Um juiz espanhol ordenou a confiscação de todas as cópias da última edição da revista satírica El Jueves em cuja capa e do molde original do desenho onde aparece uma caricatura «irreverente» dos Príncipes das Astúrias num acto sexual. O auto do juiz, que considera a capa da revista insultuosa para os sucessores da coroa, refere que a caricatura é «claramente denigridora e objectivamente infame». O cartoon mostra Felipe de Bourbon e Leticia Ortiz nus e envolvidos num acto sexual e tem como título «2.500 euros por filho», numa referência aos incentivos à natalidade anunciados recentemente pelo governo espanhol. «Já imaginaste se ficasses grávida», diz Felipe na vinheta, acrescentando que «isso seria o mais próximo de trabalhar que fiz em toda a minha vida». O vice-presidente da Federação espanhola de Humoristas Gráficos espanhola, José María Varona, considerou que a revista «exagerou» na caricatura que fez dos Príncipes das Astúrias, defendendo que a liberdade de imprensa «deve ter limites».
Contrariamente ao que normalmente acontece neste blog, a imagem apresentada mostra a capa original da revista mandada confiscar, sem qualquer tipo de montagem fotográfica. Em nome da liberdade de expressão aqui deixamos a imagem para que todos a possam ver e transformando este acto de censura numa forma de defesa da liberdade. Segundo a casa Real Espanhola, nenhuma queixa foi apresentada, pelo que a decisão foi um acto executado por uma opinião pessoal de um juiz. Mais grave ainda é a posição de alguém que devia representar a liberdade de criação, como Presidente da Federação de Humoristas, ao afirmar que a liberdade de imprensa deve ter limites. Gostava muito que me dissesse quais são e de saber o que disse esta gente quando aconteceu o problema das caricaturas de Maomé. Ando mesmo farto de hipócritas e vendidos.
Talvez fosse bom que se prestasse alguma atenção a estes acontecimentos a que temos assistido um pouco por todo o lado. Estes actos de prepotência mostram um padrão que se alastra pela Europa e que parecem comprovar a teoria de que existe uma ideia mais generalizada de reduzir as liberdades e os direitos aos cidadãos. Talvez as DREN’s, as identificações de grevistas e manifestantes, os processos disciplinares e judiciais não sejam só actos de prepotência de um governo autista, mas algo bem mais grave. Andar com os olhos abertos e os ouvidos atentos, procurar sempre o sentido por detrás da aparência daquilo que nos mostram, duvidar de tudo o que nos impingem nas televisões e lutar, lutar sempre e em cada momento contra o medo, nunca deixando que ele nos impeça de dizer ou fazer aquilo que pensamos ser justo.
Contribuição para o Echelon: Kwajalein, LHI
Brilhante, Kaos!
ResponderEliminarÉ mesmo isso. É, infelizmente, necessária toda a atenção. Em tempos normais, passariam despercebidas certas medidas. Mas a memória de tudo o que já foi feito nestes tempos de estranha "liberdade", deve colocar-nos em permanente estado de alerta.
http://cafepuroarabica.blogspot.com/2007/07/sinais-dos-tempos-o-estado-permanente.html
Um abraço, e parabéns!
Pessoalmente, eu não publicaria este cartoon. Mas seria isso justificação para proibir que outrém o publicasse? É superior a minha moral quando comparada com a de terceiros?
ResponderEliminarEnquanto ouvia o PM apresentar-nos esse rasgo de política cuidadosamente planeado, fugiu-me a imaginação para a brincadeira, acabando por a publicar no Fliscorno (link). Se houver um juiz que não goste, dar-lhe-á direito de me processar?
Muito bem! Estou, como quase sempre, completemente de acordo. Boas férias!
ResponderEliminarkaos
ResponderEliminarpessoalmente, considero o cartoon um pouco «fulanizado», ou seja, muito terra-a-terra... não sei se me faço entender, mas como defendia o grande António Sérgio, há que atacar ideias e não ridicularizar as pessoas e parece-me que aqui isso acontece. Já não sinto o mesmo em relação aos teus bonecos: os mesmos acabam por colocar o dedo na ferida deste nosso cantinho que espero não venha a ser engolido por um mar em fúria e cada vez mais mal plantado por políticas comunitárias que lesam sempre os mais pequenos. No entanto, não passa de uma simples opinião - não subscrevo «falsos moralismos», mas o cartoon parece-me um pouco excessivo.
abraço
por cá também não se pode brincar com a corja...nem com a vossa senhora de fátima....
ResponderEliminarO juiz fez afinal um grande favor à revista, sem querer: publicidade grátis! Há em todo o lado os chamados "mais papistas que o Papa" ...e agora me dou conta que esta expressão não é muito adequada ... ehhehheehh o triste é que aprece que há vícios antigos que se pegam... se ninguém tivesse dito nada, já ninguém falava da revista, pois depois de amanhã sairia, em princípio outra edição... assim vai prolongar-se no tempo... a questão...
ResponderEliminarBoa semana.
A menina de joelhos parece-me o povo deste decrépito país; o rapazinho lembra-me a nobre classe política deste sombrio paraíso europeu.
ResponderEliminarxsharissa
é bom saber que não é só em 'tugal que ainda há censura... :p
ResponderEliminarÉ lutar, é lutar obviamente para não nos transformarem a cabeça em farelo. E pelo direito de dizer o que pensamos. Curiosamente a revista circulou dois dias sem problemas e só apenas quando foi referida e mostrada na televisão é que surgiram os arroubos censórios. Quem não aparece nos ecrãs nao existe, poder-se-ia pensar. Bravo pelo blog. Força!
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