terça-feira, outubro 07, 2008

Cheiro a peixe podre

 As sereias

«Antecipo que iremos ser todos muito criticados. Os velhos do Restelo não se vão embora. O que é preciso é continuar a haver a ambição dos Gamas», disse António Costa na cerimónia de arranque das obras do centro, que se situa num lugar simbólico, de onde os portugueses partiram para os Descobrimentos. O autarca admitiu que, inicialmente, os responsáveis da Câmara se «assustaram» com a ideia de construir um edifício à beira Tejo, que obrigou à suspensão do Plano Director Municipal (PDM).
O primeiro-ministro, também presente na cerimónia, considerou que o centro vai dar um contributo para «transformar Lisboa e Portugal numa cidade e num país mais cosmopolita e mais abertos às tendências internacionais». «Ao iniciarmos a construção de um centro de investigação» num aniversário da implementação da República, «estamos a homenagear o ideal da valorização da instrução, como os primeiros republicanos sempre valorizaram», disse José Sócrates.

A história da Doca Pesca à muito que cheira a peixe podre por todos os lados. Primeiro encerraram-na e mandaram para o desemprego os trabalhadores em nome de uma famosa regata que se deveria ir realizar em Lisboa. Só isto já era aberrante, mas acabou por não haver nem regata nem trabalho para aquela gente.
Todos sabemos como apetecível é a orla marítima do Tejo, como muitos adoravam encher aquela área de prédios que valeriam milhões e milhões. Já conseguiram encaixar um hotel em Belém e agora ofereceram um terreno com vista para o Bugio à amiga Leonor Beleza, ou antes aos milhões que o Champalimaud lhe deixou de prenda.
Posso ser um velho do Restelo e tem razão o Costa, não me vou embora nem vou deixar de dizer que construir junto ao rio devia ser totalmente proibido. E, pelos vistos até devia ser, mas como quem faz as regras, quem gere o PDM são os mesmos que decidem que obras aprovar, não há proibição que nos valha. Argumentam que é um centro de excelência, que vai fazer de Lisboa uma cidade moderna e mais cosmopolita, que só estas cidades progredirão no século XXI, mas porra, se o centro fosse construído na Brandoa ou em Camarate não servia para os mesmos efeitos. Porque raio tem de ser construído entre as pessoas e o rio, porque tem de ter vista para o mar.
Quanto à idéia de ligar a obra às comemorações da República nem digo nada pois a parvoíce fala por si. Que raio tem uma coisa a ver com a outra?

Contribuição para o Echelon: NATOA, sneakers, UXO

13 comentários:

  1. Kaos,

    Tambem sou da opiniao que devia ser proibido construir junto ao Rio Tejo e junto de qualquer outra zona ribeirinha, ou em cima das arribas da nossa belissima costa maritima... mas neste pais tudo é permitido, bastar ter conhecimentos, pagar alguns almoços e alguns envelopes por baixo da mesa!!!

    Espero que não venha a ser insultada pelos teus outros comentadores, pois apercebi-me nos comentários do teu post "Urulogia politica" que a discussão saudável passou à baixaria e falta de educação.
    Eu penso que este teu espaço está aberto a comentários, e que as pessoas são livres de comentar, mas daí até chegar ao insulto ... Eu não me irei sujeitar a isso e se alguma vez acontecer, deixarei de comentar (com pena minha, porque o teu blog é nota 10)

    Um abraço

    ResponderEliminar
  2. E os 40 milhões de euros que saem todos os dias de Portugal, onde é que os vamos buscar? Não é fechando a Docapesca que se diminui o défice comercial. E, meus caros, o défice comercial português não se deve ao consumo de electrónicas, automóveis e outros bens industriais, que a nossa industria exporta mais ou menos o suficiente para compensar isso. O nosso défice comercial deve-se, tão só, à importação de energia, alimentos e matérias primas. Como podem vir agora dizer que o zé povinho endividado é que tem a culpa dos males económicos do país? O zé povinho está endividado porque é o elo mais fraco da cadeia económica; os outros brincam, e o zé povinho para viver debaixo de um tecto é reduzido à servidão dos bancos e dos défices.

    De facto, o défice comercial português drenou, nos últimos anos, o capital para fora do país, e agora está, na última fase da doença, a drenar a liquidez. E este poder bêbedo destroi meios de produção para levantar, no seu lugar, outras Torres de Belém, em honra e glória do seu regime.

    É patético...

    ResponderEliminar
  3. Sou, por princípio, contra as construções em locais como este. Mas sou, ainda muito mais, contra os verdadeiros atentados que se têm vindo a perpretar contra alguns dos nossos maiores monumentos históricos, onde reside, aí sim, a verdadeira identidade de um povo. E não vejo quem se importe muito com isso, apenas alguns moradores mais insatisfeitos. Não me importo que me chamem nacionalista, façam favor. Penso que o povo português poderá não ter muito mais do que a memória colectiva muito em breve...

