segunda-feira, fevereiro 13, 2006

O asno choramingas


O Governador do Banco de Portugal, Victor Constâncio, veio avisar que o crescimento do país dentro da média europeia só acontecerá daqui a dois três anos.
Significa isto que 2006 e 2007 vão ser anos de grande indefinição, para o PIB, que mesmo que cresça estará em divergência profunda com a UE, o que atrasará o país ainda mais.
Por outro lado, ninguém garante, muito menos este tipo de estimativas, a tão longo prazo, que os factores que hoje estiveram na sua base de análise sejam os mesmos, ou tenham idêntico peso, daqui a dois ou três anos.
Em qualquer dos casos, e sendo aceitável este cenário, percebe-se que o Governo de Sócrates, se não borregar antes, terá a maior sorte deste mundo, porque nessa altura estará em fase de renovar, ou não, a sua maioria.
O problema, contudo, é que os portugueses, daqui a dois ou três anos, estarão em coma profundo, do ponto de vista da sua qualidade de vida e bem estar, enquanto que o resto da Europa navega em velocidade de cruzeiro, em alta consistente, e com vento favorável. Porquê nós, sempre?
Luís Delgado In “Diário Digital”

Oh grande economista!
Oh enorme sumidade da analise politica Portuguesa!
Oh monstruoso vidente do nosso futuro!
Oh gigantesco comentador da nossa pátria!
Que seria de nós sem as tuas sábias palavras?
Tu, que vês a verdade e prevês o futuro como ninguém ajuda-nos a encontrar o caminho da salvação para este país. Como é clara a tua interpretação das palavras do Constâncio. Se o crescimento do país dentro da média europeia só acontecerá daqui a dois três anos já visualizas uma profunda divergência e um país ainda mais atrasado.
Tu, que compreendes os planos economistas a longo prazo e mesmo assim questionas resultados a dois ou três anos.
Tu, minha grande besta, que te mostras tão aborrecido por, a serem verdadeiras as previsões, já imaginares a vitória do Sócrates daqui a três anos.
Tu, que ainda manténs uma secreta esperança de que tudo ainda possa borregar, que preferias ver maus resultados para poderes gritar vitórias futuras do teu partido (qual fundamentalista ainda tens fé que o teu Cavaco vai fazer alguma coisa, não tens?).
Tu, que se os resultados económicos forem bons achas que é por sorte e nunca por mérito de quem governa, se esse governo não tiver a tua cor.
Tu, que elogiavas as borradas do Santana Lopes és incapaz de reconhecer que outros consigam melhores resultados (neste caso também não seria muito difícil).
Tu, Oh grandessíssimo hipócrita, vens chorar-te pelos portugueses e falar de um coma profundo da sua qualidade de vida quando sempre defendeste politicas de miséria e de “contenção salarial”. Aplaudiste o congelamento de salários, os cortes na segurança social, defendes a saúde e educação privada em detrimento da pública e apoias quem diz não haver 300€ para pagar de pensão mínima aos mais idosos e vens perguntar “porquê sempre nós”.
Não sou nem nunca fui muito apologista desta politica miserabilista e neo-liberal que tem regido o nosso país nas ultimas décadas, mas este governo tem conseguido, pelo menos, apresentar melhores resultados que os anteriores. Parece pelo menos haver, uma lógica, uma ideia, um caminho.
Tu, profeta da desgraça, vai-te embora, embarca nesse cruzeiro do resto da Europa e deixa que o vento consistente e favorável te levem para bem longe. Nós não te merecemos.

1 comentário:

  1. Talvez o crescimento do país se mantenha a zeros mais dois anos. Talvez o desemprego suba e talvez aumente o desfasamento entre os rendimentos do capital e do trabalho.

    Certo é que os rendimentos do sr Constâncio não irão parar de aumentar nos próximos dois anos.

    Pelo menos aqui esta "sumidade" não se há equivocar...

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