quase tudo têm medo de perder o pouco que ainda lhes resta. Para ajudar à festa o sistema rodeou-se de uma comunicação social que garante que tudo ficará como está na democracia de alterne, da força para garantir a sua segurança e a imposição das suas injustiças e de uma justiça que é tudo menos cega e que funciona a três velocidades, parada e a passo de caracol para os ricos e a passo para os outros.
Não sei até onde isto pode continuar, se estes ladrões da nossa esperança vão poder continuar a reinar impunemente durante muito tempo, se os que se dizem oposição um dia tomarão alguma posição ou se um dia tudo isto implode ou explode. Será que podemos ficar parados à espera? Não será depois muito tarde para salvar dos restos ainda alguma coisa? Acredito que sim e por isso só posso ter a esperança que a indignação supere o medo e a voz dos tais 99% seja finalmente respeitada. Se dependesse só de mim há muito que tinha acontecido, assim só tenho que tentar continuar a acreditar e esperar que todos os que estão a ser espoliados nos seus direitos e nas suas vidas se juntem.

domingo, janeiro 20, 2013

O Rei Coelho


Passos Coelho disse no debate quinzenal que “este governo só não concluirá o seu mandato se os partidos que apoiam o governo, ou o próprio governo, não quiserem”.

Este personagem saído dos quintus dos infernos deve pensar que é Deus ou coisa do género. pensa que por ganhar umas eleições dizendo mentiras e aldrabices isso lhe dá um poder absoluto para governar como quer e bem lhe apetece durante 4 anos. O programa eleitoral que foi a eleições nata tem a ver com a sua governação e em nenhum lado estava escrito que ia destruir o Estado Social. É claro que toda esta confiança vem da incapacidade de um Presidente da Republica sem qualidade ou qualquer moral para fazer qualquer coisa. Mas esquece que há mais variáveis no sistema, o aprofundar da crise vai transformar o desagrado popular em fúria e talvez ainda se venha a arrepender quando ela lhe bater à porta. 
Há uma outra alternativa que já aqui defendi por mais de uma vez, o abandono da Assembleia da Republica dos deputados da esquerda para impedir a destruição do que ainda resta do país e do estado social, mas para isso era necessário que tivessem a coragem e mostrassem ser diferentes dos outros, não pactuando com o sistema. Será que estar sentados naquelas cadeiras é assim tão importante que aceitem ser cúmplices do que está para vir? Se saíssem algo teria de acontecer. Seria uma pedrada no charco e muito provavelmente o Presidente ver-se-ia forçado a fazer alguma coisa. 
Todos dizem que os partidos são todos igual e que só querem poder e mordomias. Está na hora de mostrarem que assim não é e de oferecerem aos cidadãos uma nova esperança. Terão coragem e vontade para isso?

As bufas do Gaspar


Numa partilha feita por uma amiga no facebook dei de caras com esta imagem e não resisti a fazer um boneco. Neste caso do incompetente ou malvado (consoante se pense que não acerta nenhuma previsão porque não sabe ou porque mente com todos os dentes que tem), Vitor Gaspar a bufar desesperadamente contra num país que já navegava em mar encrespado. Portugal sempre foi terra de bons marinheiros, mas perante tanta bufa do ministro certamente que vai ao fundo. Fosse ele realmente um Deus e estávamos tramados, mas como não passa de um acólito dos infernos basta atirá-lo de volta de onde nunca devia ter saído.

Doenças, Degredos e Atrofios


 Mais um capitulo da história do nosso amigo "Homenlivre3" e mais uma excelente ilustração. Obrigado

Depois de fundir o escudo esqueceu-se de vestir o casaco, saiu para a rua e apanhou uma gripe, que parece a batalha de Buçaco.
-Se calhar nesse tempo era mais fácil arranjar medicamentos do que agora, pensa o Zé para consigo.
Para ir ao médico não como para comer não me curo. Endividar-me para comprar medicamentos?
Não, não, ou me safo desta ou é menos uma barriga a  "enfardar". Que se lixe.
Só me resta uns chás que dizem que faz bem, Deus e a minha mulher para me encorajar.
- Anda lá Zé, olha imagina que a gripe é o governo e a troika, tens de vencer.
Aqui o Saraiva e o Pastor já têm mais uns escudos e umas armaduras prontas para combate.
-Ó Maria diz-lhes para fazer uma pausa que eles sofrem das costas.
-Olha pode-ser que o teu filho tenha tido sorte. Hoje, quando saiu de manha disse que ia tentar arranjar trabalho  ou então assaltava um multibanco.
Como ouviu o Jéronimo " afirmar esta semana o povo português bem pode escolher a árvore em que quer ser enforcado" diz que não te quer ver pendurado em nenhuma árvore,
-Ele que tenha juízo que não o quero a ter problemas com a bófia. Mas sempre é melhor de andar na droga. disse a sorrir.
- Vai mas é descansa e não te preocupes, toma mais um chá. Se não ficares bom até para a semana vou mesmo ter de chamar o médico.

Zé Povinho fica por enquanto a repousar e a pensar que a  Revolução novamente vai ter que esperar.

