"Solte o revolucionário que há em si"
Pelo menos não mandaram lá… a polícia(!), como fizeram na Sorbonne
O governo PS é um caso exemplar de que os partidos políticos, mesmo os que se dizem “socialistas”, quando chegam ao poder, se comportam de uma forma prepotente, como mostrou hoje António Costa. Este comportamento é tanto mais chocante quanto mais o partido no governo tem uma história ligada às lutas sindicais. Tínhamos já tido conhecimento de outros casos de indiferença em relação aos sindicalistas por parte de outros ministros deste governo: por exemplo, a ministra da educação que em reuniões com sindicalistas exibiu a atitude de indiferença da teenager inconsciente que se entretem a brincar com o lápis e no final mostra não ter dado a mínima atenção às intervenções dos sindicalistas. Mas isto são atitudes vergonhosas de ministros que se passam em reuniões à porta fechada e que nem sempre se vêm a saber publicamente. Desta vez foi mais grave. O ministro da Administração Interna António Costa, fez questão de comunicar aos meios de comunicação social, para fazer passar a mensagem, que as manifestações da PSP e da GNR realizadas hoje simultaneamente em várias capitais de distrito lhe eram “completamente indiferentes”. Entretanto, a meio da tarde já os profissionais da PSP e da GNR se queixavam nos noticiários da TSF que lhes estavam a ser marcados serviços à última da hora para os impedir de participar activamente nas manifestações convocadas. Acreditando nos números depois avançados pela TSF de que a maior concentração foi em Lisboa, com cerca de 500 agentes. E a luta das forças policiais esfuma-se assim, posta ao lado de outras notícias mais sonantes em termos numéricos, como é o caso das OPAS e do número de mortos encontrados no Iraque.
Desta forma o direito à indignação e ao protesto das classes trabalhadoras que têm visto os seus direitos profissionais serem suprimidos, vai sendo pouco mais do que uma notícia banal. Um dia manifestam-se os polícias, noutro os enfermeiros, noutro os agricultores e por aí fora, até que qualquer dia, por este andar se torna apenas uma consequência normal do desenvolvimento do nosso país. Cada vez perdemos mais coisas que tínhamos: são as escolas (basta o caso do liceu D.João de Castro situado em terrenos apetecíveis para nos indignarmos!), são as maternidades (as mães de Elvas podem escolher entre ir para o interior do Alentejo ou ir logo ali ao lado a Badajoz(!), são os centros médicos que querem agora transformar em USFs (Unidades de Saúde Familiares) com trabalho escravo (voluntariado!), intentando-se encerrar urgências em centros que se encontravam a funcionar bem. Só um pai que perde um filho por perder tempo numa situação real de urgência sem saber se tem de ir ao Hospital da Estefânia ou se tem que se dirigir ao Hospital de Santa Maria pode compreender a importância de se perderem coisas todos os dias?
Desta forma o direito à indignação e ao protesto das classes trabalhadoras que têm visto os seus direitos profissionais serem suprimidos, vai sendo pouco mais do que uma notícia banal. Um dia manifestam-se os polícias, noutro os enfermeiros, noutro os agricultores e por aí fora, até que qualquer dia, por este andar se torna apenas uma consequência normal do desenvolvimento do nosso país. Cada vez perdemos mais coisas que tínhamos: são as escolas (basta o caso do liceu D.João de Castro situado em terrenos apetecíveis para nos indignarmos!), são as maternidades (as mães de Elvas podem escolher entre ir para o interior do Alentejo ou ir logo ali ao lado a Badajoz(!), são os centros médicos que querem agora transformar em USFs (Unidades de Saúde Familiares) com trabalho escravo (voluntariado!), intentando-se encerrar urgências em centros que se encontravam a funcionar bem. Só um pai que perde um filho por perder tempo numa situação real de urgência sem saber se tem de ir ao Hospital da Estefânia ou se tem que se dirigir ao Hospital de Santa Maria pode compreender a importância de se perderem coisas todos os dias?
Estamos a perder coisas todos os dias. Quanto mais trabalhamos, quanto mais produzimos, mais dinheiro aparece em OPAs milionárias que disputam entre si oportunidades de gerar mais dinheiro. Têm tido lucros consideráveis, duplicam-nos, triplicam-nos e atiram-nos com o discurso da crise, do défice, da falta de dinheiro, dos cortes necessários à sobrevivência do país, a bem do desenvolvimeto. Entusiasmados fixam novas metas para lucros já por si astronómicos. Ameaçam a nossa sociedade de ir investir noutros países, fazem-nos sentir aliviados por afinal continuarem a investir cá e proceguem mais fortes, sugando-nos todo o salário, por todos os meios. Dã-nos com uma mão os salários ou a condenação ao desemprego e tiram-nos com a outra tudo o que podem, muito mais do que deram. Aumentam-nos o crédito para lhes ficarmos sempre a dever o que cada vez temos menos dinheiro para pagar. Nós já vimos que não podemos pagar, perdido por cem, perdido por mil...
O mundo é dos “indiferentes”. Em Portugal a indiferença é uma instituição, uma fórmula, uma atitude. Vai certamente passar despercebida a indiferença dó ministro António Costa aos problemas da classe que governa. Somos-lhe “completamente indiferentes”. E mesmo se saímos para a rua a nos manifestarmos corremos os risco da nossa atitude ser vista com essa atitude de indiferença! António Costa arranjou uma formúla de ignorar o problema: vê os trabalhadores e os sindicatos com indiferença e depois basta-lhe arranjar um sindicato para bode espiatório e vale a penafalar dele depreciativamente, generalizando o protesto a um bando de indigentes com quem nem vale apena falar. Depois de atitudes como a de Berlusconni com a jornalista "de esquerda" que lhe fez frente, se calhar até há quem ache que ainda bem que temos ministros contidos, que reagem de uma forma indiferente a quem os contraria. O Sócrates deve gostar e apoiar uma atitude destas vinda de um seu ministro. As pessoas organizam-se e manifestam-se, mas que importam as pessoas se aos Antónios Costas deste país lhes basta mostrarem-se … apenas "completamente indiferentes"!
