quarta-feira, agosto 01, 2007

Professores Titulares

Recebi este texto via Email da amiga Luisa M. Porque gostei e porque trata de um assunto importante, a educação das nossas crianças, aqui o publico.

Como é possível que a Comunicação Social não dê relevo aos atropelos à lei…à dignidade profissional e pessoal…da classe docente deste país? Porque não dá relevo às inúmeras atrocidades que se estão a passar no actual concurso a Titulares e que vão provocar o descalabro total e absoluto da educação? Por que não ouvem os Professores e não lhes dão o benefício da dúvida? Por que não se dão, pelo menos, ao trabalho de investigar…de procurar perceber, de norte a sul deste país, quem é que passou a Titular e como conseguiu os pontos? Por que acha a Comunicação Social que a Senhora Ministra da Educação está no caminho certo? Não entendo…não consigo perceber como deixam este país caminhar assim para o fundo. A grande maioria dos agora Professores Titulares são aqueles que nunca gostaram de dar aulas e, por isso mesmo, não as deram…tiveram cargos que agora lhes valem dezenas de pontos para subirem ao topo da carreira! Professores…aqueles que tiveram turmas e turmas de alunos, muitas vezes indisciplinados…resmas de níveis…esses, coitados, têm zero porque S/ Exa., a Senhora Ministra, não considera que a prática pedagógica seja importante numa carreira de professor! Os cargos, sim…esses são importantes e contribuem para o progresso deste país! E os cargos dos últimos sete anos porque em relação aos outros anos não têm importância nenhuma! Qualquer jornalista sabe que quando apresenta o seu CV também só refere os últimos 7 anos…os outros 20 não servem como referência para ninguém, não é verdade? Qualquer deputado…político deste país faz a mesma coisa, não é? O que terá feito a Senhora Ministra ao longo dos últimos 7 anos para ser agora a Ministra da Educação de Portugal? A grande maioria dos agora Professores Titulares são aqueles que, até agora, eram os últimos das listas de graduação profissional e que estavam com horário zero. Graças a isso, tiveram cargos…bibliotecas…assessorias aos conselhos executivos…projectos que, muitas vezes, não tiveram qualquer efeito prático nos alunos…tudo para lhes arranjar horário na escola! Agora, de repente, graças à perversão dos governantes deste país, passam de últimos a primeiros! Ultrapassam toda a gente e ei-los Professores Titulares! Envergonhados, claro, mas Titulares! Não foram eles que criaram o concurso nem as regras escabrosas que o regulam. Não têm culpa! A grande maioria dos agora Professores Titulares são aqueles que sempre foram considerados por todos como incompetentes para estarem à frente das turmas e de alunos em formação. Para evitar isso, as escolas atribuíram-lhes cargos e pouparam, assim, os alunos e as novas gerações. O que faz esta Ministra? Premeia-os…dá-lhes pontos e pontos e promove-os a Titulares! E são estes que, agora, vão passar a avaliar aqueles que ao longo de uma vida de trabalho foram orientadores de estágio…publicaram manuais…fizeram novos programas…acções de formação…e ajudaram, sobretudo, a passar valores e princípios a gerações de jovens. É o país dos equiparados…dos certificados de competência sem a prova da mesma! È o país do faz de conta! Das novas oportunidades criadas por um esperto para outros espertos como ele! Viva Portugal!

L.M.

Contribuição para o Echelon: NATOA, sneakers, UXO

12 comentários:

  1. Também há o caso daqueles que foram membros dos Conselhos Executivos e Directivos por necessidade das escolas, por exemplo, e a certa altura deram a vez aos mais novos, dedicando-se às aulas. Mas como isso foi há mais de sete anos, de nada lhes serve agora. É curioso que o Secretário de Estado da Educação tenha dito no Parlamento que se apenas contam os últimos sete anos é porque só a partir dessa altura os registos biográficos se tornaram fidedignos. Mas há quem acredite nisto ? Quando ainda por cima a primeira proposta do ministério foi de que contassem apenas os seis primeiros anos ?

    ResponderEliminar
  2. Anónimo1/8/07 20:45

    Como alguns já comentaram, terão sido estes motivos - candidaturas a professor titular e concurso de professores a decorrer durante as férias dos mesmos , o que terá levado a sra. ministra a acorrer tão solícita ao parlamento para referir o caso Charrua. Poderá ser para que não lhe estoure tudo em cima ao mesmo tempo. Vamos ver como será o próximo concurso de docentes... penso que para além da indignação justa de muitos que tanto têm dado à escola durante toda a sua carreira, já todos entendemos que este crivo à tão publicitada categoria de titular (merecida mais para uns que para outros, deixando tantos de fora) se trata essencialmente de mais uma medida economicista como a das turmas a abarrotar: quanto a esta última, já ouvi uma inspectora referir sem qualquer preocupação pedagógica que «turmas a 20 alunos não, pois assim ter-se-á de pagar a maior número de docentes». Seria bom que os encarregados de educação tivessem consciência do facto- não interessa que a escola seja um depósito, mas sim um local onde haja condições para a disciplina e a aprendizagem, o que só se torna viável quando criadas condições.

