sexta-feira, maio 12, 2006

Carrilho: A importância que pode ter um livro que não tem importância nenhuma

Qual justiceiro, Manuel Maria Carrilho, saiu ontem com um livro onde procurou justificar a sua derrota para a Câmara Municipal de Lisboa, pelos ataques e conspirações de que foi vítima, quer da comunicação social quer de muitos comentadores deste país.
Esqueceu-se, no entanto de colocar ai as suas próprias culpas, nomeadamente pela triste campanha que realizou. Este esquecimento e o tom demasiado pessoal, demasiado centrado no seu umbigo e a falar de “eu, eu, eu” em muito vai prejudicar aquilo de bom que este livro pode ter; uma critica à forma como é desempenhada pela comunicação social o seu dever de informar de uma forma livre e isenta.
Já hoje, ninguém tem duvidas que muito que é dito, nos jornais, rádios e televisões, muitas vezes distorce a verdade, ou pelo menos condiciona-a, e esconde outras realidades menos cómodas para certos “senhores” deste país.
Como fazedores de opinião, todos estes órgãos de informação, pela forma como “dão a noticia, e posteriormente com a ajuda de convidados, colunistas ou comentadores acabam por condicionar fortemente aquilo que passa para a opinião pública. Num país em que a iliteracia atinge números elevadíssimos, (80% dos portugueses num estudo realizado no ano 2000) é lógico que este ruído faz “opinião”.
Há no entanto um outro lado pouco debatido da nossa comunicação social. O lado do silencio. Se muitos dos escândalos que acontecem neste nosso jardim são conhecidos através de investigações levadas a cabo pela Comunicação social (já repararam que são cada vez menos), também é verdade que muitas das vezes isso tem a ver com guerras de lobbys económicos e de grupos de influencia. Não raramente vemos “escândalos” desaparecerem repentinamente dos nossos televisores e dos jornais sem nada que o pareça justificar. Há casos que se mantêm como notícia durante anos outros esfumam-se no ar como se nada tivesse acontecido. Sendo a quase totalidade da nossa comunicação social pertença de meia dúzia de grandes grupos económicos com ligações à banca e ao poder, facilmente se compreende que dinheiro, contratos publicitários, influencias e grupos de pressão silenciem os incómodos que algumas noticias lhe possam causar.
Quanto à liberdade dos próprios jornalistas, gente que quer manter um emprego, subir nas redacções e na carreira acabam por acatar as “recomendações” que lhes são feitas. Afinal também eles são humanos.
Felizmente, com o surgimento dos Blogs abriu-se uma porta aproveitada por alguns para dizer aquilo que realmente pensam. Eles, e todos nós que gratuitamente perdemos horas do nosso dia na blogosfera, seremos, talvez, o ultimo bastião da verdadeira liberdade, sem constrangimentos ou receios. Talvez por isso cada vez mais se vejam “pensadores” da nossa praça a criticar a forma e o conteúdo dessa liberdade.
O livro do Carrilho pouco me interessa, mas se por causa dele for possível debater-se e saber-se um pouco mais deste mundo da desinformação já terá valido a pena a sua publicação.
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Contribuição para o Echelon: THAAD, package

16 comentários:

  1. uns dos primeiros pressupostotos para o jornalismo de informação é a imparcialidade...mas não há como se imparcial...cada um carrega dentro de si as formações que teve com a vida e é isso que faz dele um mau ou um bom jornalista...tudo o resto que aprendemos na universidade é somente instrumento...para desenvolver a idéia...
    O que eu percebo hoje é que nem ética nem a busca da imparcialidade é notada nos midia...a RTP é completamente sem sal nem açúcar...e fala somente o que quer o governo...é a rede estatal...mas seu papel social não é a de portavoz do governo...è uma REDE PUBLICA...
    Aquilo ontem a noite foi vergonhoso...tanto para a jornalista...que não queira nada estar ali...e para ele que com aquela cara de parvo que só a ele pertençe...armou-se em vítima de uma cabala!!!!!!!!!!!!!!!
    Bem não sei o que foi que me deu mais enjoo...acho que aquilo foi um premio que o Socrates inventou para o Carrilho suportar a falta de apoio que o partido ofereceu durante a campanha...tenho é pena...aquilo durou 1 hora e eu fiquei com sono e não consegui ver A HERANÇA...rsrsrs

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  2. é a velha tese da "hipótese conspirativa". não falhamos por erros nossos (e como os houve!), mas por causa dos Outros, desses malandros que nos lixam e nos procuram arruinar...

    falta muita humildade a carrilho e este "livro de vingança" é mais uma prova desse "cadáver político" que é hoje carrilho.

