domingo, agosto 05, 2007

Um amanhã para os nossos filhos

Este blog tem a sorte de contar entre quem aqui vem gente fantástica e que com os seus comentários o valorizam e fazem com que até eu seja leitor deste espaço. Aconteceu mais uma vez com o post " A farsa da educação" que aqui publiquei sobre a forma como decorre o ensino das nossas crianças. Agradeço a todos o seu contributo e fico satisfeito de ver que há por aí mais gente, muita dele professores, que também está preocupada com o assunto e tem uma visão clara sobre o caminho que trilhamos. É urgente denunciar o estado das coisas e tentar mudá-lo. Infelizmente com a competitividade a que somos sujeitos nos nossos locais de trabalho, cada vez mais há menos tempo para estar com os nossos filhos. Sei que não sou um exemplo, mas em minha casa, aceitando viver com menos dinheiro, só um de nós trabalha para que o outro possa estar e acompanhar os nossos filhos. Pareceu-nos ser esta uma opção preferível, à de ver o dinheiro do salário de um de nós, gasto a pagar a outros para que "tomem conta deles", como tantas vezes tenho ouvido a outros pais. Assim, mais que lhes despejar conhecimentos e matérias só com a finalidade de passarem de ano e se tornarem "Engenheiros", tentamos passar-lhes valores e sentidos de vida. Posso não lhes estar a facilitar a vida ao não deixar que sejam formatados com o molde geral desta sociedade, posso estar-lhes a criar o problema de terem de pensar pelas suas cabeças, mas gostava que quando crescessem não fossem simples máquinas de fazer dinheiro, mas sim gente completa. Acredito que cada um de nós, quando aceitou tornar-se pai ou mãe de uma criança, assumiu uma responsabilidade relativamente ao futuro e tudo deve fazer para que ele possa ser melhor que o hoje. Infelizmente não me parece ser esse o caminho que seguimos, mas sinto que tenho de lhes dar as ferramentas para que possam pensar e decidir o seu próprio destino. Mais uma vez obrigado a todos por me ajudarem com as vossas opiniões e saber. Ver que não estou sozinho nessa luta dá-me confiança de que talvez não esteja errado e mais força para continuar.

Contribuição para o Echelon: Kwajalein, LHI

14 comentários:

  1. Anónimo5/8/07 19:22

    Que texto fantástico, o deste post!
    Apesar de ter tido o privilégio de poder acompanhar as minhas filhas durante o seu crescimento e percurso escolar que felizmente têm vindo a desempenhar com autonomia, sou professor e preocupo-me com o futuro dos jovens. Quem se tem dedicado a estudar questões da educação, sabe que as criaças e os jovens precisam de estruturas familiares para poderem enfrentar o futuro e tanto quem teoriza sobre educação como quem tem filhos, sabe destrinçar os papeis (pais/professores) que devem ser bem definidos na sociedade: as tarefas muito específicas, não podendo tentar uns substituir outros . Receio muito pelo futuro de Portugal com a (des)organização de vida a que assistimos e que tão bem definido se encontra neste post. Fui professor do ensino especial durante três anos e tanto eu como os colegas da minha equipa acompanhámos por diversas vezes alunos a rastreios de visão ou ao Centro de Emprego para a realização de testes psicotécnicos a fim de tentarmos que jovens de famílias menos organizadas seguissem a via profissional.Por diversas vezes nos foi inquirido nos locais se os alunos «eram nossos filhos». Dos casos que acompanhei, poucos tiveram um desenvolvimento positivo, pois sem famílias actuantes e libertas de horários desumanizados, o futuro não nos poderá surgir muito sorridente... muitas escolas são locais pouco aliciantes, dado que muitos das ausências paternas e dificuldades de vida se encontram nela espelhadas. Gostaria que dependesse da nossa vontade a construção de uma sociedade mais justa e humanizada com princípios éticos e não com o apelo desenfreado ao consumo e à valorização do «ter» em detrimento do «ser».

