Quem o desejar pode fazer uma experiência muito interessante. Pegue num pedaço de giz branco e trace um círculo em volta de uma formiga. Fisicamente nada há que a impeça a de passar por cima dele e prosseguir na sua vida, mas surpreendentemente a formiga não o conseguirá transpor. Vai voltar para trás e procurar uma outra saída parando sempre que encontra aquele risco desenhado no chão.
Eu, senti-me como esta formiga quando a CGTP reuniu no Parque das Nações 200 mil manifestantes num dia em que ali ao pé, no Pavilhão Atlântico, os líderes europeus se reuniam para combinar a aprovação do Tratado de Lisboa. Só havia umas pequenas barreiras metálicas, meia dúzia de policias, (acredito que escondidos estivessem muitos mais), e uns duzentos ou trezentos metros a separar-nos e fomos incapazes de os transpor para lhes ir pedir explicações sobre o tratado, o desemprego, o trabalho precário, a fome e a miséria que grassam por este país. Ainda propus a um dirigente sindical que o fizéssemos, que atravessássemos aquela linha, que pisássemos aquele risco e a resposta que recebi foi que aquele não era o dia para o fazer. Fiquei abismado, como era possível que me dissessem que não era aquele o dia se era nesse dia que os líderes europeus estavam ali à mão de semear e era aquele o dia em que estávamos ali 200 mil pessoas.
Voltei a sentir algo parecido quando vi que, após reunirem uma manifestação em Lisboa de 100 mil professores, a continuação da luta passaria por umas reuniões nas escolas e uma manifestação mensal feita alternadamente em cada distrito. Não havia vontade de fazer cair a Sinistra Ministra? Ela estava prestes a ter de se demitir, ou ser demitida, e davam-lhe todo este tempo e este espaço para respirar, recuperar as forças e segurar-se no lugar? Não seria tempo de acirrar a luta, de aumentar a contestação tornando-a insuportável para a Sinistra?
Os 200 mil voltaram para casa e um dia destes, nas nossas costas, o Engenheiro vai fazer ratificar o Tratado de Lisboa. Agora os 100 mil professores vêem a sua luta acabar na aclamação da Ministra por, no fim ir acabar por conseguir fazer aplicar todas as medidas a que se propôs.
Porque raio é tão difícil atravessar esta linha que nos desenham à frente? Que falta para que tenhamos a coragem de pisar o risco? O que é necessário para o atravessemos, se é para o outro lado que queremos ir, se é do outro lado que está aquilo que desejamos? O que é preciso para que deixemos de nos comportar como formigas?
Contribuição para o Echelon: NATOA, sneakers, UXO
Eu, senti-me como esta formiga quando a CGTP reuniu no Parque das Nações 200 mil manifestantes num dia em que ali ao pé, no Pavilhão Atlântico, os líderes europeus se reuniam para combinar a aprovação do Tratado de Lisboa. Só havia umas pequenas barreiras metálicas, meia dúzia de policias, (acredito que escondidos estivessem muitos mais), e uns duzentos ou trezentos metros a separar-nos e fomos incapazes de os transpor para lhes ir pedir explicações sobre o tratado, o desemprego, o trabalho precário, a fome e a miséria que grassam por este país. Ainda propus a um dirigente sindical que o fizéssemos, que atravessássemos aquela linha, que pisássemos aquele risco e a resposta que recebi foi que aquele não era o dia para o fazer. Fiquei abismado, como era possível que me dissessem que não era aquele o dia se era nesse dia que os líderes europeus estavam ali à mão de semear e era aquele o dia em que estávamos ali 200 mil pessoas.
Voltei a sentir algo parecido quando vi que, após reunirem uma manifestação em Lisboa de 100 mil professores, a continuação da luta passaria por umas reuniões nas escolas e uma manifestação mensal feita alternadamente em cada distrito. Não havia vontade de fazer cair a Sinistra Ministra? Ela estava prestes a ter de se demitir, ou ser demitida, e davam-lhe todo este tempo e este espaço para respirar, recuperar as forças e segurar-se no lugar? Não seria tempo de acirrar a luta, de aumentar a contestação tornando-a insuportável para a Sinistra?
Os 200 mil voltaram para casa e um dia destes, nas nossas costas, o Engenheiro vai fazer ratificar o Tratado de Lisboa. Agora os 100 mil professores vêem a sua luta acabar na aclamação da Ministra por, no fim ir acabar por conseguir fazer aplicar todas as medidas a que se propôs.
Porque raio é tão difícil atravessar esta linha que nos desenham à frente? Que falta para que tenhamos a coragem de pisar o risco? O que é necessário para o atravessemos, se é para o outro lado que queremos ir, se é do outro lado que está aquilo que desejamos? O que é preciso para que deixemos de nos comportar como formigas?
Contribuição para o Echelon: NATOA, sneakers, UXO
O que é preciso para que nos deixemos de comportar como formigas?
ResponderEliminarPara começar tomar consciência de que os actuais sindicatos fazem mais mal que bem.
Devem ser hostilizados.
Estruturas que lutam apenas pela sua própria sobrevivência em vez de lutarem pela melhoria ou defesa das condições dos seus filiados não merecem nada mais do que desprezo.
