Foge! Foge, Menezes!

Adaptado da obra "Run, You Coward!" de Charles Keegan

Como eu previ, há já algum tempo, Marques Mendes ao marcar um congresso logo após as Presidenciais, prepara-se para mais dois anos de mandato. Ao fazer isto quase garante a Sócrates que Cavaco não lhe vai tirar o tapete antes do fim da legislatura. Vai faltar tempo ao novo inquilino de Belém. Não é Marques Mendes quem ele desejava ver como primeiro-ministro, mas sim alguém da dupla (Manuela Ferreira Leite / António Borges). Com a nova escolha para líder do PSD a acontecer somente em 2008, mais o tempo de preparação do partido pela nova direcção, estaremos demasiado perto das legislativas para Cavaco poder arriscar a dissolução da Assembleia.

Quem se sai mal de tudo isto são aqueles que apareceram a criticar Marques Mendes e agora se vêem na posição de não poderem avançar. A derrota era certa e eles não desejam queimar a oportunidade. O caso mais representativo desta situação é Luís Felipe Menezes. Criticou o líder, fez-lhe frente com alguma dureza, apresentou um discurso claramente alternativo e apresentou-se como alguém que iria reclamar a liderança. Agora, em cima da linha de partida, desiste, foge. O que fica é um candidato a concorrer só contra si próprio (poderá surgir um qualquer testa de ferro, derrotado à partida, com a única função de mostrar que existe uma oposição interna). Como irão aqueles que nele confiavam reagir é um assunto interno do PSD, mas daqui a dois anos, com a chegada dos grandes tubarões à luta, provavelmente verá a sua margem de manobra e de apoio muito mais reduzida. Fez bluff e quando a parada subiu muito acabou por se assustar e fugir. É, mesmo sem concorrer, já o grande derrotado mesmo antes do congresso começar. Patético.