    ResponderEliminar
  3. Anónimo1/8/07 21:30

    Sou professora há 21 anos. Concorri a professora titular. Tenho 144 pontos. Tenho a pontuação máxima na assiduidade. Não fui provida, dado que no meu departamento só havia 1 vaga, que foi preenchida pelo Presidente do Conselho Executivo. Tenho a segunda pontuação mais elevada da minha escola e não fui provida. Alguns cargos nem sequer foram contabilizados. Outros, como a direcção de turma, foram completamente desvalorizados. Outros, como o de presidente da Assembleia estão perfeitamente inflacionados em termos de pontuação. Não se percebe que critérios foram usados na abertura de vagas.
    Na minha escola passou-se o seguinte: um docente esteve no ano lectivo de 2006/2007 destacado no Conselho Executivo. O docente é QZP e está afecto noutra escola. Como refere o ponto 3 do artigo 6º do DL nº 200/2007, os docentes de QZP concorriam na escola onde estão afectos. Então, o colega foi aconselhado, pela Direcção Regional, a concorrer na escola onde exerce funções, tendo por base o ponto B2 do Manual de Instruções Interactivo, disponível no site da DGRHE, que refere que, em regra, os docentes concorrem onde exercem funções. Essa regra é válida para os docentes de QE. Parece-me que o artigo 6º é claro. Temos assim um Manual de Instruções a contrariar a própria legislação. Isto é legal? Claro que não pode ser. Bastava consultar-se a Lista definitiva de admissão, onde, à frente do nome do docente, era mencionada a alínea d), que correspondia ao seguinte texto: " docente que concorre na escola onde está afecto". O que não é verdade.
    Dei uma vista de olhos a algumas escolas da área da minha direcção regional. Muitos dos candidatos providos têm pontuações inferiores à minha. Ficaram vagas por preencher (três, mais concretamente), no departamento a que pertenço, em todas as escolas do meu concelho. E também em concelhos limítrofes. Na minha escola foram providos três docentes, que equivalem a 12% dos docentes do quadro. Como só existia uma docente do 340 e dois dos docentes providos fazem parte do Conselho Executivo, restam apenas dois titulares. Atendendo à proporção que existe entre o número de alunos e turmas das diversas escolas, criar-se-ão situações de enorme desigualdade. Por curiosidade, consultei a página de uma escola da zona de Lisboa. No departamento a que também pertenço foram providos dezanove docentes do 340 e abertas 6 vagas que, neste momento, devido à igualdade na pontuação, já representam oito providos
    (o que também não estava previsto na legislação), dos índices 245 e 299. Ou seja, ao todo vinte e sete titulares no departamento de matemática e das ciências experimentais. Existem muitas outras situações que nem sequer vou referir. Quem está nas escolas conhece-as demasiado bem.

    ResponderEliminar
  4. Peço desculpa pela minha ignorância, mas alguem me sabe explicar o que significa "docente QZP" e "docente QE" ?

    ResponderEliminar
  5. Anónimo1/8/07 21:58

    Docente QE significa, Quadro de Escola. Efectivo numa determinada escola.


    Docente QZP significa, Quadro Zona Pedagógica. Egectivo numa determinada Zona do país.

    ResponderEliminar
  6. Anónimo1/8/07 23:35

    Tendo lido o comentário de Maria Ferreira continuo a salientar o factor economicista- apesar da pontuação da professora exceder a exigida, é mais conveniente por razões orçamentais atribuir a categoria de titular a quem já aufere o vencimento máximo (equivalente ao índice 340). Não se iludam, pois isto é poupança como se tem verificado em tantos outros cargos da função pública! Já agora, para quem afirma que há muitos funcionários públicos pensem com sinceridade se no país há médicos e professores em número suficiente(são estes o grosso da função pública).

