Algo de estranho se passa em Portugal. Olhamos para a política do governo de Sócrates e podemos notar que, em relação aos anteriores, tem sido o mais duro e o que mais regalias tem retirado à generalidade da população. Desde os aumentos de impostos, passando pelo aumento da idade de reformas, aumentos de preços de serviços do estado, da saúde à educação até ao aumento do desemprego tudo tem feito este governo para criar as condições de conflito social e desagrado da população. Mexeu em leis que até ai todos tinham medo de tocar (ex. arrendamento), insiste em soluções anti-populares (ex. Co-incineração) e afronta poderes estabelecidos. O número de greves e manifestações, em todas as classes profissionais aumentou exponencialmente se comparado com o que acontecia com o governo apalhaçado de Santana Lopes. No entanto, a acreditar nas sondagens Sócrates e o seu governo continuavam a ganhara as eleições se elas se realizassem hoje e a sua popularidade tem até aumentado.
Se isto só por si já é estranho mais bizarro se torna quando constatamos que a maioria dos comentadores, mesmo os reconhecidamente ligados a outras cores politicas, aplaudem a politica governativa. Uns afirmando que se podia ter feito um pouco mais aqui ou ali, outros contestando a OTA e o TGV, mas no fim todos dão nota positiva a este governo, considerando como grandes virtudes de Sócrates aquilo que normalmente é considerado um defeito, a teimosia e arrogância. Aplaudem a forma como controla o discurso governativo e elogiam a sua perseverança (até mesmo o Luis Delgado).
Ao nível partidário a contestação que tem sido feita passa, à esquerda, pelo PC e BE nos moldes em que sempre o têm feito em relação a todos os governos, reafirmando a sua discordância relativamente à política neo-liberal, e à direita pelo PSD e CDS embora estes, sem saberem muito bem o que dizer. Com problemas de liderança, criados após a eleição de Cavaco Silva, ambos os partidos acabam por fazer uma oposição errónea sem direcção definida ou facilmente compreensível. Gritam contra o desemprego quando à algum tempo defendiam que uma economia só é competitiva com 12% de desempregados, criticam as politicas que diziam querer implementar mas que nunca tiveram coragem de fazer e gritam que se está a perder a oportunidade de fazer aquilo que nunca fizeram quando estavam no poder. Para mais, sem espaço político de manobra com a colagem entre as politicas do governo e o discurso presidencial acabam a rabear sem ideias definidas nem objectivos compreensíveis.
É neste cenário que Sócrates se passeia, aplicando a sua políticazinha neo-liberal, sem oposição que o incomode e perante a indignação resignada dos portugueses, cansados da crise, ansiosos por soluções e conformados com a vida.
Se isto só por si já é estranho mais bizarro se torna quando constatamos que a maioria dos comentadores, mesmo os reconhecidamente ligados a outras cores politicas, aplaudem a politica governativa. Uns afirmando que se podia ter feito um pouco mais aqui ou ali, outros contestando a OTA e o TGV, mas no fim todos dão nota positiva a este governo, considerando como grandes virtudes de Sócrates aquilo que normalmente é considerado um defeito, a teimosia e arrogância. Aplaudem a forma como controla o discurso governativo e elogiam a sua perseverança (até mesmo o Luis Delgado).
Ao nível partidário a contestação que tem sido feita passa, à esquerda, pelo PC e BE nos moldes em que sempre o têm feito em relação a todos os governos, reafirmando a sua discordância relativamente à política neo-liberal, e à direita pelo PSD e CDS embora estes, sem saberem muito bem o que dizer. Com problemas de liderança, criados após a eleição de Cavaco Silva, ambos os partidos acabam por fazer uma oposição errónea sem direcção definida ou facilmente compreensível. Gritam contra o desemprego quando à algum tempo defendiam que uma economia só é competitiva com 12% de desempregados, criticam as politicas que diziam querer implementar mas que nunca tiveram coragem de fazer e gritam que se está a perder a oportunidade de fazer aquilo que nunca fizeram quando estavam no poder. Para mais, sem espaço político de manobra com a colagem entre as politicas do governo e o discurso presidencial acabam a rabear sem ideias definidas nem objectivos compreensíveis.
É neste cenário que Sócrates se passeia, aplicando a sua políticazinha neo-liberal, sem oposição que o incomode e perante a indignação resignada dos portugueses, cansados da crise, ansiosos por soluções e conformados com a vida.
Sócrates, nos media, parece na verdade ter,o mundo a seus pés. Os comentadores encartados, em jogral anunciam que a sua coragem e a determinação fazem bem à nação. Pouco acontece, mas promove-se uma cultura mítica do “político moderno da esquerda liberal”. Sócrates corresponde as essas espectativas e em crescente paixão por empresários, anuncia projectos e projectos que nos lançarão na trajectória da glória e nos tirarão da miséria. Num silogismo básico (comum a Cavaco) anuncia que é esse crescimento que permitirá a manutenção de um estado com preocupações sociais. O mirífico Sol de Sócrates esconde a sombra de direitos sociais que paulatinamente vão sendo suprimidos. Para Sócrates os aumentos de rendimento são imperativos, e para que se sintam depressa, há que limitar ou suprimir contrapartidas essenciais. O empresários rejubilam : é o sonho do lucro sem contrapartidas !
ResponderEliminarA trajectória de um governo com preocupações sociais é inversa: começa no alargamento da protecção social como motor do desenvolvimento do rendimento. Sem essa rede protectora caminharemos para um modelo de criação de riqueza concentrada, com agudização das assimetrias e da pobreza.
Jorge Matos
O Homem vive em estado de graça e sabe fazer propaganda sempre que necessita. Falta ver é a que resultados concretos nos levará esta politica.
ResponderEliminarÉ verdade... Compartilho contigo esse "espanto"... Mas Sócrates beneficia de vários factores concorrentes:
ResponderEliminar1. A comparação com o Caos de Santanaz
2. A fraqueza da oposição à direita, com líderes fracos e de transição no PSD e no PP
3. A erosão do discurso "moralista" do BE, bem espelhada nos recentes resultados eleitorais
4. A estagnação (ou fraca recuperação) do eleitorado PCP, ainda muito restrito a um nicho.
5. A geral benignidada da maioria dos comentadores, vendo-se a exemplo disto mesmo a introdução de Judite de Sousa no último Prós&Contras
6. A global boa gestão de um rumo e uma autoridade de mando no governo Sócrates (discordando ainda assim da orientação desse rumo).
7. Uma boa gestão da comunicação e um controlo absoluto das "fugas de informação".
É o milagre dos rosas. Ficam com o pão e só nos dão floreados.
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