segunda-feira, setembro 04, 2006

Existem bruxas na minha rua

Hoje estive feliz porque a minha filha fez 10 anos. E não houve bruxa da minha rua que me tolhesse essa felicidade. Ela foi sozinha buscar à rua o pequeno-almoço e assim que entrou o portão de casa, uma bruxa surgiu do nada e interpelou-me: “a sua menina já anda catequese? Que idade tem a menina? Não quer que ela…” Ah, inspiração que me deu resposta tão pronta para varrer dali aquela broaca tão depressa. É que eu ia jurar que a mulher estava no café a conspirar da vida alheia quando a viu entrar sozinha, fermosa e não segura nos seus 10 anos novinhos em folha, e pensou logo que ali estava uma presa para encaminhar para a igreja. Dizia-me a mulher: “ai, é que a gente não é só lá andarmos, o senhor padre diz que também temos responsabilidade e que devemos falar com as pessoas e…”. Desta vez poupei-a porque estava com pressa de ir ver como os dez anos ficavam à minha teenager… mas para a próxima já sei o que vou dizer-lhe: que a religião cá em casa é uma coisa muito complicada, que o meu marido, com quem não sou casada mas a quem assim chamo para algumas pessoas perceberem mais depressa, digo-lhe que ele é, sei lá, islamista; que eu própria tenho tendências taoistas (e aproveito para lhe explicar logo ali que não é o mesmo que ser maoista, mando-lhe uma grande seca); que o meu filho, apesar de ser o mais novo, nasceu já com um ateísmo latente, quase lactante, e que ainda não detectei nenhum sinal de que a minha filha possa alguma vez vir a querer ser crista, mas se isso alguma vez vier a acontecer, seremos nós a encaminhá-la à igreja mais próxima, ou seja, de que aqui não leva ninguém para catequeses coisa nenhuma e adeus, passe muito bem, vá bater a outra freguesia. E o pior é que esta não é a única bruxa da minha rua. Uff!
Parabéns minha querida, pelos teus dez anos. Ver-te crescer é a religião que eu professo!

3 comentários:

  1. Anónimo5/9/06 04:19

    Parabéns aos papás babados :-))

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  2. Bem visto.
    Não se deve ensinar religão às crianças, nem sequer a ler ou a contar.
    Elas devem aprender sózinhas.

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  3. tenho o mesmo "problema"...só que mais grave é a própria avó!!!ainda ontem lhe tentava explicar a importância do polegar oponente na história do desenvolvimento do homem...a avó insiste que fomos aqui colocados "perfeitinhos" à imagem e semelhança do deus dela...
    catequeze!!!até a palavra parece o nome de uma doença de pele!!!

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