Eu nem sou um grande apreciador das crónicas do Pulido Valente. Há dias em que saem tão valentes bestialidades que só apetece mandar interná-lo. Hoje acertou e fez uma definição do Sócrates quase perfeita.
«Deixou de fumar, começou a fazer jogging, agora corre a meia maratona. A saúde conta. Não é autoritário, nem reservado, nem austero, nem arrogante, é firme. A firmeza vem da vontade, a vontade vem da convicção. É um português que serve. Gosta mais, de resto, de servir o país nos momentos difíceis do que nos momentos fáceis. Não fala, santamente, de sacrifício. Fala, santamente, de missão. É fiel à sua missão e não pretende outra recompensa. Sofre por vir nos jornais; como o outro, não gosta de "ser falado". Viveu sempre dividido entre a acção e "a contemplação e o pensamento". Há, dentro dele, um "permanente paradoxo". A política, no fundo, não passou de "uma soma de casualidades". Mas dará sempre "o melhor de si". Quem não ficará extasiado com este exemplo?
Um homem de família, um homem simples, que tenta ver os filhos: disciplinadamente. Um homem tolerante. Ouve as críticas. Respeita a opinião alheia e espera que respeitem a dele. Quando não está de acordo, não está: e não esquece que foi escolhido pela maioria do povo para "cumprir" o "melhor" para esse povo. "Muito obsessivo com o trabalho", não se considera um workaholic. Tem pena de não ler, por falta de tempo. No Verão, lê "obsessivamente", impelido talvez pelo seu lado contemplativo e de pensamento. Este Verão, leu três livros, dois livros de história e um romance. Admira Ortega y Gasset, "um bom filósofo", que "escreve bem". Quanto a poetas, não admira nenhuma personalidade viva, com a presumível excepção de Manuel Alegre, de que retira um indescrito "prazer".
Acredita que nada impede Portugal de se tornar um "país moderno, competitivo, com uma boa educação e com protecção social". Quer um Portugal "aberto e dinâmico". Acha Portugal "muito aberto". Reafirma que é de esquerda, como provam a Lei do Aborto e as leis da paridade e da procriação medicamente assistida. Pensa que a perspectiva socialista é a de "pôr o Estado ao serviço dos mais pobres". Sabe que ainda existem bolsas de pobreza. Insiste em que os países que controlam o défice são mais livres. Mais democráticos.
Isto o que é? Não é uma pessoa, não é um político, não é um ente reconhecivelmente humano. É uma montagem publicitária: polida, vácua, inócua. O herói de plástico, uma invenção. É José Sócrates, o primeiro-ministro.»
Vasco Pulido Valente no [Público]
Contribuição para o Echelon: Kwajalein, LHI
Vasco Pulido Valente acertou em cheio e o boneco complementa bem a prosa, resulta um exemplo de como se deve fazer oposição. Essa oposição que afinal a uma montagem publicitária apenas quer apresentar outra.Ou não será o que a oposição em portugal anda a fazer?
ResponderEliminarNas clínicas médicas, mesmo nas particulares, médicos, enfermeiros e auxiliares andam todos aos papéis. Estão sempre a dizer uns para os outros: Simplex... Simplex... Simplex...
ResponderEliminarJá nem têm tempo para dizer bom dia, ou como está o Sr...
Só não se apercebe destas situações quem não sai para a rua e fica em casa a ver a TV.
E agora que fazemos? O Natal está aí e o futuro promete ser negro.
Desculpa, kaos, mas apetece-me ser ordinária!
ResponderEliminarSim Portugal (através dos seus governantes) é um país "muito aberto". Ah, pois é! Está sempre de perna aberta à espera de ser f...
Aqui http://educar.wordpress.com/2007/12/09/e-por-ca-como-e/#comments encontrei um comentário do h5n1 que nos envia para este texto dum jornalista da BBC sobre a última cimeira:
The Summit ended, as do most meetings of this sort, with smiling photocalls.
The Portuguese Prime Minister, Jose Socrates, gave an extraordinary closing speech which spoke about bridges being built, steps forward being taken, and visions being pursued.
He went off on such an oratorical flight, in fact, that I became mesmerised by the beauty of the Portuguese language and the elegance of his delivery.
I was so bewitched that I didn’t register any concrete points in the speech at all.
Perhaps there weren’t any. But it certainly sounded good (BBC).
http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/7135721.stm
Excelente Kaos!
ResponderEliminarLi essa crónica ontem no jornal público e achei que estava mesmo ajustada ao Sr Pinto de Sousa!
Um beijinho grande para tí!
O Pulido foi um valente
ResponderEliminarnesta sua descrição
contemplou toda a gente
com este grande figurão
Leio sempre as crónicas de Pulido Valente e ontem senti um prazer acrescido, porque foi de encontro àquilo que penso da referida figura... é mesmo "vácua" e "inócua".
ResponderEliminar20 valores para Pulido Valente!!!
rita
Vasco Pulido Valente ,que passa 364 dias chateado com o mundo ,resaibado com toda agente consegue um dia por ano sair do registo enfadonho das suas crónicas e brindarnos com uma pérola destas .
ResponderEliminarJOY
INVEJOSOS!!!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderEliminarTudo o que Sócrates diz soa a falso.
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