sábado, agosto 04, 2007

A Farsa da educação

Como pai de duas crianças não posso deixar de estar preocupado com o caminho que segue a nossa politica de educação. Não me parece que fechar as crianças na escola durante todo o dia, para assim possibilitarem aos patrões explorar melhor os seus paizinhos, seja o melhor para um crescimento saudável. Claro que podemos encontrar aqui uma intenção de transferir a formação de mentalidades da família para o Estado, facilitando a criação de uma maior competitividade entre as crianças, uma maior estupidificação e uma docilidade frente a um previsível Estado mais totalitário e opressivo. Vamos ver se esta tendência para retirar as crianças do seio familiar vai continuar e se não chegaremos ao ponto de ver as crianças a ser entregues ao Estado logo após o nascimento. Não estamos muito longe do admirável mundo novo que Aldous Huxley tão bem descreveu.

Contributo para o Echelon: 15kg, DUVDEVAN

12 comentários:

  1. Anónimo4/8/07 20:20

    Já se começa a notar esse desmembramento familiar... Pais que não conhecem os filhos e vice-versa... E a tal uniformização humana. Resta-nos lutar contra isso, lutar pelas gerações futuras, educando os nossos filhos de forma efectiva, gerando consciências criticas, gerando laços afectivos, gerando seres livres e pensantes!

    Ainda sobre o ensino, uma questão que gostaria de deixar no ar: O governo parece estar a cortar nas contratações de pessoal auxiliar ( tão necessário ) para o ensino, levando assim em frente a sua politica de contenção... Mas, qual é o meu espanto, todos os dias abrem concursos públicos para contratações de engenheiros, arquitectos, professores do ensino universitário! È esta a contenção? E as bases?!
    Agora até querem as escolas vigiadas por câmaras e alarmes... Quem irá ganhar com isso? E será que isso elimina o elemento humano? Não!! O que virá a seguir? Robots?!

    Abraço!

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  2. Alarmes, câmaras, cartões que tudo registam do Aluno. Cada vez mais tempo na Escola. A ter disciplinas como Estudo Acompanhado, Área de Projecto, Formação Cívica, cujas horas foram retiradas às outras disciplinas. Isto enquanto as crianças aprendem o que é o narrador heterodiegético ou a aférese antes de chegarem ao fim da escolaridade obrigatória. No geral, os programas são péssimos, com destaque para o Português, em que é fundamental saber-se descrever um (porque há muitos) funcionamento da língua (e.g. gramática descritiva) em detrimento do seu uso, o Inglês, em que se tem de saber os nomes dos tempos dos verbos (História verídica: "Já sei pôr as frases todas no Present Continuous!" "E o que é que elas querem dizer ?" "Não vai querer que saiba isso também!!!", a Matemática em que por exemplo no 5º ano é preciso saber descrever e nomear as propriedades das operações e saber, por exemplo, qual é o elemento neutro da adição ou da multiplicação, em detrimento de saber realizá-las bem. Isto não há maneira de entrar naquelas iluminadas cabeças que nos desgovernam. Como não se percebe porque é que há escolas com 120 minutos de uma disciplina por semana e outras com mais (as escolas é que decidem, desde que o picareta falante do Santos Silva foi ministro e a Ana Benavente secretária de estado), quando no nono ano os Alunos têm exames nacionais a L.P. e a Matemática, tendo uns tido mais aulas que outros durante os anos da escolaridade obrigatória. Não será isto até inconstitucional ? Podíamos estar aqui a dar inúmeros exemplos, mas não vale a pena. Percebe-se que esta gente não tem a mínima ideia de onde quer ir e como lá chegar. Mas lá que estrebucham muito, estrebucham. Infelizmente, não é o estertor final ...

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  3. Anónimo4/8/07 21:18

    Sugiro-vos a leitura de um pequeno livro da autoria do pedagogo norte americano John Taylor Gatto, cujo provocador título,"Emburecendo-os cada vez mais", de certa forma, diz tudo acerca dos objectivos dos modernos sistemas de educação e o mal que está a promover no seio da instituição família.
    Polémico q.b., mas suficientemente sério para merecer a atenção de todos os que se preocupam com os seus.

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  4. Anónimo4/8/07 22:19

    muito bem observado!
    esse prolongamento de horários vem na mesma linha daquilo que propôs o palhaço que está à frente do ministério do trabalho para horários alargados nas creches e infantários ( a grande mioria deles privados) para que assim os pais possam continuar a ser explorados pela canalha patronal....
    o falso engenheiro que gosta de citar a finlãndia como exemplo a seguir, desconhece, ou finge desconhecer, as cargas horárias desse país...seja para pais ou para alunos...

