quarta-feira, julho 04, 2007

Trabalhar até morrer

"Um professor de Filosofia, diagnosticado com cancro na garganta, foi dado como apto para continuar a trabalhar avaliado por uma Junta Médica, em Abril de 2006. O docente, com mais de 30 anos de serviço, tinha ficado sem a laringe em sequência de tratamentos para a doença e falava com grande dificuldade, apenas através de um aparelho. Continuou a trabalhar até morrer."

Depois do caso da professora a quem foi recusada a aposentação e que veio a morrer com Leucemia, mais um caso em que a falta de bom senso, e do mínimo de humanidade, é notória. Que raio de país é este que tem leis e gente que permite estas situações. Não sei se existem por aí mais casos, mas é significativo que em tão pouco tempo tenham surgido dois casos e ambos com professores. Será que existem instruções especiais emanadas para as Juntas Médicas por algum ministério? Será que a Ministra considera que os professores têm o dever de trabalhar até morrerem? Eu não sei, se conseguiria viver com a minha consciência se tivesse alguma responsabilidade num governo ou numa Parlamento que aceitasse a existência de leis destas. Só o viver num país onde isso é possível já é difícil de suportar.

Contribuição para o Echelon: NATOA, sneakers, UXO

19 comentários:

  1. É uma vergonha o que se passa neste país:

    - Pessoas com doenças terminais a serem obrigadas a trabalhar;
    - cidadãos a serem processados para calar a sua liberdade de expressão;
    - Perseguições políticas em cargos que deveriam ser para servir o povo.
    - Crimes de corrupção que nunca serão resolvidos (digo eu);
    - Benefícios aos grandes lobbies em desfavor dos interesses reais do país;
    - etc, etc,...

    Está a ficar intolerável!

    E é um governo socialista!

    Abraço
    Tiago

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  2. Anónimo4/7/07 12:58

    trabalhar é preciso, viver não é preciso.

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  3. Anónimo4/7/07 13:27

    Desculpem mas não consegui deixar de transcrever isto:
    DIFAMAÇÃO E INJÚRIA

    "Depois de receber o relatório da PSP de Guimarães, o procurador encarregue de realizar a investigação tratou de proceder à identificação do maior número possível das cerca de oitenta a cem pessoas que integraram a manifestação de 7 de Outubro de 2006, em frente ao Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães. Fonte judicial disse ao CM que “as fotos foram passadas à lupa”, mas assegurou que “apenas foi possível identificar os dirigentes sindicais mais conhecidos”. Para ajudar nesta fase do trabalho, o Ministério Público convocou alguns jornalistas - dos muitos que estiveram no local a fazer a cobertura do Conselho de Ministros informal que naquele sábado se realizou na cidade berço - para tentar obter mais fotos, declarações ou outro material que pudesse conduzir à identificação de manifestantes. No entanto, sabe o CM, os jornalistas disseram que possuíam apenas o que foi publicado, o que não constituiu grande ajuda para os magistrados. Os manifestantes podem ser acusados da prática do crime de difamação e injúria".
    Correio da manhã

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  4. Iap... isto dá um real significado à expressão "work to death"!

    Os últimos casos conhecidos são os dos escravos que eram obrigados a trabalhar nas minas e na construção até à morte... e isto começa a estar parecido!

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  5. Tiago Carneiro:
    E o desespero maior é vermos que as alternativas que vemos para o futuro em nada sejam melhores. Estamos numa tremenda queda livre e não vejo como poderá ser travada se naõ forem os cidadãos a dizer "basta".
    abraço

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  6. Zlipax:
    Realnebre anda por aí muita confusão em relação ao que devia ser a vida de um cidadão deste país.
    abraço

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  7. Jack:
    Obrigado. Já tinha lido o titulo no CM, mas ainda me faltou o tempo para a ir ler a noticia.
    abraço

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  8. Virus:
    O capitalismo sempre viu a escravatura como o paraiso. Para lá caminhamos cantando e rindo.
    abraço

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  9. Anónimo4/7/07 14:53

    O raciocínio é, afinal, simples, basta pormo-nos por um instante na cabeça dos gajos dessas Juntas Médicas:

    - Se eu, que sou um completo imbecil,
    _ eu que não serviria nem para a mais fácil das profissões,
    _ eu posso estar aqui a desempenhar um papel de médico
    _ e tu
    _ não podes trabalhar?"

    ou seja, dito de outra maneira:
    Se há milagres que fazem de mim um médico,
    de outro que eu cá sei um engenheiro,
    de outro que eu cá sei um ministro,
    porque é que não há-de haver também o milagre de transformar um quase morto nm trabalhador saudável?

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  10. Uma vergonha. Sem comentários.


    BeijInha, Kaos.

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  11. Anónimo4/7/07 16:01

    Kaos desde sempre tive opinião que quem nos governa não conheçe o país e não sabe o que anda a fazer. Parece que quando vão para o governo ficam imbecis e estupidos. Por acaso os casos que se relatam são de professores mas quantos trabalhadores há por ai dados como aptos para trabalhar e não teem condições para isso. Triste país onde os que podem trabalhar nada fazem e quem não pode trabalhar é obrigado a isso. O problema é que quase todos dependemos dos n/empregos para sobreviver, senão estava na hora de se fazer uma revolução e mandar Correia de Campos e outros para o desemprego por incompetência e arranjar quem realmente zele por nós. Ana

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  12. Anónimo4/7/07 17:13

    É terrível ... é terrível ...
    As bestas têm grandes dentes e não têm qualquer escrúpulo ...
    Bjo, Kaos

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  13. Anónimo4/7/07 17:49

    Até convém aos governantes deste país,obrigarem as pessoas com doenças terminais a trabalhar!Ora leiam:E nquanto morrem e n morrem ,n têm direito à reforma.Assim sendo ,poupam ,vão poupando até pk já nos veem avisando ke daki a algum tempo n haverá dinheiro para pagar aos reformados.M as haverá dinheiro para a porcaria do novo aeroporto,do kual n preciso e terei de pagar,e n necessito pk n sou rica meus caros .N ganho para ir de férias para as praias da marambana ou outro lugar .Raio ke os parta!

