Na visita ao palácio, Sócrates, em representação privada, com devoção subserviente, pensa que é Molière a enganar o rei, apresentando uma versão provavelmente incompleta da “ópera” (“Noblesse oblige” – leia-se o PS).
Contudo, a prática política de Sócrates demonstra que não encarna o tacticismo de Molère, mas sim o próprio Tartufo. Ostenta uma devoção por “fatto cosi”, mas a sua acção exprime hipocrisia e vulgaridade. É um arrivista que usa a hipocrisia como instrumento. Gosta de fazer o papel de educador de consciências, misturando a desmedida ambição com medidas de comédia de impostor. Adorna a ambição com uma falsa devoção.
Mas tal como Tartufo, Sócrates não é propriamente hipócrita. Simula devoção e hipocrisia. Não é sincero, nem mesmo enquanto hipócrita, é apenas a sua máscara.
Nesta máscara, que passa pelo entendimento com Cavaco, sustenta práticas corruptas, clientelas sem fim, políticos desonestos e a impunidade do vale-tudo que depaupera o país.
E como dantes, tudo em nome de Deus!
P.S. – A múmia, é apenas múmia !
Jorge Matos