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  5. Anónimo4/8/07 22:27

    Pois...no dia em que os pais tomarem consciência que a D. Lurdes destruiu o sistema de ensino em Portugal e que agora, os seus filhos jamais conseguirão recuperar o tempo perdido...talvez Portugal possa começar a preparar o futuro das novas gerações! Hoje em dia, pais, com a conivência do ME, despejam os seus filhos nas escolas como se de coisas se tratassem. Lá crescem...lá aprendem a desenvencilhar-se...lá aprendem cada vez mais o mínimo possível! Não interessa, segundo o ME, que aprendam a ler...a escrever...a contar! O importante é que tenham competências para...ou que demonstrem, ainda que tenuamente, que, um dia, as possam vir a ter! O sucesso está garantido já que a malta é toda para passar! Todos têm sempre competência para qualquer coisa e é importante valorizar sempre esse pequeno nada no universo do muito que ele podia, de facto, aprender! Quando estão em risco de reprovar...passam para os cursos profissionais e outras oportunidades! O importante é passar e fazer de conta que o sucesso é, realmente, um sucesso! Os exames vão, claro, descendo o grau de exigência para que o sucesso final possa acompanhar o sucesso ao longo do ano! Os alunos saem dos exames " na boa", como eles próprios confessaram nas televisões! Passam o dia fechados nas salas de aula e os paizinhos satisfeitos porque, agora, os professores não faltam! Cada um lá sabe o que deseja para os seus próprios filhos...No meu tempo, tínhamos aulas só de manhã...ou só de tarde. Tínhamos tempo para o ballet...o conservatório...os escuteiros...para brincar. Agora, o ME trata as crianças deste país como animais em cativeiro: fechados...apertados em turmas a abarrotar...com vigilância apertada, dando-lhes migalhas como alimento intelectual e espera que cresçam. E eles crescem! Não crescem saudáveis…nem capazes de ir muito longe, mas crescem! Se o objectivo dos pais é apenas vê-los crescer, está tudo certo! As Escolas estão desmotivadas...vestidas de negro...cansadas com tanta injustiça, tanta incompetência…e cumprem como podem o que o ME lhes exige para não terem direito a processos Charrua! O ME assim o exige...os professores protestam, mas como os pais acham que está bem...que fazer? Como lutar contra esta gente sem lei? A D. Lurdes não tem lei! Ela manda e os outros têm que obedecer! É a lei dela! Como lutar contra estes atropelos constantes ao bom-senso? As escolas estão exaustas! Os professores estão em vésperas de novo ano lectivo e ainda não tiveram paz! Os professores estão no limite das suas forças! Oxalá, consigam evitar olhar cada criança como se de filhos da D. Lurdes se tratasse…

    Carolina L. C.

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  6. Anónimo5/8/07 00:58

    Muito bons os vossos comentários, gostei especialmente do da Carolina por abordar o lado dos pais, a falta que os pais fazem para que a luta aconteça. Os pais estão anestesiados, têm os seus problemas para resolver e os filhos são um deles. Nas ferias lá haverá algum tempo para a família... nos dias de trabalho o puto que esteja na escola. Porque não aprende nada? Ah isso são os malandros dos profs, ainda bem que a Lurdes os faz trabalhar sem descanso. Os pais hão-de acordar quando virem os inúteis que geraram; outros rejubilarão ao verem os seus rebentos a assumir o comando dos outros robôs. O que todos querem é que o sistema continue a mantê-los por isso mantêm o sistema. Podre, podre sistema do capital que destroi as suas próprias estruturas, a tua força de trabalho desvalorizada pelos seus lucros brutais. A educação de agora só procura gerar mão de obra barata ou então tornar uns mais incapazes do que outros para depois chegarem aos lugares do poder. Triste traste de educação e de ministra e de governo e de união europeia do Durão Barroso. Mas que democracia é esta onde mandam mais os perdedores?

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  7. a seguir ao negócio das câmaras - atenção não são de segurança são de VIGILÂNCIA - virão as pulseiras electrónicas!
    O conceito de escola está ultrapassado, a ideia é a do internato!

