Depois de um fim-de-semana, em que dediquei todos os posts à moda Lisboa, haveria muito assunto de que falar. Desde o anuncio do “fim da crise” do Manuel Pinho, passando pela parva teimosia do PSD em apoiar o “Bicho da Madeira”, ou à banda que agora acompanha todas as saídas publicas do Sócrates interpretando o tema “mentiroso aldrabão”, até ao atómico Kim Jong e à mentirosa Condoleezza Rice, a escolha era grande. Perante isto, resolvi falar de algo muito mais “pindérico”; a ocupação simbólica do Teatro Rivoli no Porto.
Após a sessão de uma peça de teatro, os actores e o público presente, resolveram ocupar o teatro durante toda a noite, como protesto pela intenção da Câmara Municipal de entregar a sua gestão a privados. O propósito que estes actores e o publico presente, associando-se a um abaixo-assinado que já decorre nas ruas do Porto, é o de pedir garantias de que «o teatro não seja gerido e programado em função da maior ou menor rentabilidade», de que «os núcleos de produção da cidade do Porto, em todos os domínios da criação, tenham acesso e lugar no seu teatro municipal» e de que «a direcção do teatro pugnará pela formação contínua do público». Isto, depois de Rui Rio ter defendido «uma ideia de um teatro regido por critérios de rentabilidade».
Nesta sociedade em que vivemos, mais governados por números e economistas, estamos a esquecer a importância, não só da cultura, mas sobretudo das pessoas. Esta ideia de que só o que dá lucro, só o que é rentável é que é bom, mata a imaginação, a alegria, um pouco de nós mesmos. Se, na nossa vida privada utilizássemos esse mesmo critério, ninguém iríamos ao teatro, ao cinema, ao futebol, as livrarias só venderiam livros técnicos, e a nossa vida seria muito mais cinzenta. O estado não se pode fechar em conceitos estanques de rentabilidade em todas as áreas da sua gestão. Há que compreender que há vida para além dos números, em que as populações não são máquinas e que têm outras necessidades muito para lá de se manterem vivos. De que outra forma poderão ser então justificados os parque construídos, as festas, e os fogos de artificio pagos pelas autarquias. Simplesmente porque são “rentáveis” em número de votos?
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Contribuição para o Echelon: NATOA, sneakers, UXO
Após a sessão de uma peça de teatro, os actores e o público presente, resolveram ocupar o teatro durante toda a noite, como protesto pela intenção da Câmara Municipal de entregar a sua gestão a privados. O propósito que estes actores e o publico presente, associando-se a um abaixo-assinado que já decorre nas ruas do Porto, é o de pedir garantias de que «o teatro não seja gerido e programado em função da maior ou menor rentabilidade», de que «os núcleos de produção da cidade do Porto, em todos os domínios da criação, tenham acesso e lugar no seu teatro municipal» e de que «a direcção do teatro pugnará pela formação contínua do público». Isto, depois de Rui Rio ter defendido «uma ideia de um teatro regido por critérios de rentabilidade».
Nesta sociedade em que vivemos, mais governados por números e economistas, estamos a esquecer a importância, não só da cultura, mas sobretudo das pessoas. Esta ideia de que só o que dá lucro, só o que é rentável é que é bom, mata a imaginação, a alegria, um pouco de nós mesmos. Se, na nossa vida privada utilizássemos esse mesmo critério, ninguém iríamos ao teatro, ao cinema, ao futebol, as livrarias só venderiam livros técnicos, e a nossa vida seria muito mais cinzenta. O estado não se pode fechar em conceitos estanques de rentabilidade em todas as áreas da sua gestão. Há que compreender que há vida para além dos números, em que as populações não são máquinas e que têm outras necessidades muito para lá de se manterem vivos. De que outra forma poderão ser então justificados os parque construídos, as festas, e os fogos de artificio pagos pelas autarquias. Simplesmente porque são “rentáveis” em número de votos?
