sexta-feira, fevereiro 15, 2013

O Burro do Poder


 Dizem que o poder corrompe e a prática demonstra-o todos os dias, mas a verdade é que, com ou sem poder, só se deixa corromper quem já é corrupto no seu intimo. A solução seria portanto só colocar no cavalo do poder gente imaculada, mas como muitas vezes esse ser corrupto está bem escondido, o melhor mesmo é não deixar que ninguém o monte. Distribui-se o poder por todos numa democracia mais verdadeira, mais directa e mais participada e assim todos ficamos com tanto poder, mas em tão pouca percentagem que a corrupção deixa de ter burros para montar. Para executar as tarefas que essa gente costuma executar, nomeiam-se uns quantos que se considerar ser os melhores mas fica-se de olho neles. Mal pisem em a linha, tiram-se e colocam-se lá outros. Não há votos por quatro anos em que fazem o que querem a seu belo prazer como pequenos ditadores. A legitimidade é avaliada a cada instante. Sem poderosos para corromperam a própria justiça ela pode cegar e começar a ser realmente justa e a castigar a própria corrupção. É que actualmente quando se ilha para o cavalo do poder a grandes besta não é o equídeo mas sim os que o montam.

3 comentários:

  1. Uma alegoria muito interessante, Kaos. Realmente, em alturas de crise, o cavalo do poder perde o seu esplendor e transforma-se nisso mesmo: num ridículo brinquedo de pau. Acontece-nos hoje algo que é característico dos momentos pré-revolucionários: o prestígio das instituições de soberania esboroa-se, aos olhos do povo. O poder soberano é também um fenómeno cultural; ele paira sobre as nossas cabeças, envolto numa aura de prestígio que o torna inviolável, para a grande maioria da população. Foi por isso que momentos como um regicício representaram o fim abrupto de um certo tipo soberania -- nesse caso a baseada no "direito natural".

    Vivemos agora a fase da desilusão relativamente ao poder, e de incredulidade; a dada altura, quando e se a consciência colectiva atingir um ponto de ruptura com o paradigma actual de poder, a revolta estala. Mas é uma decisão portentosa, que demora algum tempo a tomar raíz.

    Tendo perdido o prestígio, aos detentores do poder só lhes resta usar a arma do medo. Mas, como se viu na revolução francesa, o medo é uma arma de dois gumes. Num discurso inflamado, o revolucionário Marat perguntava: quantos mais séculos haveria o povo francês de continuar a ser humilhado e desonrado pelos poderosos? Nesse momento, ele muda o contexto psico-social do medo. O medo da repressão transmuta-se no medo de continuar a viver em humilhação e em desonra. A auto-consciência da sua humilhação e desonra abre essa possibilidade. De paralizante das massas, o medo torna-se em catalizador da sua revolta

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  2. Ordenado Mínimo......€ 485,00- Para governar a vida;


    G.N.R............. € 800,00 - Para arriscar a vida;

    Bombeiro............. € 960,00 - Para salvar vidas;

    Professor............. € 930,00 - Para preparar para a vida;

    Médico................€ 2.260,00- Para manter a vida;

    Deputado.............€ 6.700,00- Para nos lixar a vida.

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