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  3. Fácil é sacudir a água do capote! Afinal há muito quem, mas poucos são os que seriamente querem encontrar a verdadeira fonte dos problemas...
    Acho estas tuas imagens, a ilustrar os bons textos, o máximo, por isso gosto de vir aqui.
    Abraços

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  4. Que saudades das tuas montagens e dos teus textos.
    Vamos ter de discordar meu caro Kaos.Bem, concordar e discordar. Este senhor é um palhaço. Durante a sua carreira politica fez questão de ser um " OUTSIDER" e tentar brilhar deste modo. A dado momento, cheirou-lhe bem concorrer à câmara de Lisboa e foi buscar o Edson, para mudar uma imagem que levou 25 anos a construir. O de Bad Boy Filosofo, para pai de familia amoroso.
    Dito isto, não foi a imprensa que o derrubou, mas sim a estratégia que adoptou. Essa sim, foi errada desde o dia 1.
    O não apertar a mão do adversário é culpa da imprensa? Por favor? É culpa do senhor que é um arrogante. Teria sido melhor para os portugueses se as imagens tivessem sido ocultadas? Os actos ficam para quem os praticam.
    Podes dizer muita coisa, mas, no caso deste senhor, não foi a imprensa que o derrubou, ele caiu do cavalo onde se encontrava e de onde pensava entrar a galopar pela câmara a dentro.
    Para finalizar, fiquei espantada pelo Edson, não ter percebido que a campanha teria de ter sido agressiva e nunca SOFT, porque quanto mais honesta, ou próxima do candidato, melhores serão os resultos.
    Fica bem

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  5. Claudia:
    Felizmente não via a entrevista a que te referes. A "choraminguisse" do homem pouco me interessa, mas gostava de ver discutida a imparciabilidade e a isenção dos orgãos de informação. Era uma boa altura, mas dificilmente eles se irão colocar em causa a si próprios.
    Bjs

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  6. Rui:
    O Carrilho não passa de um filosofo do seu próprio umbigo. è uma personagem menor na vida politica e cultural do nosso país. Não sabe ser humilde, o que é um grande defeito, mas no meio daquela palha toda existem factos sobre a comunicação social que é pena que fiquem sem discussão publica

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  7. tb:
    Quem não assume os seus erros dificilmente os poderá corrigir. É o caso do Carrilho, um cadaver da politica portuguesa.
    Obrigado pelo apoio. Aparece sempre que desejares que serás sempre bem vindo.
    Um abraço

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  8. Allien:
    Sê bem vinda à blogosfera. Já sentiamos a tua falta por aqui. Quanto ao post, não deves ter lido bem o que escrevi. O carrilho é um nada na politica portuguesa e eu nem quero perder muito yempo a falar dele. Perdeu porque fez uma má campanha e porque as pessoas não gostam dele. O que eu gostava de aproveitar para ver discutido é o estado da comunicação social neste país e o que é feito com o poder que ele representa. Neste ponto também estamos muito mal.
    bjs

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  9. Esse Carrilho quer é protagonismo ..e protagonismo faz-se a escrever leviandades estúpidas do tipo "quem me bateu"...mas as editoras e os orgão de C.social é que tem a culpa de divulgar estas não-notícias!!

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  10. cavaleiro:
    A comunicação social divulga tudo quanto possa fazer audiencia. Afinal eles acabam sempre por ter a ultima palavra

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  11. só para introduzir outra questão...a C.S. manipula e é manipulada... é curioso que já vi jornalistas que nem cheiram o jogo em que estão metidos...lol.
    ainda hoje vi uma reportagem, provavelmente bem intencionada (não tinha razão para não ser), em que a pessoa entrevistada virou um determinado jogo a seu favor, com uma mentira nojenta, mas lá está, a jornalista por um lado nao sabia, mas por outro, se tivesse tido o cuidado de falar com mais duas ou três pessoas tinha percebido tudo;era tão fácil, era suposto terem algo a dizer, estavam à mão e não se calariam. mas ninguém lhes perguntou....até doeu!!!! mas não o fez, infelizmente (tinha a ver com a saúde, e esse xadrez eu conheço).

    ou seja, independentemente da pressão mais ou menos explicita, há tambem alguma falta de profissionalismo naquilo que se faz...não sei quais são os factores, não conheço o meio, mas que é feio de ver é...

    um beijo:))

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  12. Cristina
    ~Muitos sã jovens acabados de sair das universidades e que são mandados fazer reportagens sobre assuntos de que nada sabem. Com o tempo ou aprendem e são submissos à vontade do patrão ou acabam no desemprego. Há actualmente jornalistas a mais e a luta por lugares é grande. è a lei do mercado e daquilo que chamam opções editoriais
    bjs

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  13. Eu só queria saber é se o gajo gastou aquela massa toda na retrete do Ministério da Cultura!

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  14. Very pretty design! Keep up the good work. Thanks.
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