É por isso que só haveria uma forma de combater essa indiferença: comparecer massivamente a todas estas manifestações. Mas falta aos portugueses a solidariedade. Serão alguma vez os portugueses capazes de se mostrar solidários, lutando pelos direitos de outras classes (pois se nem se mexem para defender os seus!)? Caso se participasse massivamente em cada manifestação (se não podiam ir todos os polícias iam também os estudantes e os agricultores e os cidadãos) talvez as manifestações passassem a ter maior significado político. Essa seria uma solução para que os políticos não pudessem continuar “indiferentes”. Quando os operários da Lisnave um dia marcharam contra os fuzileiros, estes perceberam que estavam do mesmo lado e acabaram a marchar com eles, engrossando a manifestação. Mas isso eram outros tempos. Hoje todos os direitos podem estar a ser postos em causa ao mesmo tempo que não há um movimento sindical forte que avance para a Greve Geral. Porquê? Desunião dos sindicatos?Terão medo da indiferença, da fraca adesão?
O mundo é dos “indiferentes”. Em Portugal a indiferença é uma instituição, uma fórmula, uma atitude. Vai certamente passar despercebida a indiferença dó ministro António Costa aos problemas da classe que governa. Somos-lhe “completamente indiferentes”. E mesmo se saímos para a rua a nos manifestarmos corremos os risco da nossa atitude ser vista com essa atitude de indiferença! António Costa arranjou uma formúla de ignorar o problema: vê os trabalhadores e os sindicatos com indiferença e depois basta-lhe arranjar um sindicato para bode espiatório e vale a penafalar dele depreciativamente, generalizando o protesto a um bando de indigentes com quem nem vale apena falar. Depois de atitudes como a de Berlusconni com a jornalista "de esquerda" que lhe fez frente, se calhar até há quem ache que ainda bem que temos ministros contidos, que reagem de uma forma indiferente a quem os contraria. O Sócrates deve gostar e apoiar uma atitude destas vinda de um seu ministro. As pessoas organizam-se e manifestam-se, mas que importam as pessoas se aos Antónios Costas deste país lhes basta mostrarem-se … apenas "completamente indiferentes"!
É por isso que só haveria uma forma de combater essa indiferença: comparecer massivamente a todas estas manifestações. Mas falta aos portugueses a solidariedade. Serão alguma vez os portugueses capazes de se mostrar solidários, lutando pelos direitos de outras classes (pois se nem se mexem para defender os seus!)? Caso se participasse massivamente em cada manifestação (se não podiam ir todos os polícias iam também os estudantes e os agricultores e os cidadãos) talvez as manifestações passassem a ter maior significado político. Essa seria uma solução para que os políticos não pudessem continuar “indiferentes”. Quando os operários da Lisnave um dia marcharam contra os fuzileiros, estes perceberam que estavam do mesmo lado e acabaram a marchar com eles, engrossando a manifestação. Mas isso eram outros tempos. Hoje todos os direitos podem estar a ser postos em causa ao mesmo tempo que não há um movimento sindical forte que avance para a Greve Geral. Porquê? Desunião dos sindicatos?Terão medo da indiferença, da fraca adesão?
A indiferença do nosso governo às queixas dos portugueses que o elegeram em maioria, conta afinal com a indiferença generalizada, o sentimento português (tão contrário afinal ao de Fernando Pessoa e ao mesmo tempo tão igual a ele próprio) de que já não vale a pena lutar contra nada, o estado de conformismo em que nos encontramos começa no entanto a vacilar. Todos estão descontentes, menos os que ganham mais dinheiro com isso. Estamos a pagar a nossa indiferença. Vêm-nos com indiferença. Até quando vamos permitir que o governo nos veja com indiferença? Até quando vamos continuar indiferentes a essa indiferença?
São faltas de respeito como esta que fazem com que os cidadãos acreditem cada vez menos nos politicos.
ResponderEliminarTambém eu sou completamente indiferente ao que esse politiquinho diz. Andam com o rei na barriga
ResponderEliminarChe chegou à polícia.
ResponderEliminarErnesto Che Guevara foi nem mais nem menos do que o primeiro revolucionário a ser acolhido no seio do star-system - essa forma particular, moderna, do culto da personalidade.
Logo à partida, a matéria-prima para a construção do mito era de estupenda qualidade. A coragem física e moral da personagem eram evidentes. A beleza física e a fotogenia só podiam ajudar à imagem de um guerrilheiro. De origem burguesa e pendor intelectual, preferira, apesar disso, misturar-se com o povo e partilhar as suas agruras. E, no entanto, ele não era, obviamente, um populista: nada havia nele de vulgar, as suas maneiras respiravam nobreza.
Do ponto de vista da juventude da época, posicionava-se inequivocamente do lado dos bons, não só pela manifesta oposição ao imperialismo americano, como pela insinuada independência em relação ao comunismo soviético. Essa suposta independência, peça chave da imagem guevarista, adivinhava-se antes de mais na manifesta informalidade de atitudes e maneiras.
Faz falta uma polícia mais arejada !
Democracia, em Portugal, é um eleitor poder sentir-se indiferente aos Ministros resultantes das eleições. Primeiro, estranha-se, depois, entranha-se :-)
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