quarta-feira, abril 12, 2006

Uma farsa mascarada de democracia

Se olharmos para os últimos resultados eleitorais das ditas democracias tradicionais, poderemos constatar graves distorções no sistema, que podem colocar em causa o próprio conceito dessa democracia. Efectivamente ela já não existe actualmente e nada mais é que uma fraude para nos tapar os olhos e dar a impressão que participamos em algo quando afinal tudo está já decidido antecipadamente.
Num mundo onde reina a chamada globalização capitalista que alternativas ou margem de manobra ficam para os governos nacionais. Muito poucas ou nenhumas. Ou aceitamos as regras ou ficamos de fora e morremos. É isto que nos é informado pelos novos “vendilhões do templo” capitalista, um destino do qual não podemos fugir. Que nos é oferecido então para escolher? Simplesmente se desejamos que seja o Sr. A ou o Sr. B a realizar a politica neo-liberal que nos é imposta. Na prática tudo está decidido e a escolha acaba sempre por ser feita entre dois clones do mesmo modelo. Os quase empates técnicos saídos das ultimas eleições nos EUA, Alemanha, Presidenciais Portuguesas e agora na Itália são a face visível dessa irrelevância do voto. Comportamo-nos como se de um resultado de um jogo de futebol se tratasse. Ganha uma ou outra equipa por um golo marcado numa qualquer jogada de bola parada nunca ficando o árbitro isento de criticas. No caso das eleições ficam sempre uns rumores de algumas irregularidades que só por si podiam ter alterado o vencedor. As televisões mostram os festejos dos vitoriosos que vendo bem só legitimaram alguém que lhes vai retirar mais direitos e liberdades. Até ao próximo jogo em que outros farão os festejos com consequências idênticas.
Só quando surgirem verdadeiras alternativas económicas, a quem seja permitida uma justa divulgação através dos órgãos de comunicação social, sobretudo televisões, em equidade com as actuais teorias neo-liberais se poderá falar da existência de verdadeiras alternativas. Só ai, poderemos nós, voltar a utilizar a palavra democracia sem nos sentirmos hipócritas, nuns casos, ou fantoches noutros, dependendo da consciência que tivermos no acto de colocar um papel na urna do nosso destino.
Contriburo para o Echelon: HAMASMOIS, SVR

15 comentários:

  1. Caro Kaos:
    Conheci o seu blog por acaso.Só no domínio Blogs em .pt, que compila os ‘weblogs’ criados por portugueses já estão milhares. Nos ‘blogues’ fala-se, discute-se, disserta-se, partilham--se sentimentos, paixões, opiniões, visões do Mundo, ideias políticas, cria-se polémica, contam-se histórias mais ou menos íntimas mas, acima de tudo, tem-se a liberdade de exprimir tudo o que vai na alma, onde o(s) autor(es) colocam qualquer tipo de conteúdos, sem censura. A liberdade de expressão e o imediatismo são a tónica da comunidade ‘blogue’. O facto de ser imediato é o que distingue o ‘blogue’ dos outros meios de comunicação escrita através de textos curtos, incisivos e muito conclusivos. É um espaço em que não não há limites de temas, espaço, conteúdos.

    Contudo, a prática de produção de um blogue encerra uma necessidade de depuração, sob pena do blogue estiolar.

    O seu blogue está no limbo e fio da navalha - Pode singrar como Blogue de qualidade ou murchar na repetição. Alargue o número de colaboradores. Sempre que isso se verifica introduz no seu Blog uma amplitude de cobertura social mais rica.E, textos curtos mas incisivos ( não forçosamente demagógicos ou maniqeistas)

