quarta-feira, agosto 08, 2007

A memória das coisas

Não me perguntem porquê, mas quando vi esta imagem imediatamente vi nela a cara do nosso digníssimo Presidente do Banco de Portugal, Vítor Constâncio. Depois lembrei-me de outro homem, um Engenheiro Agrónomo e que fez aquilo que gostava de fazer, ensinar matemática a outros futuros engenheiros. Era, talvez a pessoa que mais sabia de estatística em Portugal e nunca fez o Doutoramento porque todo o seu tempo foi gasto a fazer o Doutoramento de outros. Lembro-me bem de ser miúdo, o sol já brilhar e descer a escada para me despedir dele antes de ir para a escola e lá estava ele rodeado por resmas de papéis rabiscados naquela sua letra pequeníssima que ele tinha escrito durante toda a noite. Muitas vezes, ao seu um sonolento e cansado Engenheiro a tratar de tentar ser Dr. Este foi o homem que me fez perceber os ciclos da história, a grandiosidade do Universo, a beleza dos números, que parava o carro para ir apanhar uma pedra para me mostrar a sua composição e que estudava Alemão para poder compreender o Nitctzsche. Porque me lembrei de juntar estes dois homens não sei, mas um amei como meu pai e admirei pelo seu amor ao conhecimento e pela sua paixão pela sua partilha, o outro nada me diz e causa-me até repulsa. De um ninguém sabe quem foi nem se lembra, o outro será noticia de abertura de telejornal no dia em que morrer. Porra para tudo isto.

Contribuição para o Echelon: NATOA, sneakers, UXO

3 comentários:

  1. Anónimo9/8/07 01:48

    Considero Nietzche um gajo fodido, um sacana de primeira ordem, que disse que se a nossa casa ardesse ainda lá íamos tomar o pequeno almoço na manhã seguinte. E também não posso com nazis!
    Lamento discordar do Kaos quanto ao texto que acompanha este boneco, a distância entre o filósofo e o palhaço aqui representado são anos luz, porventura nunca se encontrarão, e se fosse possível este encontro, que teriam a dizer um ao outro?
    Absolutamente nada, funcionam em mundos diferentes que nem sequer são paralelos nem opostos.
    Não há nada de comum entre Nietzche e Constâncio.
    E, já agora que pensei enquanto escrevia este texto da treta, é deveras importante manter as pessoas acordadas, nem que seja comparando Nietzche com Constâncio.
    Parabéns ao Kaos.

    uGH

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  2. O tempo dos historiadores “pragmáticos” que nos impingem o que querem para nos tentarem moldar os costumes já era. Os novos historiadores “científicos”, preocupam-se com a verdade, pelo que as razões para o Constâncio aparecer num qualquer futuro livro de História não vão ser de certeza as mais abonatórias.

    A homenagem que aqui faz ao seu pai é linda. Pena que não lhe tenha escrito o nome para que no futuro, qualquer busca na NET do seu nome trouxesse o seu texto agarrado.

    Pela descrição fiquei com a imagem linda do seu pai como o Tolo taoista. Aquele que eu também gostaria de conseguir ser, acumulando experiências mas sem se esconder dentro da muralha dos conhecimentos. Cultivando-se não por vaidade mas para se poder distribuir.

    Um será abertura de telejornal no dia em que morrer e acabou, o outro, como o Kaos acabou de demonstrar, está vivo e bem vivo com quem interessa.

    Um grande abraço.

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  3. Anónimo9/8/07 13:12

    Há pouco fiz um comentário exaltado a este post, Nietzche e Constâncio no mesmo texto foi muita areia junta, e confesso que não dei atenção ao resto do conteúdo.
    Digo agora que o Kaos tem a sorte de ter um Pai como descreve. E eu também tenho um Pai semelhante.
    É que antigamente existiam valores e tempo para viver e apreciar os mais pequenos pormenores da existência. E parece que tudo isto foi substituído por uma voracidade irracional, sem objectivos, sem arte e sem humanidade.
    Felizmente ainda existem pessoas normais.

    Saudações e bem haja

    uGH

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