sábado, setembro 01, 2007

As férias, os concursos e os exames

Como acontece em muitos lados, quando alguns vão de férias outros têm de ficar a trabalhar. Como quem tem aparecido a fazer as honras da casa no sinistro Ministério da Educação, é o Secretário Adjunto, Jorge Pedreira, imagino que a sinistra Lulu esteja a banhos. Mas, isso não foi a razão que me fez escrever este post, mas duas situações que considero no mínimo estranhas.
A primeira tem a ver com o reconhecimento por parte do ME que houve “injustiças” no concurso de acesso à categoria de professor titular com mais de 200 docentes. Nada de ilegal foi feito nessas nomeações, mas solícito vem o Ministério apresentar medidas correctivas, que passam por acautelar que os supostos duzentos beneficiados ficarão em espera e que a situação dos outros, os prejudicados, seja resolvida com o envio em comissões de serviço para outras escolas. Já prometeram que para o ano haverá mais concursos e que as regras serão alteradas, passando a ser contabilizada toda a carreira e não só os últimos sete anos. Parece ser justíssimo, mas estranha-se é que não tenham utilizado esse critério já no corrente ano. Fica assim um odor de que o actual concurso foi feito à medida de alguns e para tramar outros. Como é normal dizer-se, não basta ser honesto, também é necessário parece-lo.
A segunda passa pela ideia de que os professores recém licenciados passem a ter de efectuar três exames (dois escritos e um oral) onde terão de ter como nota mínima, em cada um deles, 14 valores para poderem entrar na carreira docente pública. A tal treta de atingir o patamar de excelência, mas para logo afirmarem que, caso sejam excluídos do ensino público, nada os impede de exercer no privado. Será que quem paga os estudos dos seus filhos tem o “direito” a ter piores professores e a um pior ensino? Não deverá a exigência para professores e alunos ser idênticas no público e no privado? Depois admiram-se de haver muitas “Independentes” e muitos doutores que mais parecem burros de albardas bem carregadas de euros ou com o cartão partidário da cor certa para o governo certo. Realmente estamos no tempo das novas oportunidades.

Contributo para o Echelon: 15kg, DUVDEVAN

9 comentários:

  1. Kaos não estás bem a perceber a questão, é que nós já temos os piores políticos porque raio havemos de ter os melhores professores, depois quem é vota neles?

    ResponderEliminar
  2. "Parece ser justíssimo, mas estranha-se é que não tenham utilizado esse critério já no corrente ano."

    Primeiro é necessário acautelar os interesses de familiares, amigos e portadores de cartão rosa.
    Depois há que acautelar os interesses daqueles que, sendo portadores de cartão laranja, se mostrem no entanto arrependidos e que jurem denunciar colegas que ponham em dúvida o curso de engenharia do senhor 1º ministro (200?).

    ResponderEliminar
  3. Anónimo1/9/07 13:26

    Kaos
    tamanha isenção comove-nos.Quanto ao acesso a professor-titular, a medida foi mais de poupança do que outra coisa- quem já auferia do vencimento de topo e carreira passou a titular, pois já não haveria como baixar vencimentos. Os que ainda lá não chegarem poderão ser sujeitos a congelamentos na progressão, bem como a regras que irão sendo ditadas como convier.
    Quanto ao futuro dos ensinos público e privado, penso que quem já está no público, a reformar-se tão tarde, não deixará tão cedo vagas mesmo que haja sucessivos exames e médias superiores a 14. O privado dividir-se-á: escolas de élite pela mensalidade e nível de exigência não aceitarão qualquer professor porque há aquela maravilha dos «rankings» isenta de análises sociológicas (liceu Francês é certamente diferente da escola de Chelas, mas aparece tudo no mesmo «pacote» de resultados)e também existe o privado do «deixa andar» onde o que interessa é facturar e os meninos podem fazer e dizer tudo, pois os pais pagam e como tal há que não fazer ondas, para esses estabelecimentos acredito que possam ir professores menos vocacionados...

    ResponderEliminar
  4. O que eu mais gostei ainda foi da historia dos 1,60 euros do aumento dos livros e dos três cafés, o sr. secretário de estado esteve brilhante, no insulto aos portugueses.
    obs.
    Vim aqui para por ser cliente do "Cegueira lusa" tenciono tornar-me cliente deste local.
    Vou linkar-me no "Com Fixadores".

    ResponderEliminar
  5. 45000 professores sem colocação não é nenhum problema do sistema de ensino, garantiu a ministra. Já antes o Sócrates tinha explicado que não se trata de professores, mas de indivíduos que querem dar aulas. Quanto aos duzentos que não passaram a titular, professores em fim de carreira, claro que não houve nenhum erro. Todo o concurso é que é um erro. Sabem o que pode suceder aos que não passaram a titular e estão no 10º escalão ? Verem-se ultrapassados pelos mais novos que passaram (não estavam sujeitos aos 95 pontos) e no caso de haver "horários zero", serem eles a sofrer a "mobilidade".

    ResponderEliminar
  6. Nhá! Há qualquer coisa que não bate certo: estes senhores reconheceram um erro?!
    - Trazem alguma na manga... estes senhores reconheceram um erro?...

    ResponderEliminar
  7. Anónimo2/9/07 01:38

    O João tem razão: o Min-EDu reconheceu que errou, o que não é normal. Será que algum "rosa" ficou prejudicado? Aposto que foi isso que que levou a inefável Lulu a "dar o braço a torcer".
    JFrade

    ResponderEliminar
  8. Toda a gente esquece que este Ministério da Educação não comete erros: fode com tudo e toda a gente programática e sistematicamente.

    ResponderEliminar
  9. Este seu post bem como o seu blogue vem referido no "Público" de hoje, domingo, no suplemento P2, na página 2. Já deu conta?
    Eu cá venho religiosamente todos os dias; nem sempre deixo comentários para não o maçar. Felicito-o mais uma vez pela sua perspicácia e frontalidade ao abordar todos os temas.
    Um abraço.

    ResponderEliminar

Powered By Blogger