Embora nunca tenha escondido a minha opção de votar Sim no referendo sobre a despenalização voluntária da gravidez, por considerar que é um assunto demasiado sério e que mexe com as convicções individuais de cada um, ainda não tinha aqui falado dele. Esperava ver uma discussão séria e um debate correcto sobre o assunto. Infelizmente, parece que isso não vai acontecer e que esta campanha vai, uma vez mais, ser de baixo nível.
Recentemente, fui “agredido” por um cartaz que perguntava se eu desejava pagar os abortos com o dinheiro dos meus impostos. Fiquei logo mal disposto com aquela triste visão, mas à noite as imagens e afirmações daquela coisa, que de vez em quando rasteja de debaixo de alguma pedra até à luz dos holofotes televisivos, chamada António Borges e da Tia Maria José Nogueira Pinto quase me fizeram vomitar. Substituíram o seu humanismo por uma questão económica, o que para além de desprezível mostra uma mesquinhez tal que nem existem adjectivos que a definam. Seguindo esse raciocínio, poderemos também argumentar porque haveriam, os nossos impostos, de pagar as consultas pré-parto, o parto, o abono de família, as creches, os infantários, o pré-primário … etc. Claro que eu defendo que devem pagar, assim como devem pagar a interrupção voluntária de gravidez, sempre que isso se mostre necessário. Eu defendo que os meus impostos paguem um bom Serviço Nacional de Saúde. Aí sim, e não onde anda a ser distribuído em privilégios, benesses e compadrios.
Eu vou votar Sim e só tenho pena que este “Sim” já não seja despenalizado há muito tempo neste país. Quem sabe, talvez a pessoa tão amarga e insensível que se lembrou de colocar tal questão nunca tivesse existido, para nosso bem e de todas as crianças que nascerem neste país.
Contribuição para o Echelon: Kwajalein, LHI
O que eu acho mesmo escandaloso é que uma mulher que tenha a infelicidade de ter que fazer um aborto - não me parece que alguma o faça com o mesmo ânimo de uma tia Lili a ir fazer a plástica - que as mulheres sejam ainda sujeitas a ver este assunto discutido na praça pública, pelos mais abjectos seres com capacidade de influência e de decisão. Mesmo que o referendo se realize, que o sim ganhe e que o ministro da saúde não consiga propagandear aos que emprenham pelos ouvidos que só no privado é que se poderá manter o anonimato (Ridículo!), mesmo se assim vier a acontecer, hesistirão sempre uns pulhas a definir as regras, quer seja no público quer no privado, e não a mulher, o homem e o seu médico de confiança, únicos verdadeiros actores deste episódio.
ResponderEliminarAbraço!
Ai existirão, existirão!!!
ResponderEliminarsem querer questionar a argumentação, nem sequer qualificar as posições de uns e de outros, o que me diz ao facto dos medicamentos de doenças crónicas terem deixado de ser gratuitos?
ResponderEliminaracaso sabem quanto é que custa por mês(só falando da farmácia)uma criança que seja epiléptica e e hiperactiva?
infelizmente não são doenças só de ricos. por isso é que muitas hiperactividades são tratadas à estalada, com as consequências que todos conhecemos
Kaótica:
ResponderEliminarO Sim fará sempre uma diferença e será sempre um avanço. Depois cabe a todos fazer com que o sistema funcione e combater os obstáculos que vão colocar. (Os lucros que isto vai dar aos privados vai a judar e facilitar).
bjs
Kaos, li atentamente o teu texto e subscrevo cada palavra. Bem, só não subscrevo o teu nome ;)
ResponderEliminarQuanto a termos um debate sério sobre este assunto ou outro qualquer neste país é utópico. Sobre o Aborto, como o disseste, sendo uma questão delicada deveria ser tratada de outra forma. Mas não. É tratada como se fosse mais uma votação para ver quem se senta na cadeira do poder.
Concordo contigo quando dizes que não te importas de pagar para teres um Serviço nacional de saude decente. Eu também não.
Quanto ao António Borges e da Tia Maria José Nogueira Pinto...é que nem comento, são lixo.
Vou votar sim, poque nenhuma mulher faz um aborto porque gosta. Se o faz é porque precisa e, mais vale fazê-lo em segurança com condições do que irem a uma qualquer parteira correr risco de vida. Isto aquelas que não têm dinheiro para ir a Espanha.
Para finalizar, irrita-me a hipocrisia de ver certas TIAS a fazerem campanha pelo NÂO, quando elas já deram pulinhos a Espanha.
Enfim, Portugal tem de avançar.
Um beijo, excelente post
Kaos, eles falam assim porque são uns loucos fundamentalistas.
ResponderEliminarBjs
anonimo:
ResponderEliminarDigo que está mal. O SNS deve servir toda a polpulação e possibilitar a todos os tratamentos necessários. É para isso que eu pago sempre os meus impostos e é ai que eu quero ver o meu dinheiro gasto. Não sou daqueles que lutam por não pagar impostos, mas sim que esse dinheiro seja utilizado onde realmente sirva as populações. Custa é ver esse dinheiro a ser entregue nas mãos de uma meia duzia quase sem eles terem de fazer nada por isso.
abraço
Alien:
ResponderEliminarObrigado. Esta é uma questão que já há muito deveria estar resolvida, não só por justiça, mas sobretudo por carregar em si uma hipocrisia quase revoltante de quem defende o Não. Fazem os seus abortos silenciosos quando necessitam em boas clinicas estranjeiras e depois vêm-se fazer de muito humanistas e pudicos em publico.
bjs
carminda:
ResponderEliminarEles falam assim porque são hipocritas. para eles é faz o que eu digo não o que eu faço (a não ser que tenhas dinheiro para ir a Londres ou agora também a Espanha)
bjs
Fico irritado com a hipocrisia e demagogia sempre presentes nesta qustão da IVG. Os argumentos dos "defensores da moral e bons costumes" e da igreja são completamente demagógicos.Já ouvi coisas indescritiveis serem ditas pelos defensores do não.