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  14. A velha máxima aplicada até ao mais infimo pormenor:
    "trabalhar dá saúde... trabalhem os doentes"

    Não, não é caso único. Os outros é que ainda não são notícia!
    Um exemplo retirado do forum educare:

    "Infelizmente não é caso único!
    Aqui, uma colega que frequentemente já nem se consegue vestir foi obrigada ao mesmo! Tem uma doença degenerativa que lhe afecta órgãos e ossos..."
    (retirei a identificação do "postador", mas conheço- o bem e sei que não está a mentir)

    Sabes? Um dia destes, se tivermos o desplante de morrermos, antes de termos o tempo e a idade necessários para a reforma, ainda seremos condenados a pagar multa por falta de lealdade para com o patrão e compensação do prejuízo causado! ;)


    Admira-te! Se já fazem convocatórias destas: http://professorsemquadro.blogspot.com/2007/07/blog-post.html

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  15. Anónimo4/7/07 19:22

    Neste país o absurdo impera, pois enquanto alguns são obrigados a trabalhar até à morte, outros, jovens e saudáveis, recebem subsídios e passam os dias sentados nos bancos das praças,ao sol, a preguiçar.

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  16. Anónimo4/7/07 19:44

    como já disse algures, estes casos (não esquecer todos os outros que não saem do anónimato e que dizem respeito a vulgares trabalhadores, alguns vítimas de acidentes de trabalho)vão sendo do conhecimento público e os responsáveis, verdadeiros assassinos, continuam com total impunidade e sem vergonha a "governar"....e nós somos os culpados! porque o permitimos...
    abraço

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  17. atravessamos a época dos 8s e dos 80s, em que se passa à frente dos direitos mais básicos, em que não se adequam as leis.... :p

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  18. Anónimo4/7/07 23:19

    Não sei como os advogados dos sindicatos estarão a tratar destes casos. Será que os professores doentes e obrigados a trabalhar, mesmo sem força anímica para se afirmarem não terão sindicatos, familiares, colegas e amigos que os apoiem numa batalha jurídica? Se algum dia me vir profissionalmente «perseguido» deste modo, levarei juridicamente o caso até às últimas consequèncias, embora saiba que estas medidas gastam tempo (que urge em doença oncológica), dinheiro ( há situações precárias) e bastante desgaste para os doentes.
    Se os professores nestas graves situações não podem agir sozinhos, é hora de dizer: Solidariedade, precisa-se!É claro que não se espera sindicatos como nos países prósperos em que para casos similares, existe um fundo (descontamos para sindicatos e somos muitos) que paga o vencimento ao sindicalizado até a situação se encontrar resolvida na justiça.

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  19. Anónimo5/7/07 00:52

    MCCARTHISMO À PORTUGUESA

    «José Augusto Seabra, que era pequeno de estatura física, foi ministro da Educação, pelo PSD. Decidiu um dia reservar um dos ascensores da 5 de Outubro ao seu exclusivo serviço. Numa das primeiras utilizações a solo foi surpreendido por um insólito cartaz afixado na parede frontal do dito: "Cuidado, não pisem o ministro." E o pavimento da cabina mostrou-lhe que o contestatário havia tido a temeridade de defecar ali mesmo. O autor foi identificado por funcionário zeloso. Mas Seabra recusou ouvir a delação e limitou-se a mandar limpar os estragos e devolver o sobe-e-desce ao uso colectivo.

    "Beleza não é saúde" foi metáfora maliciosa que decorou serviços hospitalares quando Leonor Beleza foi ministra da Saúde. Clínico amigo, responsável por um deles, homem prudente e cordato, foi, ele próprio, retirar tais dísticos do corredor onde a ministra ia passar. Mas o contestatário foi mais eficaz. E quando uma hora volvida o meu amigo voltou ao sítio, acompanhando Leonor Beleza na oficialíssima visita, já para lá tinham voltado as frases maliciosas. O médico permaneceu no cargo até que quis. E a ministra foi simplesmente digna quando passou no corredor.

    Correia de Campos entendeu proceder diferentemente no caso lamentável da exoneração da directora do Centro de Saúde de Vieira do Minho. Os factos estão tratados e o espaço não permite recordá-los. Nem seria importante. Importante é que isto sucede à queixa conjunta de José Sócrates, primeiro-ministro, e Pinto de Sousa, cidadão, contra Balbino Caldeira, que sucede ao afastamento da Associação de Professores de Matemática do Plano da Matemática, por delito de opinião, que sucede ao caso escabroso da DREN. Importante é que isto coexiste com a maior impunidade por actos políticos de que guardo memória em três décadas de democracia.

    O desprezo pelo escrutínio público e pela opinião dos outros tem-se interiorizado no âmago de muitos ministros. Os tiques autocráticos do princípio transformaram-se numa autêntica teologia socrática, cuja doutrina é fragilizar, semear o medo e a intranquilidade. O senador MacCarthy, nos anos 50, escreveu a cartilha que eles seguem.»

    Santana Castilho
    No:Público

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