    ResponderEliminar
  4. -Caralho, malta eu comia o rabo à do meio.
    Alfredo Piçudo

    ResponderEliminar
  5. formiga63:
    Aqui te deixo as minhas desculpas por muito daquilo que em certas alturas se passa nos comentários deste blog, mas não vejo como o possa evitar. Acredito na liberdade de expressão e por isso não tenho controlo sobre quem os faz. Também já sofri ofensas e acabam por ser sempre os mesmos a fazer estes tristes papeis.
    Não sei se só o fazem porque saõa burros e maleducados ou se é uma forma de tentarem desacreditar este espaço e correr com quem cá vem e gosta de fazer comentários sérios. Seja como for as minhas desculpas e a garantia que serás sempre bem vindo e que, pessoalamente, respeitarei sempre as tuas opiniões assim como a de todos os outros.
    abraço

    ResponderEliminar
  6. Olha que 3 sereias mas mais que podres, de facto!
    Neste mundo do dinheiro é quem mais ordena vale tudo, mas um dia a casa vem abaixo!
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  7. Concordo com o que dizes, cirrus, isto também são atentados contra a memória colectiva do povo português.

    ResponderEliminar
  8. Kaos só te digo uma coisa: Continua!!! Os Media estão na mão de meia-duzia de gulosos, os partidos politicos arrastam-se vergonhosamente pelas ruas da amargura, aonde cheira a podre que tresanda, muitos dos nossos compatriotas assobiam para o lado, tu tens este espaço de liberdade e tens de o manter custe o que custar. O Mundo da Blogosfera é talvez o unico verdadeiro veiculo da democracia que existe. Este teu post é mais uma vez de uma grande lucidez, e apresentas motivos mais do que justificados. Que mais te posso dizer?? Força!!!!!

    ResponderEliminar
  9. A cheirarem a peixe podre é a melhor táctica para não serem violadas...Eheheheh

    ResponderEliminar
  10. Kaos

    de factop é mais um negócio que cheira a prdre, direi mais fede...
    Parece que esta pancada com navegadores é geral, o negócio do Magalhães é o que se tem vindo a saber, agora associam o Gama a isto tudo, para a semana aplicam-nos um novo imposto-pedro Alvares Cabral!

    Será?!

    (quanto associar isto ao 5 de Outubro....tudo o que me ocorre seria impróprio)

    beijocas

    ResponderEliminar
  11. É por gente e por coisas como essa que a Primeira República acabou como acabou...

    A República e a Democracia não têm piores inimigos do que esta gente...

    ResponderEliminar
  12. Nem as gaivotas lhes pegam. Enterrem mas é esse lixo!

    ResponderEliminar
  13. Isto de construir em zonas ribeirinhas, tem mto que se lhe diga.

    As coisas não são lineares, por vezes, até pode ter sentido construir nesses sítios. Veja-se o caso de mtos monumentos históricos que, hoje em dia, é impossível concebê-los noutro local.
    Exemplos há mtos.
    Alguém concebe a Torre de Belém noutro local?
    Deixando de fora os monumentos históricos, alguém considera despropositado o Oceanário construído naquele local?

    Claro que eu tb concordo que por regra se proíba a construção nesses locais. Não gosto é de fundamentalismos.

    Aliás o hotel que está a ser construído em frente ao CCB, apesar de, em princípio, ser um edifício interessante - ainda não vi o projecto mas a obra do Arq. Manuel Salgado dá garantia de qualidade - estraga, substancialmente a paisagem, nomeadamente as vistas para o rio de uma grande parte da cidade.

    Por outro lado, temos de ter em atenção que não é só proteger o património histórico / monumentos. Há mto mais para proteger e a paisagem, construída ou não, tb é património. Aliás não é tb, é principalmente o património que mais urge proteger.

    Para a malta mais nova é difícil conceber que Portugal já teve uma paisagem bonita.
    Não lhes passa pela cabeça que já houve pequenas vilas sem prédios de vário andares, tipo Brandoa, sem shoppings ranhosos, sem fontes pindéricas em tudo o que é rotunda, sem vivendas com colunas dóricas romanas e frontões, sem cafés forrados a azulejos pindéricos, espelhos tipo envelhecido e balcões frigoríficos mto cromados e mto cheiro a minis e bagaços, etc., etc.
    Também não sabem que Portugal não teve sempre os campos "cultivados" com matos, lixos e entulho.

    Essa paisagem, isto é, esse património foi-se!

    Outro aspecto que tb, normalmente não é considerado é a necessidade de PRODUZIR património!

    O tony costa tem razão quando relaciona edifícios interessantes com cosmopolitismo.
    Efectivamente produzir obras de Arquitectura, isto é, obras de arte, contribui decisivamente para o afluxo de gentes de outros países. O exemplo do Gugenhein de Bilbau e do centro Pompidou de Paris, são elucidativos.

    O problema é outro. Nós cá no burgo damos mta importância às grandes obras e esquecemos tudo o resto. O problema é que o resto é mesmo mto mau!

    O que eu quero com isto dizer é que tudo o que se constrói fora dos centros históricos, que no fim de contas é o que vai caracterizar a cidade do futuro é, na sua grande maioria, da responsabilidade de engenheiros -tipo sócrates - desenhadores, topógrafos, construtores civis diplomados pelas antigas escolas técnicas e, até -em mto pq. % - por arquitectos.

    Quer dizer são esses profissionais que estão a criar a imagem da Lisboa -e as outras cidades e vilas tb - do futuro.

    ResponderEliminar