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Lembro-lhe que quem dirige um Teatro por interesses económicos tem uma prioridade acima de tudo: ver o seu estabelecimento cheio. Como em Portugal as pessoas não são obrigadas a ir ao teatro, teremos de concluir que na opinião do capitalista sem escrúpulos que estiver à frente do Rivoli, seria vantajoso que as peças aí levadas à cena tivessem aceitação geral. Posso garantir-lhe que existem muitas peças escritas por esse mundo fora que vão ao encontro deste objectivo, mas elas não encaixam no seu conceito de “cultura” pois caso contrário não haveria motivo para alarme e para este seu texto. Posto isto, imaginemos por momentos que o seu desejo se realiza Dr. Kaos. Imaginemos por exemplo que o Teatro Rivoli não era dirigido por interesses económicos, mas por interesses meramente culturais. Chegados aqui, haveria de definir o que era “cultural” e o que era “vulgar”, mas para simplificar pensemos então que o Dr. Kaos estaria à frente do teatro Rivoli. Facilmente concluímos que a sua escolha, livre de qualquer colete-de-forças económico, poderia recair sobre peças que apesar de não serem êxitos de bilheteira, seriam inevitavelmente boiões de cultura imensos. Mas neste caso, Dr. Kaos que diria à restante chusma ululante que ficaria à porta do seu teatro reclamando por peças do agrado da maioria? Virava costas e esperava pacientemente que os “incultos”, sonegados do seu espectáculo “popularucho” se cansassem e começassem a frequentar o seu “antro de cultura”? Ou diria como o falecido João César Monteiro quando confrontado com o facto dos subsídios do estado serem desbaratados em filmes como o “Branca de Neve”:
ResponderEliminar- Eu quero que o público português se foda!
Cansado de fazer perguntas, vou confessar-lhe uma coisa:
- Eu quero que o teatro Rivoli se foda, este fim de semana fechou o CBGB’s!
luikki:
ResponderEliminarA rentabilidade só não é u, problema quando a sua não existencia pode ser paga com votos.
abraço
Caro Isidoro:
ResponderEliminarAté já estava com saudades tuas e a pensar se agora só iria receber por aqui o Outer Space Shit. Não que tenha nada contra ele, mas tu és mais “cortante”.
Quanto ao assunto de que falamos é muito simples. È evidente que é bom que todos os espectáculos estejam cheios e sejam estonteantes êxitos de bilheteira. Isso não impede que existam outras formas de expressão que também devam ser representadas. Nada tenho que se realizem “Homens-Aranha” e “Superhomens”, mas um Godard também deve poder ser exibido. Parece-me a mim. Porque aquilo que eu quero e eu sei, e eu faria parece que quem sabe és tu. Talvez fosse bom que nestas nossas conversas evitássemos catalogar e atribuir vontades e actos ao outro. Ficaria tudo mais claro e não nos obrigava a fazer longos textos só para desmentir metade daquilo que nos é apontado.
Já agora, não quero que o publico português se foda, afinal eu faço parte dele e não estou com muita vontade de me deixar foder.
Fica bem
Porca:
ResponderEliminarDizes tu e dizes bem.
Num país onde a cultura é apenas para alguns e se paga tanto para usufruir desse direito...é antural que grasse a incultura.
ResponderEliminarjinhos
tb:
ResponderEliminarE o pior é que haja quem defenda que essa cultura cara seja a única que deve existir. Para os outros ficam os arraiais de propaganda politica.
bjs
Palmas! A populaça que se rebole no espectáculo lodacento dos festivais “pimba” que grassam pelo país desde que a elite dos que escrevem neste “blog” tenha direito ao que ELES consideram ser cultura. Eu quero os meus Godard, os meus Oliveiras porque é para isso que eu pago! Muito bem!
ResponderEliminarComo último comentário que faço neste “blog” gostaria só de esclarecer o seguinte:
não sou bajulador do Sr. Rio, nem apreciador de Godard, Manoel de Oliveira ou Stallone. Para mim a verdadeira “cultura” foi-me revelada numa frase que não continha mais de 14 palavras, mas obviamente que não a vou escrever porque assim deixaria de ser um segredo. A arte não se explica em livros, nem em tertúlias de imbecis nas esplanadas de Bragança. A arte não é obviamente para todos. Só para quem merece!
só para esclarecer a confusão entre arte e cultura.
ResponderEliminarA arte é uma expressão da cultura e não o contrário.
Beijos e abraços
Isidoro:
ResponderEliminarNão deves estar aler bem O que eu digo é que todos devem ter direito aos Godars ou aos Manueis de Oliveira. Claro que quem tem dinheiro os pode sempre ter, mas o que tem de haver é uma politica cultural que o permita a todos o que a desejarem ver. Não compreendo é que se gaste dinheiro a oferecer festarolas pimbas para ganhar votos e se descure totalmente dar às pessoas outras alternativas. Porque se dá concertos de borla com os pimbas e não se faz o mesmo com um concerto da maria João Pires ou carlos Bica?
Fica bem
Porca:
ResponderEliminarA arte tem de ser exposta para que todos a possamos admirar. Se a forma como a sentimos dá-lhe ou não um sentido, mas certamente nos torna mais ricos.
tb:
ResponderEliminarA cultura de que aqui se tem tratado tem a ver com a arte. Claro que acultura não é só isto, mas isto é aquilo de que se trata agora
bjs