sábado, junho 16, 2007

O Leite, os Caracois e a Europa

Li no jornal que “O leite vai ficar mais caro por escassez da oferta”.
Por razões profissionais, vivi durante alguns anos nos Açores. Sendo uma terra com bons pastos, a pecuária é uma das principais actividades, produzindo boa carne e bom leite. A União Europeia, como faz para quase tudo, impôs quotas leiteiras, tendo eu assistido a muitos debates, em que os produtores se queixavam serem essas quotas insuficientes para a produção local, colocando mesmo em causa a viabilidade de muitas explorações. Muitos agricultores foram mesmo multados por ultrapassarem as quotas a que tinham direito. Estranha-se portanto que agora se venha falar em escassez de oferta. Mais uma vez a politica da EU vai acabar por fazer aumentar preços e prejudicar o consumidor. Mais uma vez a EU vem demonstrar as incongruências do sistema liberal e da livre concorrência que defende, ao aplicar quotas para manter o preço dos produtos. Sempre nos tentaram vender a ideia de que é a livre concorrência que baixa os preços, mas criam mecanismos que impedem essa mesma baixa e que em muitos casos, como acontece agora, até obrigam à sua subida.
Grande UE esta que conseguiu, uma vez mais, fazer com que um país que produzia mais do que aquilo que consumia se tornasse em deficitário e como tal importador de leite aos grandes da Europa.

Já agora que estou a falar da EU, ontem, mais uma vez lhe roguei pragas. Ao fim da tarde encontrei um amigo, e entre duas cervejas bem fresquinhas apeteceu-nos comer uns caracóis que estavam com um cheirinho óptimo. Não podíamos. Como a casa é pequena e não possui duas casas de banho, não se podem comer caracóis no estabelecimento. Só podem vender para levar para casa e não para consumir no local. Lá foram mais umas cervejinhas para acalmar a raiva destas leis ridículas e que andam a matar a nossa identidade. Estou mesmo farto desta União Europeia.
.
Contribuição para o Echelon: NATOA, sneakers, UXO

14 comentários:

  1. E vão dois. Primeiro amarra-se e degola-se. Depois deixa-se à mingua para enriquecer quem abastece , porque se matou quem abastecia com o que era nosso.

    Tugaland again.


    Bj

    ResponderEliminar
  2. Muito antes de Portugal fazer parte da UE já a França enterrava toneladas de manteiga, para manter os preços.
    O pessoal dos Açores deveria era escoar leite para o mar, sempre alimentava a sardinha.
    Políticas económicas da treta! Atrasados mentais!

    ResponderEliminar
  3. O queijo da serra, feito em condições higiénicas degradadas e fungos, o pão alentejano não embalado, acabado de cozer com lenha imunda de azinheiras, a carne de porco alentejana, macerada durante dois dias, completamente corrupta, o vinho e o azeite a granel adulterados pela natureza, os sargos e os safios pescados de terra sem antes se ter de ir ao multibanco, os pratinhos de dobrada com feijão branco e vacas loucas, o medronho que produz cegueira quando o whiskey dá saúde, a morcela, a farinheira e o farinheiro e a alheira...
    ... qualquer dia não há nada para comer ou beber!
    O ensopado de borrego com pão duro de há meses, as azeitonas em potes de barro...

    ResponderEliminar
  4. Lisboa Dakar:
    A vontade, é self-service
    abraço

    ResponderEliminar
  5. Cris:
    Ainda vamos ter de importar vinho e azeite e até cortiça por não produzirmos suficiente.Acredita
    bjs

    ResponderEliminar
  6. O medronho provoca cegueira? Fogo. Tava a preparar-me para ir apanhar este ano alguns. Ainda bem que li isto. Vou comprar visque.

    A ginjinha na faz mal, pois não? E os tremoços?


    Bj

    ResponderEliminar
  7. anonimo:
    Eles que enterrem a manteiga deles, mas deixem-nos produzir a nossa.
    abraço

    ResponderEliminar
  8. anonimo:
    Estão a matar aquilo que nos fazia ser diferentes, sermos mais felizes. Tudo em nome de parvoices. Deixem cada um viver como deseja.
    abraço

    ResponderEliminar
  9. Cris:
    Tudo isso mata, mas seja como for todos vamos acabar por morrer um dia.
    bjs

    ResponderEliminar
  10. Essa história da escassez da oferta é muito estranha: há uns anos , poucos, na Cooperativa da Tocha explicaram-me que estavam com imensos problemas porque tinham excedido /( e muito) a cota de leite permitida da UE.

    ResponderEliminar
  11. anonimo:
    Exactamente a mesma conversa que eu ouvia nos Açores.
    abraço

    ResponderEliminar
  12. Kaos dixit: Ainda vamos ter de importar vinho e azeite e até cortiça por não produzirmos suficiente.

    Drumas diz: o azeite já é importado. Há cetos azeites, ditos lusos, que já tem mistura de aceite. Por outro lado os espanhóis estão a comprar terrenos e a plantar oliveiras - alinhadas em filas de exército (produção industrial) para fazer azeite à moda deles.

    O vinho: o Rothchild já cá tem os seus pés de vinha. Os intermarchés já tem Bordeaux baratos feitos a despachar (tipo tintoli para emigrantes que não podem gastar mais de um franco, franco e meio com Baco)

    O Outro dia vi entrar quatro enormes tupperwares de plástico cheios de azeitonas - em vez de talhas de barro . no sítio onde compro azeitonas.

    Tive um choque porque sou alérgico a plástico. Sempre tinha visto as azeitonas em talha- O que lhes dá um gostinho extra.

    A União Europeia atacou-nos logo no estômago, no petisco. E não se podem pôr flores reais nos restaurantes. Namorar diante de flores de plástico. Vá você sr. Sarkozi e sra. Merkel!

    Frente Anti Mc'Donald e Anti-UE alargada precisa-se.

    O euro é uma moeda feia e as notas são do mais piroso que há.

    Quase não se consegue encontrar bolbos de alho nossos. São espanhóis, gordos, muitas vezes estragados, já espigados e sem aquele sabor a mediterrãneo e a coisa latina intrigante.

    felizmente aqui a senhora Tomásia faz queijinhos frescos de cabra à revelia. Há anos que os como sem problema.

    As paranóias de higiene, de pasteurização da UE não fazem sentido por cá. Sabemos, ou sabíamos o que era bom e fazia bem.

    Estragar o prazer dos petiscos de uma nação é tão grave como favorecer a pedofilia.

    Miguel

    ResponderEliminar
  13. Miguel:
    Eu há muito que procuro comprar português e ir às tascas mais tascosas. Já não há é muitas por aí.
    abraço

    ResponderEliminar

Powered By Blogger