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  8. Anónimo5/8/07 01:44

    Gostei de ver esta questão aqui abordada, pois receio que nem todos os pais se apercebam em consciência de tal fenómeno. Os professores que o são por vocação e os pais conscientes já o começam a sentir na pele. Tranquilizou-me a primeira leitura de férias, da autoria de um famoso professor de Ética na Universidade de Madrid (trouxe-me segurança, sentindo que não estou só e em delírio) dando a uma parte da obra o título «O eclipse da família» e salientando o seguinte:«Os docentes dão-se conta do fenómeno e uma das suas queixas mais recorrentes é a de que as crianças chegam à escola com um núcleo de base de socialização insuficiente para poderem enfrentar com sucesso a tarefa da aprendizagem».
    Sucede que quando «escolas» são consideradas «empresas» falta a sensibilidade para estas questões.
    No 7º ano de escolaridade, os alunos têm 16 disciplinas, passando tantas horas em aulas que não socializam e muitos pais nem sempre se dão conta, pois trabalham sem horário e longe da habitação.

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  9. Devido à ENORME importância e pertinência do tema, decidi fazer AQUI um destaque, valorizando todas as sábias e conscientes opiniões de pais e professores, que constam nos comments.

    Fica aqui o meu contributo, em forma de eco, das opiniões que também subscrevo.

    As características próprias da infância e de cada faixa etária, estão a ser progressivamente desrespeitadas e ignoradas.

    Cada vez mais as crianças estão a ser tratadas como se fossem adultos em ponto pequeno!

    Entre outros, realço o caso gritante de algumas crianças de 5 anos, que apesar de ainda não evidenciarem a maturidade necessária, são matriculadas no 1º ano de escolaridade, sendo fortemente violentadas, nos mais variados aspectos, com a conivência dos pais aliados ao sistema.

    kaos, resumindo, confesso que "roubei" tudo...

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  10. Anónimo5/8/07 10:53

    A escola é a estação terminal dos males sociais. Dentro da escola caem diariamente todos os problemas de uma sociedade.

    É interessante constatar que, quase sem quererem, os comentaristas deste post acabaram por enunciar a maioria das causas do insucesso escolar.

    De uma maneira geral, as nossas crianças vêm stressadas para a escola, vítimas e portadoras do stress e demais problemas familiares... aliás, infelizmente, muito desse stress já teve o seu início na barriga das mães...

    Quanto às crianças de 5 anos, confirmo a opinião anterior. Muitos dos alunos que ao longo do seu percurso escolar evidenciam insucesso ou dificuldades de aprendizagem, têm por base este erro inicial. Aprender sem dificuldades requer a correspondente maturidade cerebral e aos cinco anos muitas crianças ainda não conseguiram adquiri-la. Depois, TUDO lhes é exigido...

    Uma criança assim violentada, continuamente "empurrada", poderá no mínimo, sentir-se feliz??!!!...

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  11. Excelentes comentários. Este país está a tornar-se um lugar de analfabetos com certificação e equivalência. Sobre o concurso de professor titular e as certeiras críticas do provedor, gostei muito de ouvir as respostas do ME e o comentário do Cavaco. Nenhumas. É curioso como não faltou a este último, mesmo em férias, a possibilidade e o tempo de comentar o caso da Dra. Dalila.
    Mas ainda sobre o tempo que as crianças passam na escola, há a acrescentar a história das aulas de substituição. As crianças têm de estar muitas horas na escola e muito ocupadas e vigiadas, sem tempo para brincar ou estar com os colegas. É mais um passo no sentido do embrutecimento necessário à sua exploração pelos patrões quando forem adultas. Assim serão também mais dóceis quando lhes cortarem as férias e aumentarem os horários de trabalho e a longevidade como trabalhadores. Há anos, por todo o mundo civilizado, o caminho era o inverso: mais tempo para o descanso e outras actividades dos adultos. Uma opção política. Hoje, claramente, as opções são as inversas. Por todo o lado: o que que dizer que há uma concertação entre aqueles que mandam, chamem-se Bilderberg, Trilateral ou outra coisa qualquer.

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  12. Anónimo5/8/07 20:45

    Manter os alunos tanto tempo presos na escola, pode também ser visto como uma cedência dos governos ao egoísmo de alguns, felizmente só de alguns, pais.
    Com a generalizar a Escola a Tempo Inteiro ( E T I), o Estado está a criar aquilo que o já citado John Taylor Gatto designou, com tanta propriedade, como uma "família sintética para as crianças", no pressuposto, quanto a mim, errado, de que é melhor do que a família original.
    É um racíocinio perverso e perigoso visto que desresponsabiliza, ainda mais, os pais; a Escola a Tempo Inteiro, neste caso, funciona não como um apoio ao futuro das crianças mas sim como um subsídio ao comodismo e ao egoísmo dos pais, alguns deles, ávidos de um certo estilo de vida social, mais ou menos mundana, claramente incompatível com o acompamhamento dos filhos.
    Duarte.

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