Ontem, ao ver as noticias, reparei que na capa do Correio da Manhã vinha uma fotografia da Sinistra Ministra a apertar a mão ao Mário Nogueira a selarem o acordo que acabavam de assinar. Ouvi depois que dali, o Mário Nogueira seguiu para uma reunião com o Procurador-geral da República, Pinto Monteiro, para falar da violência nas escolas. Não sei porquê, na minha cabeça, tudo aquilo fez sentido.
Mas adiante, hoje estou triste, triste por ler no blog "De luto e em luta" da amiga Moriae que ao fim de 12 anos vai sair do único sindicato a que pertenceu. Triste porque considero os sindicatos como uma arma importantíssima para todos nós, trabalhadores. Importante porque é um local de união, um local onde podemos juntar a nossa luta em busca de direitos e melhores condições de vida e de trabalho à de muitos outros. Triste porque por cada um que abandone um sindicato todos ficamos mais fracos. Nem sempre temos de estar de acordo com aquilo que um ou outro líder sindical defende e todos temos o direito de os confrontar, criticar e até substituir se isso se mostrar necessário, mas é importante não abandonar o barco. Não questiono nem critico a opinião desta amiga, ela lá terá as suas razões, mas temo que outros possam seguir o mesmo caminho. Estou por isso triste, mas também por me ter custado ver a forma demasiadamente zangada e no mínimo “agreste” de como os sindicatos reagiram às vozes discordantes da sua “estratégia” na assinatura deste acordo. Todos temos de assumir que não somos deuses, iluminados ou senhores de toda a verdade, todos podemos estar errados nas nossas opções e nas nossas escolhas. Todos temos de saber ouvir, mas também temos o direito a ser ouvidos. Por tudo isto, e se calhar por muito mais, hoje estou triste.
Contributo para o Echelon: 15kg, DUVDEVAN
Se há quem chore de alegria porque não haveremos de rir de tristeza. Todas as imagens deste blog são montagens fotográficas e os textos não procuram retratar a verdade, mas sim a visão do autor sobre o que se passa neste jardim à beira mar plantado neste mundo, por todos, tão mal tratado. A pastar desde 01 Jan 2006 ao abrigo da Liberdade de Expressão.
Boa tarde,
ResponderEliminaré a primeira vez que comento no seu blog, apesar de ser uma visitante assídua e uma admiradora incondicional do seu "trabalho" na blogosfera. Quero apenas expressar que também partilho o desencanto e desalento de Moriae que se traduziu no acto simbólico de se "des-sindicalizar". Fiz o mesmo ao fim de 18 anos, anos em que tentei ser uma sindicalizada empenhada e activista. Cansei de ver tudo reduzido a braços de ferro políticos ... rendi-me.
A minha luta nunca foi, nem é meramente política ... como a dos sindicatos ... é de militância pela Educação, é pela dignidade de uma Profissão espezinhada por tudo e por todos - até por alguns representantes sindicais - durante anos a fio. Que fique claro: deixei de ser sindicalizada mas não significa que deixarei de lutar por aquilo em que acredito! Isso jamais, em tempo algum ... até que a voz me doa!
Aquele Abraço
NP
Creio ser este o rumo que muitos sindicalizados tomarão nos próximos tempos (enquadrando isto numa janela de tempo média), infelizmente... Corrijam-se se estiver enganado, mas creio que a grande parte dos sindicatos hoje em dia está desactualizada, tanto na forma de acção como no seu funcionamento. O sindicalismo faz falta no mundo laboral, isso é indiscutível, mas tem vindo a perder credibilidade (como aconteceu com este acordo com a Sinistra)... Na política, credibilidade não é tudo, mas É uma parte muito importante e uma grande parte do mundo sindical caiu em descrédito, não só de quem querem combater, mas (mais preocupante) de quem os forma e deve ter toda a confiança nas suas acções. Há que actualizar, e com isto nao digo tornarem-se mais irredutiveis (há horas pra ser firme e outras para ser flexivel, e com a Sinistra deviam ter mantido o pé firme!) mas sim usar do Bom Senso e evitar decisões como esta que só levam a que os "patrões" esfreguem as mãos de contentes...
