Vamos festejar?

O Ministro das Finanças anunciou que «2007 foi um ano decisivo no esforço de correcção da situação financeira do país». Teixeira dos Santos garantiu que o défice orçamental de 2007 vai ficar abaixo dos 3 por cento e anunciou ainda «um crescimento económico atingirá o valor mais alto dos últimos anos», acima dos 1,8 por cento que o Governo tinha previsto. Teixeira dos Santos afirmou também que a economia criou empregos nos últimos anos e que agora devem melhorar-se as condições de vida, combatendo as desigualdades. «Portugal está no bom caminho». Assegurou que mais nenhuma medida será acrescentada às já tomadas para assegurar a melhoria das contas públicas, afastando a perspectiva de «novos sacrifícios».

Digam lá se isto não é motivo para festejos. Cumprimos o défice, como se fossemos todos morrer se não o tivéssemos feito, o crescimento económico vai superar uns espectaculares 1,8%, embora a cada dia que passa estejamos mais pobres e já nem na cauda da Europa ser o nosso lugar, mas sim no cú dela, a economia criou emprego embora a taxa de desemprego não pare de subir e já ultrapasse os 8%, vão-se melhorar as condições de vida embora o aumento do custo de vida exceda em muito o aumento dos salários e vão-se combater as desigualdades embora Portugal esteja cada vez mais destacado na frente dos países em que as diferenças salariais seja maior entre administradores e trabalhadores. Segundo o Ministro este é o bom caminho para Portugal, embora eu duvide muito que também o seja para os portugueses, pelo menos para aqueles que não recebem por mês mais do dobro do que a maioria dos portugueses recebe por ano. Estou certo que também os Senhores do Clube de Bilderberg devem considerar que Portugal vai no bom caminho e que é um bom exemplo do que deve ser a submissão ás suas leis e directivas.
A boa noticia é de que não vêm aí mais sacrifícios, ou se calhar não. Os sacrifícios têm sido mais que muitos, os sacrifícios para este ano já estão consagrados no orçamento de 2008 e para o ano é ano de eleições. Podemos por isso prever que venha aí uma época de calmaria para 2009, mas isso em nada vai alterar a verdadeira situação do destino que nos traçaram. Mal acabem as eleições surgirá uma crise, seja ela qual for, e tudo vai voltar ao mesmo. Podemos festejar o alargar do cinto, mas o melhor é ir fazendo mais uns furos que, por este caminho, vamos ter de o apertar ainda muito mais.

Contribuição para o Echelon: NATOA, sneakers, UXO