domingo, março 12, 2006

Nous somes le pouvoir!

Protesto contra a aprovação da nova lei sobre o primeiro contrato de trabalho
Estudantes e policiais de volta às ruas de Paris


PARIS. Metade das universidades francesas, incluindo a Sorbonne, foi palco ontem de protestos contra o Contrato do Primeiro Emprego (CPE), marcando a escalada do conflito com o governo. Em Paris, cerca de 600 jovens enfrentaram a polícia e invadiram a Sorbonne — um fato que não acontecia desde os protestos estudantis de 1968 na França.
Não queremos repetir Maio de 68. O contexto é diferente. Naquela época, quando os estudantes saíam da faculdade tinham emprego — disse a estudante de sociologia Elodie.
Segundo a principal associação estudantil, a Unef, greves e bloqueios afetavam 45 das 84 universidades. Os universitários rejeitam o CPE, aprovado pelo Parlamento na véspera. Ele permite às empresas demitir jovens nos primeiros dois anos sem justificativa. (in Jornal O Globo, 11/03/2006)

Como explicar a estes jovens que quem os meteu nesta embrulhada foram muitos dos jovens do Maio de 68?
- Sim, como lhes dizer que os seus avós podem estar agora no poder a reformar as leis do trabalho (e não só), que os irão prejudicar, reunindo assim as condições para acolher e conservar todo o desespero predador do capitalismo globalista?
Que podem estes jovens fazer para mudar o mundo e não respeitar as novas leis do CPE já aprovadas?
- Não vão trabalhar. Não trabalhem e convençam os outros que bastará pararem de trabalhar por uma geração, se preciso for, mas eu acho que não seria preciso. Nessa luta pacífica bastará ficar de braços cruzados, uma forma de protesto zen que terá o poder de assegurar à sua geração e às seguintes a possibilidade de conquistar maior segurança no trabalho e de se efectivar um salário mais justo. Os jovens são por tradição o motor de arranque da revolução.
Que podem os pais destes jovens fazer pelos seus filhos e pela dignificação-valorização do trabalho)? Suportá-los, no sentido de ajudá-los na luta. Os pais dos jovens que vão sair da faculdade para o desemprego prolongado ou para trabalhar dois anos até ser substituído por outro, e assim sucessivamente, indo depois juntar-se aos desempregados, terão de qualquer forma que os suportar. Numa casa de família onde comem dois, comem três, quatro, os que for preciso, e se não houver dinheiro os bens perdem o valor. Assim as empresas anseiam por choques tecnológicos que lhes acelerem a velocidade já desenfreada dos seus lucros. Esperam ávidas por essa leva de jovens tecnologicamente bem formados, condenando-os ao desemprego e aliciando-os a sair dele pondo-os a trabalhar temporariamente, não lhes garantindo qualquer futuro, mas exigindo-lhes qualidade, criatividade e competitividade. Pois não os vão ter. Trabalhem os empregadores. O trabalho é tão caro quanto houver de capital para pagar as despesas com a produção e distribuir os lucros – que eles existem! - pelas partes implicadas nano processo produtivo. Os lucros são para ser melhor repartidos. No processo da produção/produtividade o trabalho vale tanto quanto os meios de produção. Sem trabalho não se pode gerar capital. E sem capital, acaba-se a alta finança. Para que queremos nós a alta finança se com ela estamos cada vez mais pobres e inseguros, mesmo se trabalhamos? A alta finança vive do nosso trabalho e do dinheiro que lhe devolvemos enquanto consumidores. Ela suga-nos, vira as leis a seu proveito, mina o poder. O que acontecerá quando os jornais estiverem cheios de pedidos desesperados de trabalhadores em condições precárias e ninguém lhes der resposta?

Os jovens de agora não são como os do Maio de 68. Agora estão pior: não têm trabalho ou não têm contrato.

Pede-se aos jovens universitários trabalho escravo.
Não vão nesse contrato!
We want the world and we want it now! (Jim Morrison)
(posted by Kaotica)

2 comentários:

  1. Num contexto em que as empresas francesas tiveram em média um aumento dos lucros de 37% só no ano passado, e em que as empresas t~em cada vez mais lucros, e os ordenados descem e o desemprego sobe, políticas como esta que só querem baixar os custos da mão-de-obra são sem futuro e reflectem uma curta visão: a solução, será reeguer barreiras alfandegárias selectivas, reforçar muito a educação, reduzir a carga fiscal sobre as empresas, mas obrigando-as a reenvestir localmente parte mínima dos lucros. Muito se pode fazer. E a rendição aos interesses imediatos e economicistas dos donos das multinacionais e dos senhores da globalização pode ser a saída mais fácil, mas não será certamente a única!

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  2. por cá ninguém se manifesta ...não vá a esmola ou a migalha cair no colo de outro.


    cumprimentos

    f

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