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  2. Anónimo5/8/07 20:00

    Subscrevo por baixo e na íntegra este fantástico texto.
    Abdicar de materialismos inúteis para educar correctamente os nossos filhos por forma a que possam assimilar valores tão humanistas como a honestidade, o sentido de justiça ou a solidariedade e não a obtenção de riquezas a qualquer preço é o caminho certo.
    Parabéns Kaos, pela tua lição de humildade e de bom-senso.

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  3. Anónimo5/8/07 22:30

    Há uma tendência errada de tentar transformar as crianças em fotocopias , melhoradas se possível, de nós propios , sempre com a ideia de manter o sistema , supostamente bom. Existe um mundo lá fora para cada criança que nasce : obrigação nossa era ensinar-lhes que podem disfruta-lo e apropiar-se dele da maneira que mais lhe aprouver ; ensinar-lhes que a sociedade existente é construção humana , não divina, e logo cheia de erros , os deles não serão maiores.
    Não é justo que cada criança que nasça tenha logo uma vidinha programada e formatada à sua espera. Ensinar-lhes a amar bastava , o resto façam-no eles.

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  4. Anónimo5/8/07 23:31

    A D. Lurdes está-se borrifando de tal maneira nos vossos/ nossos filhos que obriga agora cada professor a leccionar qualquer disciplina! Seja a disciplina da sua área e para qual estudou e tem preparação científica e pedagógica, seja outra qualquer! Diz a senhora do Ministério que os Conselhos Executivos podem atribuir qualquer disciplina a qualquer professor desde que este tenha “ habilitação adequada”. Como não se atreve a definir “ habilitação adequada”, deixa, nas mãos dos CE o bom-senso, ou não, de atribuir turmas de crianças a professores para que estes lhes ensinem uma merda qualquer! Assim o ME poupa dinheiro no recrutamento de professores devidamente preparados na área em falta e dá trabalho a eventuais professores do quadro que o não tenham. Poupa-se dinheiro, embora, esta poupança, venha a sair muito cara a Portugal! É uma questão de tempo! Como ninguém, nunca, consegue ensinar o que não sabe…pobres crianças, aí estão elas a servir de cobaias. Sempre com o aval do Ministério da Educação e dos respectivos papás! E, até, da sociedade em geral que vai batendo palmas às sucessivas aberrações criadas pela imaginação fértil e economicista da D. Lurdes! Vemos professores de Português a ensinar História ao 2º Ciclo, quando a última vez que tiveram História foi no antigo 5º ano dos liceus, actual 9º ano. Vemos professores de Filosofia a ensinar Francês, quando a última vez que tiveram Francês foi no antigo 5º ano dos liceus, actual 9º ano. Vemos professores de Português a ensinar Inglês ao 2º ciclo. Vemos professores de Ciências a ensinar Matemática…vemos o diabo a sete! E não estou a falar em aulas de substituição! Estou a falar em disciplinas e turmas atribuídas durante um ano lectivo. Tudo depende da imaginação de quem manda e das necessidades do momento! Todos os professores têm “ habilitação adequada” para qualquer coisa! É o salve-se quem puder! Como nenhum professor pode pedir a exoneração porque o obrigam a ensinar o que não sabe…porque nenhum professor pode pedir exoneração porque o obrigam a leccionar disciplinas que não fazem parte do currículo das suas licenciaturas…todos dão, sempre, qualquer coisa, desde que sejam a isso obrigados pela D. Lurdes e pelos Conselhos Executivos das suas escolas! Se os paizinhos concordam com estas orientações da D. Lurdes…é porque é este sistema que querem e defendem para fazer dos seus filhos os Homens de amanhã! Se, amanhã, afinal, eles não se tiverem transformado, de facto, nos filhos que desejavam…chamem, depois, a D. Lurdes…

    Carolina L. C.

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  5. Anónimo5/8/07 23:46

    no mínimo terás a gratidão dos teus filhos quando chegar a altura de perceberem que lhes deste a verdadeiras "ferramentas" de que precisam para serem cidadãos de corpo inteiro...
    abraço

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  6. Anónimo6/8/07 00:20

    Gostei de ler, sim, senhor!è bonito "ouvir" alguém falar assim dos seus filhos. Eles terão certamente MUITO orgulho das opções dos pais.
    beijinho

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  7. Anónimo6/8/07 00:22

    Estou 100% de acordo com o texto e os comentários e penso que muito pouco poderei acrescentar às análises dos participantes.