O que falta? "O que faz falta é avisar a malta"! Já viram competições de remo, certamente. Está tudo dependente daquele indivíduo magrinho que marca o ritmo. Nas lutas laborais como no remo ou em qualquer outra coisa, todo o sucesso depende de haver um indivíduo capaz de manobrar os outros. Mas isso ainda é fácil de arranjar: o que é verdadeiramente difícil é encontrar alguém capaz de o fazer SEM SER EM PROVEITO PRÓPRIO.
ResponderEliminarA solução parece ser unir os 200000aos 100000.
ResponderEliminarPeço desculpa de comentar comentários, não é hábito, mas salta à vista que no comentário anterior, se substituirmos uma única palavra, a ideia resulta muito mais forte:
"O que é preciso para que nos deixemos de comportar como formigas?
Para começar tomar consciência de que os actuais governos fazem mais mal que bem.
Devem ser hostilizados.
Estruturas que lutam apenas pela sua própria sobrevivência em vez de lutarem pela melhoria ou defesa das condições dos seus filiados não merecem nada mais do que desprezo."
O Kaos sabe como se hipnotiza uma galinha com um risco?
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarjSerra:
ResponderEliminarPrimeiro é preciso apanhar a galinha, prender a cabeça do galinácio contra o chão e fazer um risco (com um pau, um dedo ou mesmo com giz) a começar no bico da bicha e sempre em linha recta para a frente.
Penso que é assim, embora nunca tenha tentado, e li algures que a galinha fica durante vários minutos a olhar fixamente para o risco.
Quem não desejar que isso lhe aconteça tem duas soluções; Não ser galinha ou nãi deixar que lhe encostem a cabeça ao chão. :)
Jserra: exactamente.
ResponderEliminarVale tanto o meu comentário para os sindicatos como vale para governos.
Não significa isto que sou contra um sistema de partidos políticos, ou que sou adepto de anarquismo.
O que eu não gosto é dos vampiros do actual sistema e do actual sistema.
Estou farto que me suguem o sangue invocando dívidas de gratidão que eu, como cidadão, supostamente, terei para com os magníficos inventores do actual sistema político português.
Já dei para esse peditório.
Existe algo de profundamente errado com este país.
Não apoio que exista algo de profundamente errado com este país.
Comigo não contam para apoiar um certo estado de coisas.
Nem que seja a ultima pessoa.
Servidão voluntária.
ResponderEliminarKaos:
ResponderEliminar...realmente é assim que se hipnotizam galinhas.
Só acrescento que não interessa onde o risco vai dar, desde que seja a direito.:)
Servidão voluntária - Não somos obrigados a obedecer ao tirano e aos seus representantes mas desejamos voluntariamente servi-los porque deles esperamos bens e a garantia das nossas posses. Usamos a nossa liberdade para nos tornarmos servos - La Boétie, sec XVI
ResponderEliminarTalvez esse dia no Parque das Nações,não fosse um dia bom para morrer!:):):)
ResponderEliminarNesse dia da manif. sentiu-se formiga? Pois ainda bem porque tem cabecinha de formiga! Então acha bem que numa manifestação se passem as barreiras de segurança para ir pedir explicações a quem..? Acha mesmo que ia pedir explicações ou apanhar uma carga de porrada? O senhor formiguinha não sei, mas eu apanhei cargas da polícia nas Letras, em Lisboa em 72 e 73, porque as manifs. eram ilegais. Em democracia participo em manifestações e cumpro regras de segurança da própria manifestação.Porquê? Porque estou em democracia a exercer o meu direito de manifestação que não me dá o direito a desmandos!Agora as formigas não sei...Eu sou gente! Quanto aos sindicatos, sou sindicalizada há 30 anos e continuo a pensar que eles (pelo menos o meu!) são a garantia da defesa dos direitos de quem trabalha. Agora entre as formigas não sei... Esta conversa contra os sindicatos já é velha! A ministra sempre disse que os sindicatos não representavam os professores e agora vêm umas formigas, perdão, umas pessoas a coberto destes nevoeiros dos blogs e respectivos comentários, apoiar essa opinião da ministra! O que vocês queriam sei eu.... que os sindicatos não estivessem unidos e não tivessem conseguido meter um grãozinho na engrenagem! Dava jeito à ministra e às formiguinhas não dava?!
ResponderEliminarJulia:
ResponderEliminarSe fosse levar porrada pois levava. E dai? Eram 200000, dificilmente haveria porrada para distribuir por tanta gente. Seja como for estava ali o momento ideal para mostrar ao mundo que havia quem reclamasse, que existe a contestação e que esta sociedade está doente. Não defendo a violencia, mas sim o poder contestar, que que a opinião de quem não concorda tenha a mesmo direito de ser ouvida com têm os lindos dircursos dos governantes. Que sabemos nós das lutas dos trabalhadores e de outros povos pelos orgãos de informação oficiais? Nada.