                                                                                                 Continua no próximo Domingo

sábado, janeiro 19, 2013

O Bastão da Ordem Pública

 
A polícia usou gás pimenta, esta manhã, para dispersar uma manifestação de estudantes que estava a decorrer à porta da secundária Alberto Sampaio, em Braga. Seis alunos tiveram que receber tratamento hospitalar.Os estudantes estavam a protestar contra a integração da escola num mega-agrupamento, fecharam as portas da escola a cadeado.
A comissária Ana Margarida, da PSP de Braga, diz que foi preciso usar pimenta «para abrir caminho por entre os estudantes e para conseguir chegar ao portão, permitindo que os bombeiros cortar a cadeado». Segundo a comissária esta atitude foi tomada para evitar uma postura mais musculada como o uso do bastão de ordem pública.

O Sr. Ministro pode andar a enganar as pessoas quando envia infiltrados para as manifestações dos movimentos sociais para criar incidentes e justificar a violência da acção policial, pode deixar policias a serem apedrejados durante duas horas para depois poder justificar cargas cegas e brutais sobre gente pacifica, pode fazer o que desejar e abrir averiguações sobre inquéritos e inquéritos sobre averiguações ou inquéritos sobre inquéritos que já ninguém está para o aturar. Pode ter feito tudo e tudo justificado com a violência dos manifestantes e a manutenção da ordem pública. Pode ter inventado grupos terroristas e grupos violentos onde não os há. Pode e fez mesmo quando essa violência não existiu ou foi provocada pela própria policia. O que não pode justificar é o uso de gás pimenta sobre jovens do secundário, miúdos de 12 anos que protestavam em frente da sua escola e que acabaram alguns no hospital. Pior ainda fica quando se justifica o uso desse gás pimenta como justificação para evitar uma postura mais musculada como o uso do bastão de ordem pública. E porque não de tiros de shotgun?
Quem ordenou esta violência policial devia ser demitido e o ministro que tutela a policia tinha a obrigação de se demitir ou ser demitido. Uma vergonha, uma afronta à liberdade e ao direito de protestar. Não estamos a falar de terroristas, de grupos violentos e organizados, de gangs de bandidos, estamos a falar de miúdos de uma escola secundária. Tenha vergonha na cara e demita-se em nome da decência e em respeito pela democracia e pela liberdade. Se é que a tem.

A democracia de alterne


Portugal está nas mãos de bandidos há muito tempo, gente vendida aos grande Senhores do Mundo, aos Mercados e às grandes Corporações. Paralelamente vivemos numa falsa democracia de alterne que garante que o poder estará sempre nas mãos daqueles que cumprem as ordens desse poder. Tem sido assim há muitos anos e tudo é feito para que assim continue. O sistema está montado na perfeição tendo como pedra base a comunicação social, especialmente as televisões, autenticas máquinas de lavagem cerebral, criadoras de zombies e especializadas em acalmar revoltas e escolhem governantes. Para que tudo fique mais real não pode faltar um partido mais à esquerda (o susto que foi quando surgiu o BE e ganhou a expressão eleitoral que teve até o conseguirem instalar dentro do sistema), e um mais à direita, mas a quem nunca permitirão que se cheguem sequer perto do poder. Para não haver surpresas há ainda o poder legislativo, a força e a justiça para o garantir. (Veja-se a medo que mostram dos movimentos sociais não alinhados e como mandam os cães de guarda morder quando se tornam mais activos). O sistema está montado, é fiável e seguro.
Com o Passos Coelho a espalhar pobreza e miséria em nome de uma divida criada propositadamente para nos explorar e a preparar-se para destruir o que resta do Estado social sabe-se que, mais cedo ou mais tarde terá de ser substituído e já há pretendente, o líder do outro partido de alterne. Nem precisa de fazer nada de especial, basta esperar que a impopularidade do governo seja tanta que o poder lhe caia no colo. As televisões garantem-lhe uma vitória certa. , por mais que isso seja um pesadelo para os que acreditam haver outras formas e outras possibilidades de democracia e de governo, a probabilidade de ser com uma maioria absoluta é grande. Um governo de bloco central tem a desvantagem de não deixar de fora um partido para assumir o poder no alterne seguinte. 
Este Seguro é tão mau como o que lá está agora, aliás têm percursos idênticos, ambos formados nas jotas dos seus partidos, sem nunca terem trabalhado nem saberem fazer nada mais que intriga politica. Da vida real nada sabem mas também não é isso que lhes exigem pois basta-lhes que sejam submissos e obedientes à voz dos donos. É contra isto que temos de lutar, uma luta desigual mas onde temos de acreditar que a razão vencerá a força e a prepotência. Somos os tais 99% de que tanto se falou e por isso temos o direito a escolher livremente o nosso futuro, mas isso exige que todos os que têm essa consciência se mobilizem e empenhem em mostrar que outro caminho é possível. Seremos capazes disso?