    Interrogo-mo, por vezes, em que século é que virão jovens de outros países aprender teorias ou práticas evoluídas aqui, na nossa terra (?).

    É um assunto que não pergunto a ninguém, porque ninguém deve saber. E, se alguém questionar um responsável, ouve dizê-lo : É VERDADE, TEM RAZÃO.

    Só que, tristemente, no meu país a RAZÃO não nos leva a lado nenhum de Justiça e as VERDADES se já não estão mortas ... estão moribundas.

    Os senhores governantes, os donos do nosso país tratam-nos mal e ainda nos cobram impostos por isso.

    excrente

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  8. Anónimo6/8/07 00:48

    Kaos, a vossa postura é muito bonita.
    Caso isso interesse, a luta por estes lados continua. Nunca parou. Assim, posso passar-te força porque a sinto.
    Bjos

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  9. Em Paço de Arcos a escola primária nº 2 fechou e tinha 80 alunos, portanto, 20 por cada aula. O edifício estava em bom estado, com algumas obras ficaria ,evidentemente, muito melhor.
    As crianças foram amontoadas na Escola Joaquim de Barros, escola do ensino preparatório.
    Houve protestos de algumas pessoas, mas a indiferença do ministério foi total, a Câmara entrou muda e saiu calada.

    Assim vai o ensino. Espantoso!

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  10. Kaos:

    Há uns tempos que os nossos caminhos se não têm cruzado, vá lá saber-se porquê.

    Mas hoje, em boa hora aqui vim e não posso sair sem deixar uma palavra de respeito e de muito apreço pela decisão tomada quanto à educação dos teus garotos.
    Essa coragem não vai fazer-lhes mal, nem duvido! Pelo contrário, vão aprender a ser pessoas que é o que este ensino massificado e despudorado não ensina a ser.Sei do que falo e sei da luta que mantenho para veicular aos "meus miúdos" valores aos quais, em casa e com outros professores, infelizmente, não têm acesso.
    Há que cumprir programas feitos sem a menor consciência do que mais necessário é. Programas que visam obrigar a despejar matérias que qualquer miúdo pode aprender na Internet, se for bem orientado.
    Despejam assim muitos colegas as porcarias a que são obrigados e outros, formados já por esta nova casta de incompetentes nas Escolas Superiores de Educação, nem sequer estão atentos e vocacionados para a parte de pedagogo que um professor deve desempenhar ANTES DE TUDO O MAIS!

    Por isto e pela lucidez que mostras, cumprimento-te e sei que estás no único caminho certo que nos resta para educarmos, ou seja, ajudarmos a crescer os nossos filhos, ajudarmo-los a ser "human beings" e não futuros assalariados formatados para aprodução e enriquecimento material do poder.

    Parabéns. Um abraço.

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  11. Estás certo, nesta tua análise. O que é triste é que se os teus filhos seguirem essa tua filosofia de vida (correcta, na minha opinião) futuramente possam ser tratados como outsiders nesta sociedade, onde os valores cada vez parecem estar mais distorcidos.
    No entanto, esta luta vale a pena, também faço a minha nesse sentido, embora recolha quase sempre mais dissabores do que reconhecimento, mas o que realmente conta é sentirmo-nos bem connosco e sabermos que o que fazemos está correcto, podermos deitar-nos à noite na caminha e adormercer-mos com a cosnciência tranquila de quem luta por algo em que acredita e por valores importantes para uma sociedade mais justa e fraterna.
    Abraço.

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  12. Este comentário foi removido pelo autor.

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  13. Anónimo7/8/07 00:13

    O KAOS subiu ao topo da minha consideração! :-)
    Também cá em casa só um de nós é que trabalha fora, o outro acompanha os filhotes na sua educação (num verdadeiro país civilizado esta opção deveria merecer apoio estatal!).
    No fim de contas o que vai ficar é a estrutura moral e afectiva que lhes conseguirmos passar. O resto é secundário.

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