    Um abraço Kaótico e a seus outros colaboradores efémeros

    VERTIGO

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  2. O regime democrático é o melhor que temos, mas não é perfeito... Um dos problemas é que nunca sabemos realmente as verdadeiras intenções de quem escolhemos para o poder e, às vezes, corre mal. Muitos ditadores foram eleitos pelo povo, por exenmplo.
    Á algum tempo tempo coloquei um post em que questionava se os actuais partidos politicos portugueses não serão modelos falidos. Talvez...
    o que vejo nos blogues é realmente muita gente ( seja de esquerda, direita, liberal, conservador, etc... ) que não consegue "encaixar" em nenhum dos actuais partidos. E porquê? Estão fartos de palhaçada, de imcompetência, de politiquice, de influências, de compadrios, de tudo... Mas não há mais nada. O problema é este: há muita gente a servir os partidos, os seus interesses e rasgos ideologicos, mas poucos a defender as pessoas e as soluções reais para o presente e futuro.
    Primeiro acho que deviamos pôr de lado as ideologias "cegas", digamos assim. Muitas vezes, alguém mais à esquerda do que eu ou mais à direita do que eu tem consciência dos mesmos problemas e apresenta soluções bastante identicas... Já tive esta experiência. O que poderia aglutinar e motivar estas gerações de "desencantados"? Acho que era importante trazer esse sangue novo para a ribalta politica. Há por aí muita gente ( de vários quadrantes ) em silêncio, que deveria ter uma palavra a dizer. Mas não tem oportunidade... Nunca tem...
    Bem, já me desviei bastante do assunto nesta divagação.

    Abraço.

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  3. o que foi isso aí antes?

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  4. Acrescento ainda a necessidade de aprofundamento do valor literário/artístico da mensagem (algumas vezes bem conseguido através da conjugação verbo-icónica que usa)
    "Chi parla male, pensa male e vive male. Bisogna trovare le parole giuste: le parole sono importanti!"
    ("quem fala mal, pensa mal e vive mal. É preciso encontrar as palavras adequadas: as palavras são importantes!")
    Michelle (N. Moretti) no Palombella Rossa
    VERTIGO

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  5. Sobre o post ( para não aumentar a perplexidade do "ideias fixas"):

    A polarização das democracias na recuperação económica a todo o preço confere-lhe um carácter formalmente redundante projectando uma fotografia a preto e branco, que anestesia e faz desistir.
    É preciso enfatizar o papel transformador da crítica política que ultrapasse o formalismo político das ficções menores.

    VERTIGO

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  6. Obrigado Vertigo e Sá Morais por estes momentos de boa prosa nos comentários do meu blog.
    Quando critico o actual estado da democracia, não o faço por não acreditar que, como diz o Sérgio Godinho “é o pior dos sistemas com excepção de todos os outros”, mas porque penso que está a atingir um ponto em que, os seus resultados não exprimem a realidade de um povo, mas sim a maior ou menor capacidade que se tem de conseguir vender uma imagem mediática. Não são as ideias que são importantes, mas sim a imagem que conseguimos impingir nas televisões, com apoio de comentadores, analistas e fazedores de opinião. Isto não é democracia, mas somente uma forma de vender banha da cobra.
    Confesso que politicamente me encontro sem uma alternativa que eu próprio considere consistente. É triste, mas não posso fugir à minha própria realidade. Penso ter chegado o momento, e anseio por ele, em que surgirá alguém, com a capacidade para ler a actualidade e apresentar propostas económicas e de desenvolvimento diferentes daquelas com que temos vivido. Como sempre aconteceu na história, quando a corda estica muito para um lado, surge sempre uma força em sentido contrário para equilibrar.

    Vertigo: Quanto ao problema do meu blog (qualidade dos textos e da escrita) agradeço não o ter enterrado definitivamente desde já. Concordo que, ao fim de três meses, entrei numa fase de maiores dificuldades, mas que penso serem naturais. Não perco o tempo que perco, a criar este espaço, com mais nenhuma intenção que não seja de satisfação pessoal. Não quero ensinar nada, vender nada, impingir nada. Gosto da troca de opiniões e muitas vezes gostaria de ver uma maior participação e debate de ideias. Quando surgem é bom quando não, também não perco o sono.
    Tenho realmente tentado que mais gente colabore neste blog. Tenho já três pessoas que contribuíram com textos e ideias o que sempre me pareceu algo de válido. Este é um espaço aberto, a dificuldade é haver o interesse em participar.
    Quanto à minha escrita sei que não é boa. Nunca fui, nem penso vir a ser escritor, jornalista ou qualquer outra profissão que o exija. Tenho uma profissão técnica, mais voltada para números, frequências e maquinarias do que para a arte literária. Gosto de ler e gosto de dar a minha opinião. Escrevo como posso e sei. Melhorar é sempre possível, mas não posso cair no erro de deixar que o medo de não o fazer muito bem me impeça de o fazer. Este blog é só um espaço, nada mais.
    Obrigado pelo apoio

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  7. é verdade... este cinzentismo, indefinição e extrema proximidade de políticas efectivas entre as várias opções que nos são apresentadas às eleições reflectem-se nas altas taxas de abstenção, mas também nestes frequente quase-empates...

