segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Se ao menos cortassem o mal pela raiz...


Eles têm de aprender a respeitar as nossas democracias, o nosso direito a uma imprensa livre, desde que responsável, e a nossa religião. Viver com medo não é viver.
(Luís Delgado, Diário de Notícias, 06/02/2006)

Esse senhor Luís Delgado continua a emitir as suas opiniões sem conseguir realizar qualquer esforço que seja de despersonalização, o que lhe daria a possibilidade de se colocar do lado do outro para poder assim tornar as suas opiniões, no mínimo um pouco menos limitadas, já que no seu caso não se pode falar de inteligência. Infelizmente já não acreditamos que isso possa alguma vez vir a acontecer, porque se há no mundo pessoa mais confinada ao seu próprio umbigo, pessoa mais estreita de horizontes, é o senhor Luís Delgado, como se lhe tivessem colocado umas palas de burro logo à nascença, ou talvez já tenha mesmo nascido com elas. Senão vejamos: quando este senhor não está interessado em defender uma ideia, ele simplesmente a põe para o lado: não lhe interessa as teorias apaziguadoras, não sabe se os desenhos eram ou não de bom gosto,

Luís Delgado é limitadíssimo porque, além de não ser capaz de se colocar no lugar do outro, para poder ver a realidade por várias perspectivas, o que um jornalista deve estar habilitado a fazer, pior que isso, ele é explicitamente islamófobo, além de outras coisas, e não enxerga mais longe que o seu próprio reflexo, o que já de si é uma perspectiva execrável. Por isso seres como Luís Delgado, George Bush, Rumsfeld e mais escória que para aí anda, acham que o outro tem que aprender a respeitar a “nossa” democracia, a “nossa” religião" – e isto enquanto “nós” ocidentais iluminados não temos que respeitar os valores do outro, nem sequer quando o outro acede em jogar com as “nossas” regras democráticas (caso da vitória em eleições democráticas do Hamas);
O que é que o senhor Luís Delgado considera uma imprensa “livre, desde que responsável”? Será que considera que a imprensa da Dinamarca e, depois, de quase todos os países da Europa, agiu com responsabilidade? Só se para ele a responsabilidade é a imprensa europeia estar interessada em espevitar o já ateado fogo entre a civilização ocidental e a muçulmana. Será certamente uma imprensa responsável, mas no sentido de responsabilizável por ter criado ainda mais pressupostos para a violência. Não nos parece que tenha havido qualquer inocência na publicação dos cartoons. Não acredito que quem se propõs a fazer, e principalmente a publicar, um cartoon sobre outro povo, com outra religião e outra cultura, num momento delicado de tensões crescentes, não tenha tido antes o cuidado de saber algo sobre a cultura, algo sobre os preceitos religiosos desses povos, de modo a não ferir susceptibilidades, a medir as consequências, de modo a não lançar mais achas para a fogueira. Parece-me que o que se pretendeu no mundo ocidental foi precisamente atirar achas para a fogueira. A imprensa europeia está longe de ser inocente nesta e noutras questões.

Quanto à questão do Irão, Luís Delgado acha que seria bom que o mundo ocidental se prepare para mais um conflito. É este o seu conceito depravado de bom, como se a vergonhosa guerra do Iraque já não lhe bastasse. Ele acha bem que países como os EUA ou Israel tenham armas nucleares, que a França ameace usá-las contra o Irão, mas acha mal que o Irão deseje possuir energia nuclear (não está ainda provado que também queira ter armas nucleares). Faz-nos lembrar a arrogância daquele comercial já não me lembro de que empresa que gabava sem pudor: uns têm, outros…não!

De opinião parola em opinião parola, Luís Delgado, que é tão cosmopolita, destaca-se da atitude parola dos nossos ministros face à visita de Bill Gates; no entanto, vemos Luís Delgado a lamber as botas de outros americanos de QI bem mais reduzido ou mesmo nulo (Bush, por exemplo), aparecendo sempre servilmente em defesa das mais perigosas manobras desencadeadas pelo imperialismo americano (não se lembrará ele que Bush delineou a sua louca cruzada contra o terrorismo dizendo que o fazia em nome de Deus?). Que Maomé, Buda, Cristo ou um outro qualquer Deus nos proteja das opiniões do senhor Luís Delgado que tanto distorce a realidade em defesa de ideias disparatadas que nem sequer são suas.
Sempre fui contra o terrorismo, mas se existe deveria ser capaz de ser mais objectivo, capaz de atingir alvos bem precisos e que não acabassem sempre por matar e mutilar inocentes. Sr. Luis Delgado, se o raptassem e lhe pusessem a cabeça a prémio, se no final achassem que não tinham apanhado grande coisa e o devolvessem, podia ser que lhe fizesse bem a experiência, talvez passasse a ter mais consciência trágica e a tomar em consideração o lado do outro, talvez deixasse de medir tudo em relação ao seu desprezível umbigo.
e é o próprio sôr Zeca Afonso que vai cantar aqui]
O i o ai, disse-me um dia um careca
O i o ai, quando uma cobra tem sede
O i o ai, corta-lhe logo a cabeça, corta-lhe logo a cabeça
encosta-a bem à parede
Ainda bem que existe liberdade de expressão: assim possamos nós livremente todas as semanas arrasar com as opiniões parolas do parolo do Luís Delgado que se intitula jornalista e não passa de um golpista deformador de opiniões. Felizmente que já quase ninguém liga ao que diz.

2 comentários:

  1. Anónimo6/2/06 16:56

    Luis delgado transforma a imprensa num despejo sanitário radicado em preconceitos e frases feitas que tentam camuflar o seu carácter pacóvio e bajulador.
    Para um despejo sanitário um aterro sanitário !

    JM

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  2. Anónimo7/2/06 10:41

    Luís Delgado colon de cem vaidades, julga-se um explendor e afinal não passa de uma ninharia

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