terça-feira, outubro 07, 2008

A Cobra de duas cabeças

 Cobra de duas cabeças

Muitas famílias têm dificuldades em pagar os empréstimos que contraíram para comprar as suas casas; há idosos para quem a reforma mal chega para as despesas essenciais; há jovens que buscam ansiosamente o seu primeiro emprego; há homens e mulheres que perderam os seus postos de trabalho”…
A situação internacional, por outro lado, não é favorável. Ao elevado preço do petróleo e dos produtos alimentares alia-se o aumento das taxas de juro”…
Os portugueses "têm o direito a esperar do Estado que faça bem o que lhe compete fazer: que seja rigoroso e ponderado no uso dos dinheiros públicos e que os impostos sejam justos e razoáveis"
Discurso de Cavaco Silva no 5 Outubro

Falou muito, disse muita coisa mas esqueceu-se de dizer o mais importante. Quem o oiça até pode pensar que estamos acabadinhos de entrar na crise, que navegávamos em águas de abastança e riqueza. Não, a crise já faz parte das nossas vidas há muito tempo e não foi o cheque petrolífero nem a situação internacional que a criou agora. Claro que todos desejamos que o estado faça bem o seu trabalho e use os dinheiros públicos de forma rigorosa, mas porque não o fez ele quando foi governo e todos os dias choviam milhões da União Europeia? Porque não foi esse dinheiro bem investido e criada riqueza que fizesse desenvolver este país? Porque foi esse dinheiro desbaratado e entregue nas mãos de novos banqueiros, grandes empresários e em tanto novo-riquismo, em tantos Ferraris que encheram as nossas estradas?
Para este sistema capitalista chegou a altura de nos atirarem com mais uma dose de crise para cima, de nos dizerem que temos de pagar aquilo que o sistema que criaram andou a roubar impunemente enquanto eles olhavam para o lado, mas também que temos de ter confiança, a palavra da moda na boca desta gente. Querem que aceitemos calados tudo isto e tenhamos confiança no futuro, que continuemos a confiar neles o no seu sistema, que não paremos para pensar se não haverá outro caminho onde eles evidentemente não teriam lugar. Claro que há e é isso que eles temem que possamos exigir.

Contributo para o Echelon: Electronic Surveillance, MI-17

12 comentários:

  1. Se não fez quando foi chefe do governo, foi porque, como diz o ditado " quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é tolo ou não tem arte".

    Se fôr pelo que diz o ditado, parece que houve arte, mas à descarada ! Se acreditarmos no lindo discurso do 5OUT, é porque foi tolo !

    Pessoalmente inclo-me mais para a 1ª hipótese.

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  2. Mas,uma pessoa que tem odesplante de dizer:nunca me engano e,raramente tenho dúvidas só merece que vá bardamerda e,que julguemos os bandidos.Este gajo não merece complacências pq foi o chefe dum bando de corruptos quem não se lembra do rol de aparatchiks do 'senhor'...?

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  3. Este Cavaco está inacreditável.Parece outra pessoa.Será uma caso de dupla personalidade? de qualquer maneira tem um ponto positivo. O facto de as suas declarações terem tempo de antena.

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  4. Eu, por mim, depois da aparição ao país para falar do estatuto dos Açores, presto pouca atenção aos discursos do Sr. Presidente. Passou-me ao lado.

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  5. A direita anda a preparar alguma. Não há solução para o corrente problema económico que não seja uma política nacionalista. Mas será precisa muita coragem para efectuar tal deriva para nacional-socialismo. Eu não sei se o Cavaco não tem tomates para isso...

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  6. É preciso muita falta de vergonha e verticalidade zero!
    beijinhos

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  7. Face à actual crise de confiança e aos despautérios do nosso presidente e do nosso PM (lá os teremos que gramar até às próximas eleições pelo menos...) só nos falta mesmo é imaginar o Cunhal e o Salazar de braço dado!

    Avé nacionalizações, Avé...

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  8. De facto o sistema deixou de olhar o ser humano como pessoa e passou ser um mero indicador de Lucro. Os trabalhadores são vistos como mercadorias e são medidos com indicies de produtividade, estatísticas, gráficos para se perceber como podem sempre produzir mais por menos isto é gerar mais lucro.
    O Social rendeu-se por definitivo ao Económico.
    Então e as emoções?
    Os sentimentos?
    O ser Humano?
    A família?
    A criatividade?
    A entre ajuda?
    A repartição dos bens?
    Cuidado com o Abismo…!
    Está nas nossas mãos a recriar um sistema que cuide dos seres humanos e do Planeta, senão não valerá a pena termos filhos!!!

