quarta-feira, novembro 15, 2006

JOGO DE XADREZ

Vieira da Silva
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Eu, sabendo que te amo
E como as coisas do amor são difíceis
Preparo em silêncio a mesa
do jogo, estendo as peças
sobre o tabuleiro, disponho os lugares
necessários para que tudo
comece: as cadeiras
uma em frente da outra, embora saiba
que as mãos não se podem tocar,
e que para além das dificuldades,
hesitações, recuos
ou avanços possíveis, só os olhos
transportam, talvez, uma hipótese
de entendimento. É então que chegas,
e como se um vento do norte
entrasse por uma janela aberta,
o jogo inteiro voa pelos ares,
o frio enche-te os olhos de lágrimas,
e empurras-me para dentro, onde
o fogo consome o que resta
do nosso quebra-cabeças.
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Nuno Júdice

2 comentários:

  1. Belíssimo momento. Um texto primorosamente escolhido para ilustrar a pintura de um vulto saído do nosso seio.
    Como à beleza nada se acrescenta,deixo parabéns pela escolha!
    jinhos

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  2. Esteva:
    Felizmente não tenho tido esse problema, só um ou outro esporádico que eu apago imediatamente. A solução passa por colocar aquela coisa aborrecida de ter de copiar uma letras estranhas e/ou na aprovação dos comentários. É aborrecido, mas se tiver de ser..
    bjs

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