Quanto aos sindicatos, sempre defendi a sua existencia e sempre fui sindicalizado (e vou continuar a ser). E, não, não me coloco do lado da Ministra mas sim dos sindicatos, lugar onde sempre estive. Não tenho é de concordar com tudo o que dizem e fazem nem com a maneira como o fazem. Tenho direito a ter a minha opinião e a dizê-la. Felizmente não deixo de pensar pela minha cabeça nem deixo que ponham palavras na minha boca. Posso ser formiga por trabalhar, mas não tenho de aceitar reis e rainhas no formigueiro. Pelo menos no meu
"Vozes de burro não chegam ao céu"
ResponderEliminarPelos vistos, há 100 000 burros a dar aulas,
Segundo a minha opinião, o que seria uma "coisa" simples - MELHORES CONDIÇÕES SOCIAIS E DE TRABALHO PARA OS PROFESSORES E PESSOAS LIGADAS À NOBRE PROFISSÃO DE EDUCAR - "enovelou-se" de tal maneira que o governo 'chegou' onde queria : DIVIDIR.
ResponderEliminarEles, os poderosos, vencem porque estão SEMPRE unidos e a 'puxar' para o mesmo lado : e nós ?
Eu respondo : - NÓS, se 'puxarmos' para o mesmo lado ... os 'nossos' chamam-nos carneiros.
excrente:
ResponderEliminarA unidade não é o mesmo que o seguidismo. Podemos estar unidos apesar das diferenças e o criticar não tem obrigatóriamente que dividir. Todos temos direito às nossas opiniões e posiçõse e divede mais do que une a ideia de que todos temos de pensar e fazer como alguém, um iluminado, diz que temos de fazer.
A Sinistra só nos divide se quem for criticado amuar com as criticas e se recusar a ouvi-las e a debate-las.
Olá Kaos. Será que não se arranja aí uma imagem para este textinho que tenho na lateral do Cartel?
ResponderEliminar"Operação Limoeiro" - ESTE BLOG NÃO VAI VOTAR PS!
Para cada rebuçado do governo, haverá um limão na blogosfera."
É certo que eram duzentos mil e até podiam ser quinhentos mil mas a questão é que esses senhores passeiam por todo o lado com escolta de seguranças, policias e até exército se for preciso e porquê?
ResponderEliminarPorque votaram neles e eles sao o Estado, perceberam?
Vejam o exemplo italiano. A esquerda "modernizou-se, democratizou-se" nao foi? E quem ganhou com isso? O mais malandro, corrupto, dono de cinco canais e TV, e claro mais rico de Itália.
As pessoas dos dias de hoje nos paises do capitalismo moderno só pensam em consumo e como pagar esse consumo desenfreado.
Desde já desculpa de ter aparecido como anónimo mas tenho pouca experiência desta coisa dos blogs, apesar de ser grande admirador deste e ler todos os dias vários blogs por aí. Tenho nome: Joao, e apelido também: Duarte. Resido em Munique desde 1999 e acompanho de perto o que se passa no nosso País tão mal tratado mas não posso deixar de lamentar que no fim "eles" estão nos lugares que estão porque alguém assim votou, consciente, inconsciente, por interesse ou por desinteresse, essa é que é a realidade que me dói.
ResponderEliminar"Ainda propus a um dirigente sindical que o fizéssemos, que atravessássemos aquela linha, que pisássemos aquele risco e a resposta que recebi foi que aquele não era o dia para o fazer...
ResponderEliminarPorque raio é tão difícil atravessar esta linha que nos desenham à frente? Que falta para que tenhamos a coragem de pisar o risco? O que é necessário para o atravessemos, se é para o outro lado que queremos ir, se é do outro lado que está aquilo que desejamos? O que é preciso para que deixemos de nos comportar como formigas?"
Carago, um HOME quer-se com génio!
Porque não avançou ou avança você???
Amande-se home!
Chegou a altura de passar das palavras aos actos. Para quando? Não é possível continuarmos a viver neste manicómio à beira-mar plantado. Ou nos dão um bilhete de avião de ida para um país decente ou então teremos de mandar esta corja que nos (des)governa para outro planeta... Já chega de tomarmos o Prozac diário das televisões e dos jornais. O país atingiu as lonas e os portugueses parecem zombies que gostam deste estado de alma. Por mim, NÃO!!!
ResponderEliminarOuve lá Kaos, venho de vez enquando aqui ao teu blog, mas começo a identificar-me com algumas das coisas pelas quais andas aqui a descrever, o povo tem que mostrar a sua força e não é com manifestações completamente controladas que as coisas se mostram, vi uma vez na TV (das poucas vezes que a vejo) que não há nada que faça parar uma manifestação, que não há força maior do que o aglomerado de pessoas, vamos a ele estou do teu lado.
ResponderEliminarÉ para saltar o muro e mostrar que estamos cá e não somos um rebalho de ovelhas catalogádos com um numero de B.I.? Então vamos embora isto só lá vai com alguma força e essas força tem que ser mostrada aos politicos que neste ultimos 33 anos andam a gozar com 10.000.000 de pessoas. Estou contigo. A luta continua.
Este acordo para os professores contratados é uma lástima, de uma falta de visão que não tem ponta por onde se pegue, vamos prá rua e mostrar que afinal não somos de tão brandos costumes.