ResponderEliminarKaos,
ResponderEliminarque dias estes ... ou choro porque me sinto traída, 'usada' e revoltada (1) por : a) atitudes da plataforma e b) meu sindicato e (2) pelas palavras dos amigos que me têm dedicado atenção, carinho e solidariedade (independentemente de concordarem ou não com as atitudes que tomo).
Não conheço a colega NP mas atrevo-me a fazer as palavras dela, minhas. Tb tentei dar o meu melhor.
E não desisti nem tenciono desistir, por mais que me doa.
E reconheço a importância dos sindicatos. Apesar de ser cedo para mim, penso vir a integrar um sindicato. Neste momento, tenho de fazer o meu luto. Gostava muito deles. Fui tão inocente ...
Em resumo, repito o que já te disse amigo, não foi apenas a decisão da plataforma. Há mais questões. São pessoais, naturalmente.
Não vou desistir. Gosto muito daquilo que a educação representa :). Até te digo, mesmo que deixe de ser professora, nunca deixarei a Educação. É que, e lamento assumir outra fraqueza mas ... não consigo exercer nada de jeito no actual momento (pelo que se junta ao não consigo o não quero), pelo que estou temporária ou permanentemente (isso ainda está para se ver) 'fora'.
Obrigada por tudo Kaos!
Bjinho,
M.
Os sindicatos são cada vez mais importantes, especialmente nos tempos que correm sem ética nem valores morais e sociais.
ResponderEliminarNeste caso, para dormir descansado, imagino o Mário como um grande judoca, aproveitando a força do adversário para abrir uma brecha que pode ser alargada. Ao ver o aperto de mão na TV pensei num golpe de judo que estirasse a senhora no tapete. Não aconteceu, mas vai ser possível. Como se diz no panfleto publicitário do ACS, válido de 9 a 30 de Abril - "Comprava estes produtos antes do 25 de Abril?" ; "O preço é quem mais ordena!".
Cada vez mais vejo na Escola a união entre profs, alunos, funcionários e pais.
Também eu me dirigi hoje ao meu sindicato para lhes dizer "tira o meu nome da lista que eu não tenho telifone". Trata-se de um pequeno sindicato, outrora intrépido, onde se torna fácil falar com os dirigentes máximos. Assim, fiz a coisa bem feita: ouvi ainda muito mais do que falei. Ponto positivo: ninguém me mentiu. Ponto negativo: não houve um só argumento que me fizesse mudar de ideias em relação à saída. Acho que as pessoas nem se deram bem conta do que estavam a dizer-me. Os objectivos dos professores, a dignidade da profissão, nada disso foi prioridade na decisão de assinar o "entendimento", nem no caso dos maiores sindicatos nem dos mais pequenos. Até pode ser que se consiga alguma coisa, mas isso virá por arrasto, as motivações foram outras. Penso que é justo que os sindicatos tenham de passar sem as pessoas como eu. Se não há idealismo é um pouco abusivo quererem contar com o contributo dos que ainda têm ideais...
ResponderEliminarHá neste processo algo que não aparafusa bem.
ResponderEliminarJulgava eu, que estou de fora, que os professores não estavam contra a avaliação...
Afinal, pelo que leio aqui, não a desejam de todo!
Vai lá vai, que até a barraca abana...
fomos traídos, vendidos, também eu me dessindicalizei
ResponderEliminarkaos:
ResponderEliminarEstás a partir de um pressuposto que, sendo suportado pela história, não é suportado pela lógica. O de que independentemente das exigências dos sindicatos, amanhã haverão trabalhadores.