    ResponderEliminar
  7. Anónimo2/8/07 02:11

    O concurso foi injusto. Mais a criação da categoria de professor titular é disparatada.
    Professor titular só se distingue porque passa a assumir as coordenações e faz a avaliação dos restantes professores.
    O concurso foi injusto porque a pontuação não tem lógica. Um meembro de conselho executivo nos últimos 7 anos recebeu muitos pontos e passou à frente de quem desempenhou igual cargo mas há 8, 9 ou 10 anos. Qualquer um deles não foi avaliado no desempenho do cargo que, no entanto, significou pontos para um e não para outro. Nada nos leva a fazer crer que sejam bons coordenadores de áreas disciplinares, muitos até estão fora dos novos programas, e que a sua prática pedagógica faça deles bons avaliadores.
    Os cargos que davam pontos foram desempenhados sem olhar a competência mas por rotatividade. Esse critério existia na minha escola e os não voluntários foram contemplados com pontos porque todos os outros já tinham sido coordenadores. Muitos destes não voluntários são os eternos não voluntários para coisa nenhuma e que agora, mais uma vez, foram empurrados para professor titular.
    Finalmente os mestres. Na escolas em que existe nocturno, constata-se que a proporção de mestres é maior no regime nocturno que no diurno. Graças à bonificação de 1,5 puderam fazer mestrados e são recompensados em pontos que usam para ultrapassar colegas com mais provas dadas na leccionação de turmas dificeis e com mais de 25 alunos.
    O cargo não faz sentido porque institui a coordenação com vínculo efectivo a muito poucos. Esses poderão ser excelentes hoje mas ter contratempos amanhã e nem coordenação nem avaliação serão asseguradas minimamente.
    As regras do concurso promoveram muitos daqueles que nunca seriam promovidos pelos seus pares, nem pelo trabalho presente nem pelo passado. É possivel decretar politicamente o que julgámos impossivel por isso foram promovidos a excelentes muitos daqueles que os conselhos executivos canalizam para tarefas de retaguarda para não dar má imagem da escola. Claro que fomos todos culpados, mas eu repetia as mesmas acções porque o erro está no cargo de professor titular e não nos procedimentos que continuo a considerar justos na vida da escola.
    Se todos os incompetentes (de qualquer profissão) fossem expulsos do seu posto de trabalho o desemprego atingia 60% ou mais. Até seria engraçado ver no desemprego quase todos os que agora atiram pedras porque a vida já me ensinou que são os incompetentes que são os mais intolerantes. Será a tolerância uma competência?

    ResponderEliminar
  8. De facto, as regras estabelecidas no concurso para titulares eram profundamente injustas, mas se a categoria não faz sentido (e para mim, não faz) porque houve tão poucos (dos que reuniam condições) a não concorrer. A melhor forma de mostrar indignação face ao novo ECD era deixar as vagas de titular para as moscas, mas há muita gente que se derrete quando sente o cheiro do poder, por mais nauseabundo que ele seja.

    ResponderEliminar
  9. Anónimo2/8/07 08:24

    Não se trata de quem foi provido do cargo de titular. O problema não reside no facto de o ter ou não merecido pelo que fez nos 7, 10 ou 20 anos que foram tidos em consideração e se estes anos deviam ou não contar, o problema reside no facto, agora inevitável, da carreira estar fracturada em duas. Desunir para reinar foi o que esta Sinistra conseguiu.E alguns de nós ainda mesquinhamente preocupados com o número de anos que deviam contar ou este ou aquele critério que deveria ter sido diferente.

    ResponderEliminar
  10. Anónimo2/8/07 15:53

    Assim, sim! Por entre nomeações mais que justas, foi vê-los a passar, carroceiros e analfabetos funcionais, tudo promovido a titular! Mérito é para os senhores do ministério uma palavra vã!
    Compreendo muito bem a Luísa, pois também a minha indignação é grande!
    Pergunto-me se vale a pena investir no nosso desenvolvimento profissional, respeitar os alunos e assumir a profissão a peito. Melhor seria ocupar cargos de merda e esquivar-me a dar aulas!
    Inveja? Não meus caros, é somente uma questão de justiça.
    Medíocres a promover medíocres!

    ResponderEliminar
  11. Não vou responder a estes comentários porque não sou professor e porque voces sabem disto bem mais do que eu. Mas obrigado a todos pela colaboração
    bjs e abraços

    ResponderEliminar
  12. Anónimo3/8/07 21:35

    Só posso concordar, totalmente, com o Apache! Foi aquilo que eu fiz! Mesmo quando me diziam que poderia ser penalizado, eu prefiro mil vezes a relação pedagógica com os alunos que toodos os outros cargos que existem.
    E, há ainda outra coisa...quantos professores são agora tirulares sem nunca terem frequentado uma universidade ou escola superior de educação????? Falo dos antigos profs de Trabalhos Manuais, alguns ex-professores primários e educadores de infância que tiveram equivalência a um Bacharelato e depois frequentaram durante um ano um qualquer complemento de habilitação e hoje são licenciados!E sendo licenciados concorreram a titulares...


    Muita importância se dá aos títulos neste País!

    ResponderEliminar

Powered By Blogger