Coisas Sujas

Sem nunca se referir expressamente ao eventual desejo da Polónia de voltar a discutir algumas questões de conteúdo, Durão Barroso advertiu que «seria um sinal de grande desconfiança se agora se tentasse renegociar o mandato» acordado entre os 27. Durão Barroso citou José Sócrates para reforçar que «o que está em causa é transformar o mandato em Tratado, não é fazer um novo mandato». Graças ao trabalho da presidência alemã, foi possível na cimeira do mês passado chegar a um consenso do qual resultou um mandato com um grau de detalhe «sem precedentes». Sustentando que «nunca se começou uma Cimeira Inter Governamental com um mandato tão preciso», sublinhou que «a questão central já não é sobre a substância política, visto que essa foi no essencial resolvida no Conselho, mas sim quanto ao nível de fidelidade ao conteúdo do mandato».

Quero agradecer ao nosso “Cherne” o favor de nos ter confirmado aquilo que nós há muito dizíamos. O Tratado está feito e só falta mesmo é passa-lo a limpo já que a “substancia politica” tem um grau de detalhe “Sem precedentes”. “O que está em causa é transformar o mandato em Tratado”.
Assim sendo nada justifica este adiamento na discussão sobre a realização do referendo, já que o que queremos ver perguntado aos portugueses tem a ver com o conteúdo e não com a forma.
Este tratado, que nada mais é que o antigo projecto de Constituição chumbado pelos referendos em França e na Holanda, é completamente anti-democrático. Coloca todo o poder em mão de gente não eleita e que sobretudo não é de confiança. Sobrepõe-se às Constituições dos Estados Membros, faz do liberalismo a regra fundamental, impedindo os povos de escolher outros caminhos e retira ao Parlamento o poder sobre a Comissão Europeia, órgão não eleito pelos cidadãos.
Chega de mentiras e truques para tentarem colocar em prática aquilo que já há muito foi decidido pelos senhores do mundo. Esta é uma oportunidade de os povos mostrarem que não aceitam ser paus mandados. Vamos exigir um referendo ao tratado e votar que “Não” aceitamos ser governados pelo poder do dinheiro e pela mentira. Basta ver as declarações feitas hoje pelo Engenheiro no Parlamento Europeu para sabermos que tudo vai fazer para o tentar evitar.

Sócrates aproveitou para criticar as «tentativas de desvalorizar» a ratificação do novo tratado europeu por via parlamentar que o primeiro-ministro português entende que «não honram a democracia representativa». «Gostaria de lembrar que em nenhum sítio do mundo, nas democracias liberais, se considera a ratificação parlamentar como uma ratificação ilegítima ou não estando à altura dos melhores valores das democracias modernas».

Não foi a realização de um referendo uma promessa eleitoral do Sócrates?
É preciso dizer mais alguma coisa?

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