    "O Caminho Faz-se caminhando"
    António Machado

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  9. "só nos falta mesmo é imaginar o Cunhal e o Salazar de braço dado" (anónimo)

    O Hitler era adepto de uma economia ágil, catapultada pelo tipo de interdependência do Estado com o capitalismo por que muitas pessoas do sistema agora clamam. Os manuais chamam a isso capitalismo de estado.

    Por exemplo, as teses do nacional-socialismo advogam uma economia de mercado regulada por um estado nacional forte e que arbitre autoritariamente os interesses das várias castas sociais. Por esta razão, Hitler afirmava que a luta de classes não tinha razão de ser na Alemanha nazi, porque o Estado tomava conta dos interesses de todos. Evidentemente que tal projecto, para ser viável, necessitava da redução à escravatura da população não germânica da Europa continental...

    Por outro lado, o fascismo de Salazar foi uma espécie de absolutismo transplantado para o capitalismo, um ancient régime, formado por uma aristocracia burguesa, clero e povo. Um regime eivado de contradições, que só sobreviveu tanto tempo por via do atraso económico e social em que o país foi mantido.

    É claro que o actual nível de desenvolvimento dos países industrializados é bem mais compatível com um regime de capitalismo de estado do que com um fascismo à Salazar. Esta realidade confere à direita, em tempos de perturbações sociais, um road-map muito específico, e do qual não se poderá desviar muito, sob pena de se poder tornar irrelevante...

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  10. qual é o interesse disso?
    Os sentimentos?
    O ser Humano?
    A família?
    A criatividade?
    A entre ajuda?
    A repartição dos bens?

    Ó Asno, estás a ser Burro!

    A PRODUTIVIDADE,
    A COMPETITIVIDADE,
    O MERCADO,
    OS ACTIVOS E PASSIVOS

    É QUE ESTÁ A DAR!!!!!!!!!!!

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  11. Sorry asno, estava a brincar

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  12. Os portugueses "têm o direito a esperar do Estado que faça bem o que lhe compete fazer: que seja rigoroso e ponderado no uso dos dinheiros públicos e que os impostos sejam justos e razoáveis"
    Discurso de Cavaco Silva no 5 Outubro

    Esta frase do cavaco lembrou-me como se geria, com RIGOR, os dinheiros públicos no tempo do seu consulado.

    Lembro-me que, nos princípios dos anos noventa, era eu o professor responsável pelo material que era atribuído ao antigo 5º grupo - profs. da área das artes visuais - quando, na minha escola, foi implementado o curso tecnológico de design.

    O ministério da educação - não me lembro quem era a ave rara que na altura detinha a pasta - decidiu atribuir à escola muitos e variados equipamentos para que, em princípio, o curso funcionasse em condições.

    Do material atribuído, muito houve - talvez a maioria - que não teve, nem podia ter tido qq tipo de utilidade.

    Dou como exemplo, material para serigrafia que era composto por máquinas incompatíveis entre si e com os outros materiais - 40!! quadros de serigrafia, de alumínio, sem sedas, grades industriais para secagem, etc.

    Estes equipamentos custavam, na altura, algumas centenas de contos!

    Também foi-nos fornecido material de fotografia fornecido pela firma Beltrão Coelho. Entre outros equipamentos, mandou-nos dois corpos de máquinas fotográficas reflex simples com duas objectivas eléctricas, o que não fazia sentido nenhum. Quando contactei a empresa para fazer a troca das objectivas eléctricas – mais caras obviamente - para as manuais, eles disseram-me que o cliente deles não era a escola, era o ministério!

    Concluindo, as máquinas não serviram para nada.

    Tb a Beltrão Coelho nos forneceu uma fotocopiadora, naquela altura coisa mto cara, que estava sempre avariada. O técnico da Beltrão Coelho, disse-me repetidamente que o problema da máquina não tinha solução, era uma série com problemas de origem!

    A conclusão que eu tirei com a minha mente perversa, é que tudo o que era material incompatível, defeituoso ou sem mercado, era vendido ao ministério e, nós os "beneficiários" só tínhamos de estar agradecidos.

    Aliás um dos problemas com que nos defrontámos, nessa altura, foi com a armazenagem dos ditos.

    Este foi o rigor praticado, com os dinheiros públicos, no seu tempo.

    Por último, uma curiosidade.

    Há tempos, na minha escola, houve uma sessão de apresentação dos quadros interactivos.

    Sabem qual era a empresa que lá apareceu?

    Adivinhem

    Isso, era a Beltrão Coelho!!!!! ( friends are forever!!)

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