quinta-feira, novembro 11, 2010

Presos pelos tomates


Isto de já não se ser novo tem as suas coisas más, como dores de costas, a necessidade de óculos para ler ou tratarem-nos por Senhor. Felizmente o que se perde de um lado compensa-se pela experiência ganha e a memória das coisas. Como dizia o Vitorino Nemésio, "se bem me lembro", quando entrámos para a União Europeia tudo eram sorrisos de uma Europa social e solidária. Com ela vieram os milhões da Europa que gastámos em belas estradas, por onde hoje chegam as batatas e os Porches, em facturas falsas e na criação de um gang de banqueiros e empresários que ainda hoje continuam a mamar desenfreadamente na teta do estado. Em troca pediam pouco, que destruíssemos a nossa agricultura e desmantelássemos a nossa indústria. Nunca mais esqueci aquela imagem de ver serrar a meio traineiras. Mas, que importava isso se havia milhões por todo o lado. Até que chegou o dia em que nos disseram que havia muitos mais milhões para chegar, mas que tínhamos de começar a colocar a nossa parte. Construi-se uma ponte e eles pagavam metade, pagavam metade de tudo. Claro que faltava a outra metade mas essa também não era problema; também tinham os bancos que estavam dispostos a emprestar-nos tudo o que desejássemos a um juro muito pequenino. Ainda ficámos com mais milhões para esbanjar e distribuir pelos amigos, porque aos milhões que a Europa nos oferecia ainda podíamos somar os outros milhões que nos emprestavam.
Hoje, que já estamos com a corda no pescoço, transformaram-se em mercados e não hesitam a em puxá-la a seu gosto. Hoje, a UE ainda tem 17.4 mil milhões disponíveis para nos dar só que nós nem para fazer empréstimos temos dinheiro. Os juros sobem, sobem, e estamos impotentes para evitar a bancarrota. Aquela Europa solidária que nos acolheu no seu ceio é a mesma que agora empresta dinheiro aos Bancos a 1% de juros para esses bancos nos poderem comprar a divida soberana a um juro de 7%. Estamos como o tóxico-dependente que já não passar sem a nossa doze regular e há muito vendeu todos os anéis. Que falta que nos fazem agora aquelas traineiras que vi cortar a meio.

5 comentários:

  1. Sempre houve quem caísse no conto do vigésimo premiado, ou quizesse comprar a estátua de D. José no Terreiro do Paço, lembra-se?

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  2. A usura é má conselheira, não há volume de produção em Portugal que sustente juros tão altos. Para cobrarem a dívida vão ter que fazer o saque, e é para tal que vão mandar cá o FMI, para nos sugarem até ao tutano. Mas não vão cobrar grande coisa, pois o país já não produz quase nada; disso se encarregaram os nossos "amigos" de Bruxelas...

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  3. Já não vinha aqui há uma temporada, mas fico contente por saber que estás em forma. Parabéns uma vez mais Kaos, o teu trabalho, escrito e pictórico, continua fantástico.

    Cumprimentos :)

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  4. KAOS e o que me irrita profundamente é, tu, eu e muitos outros, através de excelentes artigos como este que aqui colocas, mostrar-mos que tudo isto fez e faz parte de um plano maior e concertado para criarem 1 Governo Mundial e as pessoas continuarem a acreditar que estes "problemas " são apenas medidas que foram mal pensadas.
    É a propaganda a funcionar no seu melhor.
    Mal pensadas o Caraças, foram é bem pensadas e até ao pormenor.
    Em politica nada é fruto do acaso e não é á toa que eles criam grupos de Thinck-tanks onde gastam milhões a estudar todas as hipóteses prováveis em que todos os cenários estão previstos.

    Nuno

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