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  8. Meu caro amigo!
    Como concordo contigo…A mediocridade dos nossos políticos que enferma da falta de ideias para o país, trouxe-nos até aqui. Cá chegados, não vislumbramos destinos devido ao estado globalizante e economicista em que se enterrou a Europa.
    Tudo o resto parece ser de somenos para os esplendores da ninharia que são os nossos governantes, as promessas feitas com a mera intenção de ganhar eleições, trouxeram o descrédito às democracias parlamentares, e infelizmente, muita água ainda correrá debaixo da ponte para que uma nova revolução de valores se venha a verificar.
    Até lá, não existem de facto alternativas, resta-nos lutar como podemos e sabemos, para que as margens se aproximem e estrangulem o fluxo de verborreia a que assistimos diariamente e, que as obras-primas da confusão, como chamava Shakespeare aos cretinos, ou os mija na agulha como Gil Vicente designava os parvalhões, decidam um dia, pensar com o cérebro em vez da medula.

    Meu caro Vertigo!
    Importa primeiro o que se tem a dizer, só depois o como se diz.

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  9. Caro Vertigo: A minha... preplexidade... deveu-se apenas ao facto de não considerar que o blog do Kaos esteja num limbo ou em qualquer outro estado do género. ( se o dele está no limbo, o meu está no Inferno ) O kaos não precisa de conselhos de ninguém. Pensa e escreve de acordo com a sua forma de pensar e fá-lo bem. Aliás, ninguém está aqui para escrever uma nova Odisseia ou uns novos Lusíadas. Esse é o problema de muitos portugueses... Gostam de aplicar o estilo Rococó aos seus discursos e, depois de tudo dito, é muita parra e pouca uva.
    Como diziam os romanos: "sunt verba et voces, praeterreaque nihil"

    ps: obrigado pela tradução do... italiano... Creio que ficámos todos mais esclarecidos.

    Abraços.

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  10. o sr. berlusconi vai usar toda a sua influência para subverter os resultados!

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  11. Sá Morais: Obrigado pelas suas palavras simpaticas sobre o blog e a minha pessoa. Não tenho tanta certeza assim de as merecer, mas é verdade que o meu unico desejo é dizer aquilo que penso independentemente de estilos ou maneirismos.
    PS: Penso ter entendido o latim

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  12. Neste comentário não me vou alongar, pelo simples facto de que concordo plenamente com o uso que deste às tuas palavras.
    Fica bem

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  13. Sá Morais:

    Não dou conselhos a ninguém e dispenso discursos que tresandam a uma certa pose de celebridade embalada em latim.

    Kaos:

    Com o meu post pretendi saudar a criação do seu blog enquanto veículo de coragem do pensamento desnudado, despido de qualquer máscara.

    Mas porque a verdade arrasta uma subversão da candura mediática
    não quiz deixar de lhe expressar que estava ao seu alcance um salto artístico qualitativo. E a arte não depende do formato mas do talento de partilhar as ideias com quem nos quer ouvir.

    A arte pode partir do pensamento livre e desnudado mas não pode ser uma imitação barata da realidade com estereótipos banais ( "muita parra pouca uva" e merdas assim).

    E, o seu Blog pode encerrar uma dimensão artística e subversiva de leitura da realidade. O tempo o dirá!

    Um abraço

    VERTIGO

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  14. Vertigo: Então ficamos quites porque eu também não dou conselhos a ninguém e dispenso discursos que tresandam a uma certa pose de celebridade embalada em italiano (estereótipos banais e merdas assim).

    Abraço.

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  15. Agradeço ao Sá Morais por vir em minha defesa e ao Vertigo pela hipotese que dá ao meu blog de poder via a encerrar um dimensão artistica e subversiva.
    Obrigado a ambos

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