Já aqui comentei contigo que a produção pública de educação é insustentável como está e que não deve estar longe o dia em que vai acabar. Se o sindicato tomou isto em conta esteve, no fundo, a defender os postos de trabalho dos seus associados que é para isso que ele existe.
Ó cavalosentado, por mim a avaliação nem estaria em cima da mesa. Com a carreira partida em duas (uns mais professores que os outros), com as alterações da legislação sobre a Educação Especial que retiram direitos às crianças com dificuldades de aprendizagem e com o meu sindicato a dar-me as justificações que eu ouvi hoje, quero lá eu bem saber da avaliação! Mas se você soubesse, que não deve saber, os detalhes e implicações da avaliação de professores proposta pela ministra, quem estava de cabelos em pé era você, principalmente se tiver filhos a estudar nas escolas do Estado... mas o assunto é demasiado extenso para um comentário. Ah! Só para o caso de pensar que eu sou uma professora novinha preocupada com a progressão na carreira, digo-lhe já que tenho 51 anos de idade, 30 de serviço e sou professora titular.
ResponderEliminarLi tudo atentamente e parece-me que estamos todos de acordo.
ResponderEliminarOs sindicatos são importantes porque são, talvez, o único elo que nos une nestes tempos em que estamos cada vez mais nas mãos de quem nos usa a troco do pãozinho, e a esses interessa que estejamos cada vez mais divididos.
No ano passado, tive uma experiência idêntica.
O meu sindicato foi o penúltimo a assinar um acordo fajuto, em que a entidade patronal, aliciava os 'pedintes', nós, a assinar individualmente a troco de 300€.
Eu, e meia-dúzia, prescindíamos dessa 'fortuna' e até lhes ofereciamos a vazelina.
Mas quando confrontámos os dirigentes, que não por acaso, estão quase todos na pré-reforma, a resposta foi elucidativa. Muita gente iria sair, e atendendo a que as pessoas que entram agora no mercado de trabalho já não pertencem a nenhum sindicato, esse facto enfraqueceria ainda mais a pequena 'frente', até à sua rápida extinção.
Perante esta análise, que considero correcta, tivemos que aceitar.
Pessoalmente gosto de ser 'uma pedra no sapato', e no dia em que não existirem organizações deste tipo, aí vamos levar com os sapatos, botas, e tudo o mais que servir para nos calcar, mais...
Por isso, não estejamos tristes, temos é que abrir os olhos, e saber que a democracia, às vezes, pode ser muito pouco democrática.
Pli
Teriam sido mais honestos se manifestamente assumissem a vossa oposição e nao,sistematicamente como manifestaram às câmaras das tv`s, apenas a oposição áquela avaliação tão complxa e trapalonha.
ResponderEliminarDevo diser que trabalho numa empresa com sistema de avaliação que quando comparado com o vosso agora acordado fica a milhas de distância para pior, muito pior, não me venham agora com tretas porque estão a jogar jogo baixo e apostam na política da guerra queimada.
Fazem-me lembrar a Revuloção Indrustrial em que os tecelões saltavam para cima dos teares tentando destrui-los...
cavalosentado,
ResponderEliminaré bom e tranquilizador saber que há pessoas de tal modo iluminadas.
Parabéns cavalosentado!
ResponderEliminarVc não é só iluminado. Vc levou c/ uma lâmpada nos corn.....!!!!
Revuloção Indrustrial?
diser?
guerra queimada?
.......
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Mais uma vez, parabéns!!
Já agora, parabéns tb à versão barbuda do britânico.
ResponderEliminarPois é Paula confirma o que escrevi, avaliação nenhuma...
ResponderEliminarE já agora:
"Ah! Só para o caso de pensar que eu sou uma professora novinha preocupada com a progressão na carreira, digo-lhe já que tenho 51 anos de idade, 30 de serviço e sou professora titular."
O que quer dizer com isso?
Que já está devidamente "instalada"?