sexta-feira, janeiro 18, 2013

Mais uma manha paralamentar


Hoje de manha passei em frente a uma televisão que transmitia em directo mais um debate parlamentar com a presença de Sua Exª o Aldrabão Passos Coelho. Nada disto é novo, 230 deputados, alguns membros do governo, um monte de funcionários, jornalistas, técnicos, policias e sei lá que mais numa perda de tempo para saloio ver. Não seio o que disseram, imagino que o PCP e o BE criticaram fortemente o governo e ouviram como resposta que o que dizem não serve para nada, o PS criticou e pôs-se em bicos dos pés afirmando-se como possível alternativa, o PSD e o CDS criticaram o PS por não apresentar propostas e o Passos Coelho fez o seu auto-elogio, acenando com a inevitabilidade das medidas e pintando o futuro deste país com as mais lindas cores do mundo. Nada de novo, nada de construtivo e certamente que ao fim de todas aquelas horas o que dali saiu não criou um emprego, nem impediu a perda de muitos, não melhorou as condições de vida de ninguém, não impediu nenhum disparate do governo nem mudou nada de nada. Nada, zero, um exercício de retórica inócuo, um teatro paralamentar sem interesse algum. 
Este governo continua a governar como quer e lhe apetece não respeitando nada nem ninguém, sejam as oposições, a Constituição, as leis ou os cidadãos, cria miséria, fome, desemprego, destruição da economia, perda de direitos e até a morte de alguns sem uma hesitação ou um qualquer sinal de preocupação. Perante isto as oposições nada mais fazem que alguns protestos de ocasião, mais preocupadas com as próximas eleições que com o país real. Mas podem fazer mais e por isso reitero aqui a minha proposta a todos os deputados que não queiram pactuar com o que está a acontecer, que queiram evitar a tragédia, a que já vivemos e a que se aproxima com a destruição do Estado Social, a de que abandonem o Parlamento, saiam, recusem-se a colaborar ou dar cobertura "democrática" ao que está a acontecer. Saiam do Parlamento, não participem e atirem com uma pedra ao charco politico em que vivemos. Algo teria de acontecer, a democracia teria de dar uma resposta e este governo perderia toda a legitimidade (que há muito não tem mas que o jogo politico vai disfarçando). Abandonem o Parlamento e juntem-se àqueles que cá fora protestam e exigem mais democracia, mais directa, mais participativa e mais justa. Não aceitem ser parte do sistema dando-lhe cobertura, saiam do parlamento e façam parte da mudança. Os cidadãos estarão na rua à vossa espera de braços abertos se o fizerem.

Homenagem ao hipócrita


Esta devia e era uma estátua de homenagem aos emigrantes e que relata uma época trágica da vida de Portugal, em que muitos tiveram de abandonar as suas aldeias, deixar as suas terras e famílias para partirem em busca de sustento em terras estrangeiras. Ainda me lembro dos bidonville em França e da forma como os portugueses que emigraram eram tratados como cidadãos de segunda. Como aconteceu primeiro com os Cabo-verdianos e mais recentemente com os imigrantes de leste, viviam quase sem condições e poupando tudo o que podiam para enviar todas as suas poupanças para ajudar as suas famílias que por cá ficavam. Era aliás uma das políticas do "Botas" que paralelamente ao turismo, tinha no dinheiro enviado pelos emigrantes a forma de conseguir divisas estrangeiras.
Hoje, e não só por conselho do aldrabão Passos Coelho mas também por não existirem condições de trabalho e por o país estar a ser pilhado por esta cambada de gatunos, muitos outros têm de seguir o mesmo caminho. Já não uma emigração de analfabetos e desgraçados, mas uma de gente qualificada, gente educada nas escolas que Abril criou, gente que muito tinha para dar a este país. Emigrem, disse o aldrabão do Passos Coelho há um ano e muitos milhares tiveram e continuam a ter de o fazer. Hoje soube-se que a emigração aumentou 85% em relação ao ano anterior, um aumento que mostra bem o estado a que chegámos. Tantos anos a falar-se das baixas qualificações dos nossos trabalhadores e justificando assim os baixos salários, tantos milhões investidos na qualificação dos nossos jovens para depois os obrigar a abandonarem o seu pais em busca de um trabalho e de um salário digno. Hoje o mentiroso do Passos Coelho veio dizer que nunca mandou os nossos jovens emigrar mas que compreende que muitos o façam em busca de melhores condições. Aldrabão, trampolineiro, mentiroso. Estes bandalhos estão a destruir o país, estão a permitir o saque de tudo o que temos e reconstruir um país de pobreza e miséria que tinha pensado fazer parte do passado negro do Salazarismo. Vivi nesse tempo e Portugal era um país cinzento e triste, vi a alegria desabrochar e florir num país que ganhou cor naquela manha de Abril e nunca pensei ver morrer tudo e tudo voltar a ser cinzento e triste. Será que vamos todos fugir e desistir? Eu não e não me calarei enquanto puder falar, não desistirei enquanto houver por ai um cravo vermelho mesmo que murcho e não hesitarei em colocar o meu braço e a minha força ao lado de todos os que quiserem lutar contra este estado de coisas e esta corja que o propaga. Esse é o meu compromisso com todos os que aqui vierem e lerem estas linhas.