ResponderEliminarESta é uma questão que não pode ser politizada nem "religiosada", cada qual deve votar segundo a sua consciencia, tendo em mente que votar sim não quer dizer que se seja a favor do aborto.
Eu por exemplo, sou contra o aborto, mas vou votar sim, porque sou completamete a favor do direito de escolha da mulher. Prefiro que uma gravidez indesejada ou imposssivel por motivos económicos, seja terminada logo de início, do que ter no mundo uma criança que vai ser infeliz, ou que vai passar fome e necessidade.
O problema dos defensores do não é que transformam esta questão em ser ou não a favor do aborto, mas a verdadeira questão não é essa e eles sabem-no bem, mas tentam escondê-lo. Ninguém é obrigado a abortar, mas se for preciso, já não precisa de ir ao estrangeiro(se tiver dinheiro, como fazem as tias que dão a cara pelo não) ou então de se submeter a qualquer carniceiro num vão de escada...
Um Abraço.
Voto SIM, óbviamente!!!
ResponderEliminarContra a hipocrasia e o cinismo!!!
Ah, e não sou de esquerda!!!
Não querem aborto, pois não? Eu também não! Que apostem na prevenção!!! Andam as sotainas e o beatério numa roda viva, enquanto as filhas e aa sobrinhas vão abortar para clínicas espanholas! Hipócritas!
ResponderEliminarQue mulher quer fazer um aborto de cara alegre?
Não querem assumir as responsabilidades para as quais são pagos, que é legislar convenientemente um assunto tão delicado, não é? A Zeza está preocupada com o dinheiro dos nosso impostos? Pois antes de abrir aquela bocarra torta devia era saber quanto custa um referendo ao herário público!!!
Nojo!
BeijInhas
SIM!
Subscrevo e espero que desta feita prevaleça a lucidez do Sim!
ResponderEliminarbjs
A mim parece-me que KAOS prescindiu de um argumento de peso. Que seria o de invocar que nalguns estados americanos (como em muitos outros países, como por exemplo o Iraque) os impostos dos contribuintes também pagam a cadeira elétrica e ao carrasco dos enforcamentos. Porque não hão-de os nossos pagar os abortos de quem os quer fazer sem outro motivo que não seja o "vêr-se livre daquilo"?
ResponderEliminarCom os anos que carrego,conheci muita mulher que abortou.
ResponderEliminarAté hoje,não conheci nenhuma que fosse a favor do aborto.
É verdade que não conheço "tias",mas não tenho vontade de conhecer.
Voto SIM,mas não gosto de debater o assunto.
Outsider:
ResponderEliminarÉ exactamente a hipocrisia de quem vota não em publico e faz o sim em clinicas privadas em Londroes ou em Espanha. Metam-se na sua vida e deixem a dos outros em paz.
abraço
Zé manel:
ResponderEliminarAs opções politicas nada t~em a ver com isto. Isso foi uma ideia que criaram para fazer uma clivagem a nivel dos votos. isto é simplesmente uma questão de consciencia e de valores.
abraço
inha:
ResponderEliminarO dinheiro é só uma forma suja de fazer campanha. Eles estão-se bem nas tintas para os dinheiros publicos. São gente sem caracter e que só se preocupa em defender as suas classes e o seus liberalismos. Gente reles.
bjs
Esteva:
ResponderEliminarRealmente cista-me muito pensar que o resultado pode ser diferente do Sim. Se as pessoas não forem votar há esse perigo dai a importancia de falar do assunto.
bjs
tb:
ResponderEliminarSe as pessoas não ficarem comodamente em casa à espera dos resultados.
bjs
a mim me parece:
ResponderEliminarO argumento é bom, mas não me parece que "vêr-se livre daquilo" seja uma decisão fácil de tomar. è sempre um conflito e um trauma.
abraço
aminhapele:
ResponderEliminartambém eu já conheci muita milher que o fez, e a questão não está no sim ou no não, mas na opção que tiveram de tomar. Ela sim não é fácil, para qu~e ainda lhe colocar mais dificuldades e problemas legais.
abraço
Só lamento que não se incomodem a perguntar-me se concordo que os meus impostos devem sustentar, ainda que parcialmente, qualquer tipo de religião ou grandes clubes de futebol.É que apesar de me fartar de trabalhar a minha vida inteira, doi-me saber que tenho de comparticipar para que certos indívíduos (parasitas/mafiosos) tenham um tipo de vida que eu e a maioria dos que vivem do seu trabalho, nem em sonhos virão a ter.
ResponderEliminarComo diria um velho conhecido, a propósito da mégalomena construção de estádios em Portugal: "destroem e constroem catedrais com o meu dinheiro. Porra!
mas eu até sou ateu!!!...
anonimo:
ResponderEliminarTambém eu o sou, graças a Deus :). Mas, é nestas novas catedrais que com Deuses ou qualquer outro tipo de droga adormecem a consciencia e nos distraiem.
abraço