sexta-feira, junho 11, 2010

O discurso do dia da Raça de 2010

10 junho insustentavel

Ontem, Dia de Portugal, obviamente que não prestei muita atenção ao discurso do Sr. Silva. Nunca presto. Depois, ouvindo as noticias quase me arrependi tal a forma como falaram dele, como conspiraram e tentaram encontrar as guerrilhas nele escondido. Não que me pareça que tenha dito nada de útil e que tudo não passou de mais um discurso de campanha, mas pela coisa fantástica de um discurso onde tanto falou de cooperação e de não crispação ser ele mesmo uma albarda de farpas, um compendio de “Como criar a crispação para totós”. Penso que nem aquele fulaninho pequenino e verde do álbum “A algazarra” do Asterix faria melhor.

Tirando isso ficou ainda a fantástica frase, “"Como avisei na altura devida, chegámos a uma situação insustentável. Pela frente temos grandes trabalhos, enormes tarefas, inevitáveis sacrifícios". Ele avisou, ele disse, ele gritou e ninguém o ouviu. Não me lembro na altura, como agora também, de ouvir uma receita, um remédio que seja diferente daquele que nos enfiam agora pela goela abaixo. Não me lembro de o ter visto apontar o dedo ao sistema económico capitalista e global que arrasa países e continentes com o estalar de dedos. O que me lembro é de o ouvir sempre a dizer que os tempos são difíceis e que temos de aguentar e calar. Não é tempo para exigir mas de abdicar, não é tempo de protestar mas de vergar.

Segundo parece o mal não são os sacrifícios, o que está mal é que não estão suficientemente explicados. Pois eu gostava imenso de ouvir o Sr. Presidente a fazê-lo para ver se também é na Lei laboral, na falta de produtividade dos nossos trabalhadores e na segurança social que encontra os culpados. Ou iria dizer-nos que foi a ganância de alguns, as trafulhices de outros, alguns seus amigos e figuras predominantes dos seus governos, a corrupção na “moderna” banca que ajudou a nascer e crescer em Portugal no tempo das vacas gordas do dilúvio de fundos europeus.

Acabou por, perante a situação insustentável a que chegámos, pedir que os sacrifícios sejam justamente repartidos por todos. Aqui parece que até podia estar de acordo com ele, mas gostaria de saber se também defende que essa justiça passava por cobrar à banca um IRC de 25%, igual ao que se cobra a cada pequena empresa, em taxar produtos de luxo os imorais prémios de milhões dos administradores das grandes empresas com um imposto especial, por fazer pagar mais àqueles que realmente têm muito, por fazer pagar os culpados pela crise os prejuízos que causaram. Duvido que aqui estejamos de acordo e por isso os nossos “justamente repartidos” são diferentes. Muito diferentes.

4 comentários:

  1. Também não perco tempo a ver/ouvir estes personagens, tenho mais que fazer. Hoje, como todos os dias faço "compro" e leio os jornais on-line, são de borla e não contribuo para o abate de árvores (alguma coisa de útil a internet nos dá). Como dizia, li por ai que o dito terá proferido uma coisa mais ou menos assim: "...temos de ajudar os nossos concidadãos que auferem pensões baixas..." Que grande hipocrisia, vindo de um tipo que aufere duas reformas das grandes e respectivas mordomias, junta-se o ordenado+mordomias de PR, soma-se e....façam vocês as contas. Cabia bem ao dito, que prescindisse de uma delas e a entregasse por exemplo a uma instituição de solidariedade, só lhe ficava bem. Agora vir armado em defensor dos "pobrezinhos", sendo ele um dos que contribuiu para o descalabro deste país.

    ResponderEliminar
  2. Oh Kaos, grande texto!
    Do boneco já nem falo, sempre geniais ;)

    Abraço

    ResponderEliminar
  3. Toda a vida ouvi dizer que Portugal está a passar por dificuldades! E se ele o disse isso foi só para o povo ouvir; porque o Governo não te pudor em entrar em magalomanias.

    Quanto ao mal explicado... se se lembram, naquele tal dia,Sócrates falou apenas aos jornalistas; talvez tivesse acanhamento de se dirigir aos portugueses...

    ResponderEliminar
  4. Eu já não tenho pachorra para o ouvir
    Saudações Chaladas

    ResponderEliminar